domingo, 29 de maio de 2011

105- 3o. Congresso Internacional do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - Berlim

3o. Congresso Internacional do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
(3rd. International Congress on ADHD)
Berlim, 27 de Maio de 2011

Começo esse “Direto de Berlim” com a mesma frase que iniciei o “Direto de Anaheim” em 2009: “Esse país parece ter nascido de novo!”. Naquela época me impressionou a indisfarçável esperança do povo americano em Barack Obama, dessa vez emociona ver o renascimento da Alemanha unida após a histórica queda do “muro da vergonha” em 1989. No auge da guerra fria, o muro não separava apenas a Berlim Ocidental da Oriental, mas simbolizava a divisão do mundo entre capitalistas e socialistas. A queda do muro foi o primeiro passo para a reunificação alemã em 1990. E que reunificação! Os alemães orientais foram recebidos com cerveja gratuita na Berlim ocidental, os alemães ocidentais finalmente puderam comemorar através das portas de Brandenburgo. O nacionalismo alemão deu fim à desigualdade socioeconômica até então vigente e, a despeito da crise mundial, continua crescendo, sendo hoje a maior economia da Comunidade Europeia.
Cheguei a Berlim após 3 horas de carro (Ribeirão Preto - São Paulo), 12 horas de avião (São Paulo - Frankfurt) e 4 horas de trem (Frankfurt - Berlim), esse trecho graças ao fechamento dos aeroportos alemães provocado pelas cinzas vulcânicas vindas da Islândia.

Ontem foi a abertura do congresso com a conferência magna da Professora Margeret Weiss do Canadá que mostrou resultados inéditos de um grande estudo observacional realizado ao longo de anos com crianças em tratamento de TDAH. O estudo traz contribuições importantes e evidências científicas inquestionáveis acerca da superioridade dos psicoestimulantes de longa ação sobre os de curta ação. Especialistas, pacientes e familiares observam isso também no dia a dia, no entanto, só agora estão chegando evidências científicas definitivas..

Qual a importância disso para todos nós? Essas medicações de ação prolongada, embora contenham o mesmo sal da de curta ação, o metilfenidato, apresentam melhor controle dos sintomas, menos efeitos indesejáveis e maior aderência ao tratamento, entretanto, são bem mais caras. Como não estão na lista de medicamentos de alto custo do SUS (exatamente pelas poucas evidências científicas de superioridade até então), os pais vinham sendo orientados a procurarem o Ministério Público para, através de processo com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, conseguir a medicação de forma gratuita da Prefeitura de sua cidade. Aliás, felizmente, a maioria tem conseguido por conta do bom senso dos nossos juízes ao acatarem as referências até então disponíveis, baseadas em guias internacionais de prática clínica (os famosos guidelines). Esperamos que agora fique mais fácil. A Professora Weiss deu ênfase também à má higiene do sono das crianças e adolescentes nos dias de hoje. Ela apresentou dados que indicam claramente que crianças com TDAH frequentemente apresentam distúrbios do sono (54%! apresentam parassonias, ou seja, distúrbios do tipo falar dormindo, ranger os dentes, sonambulismo, etc.) independente do uso de psicoestimulantes e, ao terem seus maus hábitos de sono corrigidos, apresentam melhora nos sintomas do TDAH. Temos insistido nesse ponto, pois também existem evidências de que a privação do sono provoca sintomas de TDAH mesmo em crianças não portadoras do transtorno. No quadro abaixo reviso com vocês algumas orientações básicas de higiene do sono.
Hoje, quinta-feira, a sessão plenária do congresso foi aberta, para orgulho de todos nós, pelo Professor Luis Augusto Rohde da Universidade do Rio Grande do Sul. O Professor Rohde é uma das maiores autoridades mundiais na área, ele e seu grupo (PRODAH) têm uma vasta produção científica de alta qualidade e é ele, sem dúvida, o maior responsável pela formação de outros novos e promissores cientistas Brasileiros na área de Saúde Mental infantil. O Professor Rohde foi brilhante em sua apresentação e abordou os desafios atuais na elaboração dos novos critérios diagnósticos para o TDAH no DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística em Transtornos Mentais). Ele faz parte do comitê que elabora a nova edição a ser lançada em 2013. Na sua fala fica claro o trabalho sério desse comitê, os enormes avanços na compreensão e diagnóstico desse transtorno, bem como as atraentes perspectivas de pesquisa na área.

Podemos observar nas várias sessões, especialmente nessa coordenada pelo Rohde, um quase consenso de que os subtipos do TDAH, ou seja, a combinação dos sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade sofrem modificações ao longo da vida e que a nova classificação deve contemplar esse aspecto. É bem comum vermos, por exemplo, um menino extremamente hiperativo na primeira infância que ao longo da primeira década de vida e início da puberdade torna-se menos agitado e muito mais desatento com consequente maior prejuízo acadêmico.
Outras possíveis mudanças no DSM-V são a retirada do critério referente à necessidade de os sintomas estarem presentes antes dos 7 anos de idade e o número de sintomas necessários segundo a fonte de informação (pais ou professor). Fica absolutamente claro que sem as informações do professor não é possível diagnosticar o TDAH, e isso finalmente vai constar no referido manual. Nesse momento tem início a sessão de temas livres, é um dos pontos altos de todo congresso. Qual o motivo de satisfação? Dos 452 trabalhos julgados e aceitos pelo comitê científico do congresso, 28 são de Brasileiros, 6,2% desse que é um parâmetro de produção científica mundial na área! Parabéns Brazucas! Amanhã, nós do PROJETO ATENÇÃO BRASIL estaremos lá com três estudos representando nossa COMUNIDADE APRENDER CRIANÇA. Você pode ver os estudos nos links enviados no Notícias do Cérebro dessa semana.

Grande abraço e amanhã tem mais!
Marco A. Arruda

quarta-feira, 25 de maio de 2011

104- TDAH no Trabalho: Escolha seu emprego de acordo com suas habilidades

Pense nessas carreiras adequadas para os portadores de déficit de atenção, assim você poderá usar seus exclusivos dons e talentos do TDAH no trabalho.
Por Russel Barkley, Ph. D.
Adultos com TDAH mudam de emprego e de carreira com mais frequência e têm mais dificuldade de atingir as metas do seu trabalho do que adultos sem o problema. Eles também são despedidos ou rebaixados mais vezes do que seus colegas não TDAH.

A pesquisa mostra que adultos que são hiperativos têm os maiores problemas no seu trabalho. Professores podem tirar sua nota por mexer em tudo ou ficar inquieto na escola, porque você é uma criança em crescimento ou um adolescente guiado pelos hormônios. No trabalho, os que estão lhe pagando esperam que você fique na sua mesa ou estação de trabalho para terminar sua tarefa. Empregados que não conseguem fazer isso geralmente são rotulados de negligentes e, eventualmente, despedidos.

Trabalho adequado para os seus sintomas de TDAH
Alguns empregos são mais amigáveis para o TDAH do que outros. As ocupações listadas abaixo mostraram ser melhores para alguns dos meus pacientes adultos. Talvez elas também o levarão a uma carreira longa e bem sucedida:
O militar. O serviço garante estrutura e disciplina, retorno imediato, e mais benefícios do que muitos outros campos.
Vendas de porta em porta. Esses empregos envolvem liberdade de movimento, mudanças de local, agenda flexível, frequentes encontros com novos contatos, oportunidades para falar e ter interação social, além de paixão pelo produto. Adultos com TDAH podem precisar de assistência na volta à sede da empresa para completar os relatórios e o trabalho com os papéis, mas eles se dão bem no campo.
Técnico em emergências médicas, oficial de polícia, bombeiro. Esses empregos permitem trabalhar em uma variedade de locais, ao tempo em que promovem a excitação pela quantidade de adrenalina, o que ajuda muitos portadores de TDAH a focar suas mentes.
Técnico de computadores e consultores de informática. Nesses trabalhos, os empregados perambulam pela empresa, por hospitais, ou outra situação, para ajudar as pessoas com seus problemas de computadores, ou para responder questões dos clientes que chamam ou enviam e-mails com um problema.
A indústria alimentícia. Conheço muitos adultos com TDAH que optaram pelas artes culinárias. Eles descobriram que o trabalho é criativo e relativamente pouco afetado pelos seus déficits relacionados ao TDAH. Cozinhar requer prestar atenção na tarefa e tomar passos imediatos para criar um produto bem acabado, enquanto não exige planejamento de longo alcance e grande quantidade de memória de trabalho. Horários flexíveis ou incomuns, com flutuação esporádica do tipo marés altas e baixas, somam o toque exato de excitação para mantê-lo alerta e focalizado no trabalho em questão.
Seu próprio negócio. Começar um pequeno negócio ocupa os potenciais do TDAH. Os horários geralmente são mais flexíveis do que trabalhar para uma firma, e você é o seu próprio patrão. Os locais de trabalho variam de dia para dia em algumas ocupações autônomas, acomodando a inquietação que muitos adultos com TDAH experimentam.
Fotógrafo ou videógrafo. Muitos dos adultos que me ajudaram a criar vários DVDs tinham sido diagnosticados como portadores de TDAH. Eles eram capazes de lidar bem com as mudanças do dia-a-dia no local de trabalho, com a diversidade de tópicos que eram chamados a cobrir, e com as frequentes oportunidades de interagir com uma variedade de pessoas, tudo o que é um bom ajuste para a curta atenção dos TDAH, baixo limiar de aborrecimento, e problemas com o foco sustentado por horas ou dias.
Extraído de Taking Charge of Adult  ADHD, de Russel A. Barkley, Ph. D. 2010

terça-feira, 24 de maio de 2011

103- Carreiras para adultos TDAH: Qual delas é a sua?

