domingo, 8 de maio de 2011

87- TDAH e Dificuldades com a Matemática - A melhor prática em sala de aula

Trabalhar com crianças com estilos de aprendizagem excepcionais é um desafio para os professores. As crianças com TDAH e dificuldades com a matemática necessitam de instrução especial para obterem sucesso. A pesquisa tem examinado uma variedade de intervenções como tentativa de encontrar um modo de melhor instruir as crianças com TDAH e dificuldades de matemática. No que concerne aos estudantes com TDAH, a intervenção na instrução seguiu três vias: modificação comportamental, ensino de estratégias cognitivas e medicação (DuPaul & Weyandt, 2005). As intervenções dirigidas às dificuldades de matemática examinaram os efeitos do reforço, da utilização de apoio tecnológico e da instrução focalizada. Há pesquisa que sugere o papel positivo que a medicação estimulante pode ter na melhora do desempenho em matemática dos alunos com TDAH.
A instrução planejada para alunos com dificuldades com a matemática também pode se demonstrar útil para os alunos com TDAH. Como a fraqueza da memória de trabalho e da atenção são os fatores cognitivos que mais se correlacionam às dificuldades com a matemática, muitas intervenções foram planejadas para lidar com essas limitações. Em 2005, um estudo de Fuchs et al. documentou os efeitos do reforço em matemática para alunos do primeiro grau. Eles verificaram que uma intervenção, combinando 48 sessões escritas de reforço para grupo pequeno e dez minutos de um programa de computador ao final de cada sessão, levou a melhora na fluência dos fatos da matemática entre os alunos com risco de dificuldades com a matemática. Entretanto, mesmo essa instrução altamente focalizada com estudantes sob risco, não atingiu o nível dos seus colegas sem risco (Fuchs et al., 2005). Isso sugere que, embora o reforço seja eficaz, ele necessita ser continuado e mantido além do primeiro grau (Fuchs et al., 2005). Entretanto, a pesquisa não foi capaz de separar a contribuição da instrução de reforço daquela baseada no programa de computador. Este estudo fornece evidência do sucesso de duas possíveis intervenções, instrução de pequenos grupos seguida de um currículo escrito e a inclusão de programas computadorizados para melhorar a fluência nos fatos da matemática.

A instrução focalizada em matemática é importante para todos os estudantes (Gersten, Jordan & Flojo, 2005). As metas da instrução de estudantes com dificuldades com a matemática precisam ser estabelecidas claramente nos primeiros anos da instrução. No jardim de infância e no primeiro ano é importante que as instruções de matemática focalizem estratégias mais maduras de contagem, de senso de número e da fluência dos fatos matemáticos básicos. Sem essas habilidades fundamentais, outras habilidades matemáticas serão difíceis de desenvolver. Para os estudantes usarem as habilidades que aprendem nos primeiros anos, as instruções devem focalizar nas estratégias matemáticas em vez da lembrança dos fatos. Se os estudantes tiverem dificuldade com a memória de trabalho, a capacidade de lembrar de algoritmos e de utilizá-los mentalmente será prejudicada. Entretanto, se aos estudantes forem ensinadas estratégias maduras de contagem e de aritmética, essas técnicas podem ser usadas com material concreto, para avançar nas habilidades matemáticas (Gersten, Jordan & Flojo, 2005). A ideia de ensinar estratégias matemáticas é uma ferramenta útil para os professores. Entretanto, se manter a atenção for difícil para um estudante, ensinar contagem e estratégias matemáticas também poderá ser difícil. Nessa situação a melhor prática na instrução de matemática e a melhor prática na instrução de estudantes com TDAH podem caminhar juntas. Ensinar estratégias matemáticas pelo uso de técnicas comportamentais pode ser bom para ajudar a remediar o estudante que tenha tanto dificuldade de atenção quanto dificuldades com a matemática.

Uma última possibilidade na lida com TDAH e dificuldades de matemática em sala de aula é o uso de medicação estimulante. A medicação estimulante, como o metilfenidato, tem sido eficaz na melhora do comportamento e do desempenho acadêmico dos alunos com TDAH (Martinussen & Tannock, 2006). Benedetto-Nash e Tannock (1999) mostraram que o metilfenidato diminuiu o uso da contagem nos dedos e melhorou o desempenho acadêmico no trabalho escolar pelo aumento da produtividade e da eficiência nas crianças com TDAH. Além disso, a pesquisa sugere que quando o metilfenidato é usado, as crianças com TDAH são mais capazes de lembrar-se e de usar as estratégias mais maduras de contagem e de aritmética. Isso permite que elas tenham acesso aos pequenos fatos básicos para ajudá-las com os algoritmos mais complicados (Benedetto-Nash e Tannock, 1999).

