quinta-feira, 15 de setembro de 2011

136- Medo do estigma prejudica o tratamento do TDAH de adolescentes

Como o TDAH frequentemente persiste na adolescência, e continua a sabotar o desempenho acadêmico e social dos adolescentes, muitos deles continuam a necessitar de tratamento. Entretanto, como os aspectos de autodeterminação e de autonomia tornam-se mais importantes para os adolescentes, a resistência ao tratamento para o TDAH – medicamentos ou outras coisas – frequentemente se intensifica e muitos adolescentes interrompem prematuramente o tratamento. Este é um desafio que muitos pais têm de enfrentar.

Assim, é importante entender os fatores – particularmente  da perspectiva do adolescente sobre o tratamento – que afetam a aceitação do tratamento do TDAH durante este período crítico do desenvolvimento. Examinar este problema foi o foco de um estudo publicado recentemente no Journal of Adolescent Health [Bussing et al (2011). Receber o tratamento para o TDAH: Importam os pontos de vista dos adolescentes?  Journal of Adolescent Health, 49, 7-14.]
Os participantes foram 168 adolescentes – cerca de 50% femininos – e seus pais, recrutados por meio do sistema de escola pública dos Estados Unidos. Esses adolescentes foram diagnosticados como portadores de TDAH na escola elementar e foram contactados 6 anos mais tarde, para uma avaliação de evolução. Na evolução, cerca de 60% continuaram a preencher todos os critérios de diagnóstico para o TDAH e muitos outros ainda tinham níveis elevados de sintomas do TDAH. Os pesquisadores estavam interessados em quantos adolescentes tinham recebido tratamento para o TDAH no ano anterior e em quais características dos pais e das crianças previam a aceitação do tratamento.

Perspectivas dos pais

Necessidade clínica – Os pais avaliavam seus filhos em relação aos sintomas do TDAH, de comportamento desordeiro, sofrimento emocional e prejuízo geral. Altos níveis de sintomas refletiam alta necessidade clínica de tratamento.
Receptividade do tratamento – Os pais avaliavam o quanto eram receptivos em relação a obter o tratamento medicamentoso ou aconselhamento para seus filhos.
A pressão sobre o cuidador – Os pais avaliavam o efeito de cuidar de uma criança com problemas emocionais ou de comportamento, tais como a demandas de tempo, a pressão econômica, a preocupação, a culpa e a vergonha. Altas pontuações refletiam altos níveis de pressão associados com os cuidados para suas crianças.
Perspectivas dos adolescentes

Necessidade clínica – Adolescentes avaliavam seus sintomas de TDAH, comportamento desordeiro, desconforto emocional e prejuízo geral. Altos níveis de sintomas refletiam alta necessidade clínica de tratamento.

Receptividade do tratamento – Os adolescentes avaliavam o quanto eram receptivos em relação a obter tratamento medicamentoso ou aconselhamento.

O estigma do TDAH – Isso media a percepção dos adolescentes de que ser diagnosticado e tratado para o TDAH pode representar um estigma.

Recebimento de serviços de saúde mental

O recebimento de serviços de saúde mental durante a vida e o último ano para cada adolescente foi avaliado por meio de entrevistas detalhadas com os pais. A entrevista perguntava sobre a recepção de serviços em ampla gama de locais e pedia detalhes sobre os serviços de aconselhamento e de tratamento medicamentoso.

Resultados

Uso dos serviços de saúde mental durante a vida e no último ano

Embora a maioria dos adolescentes, isto é, 79%, tenha recebido intervenção de saúde mental em algum ponto de sua vida, somente 42% receberam algum tipo de serviço no último ano. Isto era verdadeiro, embora muitos continuassem a preencher todos os critérios diagnósticos para TDAH, ou continuassem a ter dificuldades com os sintomas.

Concordância entre as perspectivas dos pais e dos adolescentes
Os relatos dos pais e dos adolescentes sobre o desconforto emocional dos adolescentes mostraram concordância moderada. Entretanto, a concordância sobre os sintomas de desatenção, hiperatividade e comportamento desordeiro foi pequena. A concordância sobre a receptividade de tratamento para o TDAH também foi fraca.

