domingo, 14 de agosto de 2011

127- Guia de diagnóstico do TDAH: Como ter certeza de que está correto

Não é fácil fazer um diagnóstico correto do transtorno de déficit de atenção, mas ele é essencial para a sua boa saúde. Descubra aonde ir, o que esperar, e como se preparar para os testes e as consultas associadas ao diagnóstico do TDAH. Por Laura Flynn McCarthy

Sinais de Alerta
Você está preocupado. A professora do seu filho lhe enviou um bilhete dizendo que a falta de atenção dele está fazendo com que fique atrasado na classe.
Sua filha ligou para uma colega de classe para marcar uma brincadeira e foi recusada pela terceira vez. A assim chamada “amiga” disse que sua filha era estranha.
Ou talvez você esteja preocupado com o seu trabalho. Você se atrasou pela segunda vez na última semana, e frequentemente se esquece de datas e de reuniões. Você não vai ter a promoção que estava querendo – de fato, você pode ser despedido.
Você tem se perguntado há meses o que está provocando os problemas de seu filho ou os seus – estresse, dificuldades de aprendizagem, uma doença, ou TDAH? Você está cansado de especular. É hora de descobrir. Você quer uma avaliação.
Parabéns. Você está dando um passo importante para mudar a sua vida. Mas você está cheio de dúvidas: Por onde começar? Que tipo de médico diagnostica o TDAH? Como você sabe se está fazendo uma avaliação atualizada e um diagnóstico correto do TDAH? E o que você deverá fazer depois disso?
Aonde ir para um diagnóstico do TDAH?
Para fazer o diagnóstico do TDAH, você deve começar com uma visita de rotina ao seu clínico geral, mas é provável que você não pare aí. Como regra, a maioria dos clínicos gerais não está preparada para fazer o diagnóstico. Uma razão é o tempo. Pode demorar várias horas de conversa, de testes falados e de análise dos resultados para diagnosticar alguém com TDAH. A maioria dos clínicos gerais não pode dispensar esse tempo a você ou ao seu filho, com um consultório cheio.
Os clínicos gerais às vezes deixam passar problemas coexistentes, como as dificuldades de aprendizagem, doenças subjacentes, depressão, transtorno de ansiedade ou abuso de substâncias. Profissionais treinados no diagnóstico de TDAH rotineiramente procuram esses problemas.
Como encontrar um especialista em TDAH na sua região? Cinco abordagens possíveis devem levá-lo à ajuda e diagnóstico corretos, e a um plano de tratamento que melhor controlará os sintomas:
Peça ao psicólogo da escola ou a um conselheiro escolar um encaminhamento para seu filho. Se você preferir consultar um especialista fora da escola, antes de se envolver com os profissionais escolares, vá para o próximo passo.
Fale com o clínico ou com o pediatra do seu filho. Comece a conversa desse jeito: “Tenho notado esses sintomas em mim (ou em meu filho), e gostaria de uma avaliação. O senhor conhece alguém especializado no diagnóstico do TDAH?”. Se o médico disser que ele pode fazer isso, pergunte sobre os testes que ele faz e quanto tempo ele geralmente gasta para fazer o diagnóstico. Se a única base para o diagnóstico for uma rápida entrevista com você ou com seu filho, peça um encaminhamento para um especialista.
Contate uma faculdade de medicina perto de sua cidade. “Chame o departamento de psiquiatria e pergunte se há alguém no staff com experiência no trabalho com adultos e crianças com TDAH” sugere Edward Hallowell, M.D., um psiquiatra com consultórios em Nova Iorque e em Boston, e coautor de “Superparenting for ADD (Balantine). “Quando tiver o nome de um profissional, pergunte quantas pessoas ele já tratou. Deve ser no mínimo uma centena.”
• Cheque com seu plano de saúde. Pergunte se há especialistas treinados em TDAH cobertos por seu plano. Se não houver, avalie procurar fora do plano. Lembre-se de que seu objetivo, inicialmente, é chegar a um diagnóstico minucioso e correto. Quando você tiver esta informação, o médico que fez o diagnóstico poderá trabalhar em conjunto com o médico do seu plano para prescrever o tratamento.
Entre em contato com o capítulo local da National Alliance on Mental Illness ou o CHADD, e peça os nomes dos profissionais especializados em TDAH. Outra boa opção: um grupo de apoio aos portadores de TDAH na sua cidade. As recomendações de boca-a-boca geralmente são a melhor avaliação da capacidade de um profissional.
Como os especialistas fazem o diagnóstico do TDAH
Para fazer um diagnóstico de transtorno de déficit de atenção, a primeira coisa que um médico vai querer é determinar é se você ou o seu filho tem os sintomas do TDAH listados no Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais – IV (DSM-IV).
“O DSM-IV permanece como a base do diagnóstico, mas muitos clínicos vão além dele em sua avaliação”, diz Hallowell. Além de rever esses critérios, os médicos farão uma entrevista clínica minuciosa usando uma escala padronizada de avaliação do TDAH. Exames complementares também são feitos para excluir a coexistência de outros transtornos que são comuns nas pessoas que têm TDAH – transtornos de aprendizagem, ansiedade e transtornos do humor.
Os sintomas listados no DSM-IV são revistos periodicamente. De acordo com os últimos critérios do DSM-IV, para ser diagnosticado com TDAH, um paciente tem de mostrar ao menos seis de nove sintomas de desatenção ou de hiperatividade/impulsividade antes da idade de sete anos. Além disso, esses sintomas devem prejudicar o funcionamento da pessoa em mais de um ambiente – casa, escola, ou trabalho.