Aprenda a avaliar suas habilidades e seus pontos fortes – assim como suas paixões e interesses – para descobrir a melhor carreira para você.



Por Edward Hallowell, M.D.
O que torna uma carreira uma boa escolha para adultos com TDAH? O que separa as pessoas que se sentem realizadas das que sofrem remorsos? Há 5 passos para ativar o desempenho no trabalho, que eu destaquei no meu último livro, Shine: Using Brain Science to Get the Best from Your People (Harvard Business Reviw Press; 2011). O primeiro e mais importante passo é “escolher” – para ter certeza de que está em um trabalho adequado para você e seu TDAH.


Você está na profissão certa? Você poderá descobrir respondendo as 10 perguntas abaixo. Suas respostas o ajudarão a pensar claramente sobre suas habilidades e preferências, onde você é melhor em organização, e sob quais circunstâncias você se sente mais confortável e motivado.
O que você faz melhor? Você deve passar a maior parte da jornada de trabalho fazendo o que você faz melhor. Muitas pessoas gastam muito tempo tentando fazer o que fazem mal, em vez de fazer melhor o que fazem bem.
O que você mais gosta de fazer? Essa não tem sempre a mesma resposta como a primeira. O ideal é que possa tornar suas atividades favoritas a sua carreira.

No que você gostaria de ser melhor? Sua resposta pode sugerir que você precisa de um mentor, precisa delegar, ou precisa de treinamento. Muitos adultos com TDAH têm dificuldade de se imaginar como políticos – um mentor ou um auxiliar poderiam ajudar. Outros têm dificuldade de se organizar, caso em que um treinador em TDAH poderá trabalhar em conjunto para arrumar estratégias.
Os outros dizem que você é bom no quê? Amigos, colaboradores e revisores podem identificar as habilidades que você tem, mas não valoriza porque elas parecem fáceis para você.

No que você se deu melhor? Isso lhe dará uma ideia de onde a aplicação de esforço adicional compensará.
No que você não se sai bem, mesmo trabalhando duro? É bom saber no que não desperdiçar esforços.
O que você mais detesta fazer? Você pode ser muito bom em algo, embora odeie isso. Conheço um advogado com TDAH que odeia fazer cobranças. Ela deixa para depois e, então, se sente culpado porque está sempre atrasado. Ao admitir que não gosta de cobrar e contratar um assistente para fazer isso, ele melhorou seu fluxo de caixa e diminuiu seu estresse.

Quais habilidades impedem que você seja excelente no seu trabalho? Se você não tem uma habilidade necessária para o seu trabalho e não pode delegá-lo, pense em fazer um curso, em contratar um mentor, em ler um livro ou em trabalhar com um treinador (coach).
Que tipo de cultura faz você dar o melhor de si? É provável que você se entusiasme com seu trabalho se sentir-se ligado à cultura da empresa. Você é uma pessoa certinha, que prospera quando está em uma hierarquia específica, ou faz o seu melhor trabalho quando está em atmosfera do tipo “proibidas as paredes”?
O que você estava fazendo quando estava mais feliz na sua vida de trabalho? Você pode fazer algo parecido novamente? Talvez você tenha gostado da excitação e dos prazos finas do trabalho em vendas, mas ficou infeliz com o cargo de gerente ao qual foi promovido. É hora de voltar para as vendas? Isso poderia ser a chave para a felicidade na carreira.

Este artigo saiu no número Summer 2011 de ADDitude

Veja a postagtem 405, também sobre esse assunto

102- TDAH e SEXO – Melissa Orlov (tradução do vídeo do Youtube)

Olá! Sou Melissa Orlov, colunista de relacionamento da revista ADDitude e autora do livro “Efeito do TDAH no Casamento”. Hoje, vou falar sobre: Socorro! Meu parceiro com TDAH não tem interesse em sexo!
Há várias razões para que isso esteja acontecendo, e eu vou esclarecer algumas delas.

Pouco Desejo Sexual
As pesquisas sugerem que as pessoas com TDAH podem ter com mais frequência pouco desejo sexual do que as pessoas sem TDAH.

Antidepressivos
A depressão geralmente caminha junto com o TDAH. Se o seu parceiro estiver tomando antidepressivos, isto pode ser responsável pelo baixo impulso sexual.

Distração #1
A distração é um dos sintomas principais do TDAH do adulto e pode seguir você até o quarto. Algumas pessoas com TDAH relatam que são tão distraídas que literalmente não conseguem terminar a relação sexual com seu parceiro. O cachorro late e isto é o fim para elas. Se o seu parceiro é muito distraído durante a relação sexual, uma das coisas que pode ajudar é tocar alguma música, isso acalma, às vezes, a mente TDAH. Outra pode ser encontrar locais para fazer sexo com poucos elementos de distração.

Distração #2
A distração pode atingi-lo de outro modo. Você pode se achar entre agendas sobrecarregadas e sintomas de distração e vocês nunca estarão no mesmo quarto ao mesmo tempo, ou um vai para a cama cedo e o outro tarde. Se esse é o seu problema, então agende o sexo juntos. Não parece ser sexy agendar o sexo, mas é melhor fazê-lo do que não o fazer.

A dinâmica pai-filho
Um dos problemas mais comuns do impacto do TDAH no relacionamento é a dinâmica pai-filho, onde o parceiro não TDAH faz o papel do “pai sempre responsável” e o parceiro TDAH faz o papel de “criança menos responsável”. Se você estiver com problemas com a dinâmica pai-filho, a primeira coisa a fazer é parar toda a cobrança e o comportamento agressivo. Você não pode controlar o seu parceiro com TDAH. Ao mesmo tempo seu parceiro TDAH precisa realmente comunicar os sintomas que estão promovendo algumas das dinâmicas pai-filho.

Menopausa
A menopausa também pode ser um problema real para o desejo sexual. Cerca de 80% das mulheres, com TDAH ou não, sentirão algum tipo de disfunção sexual após a menopausa. Além disso, mulheres com TDAH provavelmente sentirão aumento dos sintomas por causa do nível mais baixo de estrogênio, que impacta a produção de dopamina, de modo que as mulheres no pós-menopausa deveriam provavelmente ir ao seu médico para verificar tanto o tratamento para o TDAH quanto os problemas da sua vida sexual.

Tédio
Finalmente, mas não em último lugar, a hiperatividade pode ter algum papel quando um parceiro com TDAH simplesmente fica entediado. Se este é o seu problema, apimente as coisas! Arrume alguns brinquedos, entre em alguns sites da web, procure alguns livros, descubra novas posições, encontre novos locais e o que mais seja que você precise para tornar as coisas novas e interessantes.

Veja o vídeo em   http://www.youtube.com/watch?v=Jdk9pONHEEM

domingo, 22 de maio de 2011

101- Estudos se voltam para os estudantes com TDAH mais quietos.

Por Sarah D. Sparks – Chicago   www.edweek.org
As pesquisas correntes sobre os transtornos de déficit de atenção estão indo além da criança hiperativa e encrenqueira típica, para encontrar meios de melhor identificação dos alunos que devaneiam silenciosamente, conforme as novas ferramentas de triagem e as terapias cognitivas procuram ajudar os dois tipos de estudantes.
As crianças com déficit de atenção são impulsivas e frequentemente apresentam atrasos de desenvolvimento do equilíbrio, do controle motor, do equilíbrio emocional e do comportamento. Frequentemente apresentam dificuldade de concentração, de ficar sentadas quietas na classe de agir de acordo com os padrões adequados para a idade.

