domingo, 17 de abril de 2011

70- Os 10 piores terapeutas para adultos com TDAH

Encontrar um psiquiatra ou psicólogo confiável e competente pode ajudar os que vivem com déficit de atenção a readquirir o controle de suas vidas e a lidar com seus sintomas. Mas, tenham cuidado portadores de TDAH. Alguns terapeutas os deixarão mais confusos e frustrados do que antes. Por Frank South
Esta lista, inteiramente subjetiva, saiu dos meus quarenta anos de idas e vindas com psiquiatras e psicólogos de centenas de correntes diferentes. Inclui também alguns exemplos de ideias dos meus amigos, assim como de leitores de ADDitude que, depois de verem a postagem sobre esse assunto em meu blog, postaram respostas ou me enviaram e-mails com sugestões.

1- O Disciplinador

Em algum ponto de sua vida, este terapeuta teve a ideia de que os adultos com TDAH precisam é de um bom par de algemas e um severo castigo. Você saberá que está em uma sessão com um disciplinador quando lhe forem determinadas tarefas como trabalho de casa entre as sessões. Então, há as recompensas, geralmente na forma de sinais de aprovação e de palavras de incentivo, mas já ouvi falar de chocolates sendo dados a adultos no contexto deste tipo de terapia. O que este tipo de terapeuta pensa da gente?

A autoestima já é muito difícil de ser conquistada em nosso mundo, sem ter de pagar a algum bobalhão para afastá-la de você. A vergonha é uma péssima arma para ser usada no tratamento do TDAH. No que me diz respeito, a última coisa que um portador de TDAH precisa é de mais uma pessoa para fazê-lo sentir-se menor.

2- O receitador de remédios

Este psiquiatra pensa que os remédios resolverão todos os seus problemas, e não vai ouvi-lo se você disser que não pensa assim. Quando eu tinha vinte anos, depois de ter sofrido uma leve depressão, procurei um deste tipo, cuja solução para o meu caso foi prescrever altas doses de um antipsicótico. Semana após semana, eu reclamei que o medicamento não estava ajudando, e, pior, que ele fazia todo o mundo parecer virar um pudim incompreensível. Ele simplesmente fez que sim, murmurou algo e tomou notas no seu estúpido pequeno bloco.

Quando eu finalmente percebi que ele não ligava para o que eu estava achando – ele só queria me ver sedado – tratei de me livrar dele e dos antipsicótico, e fique por minha conta por um tempo. Provavelmente você vai dizer que eu ainda guardo certo rancor. Mas não me entenda a mal, com a ajuda de um bom psiquiatra, que me ouvia, descobri que respondia bem ao Adderal, e isso ajudou a mudar a minha vida. Mas a chave de todo o processo é a parte do ouvir.

3- A doutora nervosa

Esta terapeuta geralmente é novata na profissão, ou tem uma clínica dedicada a pacientes mais calmos e focados que você. Ela parece achar que o que você diz é confuso e enervante e gasta a maior parte do seu tempo de sessão pedindo para você esclarecer o que você acabou de dizer repetidas vezes. Eu estava sabendo a pouco do meu TDAH, tentando descobrir o que tudo isso significava, quando tive uma curta temporada com uma doutora como essa. Seu consultório era perto de onde eu trabalhava e, embora ela não fosse uma especialista em TDAH, não pensei que isso tivesse importância.

Nossas sessões consistiam nela dizendo “Não tenho certeza do que você está querendo me dizer” ou, “Vamos tentar ficar num só assunto de cada vez” e, “Não posso ajuda-lo quando você fica assim tão agitado,” enquanto tentava não hiperventilar, conforme olhava para seu relógio e empurrava sua cadeira cada vez para mais perto da porta. Depois de um tempo, percebi que estava aterrorizando a pobre mulher. Então, deixei-a em paz, e fui procurar alguém que não ficasse tão amedrontada por um sujeito de meia idade tão agitado quanto eu. Também descobri que quando você procura por um terapeuta, se ele tem experiência com o TDAH e se não fica assustado com os sintomas é mais importante do que se o seu consultório fica perto de você.

4- O pesquisador

Se no meio de uma sessão de terapia você tiver a impressão de que é um rato de laboratório sendo testado no meio de um labirinto de perguntas complicadas que parecem ter respostas certas e erradas, seu médico pode ser um pesquisador. Esses terapeutas são um problema.