Prognósticos do uso anterior dos serviços de saúde mental

Os pesquisadores estavam particularmente interessados no que poderia antever a recepção de serviços de saúde mental pelos adolescentes, no ano anterior.  De modo interessante, nem o estado socioeconômico, nem a cobertura pelo seguro foram fatores prognósticos. Nem as avaliações dos pais sobre o comportamento desordeiro e a hiperatividade dos filhos.

Em vez disso, os adolescentes que receberam serviços foram avaliados pelos pais como mais desatentos, mais deprimidos e mais prejudicados em seu desempenho diário. O tratamento também foi mais usado quando os pais eram mais receptivos ao tratamento medicamentoso.

E sobre as perspectivas dos adolescentes?

Mesmo após levar em conta esses fatores paternos, as perspectivas dos adolescentes emergiam como significativos prognosticadores da recepção do tratamento. Os adolescentes que se avaliavam como mais prejudicados e que tinham atitudes mais positivas em relação à medicação eram os que tinham mais probabilidade de serem tratados. O fator prognosticador mais poderoso, entretanto, foram as preocupações de que o TDAH era estigmatizante. Adolescentes que se preocupavam em serem estigmatizados pelo TDAH tinham muito menos probabilidade de terem recebido tratamento no passado do que os outros adolescentes.

Resumo e implicações
Os resultados deste estudo indicam que muitos adolescentes que sofrem com o TDAH não receberam nenhum serviço de saúde mental no ano anterior. Especialmente notável foi  que, mesmo levando em conta as percepções dos pais sobre o desempenho dos seus filhos, e sua receptividade em relação ao tratamento medicamentoso, as próprias atitudes dos adolescentes eram  fatores prognosticadores importantes para a recepção de tratamento.

Adolescentes que sentiam que não estavam desempenhando bem em suas vidas diárias eram os com maior probabilidade de serem tratados. E, adolescentes com preocupações sobre o estigma do TDAH eram os que tinham menor probabilidade de terem recebido tratamento durante o ano anterior. De fato, este era o mais forte prognosticador de todos.
Estes achados evidenciam a importância de incentivar as percepções dos adolescentes sobre a necessidade de tratamento para o TDAH, e as dúvidas relacionadas ao tratamento, durante a avaliação e o planejamento do tratamento. Em particular, os profissionais de saúde mental deveriam discutir as preocupações que os adolescentes podem ter sobre serem estigmatizados pelo TDAH, e essas dúvidas podem substancialmente prejudicar a vontade do adolescente iniciar ou continuar o tratamento indicado.

Estes resultados também sugerem que quando um adolescente recusa o tratamento, ou não aceita continuar, os pais devem reconhecer que pode haver mais coisa envolvida além do seu filho ser oposicionista, não reconhecendo a realidade do que ele precisa, ou de exercer seu desejo de autonomia e de autodeterminação. Embora esses fatores possam certamente estar envolvidos, as preocupações de um adolescente sobre ser estigmatizado podem especialmente ser importantes e necessitarem de entendimento e de atendimento. Há uma necessidade de desenvolver intervenções efetivas para resolver tais problemas.
 
David Rabiner, Ph.D.


135- Doze maneiras de ajudar os alunos com TDAH a acompanhar as instruções

Crianças com TDAH têm dificuldade de acompanhar instruções porque não conseguem ficar prestando atenção pelo tempo necessário para compreendê-las claramente. Descubra como ajudar crianças com déficit de atenção a ouvir e entender as instruções completamente. Os Editores de ADDitude.

O Problema
A dificuldade de seguir instruções é um sinal importante do TDAH. Crianças com TDAH podem parecer que entendem e até mesmo escrevem as instruções, mas, então, voltam-se para a tarefa errada e a executam incorretamente.
A causa
Alunos com TDAH têm dificuldade de prestar atenção e de mantê-la. Eles também podem não estar “ligados” no momento em que as instruções estão sendo dadas. Geralmente um aluno ouvirá a primeira instrução do professor, então se tornará distraído por outros pensamentos e estímulos. Ele poderá ouvir apenas pedaços ou partes, ou ouvir e fazer apenas uma das quatro tarefas passadas. A dificuldade de processamento da linguagem exacerba este problema.
Os obstáculos