Conhecida como transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, ou TDAH, a condição atinge de 5 a 8 por cento das crianças americanas de ambos os sexos, tornando-a um dos mais comuns transtornos da infância. Então, por que os meninos são diagnosticados três vezes mais do que as meninas? A resposta, em parte, é que os especialistas descobrem que as meninas com déficit de atenção são mais provavelmente desatentas do que hiperativas, levando a menos problemas de comportamento em sala de aula, que pudessem causar um encaminhamento pela professora.
Estudos mostram que alunos com desatenção, TDA, mas não necessariamente hiperativos, tendem a ser diagnosticados quando mais velhos, embora as meninas em particular possam desenvolver mais dificuldades cognitivas, posteriormente, mesmo em áreas de habilidades consideradas fortes para as meninas.

Um estudo de 2010, publicado na revista Pediatrics, descobriu que de 5.000 estudantes de Minnesota, com idade de até 19 anos, 51% de meninos e 46,7% de meninas com TDAH tinham dificuldade de leitura, comparados com somente 14,5% de meninos e 7,7% de meninas que estavam se desenvolvendo normalmente. Este achado foi particularmente preocupante porque as meninas geralmente tendem a ter menos ocorrência de problemas de leitura.
Além disso, outros estudos mostraram que as meninas com déficit de atenção têm maior risco de distúrbios da alimentação, de autoagressão, de abuso de substâncias e de suicídio do que as meninas que se desenvolvem de modo esperado ou até mesmo os meninos com TDAH.

Os problemas subjacentes
Parte do problema, de acordo com Sam Goldstein, professor assistente de psiquiatria no Neurology, Learning and Behavior Center da University of Utah, em Salt Lake City, especialista em TDAH, é que os educadores e terapeutas geralmente focalizam os problemas de atenção e de comportamento, em vez dos problemas subjacentes com as funções executivas do cérebro e com o controle do impulso.

“TDAH não é um problema de prestar atenção,” diz Dr. Godstein. “Fraco controle do impulso, desatenção com a tarefa e inquietação são os principais sintomas, mas o melhor previsor de problemas futuros é o controle do impulso... É a consequência de viver com uma dificuldade que o torna incapaz de atingir as expectativas dos que vivem à sua volta.”
Assim, um aluno que se sente calmamente, mas que não consegue evitar se distrair com o barulho da classe, ou que não consegue se concentrar o bastante para ler uma passagem completa do texto, pode ter um prejuízo mais significativo do que outro que não consegue ficar sentado quieto e que fala fora de hora em classe, mas que dá conta do trabalho de casa.

Na maior parte, o TDA ainda é diagnosticado pela observação acadêmica e do comportamento, e Dr Goldstein aconselha os educadores a ficar atentos aos alunos que não respondem às dicas do ambiente - saber quando fazer um trabalho ou interagir com outro aluno. Esta falta de resposta pode assinalar problemas cognitivos subjacentes.
Dr. Stewart Mostofsky, neurologista pediátrico e diretor do Laboratory for Neurocognitive and Imaging Research, no Kennedy Krieger Institute, em Baltimore, também está estudando testes neurológicos que possam identificar alunos com TDA de modo mais eficiente. Sua pesquisa, publicada na Neurology de fevereiro, descobriu que crianças com transtorno de déficit de atenção têm menor habilidade do que outras crianças para controlar os movimentos voluntários e involuntários das mãos.

“Mesmo o simples controle motor básico não é bom nas crianças com TDA como nas crianças com desenvolvimento típico”, disse Dr. Mostofsky. Com mais estudos, ele disse, “isso poderá nos ajudar a diagnosticar crianças que estão vivendo sem detecção, assim como a identificar, em idades mais precoces, quais as crianças que poderão responder a quais intervenções.”
http://www.edweek.org/ew/articles/2011/05/20/32add.h30.html?tkn=OSYF6qeCvt3Cuwov1eu0zU5llRQuj7Q3%2BOZO&cmp=ENL-EU-NEWS1   

sexta-feira, 20 de maio de 2011

100- TDAH do adulto - Sempre atrasado?

Dicas para ser pontual, de um organizador profissional. Por Tiffany de Silva
Com estas sete estratégias para vencer o jogo do gerenciamento do tempo, a impontualidade será um hábito do passado. E mais, dicas para os que odeiam chegar muito cedo!
Cronicamente atrasado? Você não está só. Vou lhe contar um pequeno segredo: Muitos adultos com o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) odeiam chegar cedo quase tanto quanto odeiam chegar atrasados. Esperar no consultório de um médico por mais de 15 minutos antes de uma consulta pode ser excruciante. Então, como chegar na hora certa e diminuir o tempo de espera? Siga estas sete estratégias simples de gerenciamento do seu tempo e nunca se atrase ou se adiante novamente.

1- Faça de conta que chegar na hora certa é um jogo. Muitos de nós com TDAH nos envolvemos entusiasmadamente mesmo com as tarefas mais ordinárias, se pudermos descobrir como torna-las interessantes. Ir do ponto A ao ponto B não é assim tão interessante, mas poderá ser se você fizer disso um jogo. O objetivo do jogo é chegar ao seu destino o mais possível próximo da hora marcada. Nem mais cedo, nem mais tarde. Você consegue?
2- Determine sua hora de chegada. Sua hora de chegada seria a hora em que você, idealmente, gostaria de atravessar as portas do seu lugar de destino. Para determinar sua hora de chegada, descubra o menor tempo de chegada que você poderá atingir e o maior tempo de chegada sem estar atrasado ou estressado. Por exemplo, se você tiver marcado as 14 horas para ir ao cabeleireiro, sua hora de chegada deverá ser de 13:58 a 14:00 h. Se você precisa começar uma reunião de negócios às 14:00 h e precisa estar sentado na sua cadeira e pronto para falar, sua hora de chegada deverá ser entre 13:40 e 13:50 h.

3- Descubra quanto realmente demora em chegar lá. Muitos adultos com TDAH têm dificuldade de estimar corretamente quanto alguma coisa vai demorar. Em relação a dirigir é comum subestimar o tempo de viagem mas também não é incomum superestimar o tempo. Mesmo que você já tenha feito o trajeto anteriormente, marque o endereço do seu destino num GPS ou em algo equivalente na noite anterior ao seu compromisso. Isto lhe dará um tempo mais correto para lidar na viagem. Neste jogo, a precisão é essencial para atingir o seu alvo.
4- Determine sua hora de saída. Sua hora de saída é a hora em que você sai de sua casa. Para determinar sua hora de saída, comece por somar 15 minutos ao seu tempo esperado de viagem. Este tempo inclui 5 minutos da transição da casa para o carro (por exemplo, ajustar o cinto de segurança, programar o GPS), 5 minutos da transição carro para o seu destino (por exemplo, estacionamento, caminhada) e 5 minutos para o inesperado (por exemplo, acidente de trânsito, passagem de trem, motoristas de fim de semana). Isto dará a você o seu tempo total de viagem. Em seguida, subtraia seu tempo total de viagem da hora de chegada desejada. Isto lhe dará a sua hora de saída. Por exemplo, se você quiser chegar ao cabeleireiro às 14 horas e leva 30 minutos dirigindo até lá, será necessário sair de sua casa às 13:15 h. Ajuste um alarme para sair antes da hora de saída, para lhe dizer “Saia já!”. Nota: Acrescente mais tempo de transição se você tiver crianças pequenas, se for necessária uma longa caminhada do estacionamento até seu destino, ou se você tiver de viajar na hora do rush (veja abaixo).

5- Evite a hora do rush. Evite marcar um compromisso em que você precise viajar no horário de muito tráfego. Se você não somar o tempo extra necessário para se ajustar em relação ao tráfego, você se atrasará. Se você acrescentar muito tempo e o tráfego estiver tranquilo, você chegará muito cedo.
6- Seja sempre o primeiro. Sempre que for possível, marque seu compromisso de modo a ser o primeiro da lista a ser atendido. Deste modo, você não ficará esperando se o seu provedor de serviço estiver atrasado. O melhor horário para o compromisso? O primeiro da manhã ou o primeiro da tarde. Qualquer outro horário será muito imprevisível.

7- Seja flexível. Se você não chegar na hora marcada, na primeira tentativa, não desanime. As chances são de que você só precisará ajustar um pouco a sua estratégia. Talvez você só precise ajustar a sua hora de saída por um minuto ou dois. Pode ser que você precise preparar uma maleta de trabalho na noite anterior e coloca-la perto da porta para sair na hora. Não tenha medo de inventar estratégias e de praticar o jogo com suas próprias regras.
Tiffany de Silva é coach em TDAH e organizadora profissional. ADDitude.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

99- Quantificação e análise da concordância entre pais e tutores no diagnóstico do TDAH

J. Cáceres, D. Herrero [Ver Neurol 2011; 52:527-535] 01/05/11

Introdução
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é o que mais se encaminha aos centros de saúde mental hoje em dia. Os critérios diagnósticos quanto à hiperatividade, impulsividade e desatenção estão claramente definidos. Mas os clínicos não podem observar o paciente, ao longo de todo o dia, em suas diversas tarefas, e têm de recorrer à informação oferecida pelas pessoas próximas ao paciente. Para ser diagnosticável, este transtorno deve ocorrer em mais de um contexto (âmbito familiar e escolar). Esta informação se recolhe, geralmente, mediante questionários bem validados.

