terça-feira, 15 de maio de 2012

211- O Sonhador (TDAH forma desatenta)


Para as pessoas com o TDAH do tipo desatento, ter sucesso em um mundo cheio de ruídos e distração pode parecer um sonho impossível. Mas, com determinação e apoio, pode não ser impossível. Por Tess Messer.

Pessoas com o TDAH desatento são geralmente ignoradas e esquecidas. Diferente dos invasores de Wall Street, nenhum de nós quer criar nenhuma espécie de revolução. Nós, com o tipo desatento, entendemos que nossos irmãos hiperativos dominam a atenção dos pais, professores e psiquiatras – e da maioria dos dólares destinados à pesquisa, por aí – mas não temos intenção de ocupar nada além do nosso mundo interior de pensamentos.

A razão para isso tem menos a ver com o fato de que não somos revolucionários do que com o fato de que nós adoramos nossos colegas TDAH barulhentos e desordeiros. Somos agradecidos a eles pela cobertura que eles nos proporcionam. Se não fossem eles, alguém poderia notar que estamos geralmente “No Mundo da Lua”.

O Mundo da Lua é o Lar

Na verdade, os neurocientistas podem ter encontrado o “Mundo da Lua” do nosso cérebro. Os pesquisadores são capazes de ver o cérebro sonhando, e eles estão denominando este estado como o modo desligado do cérebro.

O modo desligado faz com que o cérebro vagueie quando você está tentando prestar atenção. É o modo desligado que pensa coisas como “Rapaz, aquela teia de aranha na parede tem um padrão interessante”. É o modo desligado que faz com que você rabisque um desenho no seu caderno quando se esperava que estivesse prestando atenção em algo importante. Aparentemente, conforme o cérebro envelhece, a habilidade dele para sair do modo desligado começa a falhar. O cérebro começa a processar as coisas mais lentamente e se torna menos focalizado. Não preciso de uma explicação sobre o modo desligado do cérebro. Eu o conheço bem.

Cresci em uma grande família cubana. Como acontece com a maioria das crianças com TDAH desatento, não fui uma criança feliz, sortuda e cheia de amigos. Eu era introvertida, ansiosa, geniosa, descoordenada e distraída, mas o fato de que eu era quieta foi uma benção em minha casa. Geralmente eu era a única pessoa em nossa casa apinhada que não estava falando.

Na escola era a mesma coisa. Meus professores ficavam ocupados com as crianças barulhentas e bagunceiras, e, embora eu mal pudesse ler, eu era quieta. Os testes mostraram que meu QI era bom. Minha mãe sabia que alguma coisa estava errada. Fui testada, analisada e aconselhada, mas nada me ajudou até que eu chegasse à adolescência.

No colegial, eu fui colocada em um programa de profissionalização. Nessa época, eu era uma adolescente apática, distraída, com uma atitude ruim e média 4. A escola pensava que o trabalho pudesse ser a resposta, então trabalhei como auxiliar de enfermagem.

As enfermeiras sabiam que eu era uma péssima estudante e me adotaram em seu projeto. Elas me ensinavam e me encorajavam, e eu aprendi minhas obrigações rapidamente. Descobri que eu aprendia com a mão-na-massa, e comecei a me sentir confiante. As enfermeiras com quem trabalhei bebiam litros de café, então eu também comecei a beber. Meus sintomas de desatenção começaram a melhorar.  Tornei-me menos introvertida e menos ansiosa, mais focalizada e assertiva. Talvez fosse o café cubano que eu bebia pela manhã, ou talvez fosse meu cérebro mais amadurecido, ou talvez eu tivesse encontrado um modo de tirar meu cérebro do modo desligado. É difícil dizer, mas fiquei capaz de me concentrar e trabalhar.

Decidi ir para a faculdade e obter um diploma. Sabia que seria uma tremenda batalha; sai do colegial com uma média 1,6. Mas o exercício, as listas do que fazer, timers e o interesse verdadeiro no que eu estava estudando me ajudaram a atingir minha meta.

Finalmente o sucesso

Hoje, sou assistente de um médico em um movimentado departamento de medicina de emergência. Nunca tomei medicamentos para o TDAH; sou uma testemunha dos benefícios das intervenções comportamentais. Acho que se não tomasse meu café e fizesse os exercícios meu caderno de apontamentos terminaria no freezer e os rabiscos saltariam de dentro dele.

Algumas pessoas com o tipo desatento do TDAH não têm tanta sorte. Nossa melhor aposta para uma cura reside nas novas pesquisas sobre o envelhecimento do cérebro. Descobertas podem levar a outras visões que levarão ao tratamento para a desatenção. Muitos portadores de TDAH forma desatenta nunca conseguirão acompanhar o mundo de maneira tão boa quanto os que têm a forma hiperativa, mas alguns de nós vencemos os obstáculos.

Este artigo foi publicado no número de verão de 2012 de ADDitude.

3 comentários:

  1. A que exercício ela se refere? "Mas o exercício, as listas do que fazer, timers", "se não tomasse meu café e fizesse os exercícios"

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    Respostas
    1. "I had graduated high school with a 1.6 average. But exercise, to-do lists, timers, and a keen interest in what I was learning helped me accomplish my goal."

      Acho que a tradução foi falha. Os sinônimos são: "workout, bodybuilding, isometrics, keep fit, implementation, use, application, employment".
      Qual você escolhe?

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    2. "I find that if I do not get regular exercise and drink my coffee, my address book may end up in the freezer and doodles will pop up."

      Nessa frase a tradução só pode ser exercícios mesmo, com o sentido de tarefas, obrigações, treinamento. O que você acha?

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