Uma combinação de estratégias pode ser útil para as crianças que têm TDAH e dificuldades de matemática. Reforço, incentivo ao uso do computador, instrução focalizada e o uso de medicação estimulante podem funcionar para ajudar as crianças a aumentar seu desempenha acadêmico. Talvez quando usadas juntas, o total pode ser maior do que a soma das partes. Acima de um quarto das crianças com TDAH têm dificuldade com a matemática como comorbidade (Mayes & Calhoun, 2006). É importante que os pais e educadores entendam os desafios ímpares que essas crianças enfrentam, as bases cognitivas dos seus desafios e as várias intervenções que estão disponíveis para ajudar a remediar as dificuldades e aumentar o desempenho. Quando se trabalha com crianças que tenham TDAH e dificuldades com a matemática, é importante ser criativo com as instruções e tentar formas diferentes de intervenção e tratamento, para assegurar o melhor resultado para cada criança.

Por Amy Platt

86- Tudo é memória de trabalho?

A memória de trabalho é uma função executiva. Isso significa que ela é usada para ajudar a tomar decisões momentâneas assim como para fazer planos de mais longo prazo. A memória de trabalho é a área na qual a informação fonológica ou visual é temporariamente armazenada, com o propósito de processamento e manipulação da informação (Swanson & Beebe-Frankenberger, 2004, Martinussen & Tannock, 2006). Crianças com TDAH têm fraqueza de memória de trabalho. Isso leva a dificuldade com problemas que envolvam a manipulação de informação verbal e não verbal (Martinussen & Tannock, 2006). Pesquisa recente examinou a conexão entre fraqueza de memória de trabalho e dificuldade com a matemática, especificamente, com a aritmética, conhecimento de algoritmo e solução de problemas. Swanson e Beebe-Fraser (2004) verificaram que a fraqueza da memória de trabalho contribuía para a dificuldade com a solução de problemas verbais mais do que o processamento fonológico isoladamente. Isso deu apoio à teoria de que a função executiva contribui significativamente para a solução de problemas matemáticos verbais. Mesmo quando se retira da equação estatística o processamento fonológico, a inibição e as habilidades de matemática e de leitura, uma relação significativa ainda existe entre a solução de problemas matemáticos e a memória de trabalho (Swanson & Beebe-Frankenberger, 2004). Entretanto, a memória de trabalho não é o único fator cognitivo que foi correlacionado às dificuldades com matemática e TDAH. A dificuldade de atenção é altamente correlacionada ao TDAH e contribui significativamente para as dificuldades com a matemática (Martinussen & Tannock, 2006, Fuchs et al., 2006).

Em outro estudo, Fuchs (2006) examinou as correlações cognitivas de estudantes do terceiro grau em várias áreas matemáticas. Diversamente de Swanson e Beebe-Fraser (2004) eles verificaram que a memória de trabalho não era um fator cognitivo correlato da aritmética, algoritmos de computação e solução de problemas. A atenção, em vez da memória de trabalho, era um fator significativo de previsão para aritmética, algoritmos e solução de problemas matemáticos. Em particular, a incapacidade de afastar os estímulos externos da memória de trabalho parecia ser significativa. Fuchs et al. (2006) sugeriram que a memória de trabalho parecia ser um fator crítico nas dificuldades com a matemática em estudos anteriores porque os outros estudos não tinham examinado o papel das múltiplas habilidades no funcionamento matemático. Eles reconheceram o trabalho de Swanson e Beebe-Fraser (2004), mas sugeriram que eles poderiam ter encontrado diferenças com respeito à memória de trabalho por causa das diferentes maneiras como ela é definida e medida.

Apesar da corrente discrepância na pesquisa, há forte evidência para sugerir que a memória de trabalho e a desatenção, ambas, têm um papel nas dificuldades com a matemática das crianças. Estes dois fatores cognitivos também são correlatos cognitivos do TDAH. Talvez a fraqueza cognitiva comum nas crianças com TDAH e dificuldades com a matemática seja a responsável pelo elevado número de crianças com TDAH que também sofrem de dificuldades com a matemática. Se o TDAH e o desempenho em matemática requerem as mesmas estruturas cognitivas para atuar eficientemente, não será então nenhuma surpresa o aparecimento dos dois problemas quando uma fraqueza for vista nessa estrutura cognitiva.

Por Amy Platt

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