Objetivos.

Revisar a porcentagem de crianças que, tendo sido consideradas em seu entorno como hiperativas, preenchem todos os requisitos do diagnóstico; verificar se existem diferenças na avaliação realizada pelos pais, mães e tutores, e revisar o grau de relação existente entre a desatenção, observada por pais e tutores, com uma quantificação formal dos processos de atenção.

Sujeitos e métodos.

Foram avaliadas 127 crianças, encaminhadas a um centro de saúde mental, mediante entrevistas, observação semiestruturada, questionário de Conners, complementados por pais e tutores, e outras provas da escala de inteligência de Wechsler para crianças.

Resultados.

Somente 46% cumpriram os requisitos para ser diagnosticados com TDAH.     A concordância entre pais e tutores foi só moderada. Pais e mães avaliam de maneira parecida os meninos e meninas, mas os tutores consideram os meninos mais desatentos e mais hiperativos e impulsivos que as meninas.

Conclusões.
É necessário que fiquem claros os critérios diagnósticos do TDAH e as pautas a seguir para o seu diagnóstico; são apresentadas propostas que potencializam o processo de avaliação que permite individualizar o tratamento.

terça-feira, 17 de maio de 2011

98- Pesquisadores investigam as causas da ansiedade com matemática

É mais do que só não gostar de matemática, segundo os especialistas. Por Sarah D. Sparks

Problemas de matemática fazem mais do que poucos estudantes – e até professores – suar, mas novas pesquisas sobre o cérebro fornecem o entendimento sobre as causas primárias da ansiedade, tão frequentemente associada à matemática.
Especialistas argumentam que a ansiedade ligada à matemática pode provocar desconforto generalizado com a matéria, o que pode levar desde  poucos estudantes aderindo à matemática e às carreiras científicas, até ao menor interesse público nos mercados financeiros.

“As pessoas ficam muito felizes em dizer que não gostam de matemática”, diz Sian L. Beilock, uma professora de psicologia da Universidade de Chicago e autor de “Choke”, um livro de 2010 sobre as respostas cerebrais às pressões sobre o desempenho. “Ninguém fica espalhando que não sabe ler, mas é perfeitamente aceitável, no meio social, dizer que não gosta de matemática”.

Entretanto, a ansiedade ligada à matemática é mais do que só não gostar de matemática; alguém com ansiedade ligada à matemática sente emoções negativas quando está engajado em atividade que requeira habilidades numéricas ou matemáticas. Em estudo a ser publicado por Beilock, a simples sugestão feita a alunos de faculdade, de que eles seriam solicitados a fazer um teste sobre matemática, provocou resposta de estresse no hipotálamo dos estudantes com alta ansiedade ligada à matemática.

Beilock e outros especialistas da conferência Cérebro e Aprendizagem, realizada de 5 a 7 de maio, estão pesquisando os problemas iniciais da carreira matemática de crianças, que podem evoluir para medos e dificuldades pela vida a fora. A conferência reuniu várias centenas de educadores e administradores com pesquisadores que trabalham com neurociência da educação e neurociência cognitiva.

O estresse no cérebro

A ansiedade tornou-se um tópico da pesquisa em educação, conforme educadores e legisladores ficaram altamente focalizados no desempenho de testes e em currículo mais intensivo, e a neurociência começou a fornecer uma visão de como o cérebro responde à ansiedade.

Ansiedades e estereótipos

Os pesquisadores descobriram que quanto mais ansiosas eram as professoras em relação à matemática, mais provável que as meninas – e não os meninos – aceitassem estereótipos sobre habilidades matemáticas. Por sua vez, as meninas que adotavam essas crenças estereotipadas estavam com desempenho em matemática menor do que os outros estudantes ao final do ano.

A ansiedade pode literalmente cortar a memória de trabalho necessária para aprender e resolver problemas, de acordo com Dr. Judy Willis, neurologista em Santa Bárbara, Califórnia, que antes foi professor de escola média e autor do livro “Learning to Love Math”.

Quando fica diante de um problema pela primeira vez, o estudante processa a informação na amígdala, o centro cerebral da emoção, que então dá prioridade à informação que vai para o córtex pré-frontal, a parte responsável pela memória de trabalho do cérebro e pelo pensamento crítico. Durante o estresse, há mais atividade na amigdala do que no córtex pré-frontal; mesmo um pequeno estresse como a visão de uma testa franzida antes de responder uma questão pode diminuir a capacidade de o estudante lembrar-se e responder corretamente.

“Quando engajados na resolução de problemas matemáticos, indivíduos altamente ansiosos em relação à matemática sofrem de pensamentos intrusivos e ruminações”, disse Daniel Ansari, o principal investigador do Numerical Cognition Laboratory da University de Western Ontário, em London, Ontário. “Isso prejudica um pouco do seu processamento e da memória de trabalho. É como se os indivíduos com ansiedade em relação à matemática usassem mais poder cerebral do que o necessário para o problema, quando ficam preocupados”.

Além disso, uma série de experimentos no Mangels Lab of Cognitive Neuroscience of Memory and Attention do Baruch College da City University de New York sugere que essa reação de estresse pode atingir mais duramente os estudantes que podem ser os mais entusiasmados com a matemática.

Jennifer A. Mangels, a diretora do laboratório, disse que testou a matemática com estudantes de faculdade em situação neutra ou em situações programadas para gerar ansiedade, tal como a menção de estereótipos de gênero sobre a habilidade matemática para as moças testadas, ou falar aos estudantes que suas notas poderiam ser usadas para comparar sua habilidade matemática com a dos outros.

Mangels descobriu, como em outra pesquisa, que estudantes testados em situações estressantes tinham menor desempenho matemático. Ela também descobriu que o estresse atingiu mais fortemente estudantes promissores.

Em testes não estressantes, os estudantes que mais se identificavam com a matemática, definidos como aqueles que aproveitaram melhor as oportunidades de aprender com os programas de matemática, tiveram os melhores desempenhos. Enquanto, sob estresse, os mesmos estudantes tiveram desempenho pior do que os que não se identificavam com a matéria.

“Estamos reduzindo a capacidade diagnóstica desses testes ao fazer os estudantes realiza-los em situação de estresse,” concordou Beilock.

Discalculia e viés

Dois problemas nas primeiras experiências escolares de uma criança – um biológico, o outro social – podem se transformar em grande medo da matemática mais tarde, dizem os especialistas.

Em uma série de estudos, Ansari e seus colegas do Numerical Cognition Laboratory descobriram que adultos com grande ansiedade em relação à matemática são mais propensos a ter capacidade menor do que o normal de rapidamente reconhecer diferenças de magnitude numérica, ou o número total de itens de um conjunto, o que é considerada uma forma de discalculia.

Como parte do desenvolvimento normal, as crianças tornam-se cada vez mais capazes de identificar qual de dois números é o maior, mas Ansari descobriu que aquelas com grande ansiedade em relação à matemática eram mais lentas e menos acuradas naquela tarefa, e ressonâncias cerebrais mostraram atividade diferente daquela de pessoas com baixo estresse em relação à matemática durante as mesmas tarefas.

Como a compreensão da magnitude numérica é fundamental para outros cálculos, Ansari sugere que pequenas deficiências iniciais nesta área podem levar a dificuldades, frustração e reações negativas em relação a problemas de matemática com o tempo.

Mais ainda, a ansiedade ligada à matemática pode tornar-se um problema de gerações, com os adultos que têm desconforto com a matemática passando sentimentos negativos aos seus filhos ou alunos.

Beilock encontrou professoras do primeiro e segundo grau com grande ansiedade em relação à matemática, o que interferiu tanto no desempenho quanto nos sentimentos sobre a capacidade matemática dos seus alunos. Em estudo com doze estudantes e seus professores do primeiro ano e cinco do segundo ano, os pesquisadores não acharam nenhuma diferença no desempenho dos meninos e das meninas em matemática no início do ano. Ao final do ano escolar, entretanto, as meninas ensinadas por professores com grande ansiedade em relação à matemática tiveram notas mais baixas do que os meninos, em matemática.

Além disso, aquelas meninas eram mais propensas a indicar um viés relacionado a gênero – “Meninos são bons em matemática; meninas são boas em leitura” – e quanto mais forte o viés, pior o resultado das meninas.