Primeiro, eles desumanizam, reduzindo-o à soma dos seus sintomas (esta é uma armadilha comum que os médicos e pacientes têm de evitar cuidadosamente). E pior, os pesquisadores estão somente interessados em você como um caso a ser testado com suas teorias para animais. No total, eles têm muito pouco interesse real pelo seu bem estar – especialmente se o que você diz e ou faz não acaba por apoiar a teoria dele. Quando você se sente preso em um canto que não conhece e rotulado com marcas com que não concorda, pule fora do labirinto, corra para a saída, e encontre um médico que não gaste o seu tempo tentando enfiá-lo numa caixa.

5- O comediante

Eu gosto de piadas tanto quanto os outros, mas não quando elas são sobre mim. Como você se sentiria se levasse seu carro para uma revisão preventiva e o seu mecânico ficasse dando risada e balançando a cabeça pacientemente por causa dos problemas - oh, tão interessantes - com os freios e a caixa de direção?

Os mecânicos de cérebros também não devem achar nenhuma graça nas dificuldades do TDAH. Tive um terapeuta que me deu aquele olhar de curiosidade depois que eu lhe disse que tinha tido três ataques de pânico, em algumas semanas, durante almoços de negócios num restaurante italiano. Se você começa a suspeitar que o seu psiquiatra esteja usando a sua dor para nova piada (“Tive alguns pacientes malucos, mas o que está acontecendo com esse sujeito e o almoço? Será um pití?”), caia fora logo.

6- O jogador de culpas

Nos meus trinta anos, fui a um psicólogo que me disse que eu não tinha um problema com bebida – tudo era culpa da minha mulher. Ele me disse para imaginar que uma almofada de sofá era a cara do meu pai e a praticar lutas com ela. “Vá em frente,” ele disse, “Deixe sua raiva sair – bata na almofada – bata com força”.

Este cara foi o meu favorito por um tempo – alguém tinha de ser culpado pelas coisas ruins da minha vida e eu tinha de sair de cada sessão de terapia como a vítima correta. Não era para amar isso?

Mas lá no fundo da minha mente eu sabia que eu era realmente um alcoólico, não importasse o que o cara dissesse, e que minha mulher só queria uma vida um pouco mais pacífica. Quanto aos problemas forçados em relação ao meu pai, ele sempre foi amável e gentil comigo. Entretanto, não tenho certeza de que esse era o caso do terapeuta.

Cuidado com este tipo: Eles são sedutores. Lembre-se, terapeutas que ouvem são bons, mas eles também devem ter um cérebro se estiverem a fim de lhe dar alguma ajuda verdadeira. Você não encontrará seu potencial interior para descobrir as maneiras de entender e lidar com o que vai em sua cabeça, se sempre for culpa dos outros.

7- O curador rápido

Este profissional de saúde mental está constantemente dizendo “Ham ham” e balançando afirmativamente a cabeça enquanto você está falando. Seu bloco de notas está de lado quando você entra. Ele tem um pacote esquematizado, e fica mais confortável com entrevistas de 15 minutos. E se você tiver bastante sorte de conseguir uma sessão completa, ela ficará parecendo três sessões de 15 minutos amontoadas.

Os ham ham parecem chuva. Então vem um relâmpago. Não, é somente outro “isto parece bom,” para seguir qualquer comentário incompleto que está saindo da sua boca. Então você é incentivado com um rápido sorriso e uma tapinha no ombro. Seu medico não ouviu nenhuma palavra do que você ou ele disse em todo o tempo em que estiveram conversando. Se este é o caso do "cego guiando o cego," ou somente a velha pressa, você não terá nenhuma ajuda real com o seu TDAH aqui. Receba a última tapinha e vá embora. Provavelmente sua ausência não será sentida.

8- O juiz distante

Uma vez, tive uma experiência com este tipo de terapeuta. Deveria ter sabido que era uma má escolha tão logo entrei no seu enorme consultório. Pinturas americanas antigas e originais e objetos de arte enfeitavam cada pedaço de suas paredes, exceto o espaço atrás de sua mesa, o qual era cheio de diplomas emoldurados e algumas fotos do doutor conversando com pessoas importantes, sem dúvida. As cadeiras, otomanas, e os sofás eram feitos de couro escuro estofado, com enfeites de latão. Pesadas cortinas enquadravam uma vista do jardim. Espero nunca entrar novamente numa sala tão intimidante assim.