Um aluno com TDAH pode deixar sua classe pensando que ouviu e entendeu tudo certo. Ele pode ter ouvido o melhor que podia, mas ainda perdeu partes específicas ou instruções. Quando ele vai fazer a tarefa, ela será incompleta ou incorreta e será fácil para os professores ficarem bravos e frustrados. Mas dar notas baixas somente fará as coisas ficarem piores, porque pode atingir a autoestima da criança, fazendo-a pensar que é burra ou fracassada.
Soluções para a sala de aula

Conheça seus alunos. Esteja consciente de como a mente dos alunos com TDAH tende a vagar. Saiba também que eles podem facilmente perder o ponto em uma lição por causa de sua lenta capacidade de processamento da linguagem.

Faça contato com o olhar. Quando der instruções específicas para um aluno com TDAH, estabeleça contato com o olhar. Você poderá precisar fazer uma pausa no que está dizendo, até que os olhos do aluno encontrem os seus.

Seja breve. Quando der instruções, seja específico e breve. Se possível, dê instruções personalizadas para a criança, não para a classe toda.

Use a visão. Escreva as instruções e ordens na lousa, com giz colorido ou realce os tópicos importantes ou determinações específicas. Insista que os alunos copiem as instruções palavra por palavra. Então, cheque o que os alunos com TDAH escreveram.

Dê as instruções por escrito. Um aluno com TDAH de uma professora garantiu a ela que tinha escrito as tarefas, mas que não sabia o que fazer quando chegou em casa. A professora descobriu que o aluno havia escrito “Tarefa de Leitura”, mas não havia escrito quais os capítulos a serem lidos e quais as questões a responder. Depois disso, a professora sempre providenciou uma lista impressa das instruções.

Pergunte sobre as tarefas. Quando der instruções verbais, reforce-as. Será útil e alegre fazer perguntas a três alunos, de diferentes locais da sala, para repetir as tarefas indicadas. Este método dá ao aluno com TDAH uma oportunidade de se “ligar” nas instruções.

Use sua voz. Aumente ou abaixe o tom da sua voz de modo dramático para captar a atenção do aluno que pode ter se “desligado” temporariamente.

Experimente a tecnologia. Gravadores digitais de voz podem ajudar as crianças a guardar vários minutos de informação que pode ser revista imediatamente – muito útil para ditar as tarefas de casa e outros lembretes durante todo o dia escolar.

Soluções para casa

Em casa, assim como na escola, instruções de múltiplos passos são quase impossíveis de serem dominadas pelos portadores de TDAH. Há excesso de informação para ser obtida e guardada. Os pais precisam dividir os trabalhos maiores em tarefas menores, de passos únicos. Dê ao seu filho uma instrução, peça para completa-la, e então apresenta-la para você. Dê o segundo passo somente quando o primeiro estiver completado.

Experimente listas de checagem. Estudantes maiores se dão melhor com uma lista de checagem ou uma rotina diária, permitindo que eles assumam mais responsabilidade ao se reportar a uma lista de coisas a fazer. Eles podem checar as tarefas completadas conforme sigam em frente,

Faça um roteiro de fotos. Para alunos menores, alguns pais e professores tiram fotografias de cada passo de uma rotina. Por exemplo, aprontar-se para a escola pela manhã envolve múltiplos passos e instruções. Faça uma foto do seu filho em cada uma das atividades – vestir-se, tomar o desjejum, escovar os dentes, preparar a mochila – e então ponha estas fotos em ordem de modo que seu filho tenha um lembrete visual da rotina diária matinal.

Use recompensas. Se o seu filho precisa de mais reforço, adote um sistema de recompensas ou de presentes para criar motivação externa. De todo modo, tornar as instruções mais claras e mais simples ajudará muito as crianças com TDAH a se sentirem mais responsáveis e serem mais bem sucedidas em casa e na escola.

Redirecione o mau comportamento. Se uma criança concorda a fazer algo, mas se desvia por outro motivo, tente redirecionar em vez de punir. Se você pediu a ela que alimentasse o cachorro, mas a encontrou lá fora, jogando basquete, redirecione-a dizendo: “Lembre-se, você deveria estar dando comida para o cachorro. Vou ficar com a bola, de modo que você saiba onde achá-la quando terminar de fazer o combinado”.

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