Este estudo, e outros semelhantes, revelam a necessidade de mais treinamento para os pais e professores sobre como superar seus próprios medos em relação à matemática e a evitar passá-los para as crianças, disseram Beilock e Ansari.

“A ansiedade dos professores ligada à matemática é realmente uma epidemia,” disse Ansari. “Penso que muitas pessoas escolhem serem professores do ensino elementar porque não querem ensinar ciência ou matemática no ensino médio.”

Eugene A. Geist, professor associado na Ohio University, em Athens e autor do livro de 2001 “Children Are Born Mathematicians”, trabalha com professores para criar “classes livres de ansiedade” para os estudantes. Ele aconselha os professores a fazerem os estudantes prestar atenção no processo de aprender matemática em vez de dependerem das respostas num livro de texto, o que pode diminuir a confiança deles e dos professores em suas habilidades matemáticas.

“Se eu dou a resposta, você imediatamente esquece a questão. Se eu não lhe dou a resposta, você ainda terá dúvidas e estará pensando no problema muito tempo depois”, ele disse.

Por contraste, constantemente referir-se a uma resposta pode minar a confiança tanto dos alunos quanto dos professores em sua habilidade matemática, e encorajar os estudantes a estar certos em vez de estar aprendendo.

Do mesmo modo, Dr. Willis, neurologista californiana, disse que os professores podem ajudar os alunos a reduzir seu medo de participar durante as discussões de matemática, pedindo a todos os alunos que respondam cada pergunta usando papel rascunho ou pranchetas eletrônicas, para tentar chegar às respostas e, então, falando sobre os problemas como um grupo.

“Ajuda no tempo de espera (entre a pergunta e a resposta), aumenta a participação, e diminui o medo de errar,” disse Dr. Willis. A chave para ajudar os estudantes a aprender a não temer a matemática, ela disse, “é fazer os estudantes exporem o conhecimento fundamental defeituoso, o que eles podem fazer somente se cometerem erros e participarem”.

http://www.edweek.org/

domingo, 15 de maio de 2011

97- Dificuldades de Concentração no Ambiente Escolar – com foco nas crianças com TDAH, Autismo e Síndrome de Down

Catrin Tufvesson; Lund University (2007)

Resumo: O objetivo desta tese foi identificar fatores ambientais que afetam crianças com TDAH, autismo e síndrome de Down e sua capacidade de concentração e de aprendizagem no ambiente escolar.

Esta pesquisa não quis rejeitar nenhum dos recursos adicionais que essas crianças necessitam; em vez disso, quis sugerir como modificar os ambientes de aprendizagem da maneira mais eficaz possível, com base nas necessidades iniciais dessas crianças.
Esta é uma meta muito ambiciosa, levando em conta a política educacional da Suécia de organizar uma escola totalmente inclusiva, o que significa que as escolas deveriam ser capazes de atingir as necessidades de todas as crianças, não importando suas capacidades e condições. Entretanto, não há nenhum paradigma específico para o ambiente escolar, como ambiente de aprendizagem, que leve em conta as necessidades dessas crianças ou as necessidades daquelas com dificuldades de concentração.

O modelo Human Environment Interaction foi usado para estabelecer a estrutura de abordagem desta tese, especialmente para a revisão das pesquisas anteriores, para o desenvolvimento das perguntas necessárias, mas também como um modo holístico de preencher possíveis lacunas em abordagens anteriores.

A pesquisa foi dividida em quatro estudos empíricos.

Os primeiros dois estudos serviram de base para possíveis princípios de generalização, e específicos para cada deficiência, concernentes às influências encontradas no ambiente escolar.

No Estudo I, assistentes pessoais e professores que trabalhavam diariamente com crianças diagnosticadas com uma das deficiências foram contatados.

No Estudo II, os profissionais contatados trabalhavam no Child and Adolescent Habilitation Services (Serviços de Capacitação de Crianças e Adolescentes), que tinham, assim, uma relação com as crianças diferente da dos informantes do primeiro estudo. Em ambos os estudos foram utilizados questionários.

As respostas dos 125 assistentes pessoais e professores, e 137 profissionais do Child and Adolescent Habilitation Services, revelaram fatores ambientais relacionados à escola que influenciavam as crianças em questão e sua capacidade de concentração. Os resultados algumas vezes mostraram diferentes influências que dependiam da deficiência que as crianças tinham. Foi mostrado que a aparência, tal como as aberturas da fachada da escola e os corredores, a vista, a acústica, o mobiliário, o arranjo dos assentos, o tamanho da classe e da sala de aulas e a decoração poderiam influenciar a capacidade de concentração da criança, tanto positiva quanto negativamente.

No Estudo III foram feitas seis observações de grupos de trabalho, revelando a necessidade de ajustes individuais. Os resultados desse estudo também ressaltaram a dificuldade de alocar classes já constituídas para crianças com capacidades cognitivas diminuídas, com o propósito de apoiá-las em suas diferentes necessidades.

Finalmente, o Estudo IV demonstrou a aplicação dos princípios no processo de construção, e que a ligação dos participantes aos projetos, de acordo com o processo cíclico de construção, tem o potencial de construir novo conhecimento.

Pode-se concluir que a capacidade de concentração dessas crianças  pode ser influenciada pelas características do ambiente de aprendizado, que precisam ser consideradas em sua matrícula nos prédios escolares. Concluiu-se, além disso, que esse conhecimento deveria ser aplicado no processo de construção.

sábado, 14 de maio de 2011

96- TDAH e Sexo – Redescobrindo o romance em seu casamento

A distração pode envenenar o erotismo em seu casamento TDAH. A seguir, como você poderá reviver a intimidade, o mistério e a excitação com seu par. Por Edward Hallowell, M.D.

TDAH e sexo: É um assunto sobre o qual quase ninguém escreve, embora quase todos os adultos com TDAH que eu tratei tivessem um problema sexual relacionado ao TDAH. Uma das queixas mais comuns é a falta de intimidade sexual. Isso não significa ausência de sexo, mas sexo que não promove a intimidade emocional genuína.
O sexo bom é possível somente quando ambos os parceiros em um casamento TDAH se sentem relaxados e se divertem – e são capazes de se desligarem do mundo lá fora, para curtir o momento. Isto não é fácil para adultos com TDAH. Como um homem que tem dificuldade de se deter poderá aproveitar o sexo? Como poderá uma mulher focalizar-se em dar prazer (ou em obtê-lo) se ela estiver pensando na reforma da sala de estar ou em mandar um e-mail?
O tédio sexual é outro grande problema. Adultos com TDAH se excitam com todas as coisas, e isso inclui as relações sexuais. Conforme um relacionamento amadurece, e a paixão inevitavelmente diminui, o portador de TDAH pode perder o interesse em sexo e passar para outras atividades ou outras pessoas que sejam mais estimulantes.  O enfado com o sexo é uma razão para a alta taxa de divórcio entre casais TDAH.
Em alguns relacionamentos, a falta de intimidade sexual reflete uma luta pelo poder. Tipicamente, o parceiro não TDAH começará a assumir um controle cada vez maior para as compras, as finanças, o cuidado com os filhos e qualquer outra coisa que aconteça em casa. Em algum ponto, ele começará a se ressentir de ter de fazer todo o trabalho e a importunar seu par.
Enquanto isso, o parceiro TDAH começará a se sentir mais como um filho do que como um amante. Isso cria um problema duplo: o esposo não TDAH fica tão ressentido que o sexo não desperta mais muita alegria, enquanto o esposo TDAH, com sua visão cada vez maior do parceiro como um pai, tem seu próprio interesse sexual diminuído. E assim, a energia, que antes era devotada ao sexo, é canalizada para passatempos e outras ocupações não sexuais.
Você gasta grande parte do seu dia relembrando, bajulando ou instigando seu parceiro – ou vice versa? Se for assim, as chances são que você esteja em um desses frustrantes relacionamentos antieróticos.
Em outros relacionamentos, o problema é o pobre gerenciamento do tempo.
Pode ser que um parceiro esteja disposto, enquanto o outro esteja dormindo. Ou pode ser que um esteja esperando no quarto enquanto o outro esteja no computador, vendo o mercado de ações. Uma paciente minha chamava o computador do seu marido de “amante de plástico”. Infelizmente, esses casais geralmente assumem que algum conflito escondido esteja impedindo que eles façam sexo, quando o que eles realmente têm é um problema de horário.
Não importa qual o problema que você enfrente, o primeiro passo para resolvê-lo é entender que o TDAH tem o maior papel no modo como você se relaciona sexualmente com o outro. O segundo passo é reconhecer que o problema é provavelmente de natureza biológica, em vez de emocional. Em outras palavras, não é porque vocês não se amam. É que maus hábitos influenciados pelo TDAH tomam conta.
O parceiro TDAH precisa aprender como curtir. Praticar em locais não ligados a sexo, por exemplo, conversar com o par, tomando café, ou visitar um museu juntos, antes de tentar desenvolver as habilidades de cama. E ambos necessitam deixar de lado os ressentimentos e trabalhar para reequilibrar seu relacionamento. Um terapeuta experiente poderá auxiliar nesses problemas. Se você estiver mergulhado no padrão pai/filho que eu descrevi, é essencial começar a dividir as responsabilidades de organização, cuidados com os filhos etc. Gradualmente, o romance reaparecerá.
ADDitude Fevereiro/Março 2007

sexta-feira, 13 de maio de 2011

95- TDAH do adulto – Motivação no trabalho, a chave para superar a procrastinação

Por Christine Brady
Você está se sentindo oprimido pela quantidade de trabalho que tem de fazer com pequeno intervalo de tempo? Tem falta de motivação para dar conta de coisas chatas da sua lista de obrigações? Estas estratégias de gerenciamento do tempo o ajudarão a superar a procrastinação de uma vez por todas!
Você subiria numa escada por 10 reais? Ah, sim? Muito bom, muito bom. E o Monte Everest?

