domingo, 12 de junho de 2011

107- TDAH - Tratamento - Resposta a alguém que pediu ajuda...

Prezada amiga,
Não há necessidade de pedir desculpas. Sou um velho neurologista, com problemas de desatenção, de memória de trabalho, com horror à matemática, casado (há 38 anos - isto é quase um milagre!) com uma portadora de TDAH, forma combinada. Tenho três filhos, dois com TDAH, uma filha com a forma desatenta e o outro filho com hiperatividade, impulsividade, alta inteligência e muita ansiedade. Três netos. Um com TDAH e superdotação intelectual. Bom, com essa família, posso dizer que sou especialista nisso, embora não exista formalmente a especialidade. Ninguém da minha família fez tratamento medicamentoso continuado. Não por sermos contra, mas pelas várias circunstâncias. Todos foram se ajeitando como podiam e, embora não sejamos gênios, vivemos harmonicamente (outro quase milagre). Mas está claro que tínhamos (ainda temos... ) potencial para ir mais longe... Há 10 anos resolvi estudar o TDAH e ler tudo o que podia (e a atenção curta permitia). Agora atendo cerca de 300 crianças de minha cidade e região, e alguns adultos, e a ANVISA me "ameaça", informando  por meio do CFM e do CRM-MS, que sou o maior receitador de Ritalina de Mato Grosso do Sul. Mas, como sou muito criterioso nos diagnósticos, estou com a consciência tranquila, e continuo receitando o que creio ser o melhor para os meus clientes. Além disso, a ANVISA virou um aparelhamento petista da pior espécie. Beira o fascismo. Ignoram a prevalência do TDAH e que "neste país", como diz seu guru apedeuta, a porcentagem dos que estão sendo tratados é uma vergonha, de tão baixa. Eles, felizmente, um dia, passarão...
Quanto à sua pergunta, eu me atrevo a lhe dizer que o metilfenidato (e os outros estimulantes) é muito bom na hiperatividade e impulsividade. Setenta por cento dos pacientes têm ótima resposta. A desatenção responde mal a todos os medicamentos. Correndo o risco de ser pouco ético, diria que você deveria perguntar ao seu médico sobre uma avaliação neuropsicológica. Será que você tem mesmo TDAH? Esta bateria de testes, quando feita por profissional competente e judicioso, pode fornecer muitos dados que o questionário ASRS-18, versão 1.1, não alcança. (Foi o que você fez, não foi?) Além disso, o próximo DSM-V, que deverá ser publicado em 2013, provavelmente vai mudar alguns conceitos básicos sobre o TDAH. Segundo Russel Barkley, a desatenção deve ser outro tipo de transtorno neurobiológico.
Finalmente, quanto ao prazo de SEIS dias de uso de doses baixas do metilfenidato, tudo indica que é cedo para uma resposta, e seu médico provavelmente vai lhe dar os aumentos graduais (até 60 mg/dia), além de, com certeza, um ansiolítico (brincadeirinha... ). A comorbidade mais frequente no TDAH é a ansiedade. Esperando não ter ultrapassado os limites e tendo respondido, ao menos em parte, sua pergunta, sou
Atenciosamente
José Antonio Menegucci
PS: Não tenho o seu e-mail. Caso queira aprofundar a conversa sobre o TDAH, sugiro que me envie por e-mail as suas questões.  jamenegucci@gmail.com 

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