Nem todos os médicos subscrevem esses critérios. Muitos profissionais afirmam que alguns pacientes têm sintomas do TDAH que não são reconhecidos até mais tarde na vida, particularmente crianças que sejam muito brilhantes ou que tenham a forma desatenta do TDAH.
Diagnosticar um adulto é mais complicado do que uma criança. “Os critérios do DSM-IV são baseados somente em pesquisa com crianças de 4 a 17 anos de idade”, diz Thomas E. Brown, Ph.D., professor assistente de psiquiatria clínica na Yale University School of Medicine e diretor associado da Yale Clinic for Attention and Related Disorders. “Como resultado, muitos clínicos contornam os critérios quando se analisa a idade de início – pesquisas recentes têm mostrado que, em algumas pessoas, os sintomas não aparecem até a adolescência, quando há mais desafios no autocontrole – e no número de sintomas. Os clínicos geralmente diagnosticam os adultos que têm somente quatro ou cinco dos sintomas, não sete ou oito, se eles mostram prejuízos significantes”.
Embora alguns médicos utilizem programas de computador, tais como testes de desempenho contínuo (CPTS), para checar os problemas de atenção e de impulsividade, ou imagens do cérebro, tal como a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), para descobrir anormalidades no cérebro, a mais confiável evidência para um diagnóstico positivo, de acordo com muitos especialistas, é a história do paciente.
Passo 1 do diagnóstico do TDAH: A consulta
Espere que a consulta para o diagnóstico do TDAH demore uma hora ou mais. Se for o seu filho quem estiver sendo avaliado, o médico falará com você e com ele, e obterá confirmações por meio de listas de checagem e informação escrita dos professores e de outros adultos que passam parte do tempo com seu filho. Às vezes, o consultório do seu médico lhe dará esses formulários antes da consulta e fará a revisão deles junto com você, no dia da consulta. Outros médicos primeiramente se encontrarão com você, farão a entrevista, e lhe darão os formulários para serem preenchidos antes da próxima consulta.
Se você estiver sendo avaliado, seu médico entrevistará você e alguém que o conheça muito bem – sua esposa, um filho, seus pais. Ele poderá ou não usar alguma lista de checagem planejada para identificar os sintomas de adultos com TDAH. O médico utilizará a entrevista com o paciente para determinar quais, se necessário, serão os testes que poderão afastar outras condições que podem causar  os sintomas do TDAH.
“A entrevista clínica é núcleo de qualquer avaliação”, diz Brown. “Quanto mais informações de fontes diferentes, melhor. Muitos adultos vêm à consulta sozinhos, mas é bom que venham com o esposo, filho ou amigo íntimo.”
Muitos médicos pedem às pessoas próximas ao paciente – um esposo, pai, ou filho para um adulto, ou um professor, tutor, ou babá para uma criança – para escreverem algumas frases descrevendo o paciente. O insight pessoal frequentemente revela informação que não pode ser captada pelos questionários.
Hallowell diz: “Um professor pode escrever, ´Johnny é doce, adorável, e bonito como uma flor, mas ele não se lembra de sair da chuva. É desorganizado. Fala fora de hora. Precisa de mais disciplina.´ É o que eu chamo de diagnóstico moral, mas que frequentemente revela muito sobre a criança que tem TDAH. Aquela narrativa de um só parágrafo dá uma ampla gama de informações. Listas de checagem não.”
O que os médicos estão querendo encontrar avaliando essas listas de checagem e narrativas, e fazendo a entrevista clínica?
História social. “Descreva um dia típico da sua vida ou da vida do seu filho” é geralmente a primeira pergunta que um médico faz para ter noção de como você, ou seu filho, funcionam – o que geralmente flui de modo suave e o que é desafiador.
História médica. Problemas médicos, desde apneia do sono e distúrbios da tireoide até flutuações hormonais e abuso de substâncias, podem apresentar sintomas semelhantes àqueles do TDAH.
História familiar. “Faço perguntas sobre a família, assim como sobre os avós, tios, tias e primos,” diz Brown. “Pergunto coisas como `Há alguém que tivesse dificuldade de prestar atenção ou de aprender certos assuntos, ou que era esperto mas não ia bem na escola – e foi bem, depois? As respostas me darão uma ideia do que está por trás da genética.”
Poderes e fraquezas. “Toda pessoa que tenho visto com TDA pode focar bem em algumas atividades,” diz Brown. “Às vezes são os esportes. Às vezes são as artes ou assuntos mecânicos. Esses são sintomas característicos do TDA. No processo, identifico as potencialidades que quero proteger – e encorajar – durante o tratamento.”
Educação. “Todos vêm com alguma informação sobre o problema. Algumas são sofisticadas e acuradas; o resto é tudo errado,” diz Brown. “Demoro de 15 a 20 minutos para dizer a eles o que penso sobre o TDA, como as ideias sobre o transtorno têm mudado, e por último falo sobre o controle dos sintomas.”
Quando a consulta termina, muitos médicos com experiência no tratamento de pessoas com TDAH já terão uma boa ideia de se você ou seu filho têm o transtorno. Mesmo assim, muitos vão querer respaldar sua opinião com provas objetivas obtidas com testes.
(A seguir: Passo 2 do diagnóstico do TDAH: Testar, testar)

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