Para muitas pessoas, começar qualquer projeto envolve encontrar um meio de superar a inércia com motivação. O que faz as coisas mais desafiadoras para os adultos com TDAH é a antecipação das horas chatas, o trabalho com coisas insignificantes que deveríamos ignorar em vez de enfrentar. Até a tarefa mais simples se torna desafiadora se você tem a mente crítica, como muitos com TDAH têm. Geralmente, procrastinamos.
Para começar e terminar minhas tarefas, preciso parar de pensar desse jeito. Vivo no país da oportunidade, mas somente se eu puder me aplicar no que gosto e se mantiver meu pé numa porta que parece que está sempre se fechando.

Motivação para fazer o trabalho
1-    Divida a tarefa em passos menores. Qualquer tarefa pode ser feita se eu a divido em partes ou segmentos menores. Se alguém aposta comigo que eu não consigo comer uma pizza inteira sozinho, eu penso “Você está certo. É muito grande para mim”. Mais tarde, entretanto, eu me descubro no último pedaço, culpado pelas calorias que calculo enquanto resmungo, “Cristina ruim”

Tarefas incompletas pesam na minha consciência; quanto mais insignificantes elas são, pior a culpa. Quando tenho algo a fazer, digo para mim mesmo, “Isso não é nada. Posso terminar em cinco minutos”. Mas não termino nada de uma vez. Para mim – e para você? – o espaço entre cada passo requer um empacotamento mental, tornando o projeto final formidável. No meu pensamento sobre fazer – em oposição a fazer – há o risco de cair na inércia, onde o ciclo começa novamente.

2-    Use lembretes visuais para manter-se no trabalho. Outro truque que eu uso é pregar um grande aviso – se você for igual a mim, um realmente grande – perto da fonte das maiores distrações. Para mim pode ser a TV. Se eu me sento por perto de uma TV, o aviso olha para mim e me faz sentir culpa – uma proclamação que não poderia ser mais perturbadora se estivesse tatuada na minha testa. Cuidado, entretanto, você não pode levar esse modo de avisos e admoestações muito longe, fazendo com que eles se tornem projetos artísticos e ofícios que tomem o seu tempo, o qual poderia ser usado no que eles deveriam motivá-lo.

3-    Comece pelos compromissos mais fáceis antes de atacar os maiores. Para manter meu cérebro livre das coisas difíceis, faça as coisas fáceis primeiro. Para proteger meu cérebro da tortura das coisas difíceis, faço as coisas fáceis primeiro. Por exemplo, lavo os pratos agora? Opressivo. Mas em vez de pensar, “Bom Deus, não posso fazer isso”, tento pensar “Ok, só os talheres”, e então, “Já que fiz isso, podem ser os copos agora”. Continuo em frente, até que – para minha alegria – tudo foi feito. Os portadores de TDAH são trabalhadores envergonhados, e tudo o que pode nos levar de A a B, eventualmente nos levará a C.

4-    Cerque-se de exemplos de ação produtivos e motivadores. Outra dica: Junte-se a pessoas que trabalham acompanhadas. Meu namorado sagitariano é assim. Vê-lo lavar os pratos me inspira a começar a lavar uma cesta de roupas.

5-    Dê guarida ao fracasso... e a múltiplas tentativas. Não há nenhuma tentativa fútil! Mesmo um pequeno esforço é válido, desde que ele põe em movimento uma atitude sobre progresso e realização. Veja este artigo. Levou três meses para acrescentar uma frase que o editor pediu. Ponto feito.

6-    Permaneça positivo. Finalmente, fique otimista. Sou uma pessoa positiva – exceto quando tenho de trabalhar. Preciso encontrar algo alegre em qualquer tarefa que faço. No final, quando tenho um pacote de tarefas, nenhuma das quais eu sinta que goste de fazer, penso como será bom (ou quanto vão me pagar) quando a tarefa tiver sido riscada da minha lista.

Este artigo apareceu no número de verão de ADDitude 2011

quinta-feira, 12 de maio de 2011

94- TDAH – Dificuldade de aprendizagem. O que as pesquisas mostram.

O cérebro adulto tem uma capacidade de crescimento semelhante à de uma criança, quando exposto a estímulos semelhantes.  A aprendizagem de nomes de novas cores produz um aumento rápido da substância cinzenta do córtex cerebral em adultos sadios.

Em artigo publicado na revista Proceedings of National Academy of Sciences USA, foram mostradas cartelas coloridas com dois tons de verde e dois tons de azul a 19 voluntários. A cada uma das quatro tonalidades de cor foi associado um nome inventado e sem nenhum sentido. Depois da aprendizagem, os voluntários foram submetidos a exame por ressonância magnética.

Os resultados revelaram a formação de substância cinzenta nova no hemisfério direito dos cérebros. Concretamente, em áreas cerebrais associadas não somente ao processamento de cor e da visão, mas também à percepção. Não está claro se esta nova substância cinzenta é constituída de neurônios novos ou de dendritos dos neurônios já existentes. Os autores postulam que a chave estaria na diferenciação de nomes e em como os sujeitos percebem as cores em função dos nomes que se lhes dá, quer dizer, por uma mudança de percepção.

[Proc. Natl Acad Sci 2001]
Kwok V, Niu Z, Kay P, Zhou K, Mo L, Jin Z, et al.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

93- Decida com facilidade

Você acha complicado tomar uma decisão? Tem medo de escolher errado? Aprenda a decidir, mesmo sob pressão. Como tomar decisões que podem aumentar sua produtividade e elevar o seu humor! Por Sandy Maynard

Nosso acelerado cérebro de portadores de TDAH às vezes parece incapaz de deixar as coisas simples. Queremos comprar um novo smart fone, então vamos à internet para ver o que há de ofertas e ficamos com um problema de transtorno de excesso de atenção. Colhemos tanta informação que não conseguimos tomar uma decisão. Ficamos sobrecarregados.
Algumas vezes, nossa dificuldade de tomar decisões se estende a coisas que deveriam ser resolvidas agora – como uma torneira pingando. Não sabemos qual torneira comprar, então deixamos a velha torneira pingando por meses, até que apareça uma inundação debaixo da pia. Mas a tomada de decisão não precisa ser um desafio. A seguir, algumas maneiras dos portadores de TDAH se tornarem mais decididos.

O Processo de Tomar Decisão

Susan, uma funcionária do governo, recentemente aposentada, queria mudar-se para uma pequena cidade na Carolina do Norte, onde seus pais e amigos viviam. Ela sabia que era a escolha certa, mas em vez de procurar um lugar para viver, gastou semanas surfando na internet procurando por abajures, armários de cozinha e pisos. Veio a mim pedindo ajuda. Descobrimos duas abordagens que a fizeram tocar em frente.

Considere os prós e os contras: A primeira estratégia foi falar sobre o tipo de casa em que ela queria morar. Ouvir a si mesma dizer em voz alta, tornou o processo de tomar uma decisão mais fácil, porque ela foi capaz de eliminar as opções. Reformar uma casa velha ou um prédio novo pareceu atraente quando Susan pensou nisso, mas logo perdeu a graça quando eu perguntei, “Quanto tempo você acha que isso vai demorar?” Ela descobriu que um condomínio era a melhor escolha.
Eleja prioridades: A segunda estratégia foi identificar o que ela mais prezava – gastar o tempo com a família e amigos e permanecer ativa. Ela decidiu que ter uma grande sala de jantar e living para receber as companhias era mais importante do que três grandes quartos de dormir. Ela queria um condomínio próximo a uma pista de bicicletas ou de uma academia. Este pensamento estreitou suas escolhas. Um condomínio que ela tinha descartado, agora parecia mais atraente. Ela comprou-o.