Quando o doutor entrou, ele sentou-se atrás da mesa, olhou para mim e disse, “Fale-me sobre você.” Não me lembro do que eu falei. Mas ele reclinou-se em sua cadeira, enquanto eu falava, e tomou notas. Então ele checou algumas coisas em um formulário, e me deu minha primeira receita de TDAH. Enquanto voltava para o meu carro, percebi que o homem mal me olhou durante todo o tempo em que fiquei lá. Agora, pode parecer óbvio a vocês que este tipo de gente não deve ser procurado para tratamento. Mas eu demorei duas sessões para descobrir que ficar junto com esse pedante não era o jeito de obter ajuda para lidar com meus problemas. Então, mais uma vez, saí à procura daquele tipo humano e inteligente de terapeuta que escuta, que todos nós com TDAH do adulto realmente necessitamos.

9- O confortador confuso

Este terapeuta costuma ser um psicólogo, e frequentemente tem um apelido que combina o título de doutor com o seu primeiro nome. (O Dr. Phil da TV é uma rara exceção – veja “O disciplinador.").

Em contraste com a doutora nervosa, o confortador confuso tem somente uma cordial compaixão por você – não importa a causa. Você poderia ir à sua sessão arrancando a cabeça de um esquilo com seus dentes e gritando como um pirata bêbado, e a única reação que teria seriam acenos simpáticos e gentis encorajamentos. (Não que eu tenha agredido um esquilo, a não ser que ele começasse.) Eu tive um terapeuta como esse, uma vez, com grandes olhos compreensivos, que ficava com uma touca afegã no colo. Ele se erguia ao final de cada sessão e me dava um abraço. Um abraço? Ele não percebia que os portadores de TDAH não querem simpatia, o que queremos é alguma ajuda para encontrar as soluções e as maneiras práticas de melhorar.

10- O analisador de sonhos

O TDAH é confuso – se você sabe ou não que tem ele. Ele pode coexistir com a ansiedade ou levar a ela. Pode causar ataques de pânico e insomnia, entre outras comorbidades comuns. Você pode começar a questionar as coisas básicas que você sabe sobre si mesmo. Sou uma boa pessoa? Minha vida bagunçada tem algum sentido afinal? Se tratamentos anteriores para o TDAH não forneceram respostas satisfatórias, então, como eu fiz, você pode decidir tentar uma psicoterapia subconsciente, um mergulho profundo, com um analisador de sonhos.

Para alguns, isto pode ser útil – para mim, não foi muito. Quando comecei essas sessões, esperava que encontrássemos a fonte do meu pânico, auto aversão e incapacidade de focar, vasculhando as cavernas da minha vida de sonhos subconscientes e erradicá-los com a luz brilhante do entendimento. Eu lia em voz alta as anotações do meu diário de sonhos e o psiquiatra ouvia e tomava notas, então tentava encontrar uma linha consistente que levasse à minha infância, mas como meus sonhos, eu ficava mudando de assunto. Então eu me esquecia de escrever o meu diário e me esquecia dos meus sonhos. Quando comecei a me esquecer das minhas anotações, o médico e eu decidimos parar.

Agora, eu creio que quando você luta com transtornos mentais – problemas com as ligações cerebrais como o TDAH, hipomania, ou transtorno bipolar –você não terá muita ajuda tentando tirar algum sentido dos seus sonhos. Tentei a velha solução da faculdade (embora nunca tenha tido paciência para terminar a faculdade), mas o que consegui foi dobrar a minha ansiedade porque nem o analisador de sonhos nem eu fomos capazes de encontrar algum sentido no meu subconsciente. Mesmo quando eu conseguia me lembrar deles, sendo os sonhos partidos de um TDAH-hipomaníaco-neurótico-insone, eles não tinham foco suficiente para serem analisados.

Os bons e os maus sinais

Sinais de aviso de que um terapeuta pode não ser bom para você


• Parece impaciente e/ou distante

• Escuta apenas superficialmente

• Oferece soluções rápidas

• Fala de sua situação/transtorno em generalidades

• Tem noção pré-concebida do tratamento

• Certifica-se de que você sabe da importância dele e de sua experiência no assunto

• Arruína sua autoconfiança

Sinais de que um terapeuta pode ser perfeito para você

• Não tem pressa

• Deixa você confortável

• Ouve você – ouve realmente, e faz bom contato com o olhar

• Dá valor às suas dúvidas

• Interage com você como um ser humano

• Tem ideias às quais você responde

• Dá a você autoconfiança e confiança em suas habilidades

ADDitude - Copyright © 1998 - 2010 New Hope Media LLC.

  Terapias emergentes para a doença de Alzheimer precoce Michael Rafii, MD, PhD O início da doença de Alzheimer (DA) é caracterizado po...