terça-feira, 7 de junho de 2011

106- 3o. Congresso Internacional do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - Berlim

3o. Congresso Internacional do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
Ribeirão Preto, 7 de Junho de 2011
Caro José Antonio Menegucci

Já aqui no Brasil, de volta a Ribeirão Preto tento organizar o que de mais interessante vimos nos dias subseqüentes ao primeiro boletim. A interrupção do boletim, todos sabem, ocorreu por motivo justo, de forte emoção! Emoção, pois estávamos bastante satisfeitos em já ter três trabalhos aceitos no Congresso Mundial de TDAH, mas realmente não esperávamos ter algum deles escolhido entre os seis melhores, dos mais de 500 apresentados! Emoção muito forte por nosso Projeto Atenção Brasil e a COMUNIDADE APRENDER CRIANÇA estar agora na ponta da pesquisa em TDAH no mundo, é verdade! Isso só foi possível graças ao esforço de muita gente, desde o planejamento do estudo até a sua execução. Gente como os professores da rede municipal de Santa Cruz das Palmeiras e sua coordenadora à época Profa. Ana Paula Menossi Gonçalves que executaram o projeto piloto. Gente como os 124 professores pesquisadores de 79 cidades e 18 estados Brasileiros que foram a campo para executar a fase nacional. A todos eles dedicamos esse prêmio internacional de tanto prestígio que coloca em destaque a realidade do TDAH em nosso país.
     Entre os 41 estudos inicialmente selecionados no dia 28, terceiro dia do congresso, estava também o estudo do grupo da Universidade Federal da Bahia que avaliou atenção e funções executivas em crianças com anemia falciforme utilizando um novo instrumento denominado NEPSY. Os pesquisadores observaram um risco maior de crianças com anemia falciforme apresentarem déficit atencional (sobretudo em atenção visual) e disfunção executiva.
     Na sessão plenária da manhã de domingo sobre tratamento, o Dr. Coghill (Grã-Bretanha) apresentou alguns resultados preliminares de estudos comparativos que avaliam a otimização da farmacoterapia do TDAH em crianças e adolescentes, mostrando uma série de vantagens da lisdexanfetamina sobre os demais psicoestimulantes. Aliás, aprovada pelo FDA e no mercado americano desde 2007, a lisdexanfetamina acaba de ser lançada no mercado Brasileiro pela Shire farmacêutica. Trata-se de uma oportuna opção no tratamento medicamentoso do TDAH em nosso país, uma vez que até então só tínhamos à disposição o metilfenidato em suas apresentações de liberação imediata, intermediária e prolongada. A lisdexanfetamina é o primeiro PRÓ-FÁRMACO desenvolvido para o tratamento do TDAH.PRÓ-FÁRMACO é o precursor de um fármaco que, seguinte à sua administração, sofre, através de processos metabólicos, conversão bioquímica em agente farmacologicamente ativo. A lisdexanfetamina é um derivado da anfetamina e apresenta, segundo uma recente metanálise (Faraone & Buitelaar. Eur Child Adolesc Psychiatry 2010; 19:353-64), um tamanho de efeito superior ao metilfenidato (1.03 vs. 0.77).
     Ainda em Berlim ficamos sabendo que em breve chega também ao Brasil a atomoxetina da Lilly farmacêutica, aprovada pelo FDA e no mercado americano desde 2004. A atomoxetina é o único fármaco não psicoestimulante aprovado para o tratamento do TDAH.
     Boas opções para os médicos e ganho para os portadores, dada a alta eficácia e segurança do tratamento medicamentoso no TDAH. Só esperamos que essas medicações cheguem com preço acessível ou que as evidências de superioridade sejam suficientes para convencer os gestores a incluírem-nas na lista dos medicamentos de alto custo do SUS.
     Outra ótima novidade no congresso de Berlim foi o número expressivo de estudos sobre o uso do neurofeedback no tratamento do TDAH. Na verdade, alguns estudos tinham sérias limitações metodológicas que impediam a análise dos resultados, outros, no entanto, muito bem desenhados e trazendo resultados bastante promissores.
     A propósito, a Dra. Luciana Campaner, colaboradora da nossa COMUNIDADE e que no último congresso APRENDER CRIANÇA em 2010 organizou um workshop sobre a técnica do neurofeedback, já abriu inscrições para um curso intensivo de 07 a 10 de julho com carga horária de 40 horas, imperdível. Acessem e confiram no www.inbio.com.br .
     Por fim, direto de Ribeirão Preto espero encontrar-lhes em São Paulo de 22 a 25 de junho no XXI Congresso Brasileiro e I Internacional da ABENEPI, a programação do evento e o desconto para os cidadãos da COMUNIDADE APRENDER CRIANÇA são imperdíveis www.abenepi.com.br/xxicongresso .
Até lá.
Abraço.
Marco A. Arruda

6 comentários:

  1. Caro prof. Marco Arruda,

    vasculhando a rede atrás de respostas à minha pergunta, encontrei o seu blog. Antes de mais nada, gostaria de parabenizá-lo pela colocação do seu trabalho. Orgulho para nós, brasileiros, acostumados aos louros do dito primeiro mundo.
    Enfim, sou portadora do TDAH, com o qual lido com muita luta. Apesar disso, consegui concluir meu mestrado e trabalhar como docente na minha área. Nunca entendi bem o porquê dos meus resultados acadêmicos e comportamento social. Em função disso, interrompi a minha análise de dez anos e resolvi procurar um neurologista. Fiz os testes e o diagnóstico se confirmou. Estou tomando 20 mg de Ritalina LA por dia, há seis dias. Não estou vendo resultado, ou pelo menos, o que eu esperava. Peço-te uma orientação, pois estou absolutamente frustrada. Não consigo avançar nos meus projetos acadêmicos, e, confesso, absolutamente esperançosa em mudar o meu comportamento. Que caminho sigo? Aguardo mais um pouco? Procuro o meu médico e peço para reavaliar a posologia? Desde já, agradeço o seu retorno. Atenciosamente, Ana Rosa

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  2. Prezada Ana Rosa,

    O prof. Marco Antonio Arruda é o responsável pelo Instituto Glia, em Ribeirão Preto, SP.

    Por engano, você assumiu que o meu blog, TDAH-DOURADOS, fosse dele.

    Atenciosamente

    José Antonio Menegucci

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  3. Caro Dr. José Antonio,
    Desculpe-me pelo equívoco! Sinto muito mesmo. Isso já é um indício do quanto sou desatenta! O senhor poderia responder à minha pergunta? Essa é a sua especialidade? Ficaria muito grata se conseguisse me auxiliar na condução da questão posta. Mais uma vez, desculpe-me.
    Abraços,
    Ana

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  4. Prezada Ana Rosa,
    Certamente seis dias são um tempo muito pequeno. Além disso, a dosagem ainda está muito baixa. Finalmente, desatenção responde mal e lentamente à medicação. Certamente o correto é continuar com o acompanhamento pelo seu médico. Atenciosamente.
    José Antonio Menegucci
    drmenegucci@gmail.com

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  5. Obrigada, Dr. Menegucci, por me responder.
    O senhor foi mais esclarecedor do que o meu próprio médico, que, ao medicar-me, não me informou sobre essas particularidades da desatenção. Por ser uma "característica" minha que detesto, não vejo a hora de ser curada, ou ver minimizado o meu infortúnio.
    Um forte abraço agradecido,
    Ana Rosa

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  6. Bom dia Doutor moro em Ribeirão Preto e preciso saber onde posso levar minha filha de 11 anos para fazer um teste para déficit de atenção. aguardo retorno obrigado.

    Kátia Kunzendorff

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