Pense a longo prazo, visão global: Terry, uma recente graduada que começou seu primeiro emprego, usa a mesma estratégia para ajudar a tomar decisões. Antes de fazer qualquer escolha, ela pergunta a si mesma “Qual é a escolha mais saudável que eu posso fazer para o meu bem estar físico, espiritual e emocional?” Antes que ela identificasse o cuidado consigo mesma como mais importante que o sucesso financeiro e a realização profissional, decidir sobre qualquer coisa era muito estressante. Ela trabalhava até tarde e se culpava por perder suas aulas de yoga ou por não gastar mais tempo com os amigos. E mais, ficar até mais tarde piorava seu desempenho no trabalho, no dia seguinte. Ela me disse, “Tomar decisões baseadas no que é melhor para mim, ajudou-me a terminar meu trabalho mais rapidamente e mais eficientemente. Cuidar de mim mesma é o modo de ganhar uma vantagem profissional.”

Tome decisões com confiança: Tom tinha certeza do que queria. Mas não conseguia avançar porque temia não ter feito a escolha “certa”. Eu sugeri que ele fizesse uma lista dos seus medos e perguntasse a si mesmo, “O que de pior pode acontecer?” Conforme discutimos maneiras de lidar com cada coisa que pudesse dar errado, Tom descobria que ele era suficientemente esperto e emocionalmente resistente para lidar com tudo o que pudesse acontecer. Isto fez o medo desaparecer do seu processo de decidir.

Evite agir por impulso: Como os portadores de TDAH tomam decisões por impulso que algumas vezes saem pela culatra, decidir “não decidir” é uma boa escolha, também. Eu descubro, às vezes algumas semanas mais tarde, que muitas das minhas grandes ideias não valiam a pena ser realizadas. Cada coisa que surge em nossas cabeças não precisa ser realizada. É importante ser capaz de tomar decisões, mas é igualmente importante não tomar decisões que nos tirarão do rumo certo.

Este artigo apareceu no número Summer 2011 de ADDitude

terça-feira, 10 de maio de 2011

92- Problemas com a medicação do TDAH: Por que a receita pode não ser eficiente

Alergias, sensibilidade a alimentos e o metabolismo são algumas das razões por que a sua receita de medicamento para o TDAH pode não funcionar! Como atingir uma dosagem que seja eficiente para você. Por Charles Parker.

O que é a taxa de queima do medicamento?

Charles Parker: O termo se refere à maneira como os medicamentos para o TDAH funcionam biologicamente, como eles se queimam em seu corpo. A taxa de queima é uma medida aproximada de quão saudável ou disfuncional é o seu metabolismo. Seu estado metabólico modifica significativamente a duração efetiva dos medicamentos para o TDAH. Tive uma paciente adulta que usou vários medicamentos em doses diferentes desde a infância. Cada medicamento funcionava por um tempo e, então, tornava-se ineficaz. Ela pensava que era um caso intratável. Descobri que ela tinha sensibilidade ao glúten, o que afetava o modo como os medicamentos agiam em seu organismo. Ao evitar alimentos com glúten, ela livrou-se do problema.

A maioria dos médicos sabe das taxas de queima?

CP: Não o bastante. Um médico que leva em conta as taxas de queima quando prescreve um medicamento livra o paciente de anos com problemas. Sem a lembrança das taxas de queima, os medicamentos podem não funcionar bem, e você pode ficar frustrado. Muitos adultos simplesmente param o tratamento.

O que mais afeta as taxas de queima?

CP: Alergia ao amendoim, caseína e outros alimentos pode afetar a taxa de queima, como afetam as interações com outras drogas e fatores genéticos, assim como o tamanho de suas vias metabólicas. Os médicos deveriam levar tudo isso em conta quando receitam medicamentos. Metabolismo fraco pode bloquear a quebra de um medicamento ou evitar a sua assimilação.

Qual o modo simples de avaliar a taxa de queima?

CP: Sempre pergunto a cada paciente novo, “Quantas vezes ao dia você evacua”? Muitos problemas entéricos afetam o seu metabolismo – e o metabolismo afeta a dosagem da medicação receitada. Um metabolismo lento resulta em queima mais lenta do medicamento para o TDAH, e causará a necessidade de doses menores que as usuais.

Seu conselho para os profissionais?

CP: Não há nenhuma receita de bolo, porque cada pessoa tem uma taxa diferente de queima. Faça a prescrição de acordo com cada paciente, levando em conta a sua taxa de queima.

Este artigo foi publicado no número Summer 2011 de ADDitude

segunda-feira, 9 de maio de 2011

91- O que as crianças necessitam para aprender e crescer?

O eminente psicólogo Erik Erikson acreditava que as atitudes das crianças sobre si mesmas e sobre o mundo em torno delas dependiam largamente de como eram tratadas pelos adultos conforme cresciam. Abaixo, está um resumo do que Erikson acreditava que as crianças mais necessitavam de suas famílias em cada estágio do seu desenvolvimento.
Confiança básica (do nascimento até 1 ano): Os bebês ganham um senso de confiança básica quando as interações com os adultos são prazerosas e gratificantes. Bebês necessitam de pais que sejam calorosos, atenciosos, previsíveis e sensíveis às suas necessidades. Se os bebês têm de regularmente esperar um longo tempo para o conforto ou se são manuseados grosseira e insensivelmente, a descrença nos outros será promovida.

Autonomia (1 a 3 anos): A confiança na capacidade de fazer escolhas e decisões se desenvolve conforme as crianças exercitam as habilidades exploratórias de andar, correr, subir e manejar objetos. Crianças e pré-escolares necessitam de pais que os deixem escolher uma de várias atividades seguras. Se as crianças são muito restringidas, sempre forçadas a fazer as coisas da maneira dos seus pais, ou se são envergonhadas por cometer erros conforme exploram, a autodesconfiança crescerá em vez da autoconfiança.

Iniciativa (3 a 6 anos): Os pré-escolares aprendem sobre si mesmos e suas culturas por meio de jogos de simulação; conforme eles atuam em papéis diferentes, eles começam a pensar em que tipo de pessoas eles querem se tornar. Os pais que apoiam o senso emergente de propósito e direção das crianças neste estágio, ajudam-nas a desenvolver a iniciativa, ambição e a responsabilidade social. Se os pais são exageradamente controladores e exigentes, as crianças podem se tornar culpadas e reprimidas.

Diligência (6 anos até a puberdade): Durante seus anos escolares, as crianças desenvolvem suas capacidades de trabalho produtivo, aprendem a trabalhar em cooperação com outros e descobrem um senso de orgulho em fazer as coisas direito. As crianças de idade escolar necessitam de pais que encorajem seu senso de competência e de domínio, dando-lhes responsabilidade e oportunidades de usar suas capacidades e conhecimento. Jovens que não têm esse encorajamento podem desenvolver um senso de inferioridade e acreditar que nunca serão bons em nada.

Identidade (adolescência): Adolescentes integram o que ganharam dos estágios prévios em um senso duradouro de identidade; eles desenvolvem um entendimento do seu lugar na sociedade e formam expectativas para o futuro. Adolescentes necessitam respeito para sua independência emergente. Crianças que não tenham tido suas necessidades supridas nesse e nos estágios anteriores, são propensas a terem incerteza sobre o que são e onde querem chegar.

Fonte: Learning Disabilities: A to Z – Corinne Smith & Lisa Strick (1997)

90- MEDICAÇÕES UTILIZADAS NO TRATAMENTO DO TDAH

MEDICAMENTOS RECOMENDADOS EM CONSENSOS DE ESPECIALISTAS
Nome Químico - Nome Comercial - Dosagem - Duração Aproximada do Efeito

PRIMEIRA ESCOLHA: ESTIMULANTES (em ordem alfabética)

Lis-dexanfetamina - Venvanse - 30, 50 ou 70mg pela manhã - 12 horas
Metilfenidato (ação curta) - Ritalina - 5 a 20mg de 2 a 3 vezes ao dia - 3 a 5 horas
Metilfenidato (ação prolongada) - Concerta - 18, 36 ou 54mg pela manhã - 12 horas
Ritalina LA - 20, 30 ou 40mg pela manhã - 8 horas

SEGUNDA ESCOLHA: caso o primeiro estimulante não tenha obtido o resultado esperado, deve-se tentar o segundo estimulante

TERCEIRA ESCOLHA

Atomoxetina - Strattera 10,18,25,40 e 60mg - 1 vez ao dia - 24 horas

QUARTA ESCOLHA: antidepressivos

Imipramina (antidepressivo) - Tofranil 2,5 a 5mg por kg de peso divididos em 2 doses
Nortriptilina (antidepressivo) - Pamelor 1 a 2,5mg por kg de peso divididos em 2 doses
Bupropiona (antidepressivo) - Wellbutrin SR 150mg 2 vezes ao dia

QUINTA ESCOLHA: caso o primeiro antidepressivo não tenha obtido o resultado esperado, deve-se tentar o segundo antidepressivo

SEXTA ESCOLHA: alfa-agonistas

Clonidina (medicamento anti-hipertensivo) - Atensina 0,05mg ao deitar ou 2 vezes ao dia - 12 a 24 horas

OUTROS MEDICAMENTOS

Modafinila - (medicamento para distúrbio do sono) Stavigile 100 a 200mg por dia, no café

Outros medicamentos que ainda não existem no Brasil:

Focalin – um “derivado” do metilfenidato (na verdade, uma parte da própria molécula)
Daytrana – um adesivo (para colocar na pele) de metilfenidato
Dexedrine – uma anfetamina (Dextroanfetamina); existe a formulação de ação curta e de ação prolongada
Adderall – uma mistura de anfetaminas; existe a formulação de ação curta e de ação prolongada

89- O Tratamento do TDAH

O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou seja, uma combinação de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador. A medicação é parte muito importante do tratamento.

A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo Comportamental. Não existe até o momento nenhuma evidência científica de que outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de TDAH.

O tratamento com fonoaudiólogo está recomendado nos casos onde existe simultaneamente Transtorno de Leitura (Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia). O TDAH não é um problema de aprendizado, como a Dislexia e a Disortografia, mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos. É necessário que os professores conheçam técnicas que auxiliem os alunos com TDAH a ter melhor desempenho (Obs: A ABDA oferece cursos anuais para professores). Em alguns casos é necessário ensinar ao aluno técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades
Fonte: ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção) http://www.tdah.org.br/

88- Uso do computador ainda assusta professores

Pesquisa em escolas municipais do Rio mostra que 53% dos docentes têm dificuldades de lidar com tecnologia - Ruben Berta, O Globo
Em pleno século XXI, o mundo virtual ainda é um território que causa medo em muitos professores.

Uma pesquisa realizada em parceria pela Secretaria municipal de Educação do Rio, pelo Instituto Oi Futuro e pelo Ibope com 5.505 docentes revela que mais da metade deles (53%) admitiu ter dificuldades em lidar com tecnologia na escola por várias razões. Entre 1.532 diretores de colégios entrevistados, a porcentagem também foi de 53%.

O levantamento ouviu 25.145 alunos: 40% disseram ter problemas para usar a informática nas unidades de ensino.

— Até há pouco tempo, havia uma relação de poder onde o professor era o detentor da informação. Era uma via de mão única. O que estamos notando agora é que os alunos estão um pouco à frente dos docentes, mais familiarizados com tecnologia. E os professores ainda não estão preparados para a aplicação pedagógica. Esse descompasso revela a necessidade de um processo de treinamento e acompanhamento dos profissionais — comentou o vice-presidente do Instituto Oi Futuro, George Moraes.

Publicado no blog do Noblat, em 09/05/2011

domingo, 8 de maio de 2011

87- TDAH e Dificuldades com a Matemática - A melhor prática em sala de aula

Trabalhar com crianças com estilos de aprendizagem excepcionais é um desafio para os professores. As crianças com TDAH e dificuldades com a matemática necessitam de instrução especial para obterem sucesso. A pesquisa tem examinado uma variedade de intervenções como tentativa de encontrar um modo de melhor instruir as crianças com TDAH e dificuldades de matemática. No que concerne aos estudantes com TDAH, a intervenção na instrução seguiu três vias: modificação comportamental, ensino de estratégias cognitivas e medicação (DuPaul & Weyandt, 2005). As intervenções dirigidas às dificuldades de matemática examinaram os efeitos do reforço, da utilização de apoio tecnológico e da instrução focalizada. Há pesquisa que sugere o papel positivo que a medicação estimulante pode ter na melhora do desempenho em matemática dos alunos com TDAH.
A instrução planejada para alunos com dificuldades com a matemática também pode se demonstrar útil para os alunos com TDAH. Como a fraqueza da memória de trabalho e da atenção são os fatores cognitivos que mais se correlacionam às dificuldades com a matemática, muitas intervenções foram planejadas para lidar com essas limitações. Em 2005, um estudo de Fuchs et al. documentou os efeitos do reforço em matemática para alunos do primeiro grau. Eles verificaram que uma intervenção, combinando 48 sessões escritas de reforço para grupo pequeno e dez minutos de um programa de computador ao final de cada sessão, levou a melhora na fluência dos fatos da matemática entre os alunos com risco de dificuldades com a matemática. Entretanto, mesmo essa instrução altamente focalizada com estudantes sob risco, não atingiu o nível dos seus colegas sem risco (Fuchs et al., 2005). Isso sugere que, embora o reforço seja eficaz, ele necessita ser continuado e mantido além do primeiro grau (Fuchs et al., 2005). Entretanto, a pesquisa não foi capaz de separar a contribuição da instrução de reforço daquela baseada no programa de computador. Este estudo fornece evidência do sucesso de duas possíveis intervenções, instrução de pequenos grupos seguida de um currículo escrito e a inclusão de programas computadorizados para melhorar a fluência nos fatos da matemática.

A instrução focalizada em matemática é importante para todos os estudantes (Gersten, Jordan & Flojo, 2005). As metas da instrução de estudantes com dificuldades com a matemática precisam ser estabelecidas claramente nos primeiros anos da instrução. No jardim de infância e no primeiro ano é importante que as instruções de matemática focalizem estratégias mais maduras de contagem, de senso de número e da fluência dos fatos matemáticos básicos. Sem essas habilidades fundamentais, outras habilidades matemáticas serão difíceis de desenvolver. Para os estudantes usarem as habilidades que aprendem nos primeiros anos, as instruções devem focalizar nas estratégias matemáticas em vez da lembrança dos fatos. Se os estudantes tiverem dificuldade com a memória de trabalho, a capacidade de lembrar de algoritmos e de utilizá-los mentalmente será prejudicada. Entretanto, se aos estudantes forem ensinadas estratégias maduras de contagem e de aritmética, essas técnicas podem ser usadas com material concreto, para avançar nas habilidades matemáticas (Gersten, Jordan & Flojo, 2005). A ideia de ensinar estratégias matemáticas é uma ferramenta útil para os professores. Entretanto, se manter a atenção for difícil para um estudante, ensinar contagem e estratégias matemáticas também poderá ser difícil. Nessa situação a melhor prática na instrução de matemática e a melhor prática na instrução de estudantes com TDAH podem caminhar juntas. Ensinar estratégias matemáticas pelo uso de técnicas comportamentais pode ser bom para ajudar a remediar o estudante que tenha tanto dificuldade de atenção quanto dificuldades com a matemática.

Uma última possibilidade na lida com TDAH e dificuldades de matemática em sala de aula é o uso de medicação estimulante. A medicação estimulante, como o metilfenidato, tem sido eficaz na melhora do comportamento e do desempenho acadêmico dos alunos com TDAH (Martinussen & Tannock, 2006). Benedetto-Nash e Tannock (1999) mostraram que o metilfenidato diminuiu o uso da contagem nos dedos e melhorou o desempenho acadêmico no trabalho escolar pelo aumento da produtividade e da eficiência nas crianças com TDAH. Além disso, a pesquisa sugere que quando o metilfenidato é usado, as crianças com TDAH são mais capazes de lembrar-se e de usar as estratégias mais maduras de contagem e de aritmética. Isso permite que elas tenham acesso aos pequenos fatos básicos para ajudá-las com os algoritmos mais complicados (Benedetto-Nash e Tannock, 1999).

Uma combinação de estratégias pode ser útil para as crianças que têm TDAH e dificuldades de matemática. Reforço, incentivo ao uso do computador, instrução focalizada e o uso de medicação estimulante podem funcionar para ajudar as crianças a aumentar seu desempenha acadêmico. Talvez quando usadas juntas, o total pode ser maior do que a soma das partes. Acima de um quarto das crianças com TDAH têm dificuldade com a matemática como comorbidade (Mayes & Calhoun, 2006). É importante que os pais e educadores entendam os desafios ímpares que essas crianças enfrentam, as bases cognitivas dos seus desafios e as várias intervenções que estão disponíveis para ajudar a remediar as dificuldades e aumentar o desempenho. Quando se trabalha com crianças que tenham TDAH e dificuldades com a matemática, é importante ser criativo com as instruções e tentar formas diferentes de intervenção e tratamento, para assegurar o melhor resultado para cada criança.

Por Amy Platt

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