sábado, 2 de março de 2013

269- As 5 regras para os TDAH viverem bem



O especialista em TDAH do adulto, Russel A. Barkley, Ph.D., compartilha cinco segredos para se dar bem em casa, no emprego e na vida, quando sofrer de TDAH.

Você sente que vive como se estivesse numa esteira rolante?

Gerenciar os detalhes diários da vida com TDAH adulto é difícil. Datas limite no trabalho vão e vem, sem serem cumpridas. Comentários impulsivos afastam os amigos e possivelmente causam a perda do emprego. Você está exausto ao final do dia e sente que todos os seus esforços o levaram a lugar algum.

A medicação para o TDAH pode ajustar o campo de trabalho, mas você pode fazer mais. Assim como a dieta e o exercício ajudam a insulina a controlar melhor o diabetes, essas cinco regras irão ajudar os medicamentos para o TDAH a controlar melhor os sintomas.

Regra 1: Pare a ação!

Seu chefe propõe dobrar suas metas de venda para o ano seguinte e antes que você possa morder a língua, você ri e diz, “Você está louco?”.
Seu vizinho compra um novo enfeite para o jardim e pergunta se você gostou. Você diz que o enfeite fez a casa dele ficar parecendo um motel barato. Agora ele não fala mais com você – novamente.
Você vê um par de sapatos maravilhosos na vitrine da loja e corre para compra-los, mesmo que cada centavo do seu dinheiro já esteja comprometido com outras coisas.
Você não dá a si mesmo um tempo para pensar e medir suas palavras e ações. Pensar significa usar a experiência passada e a capacidade de prever o que virá para enfrentar uma situação e determinar o que você deveria dizer ou fazer.

Estratégia: Faça uma lista das situações nas quais você se comporta mais impulsivamente. Há momentos e lugares em que será tudo bem em ser espontâneo e falante, e outros momentos em que agir assim lhe custarão muito caro.
Quando você estiver a ponto de ficar em algumas dessas situações que você já identificou, reserve para si mesmo alguns segundos para fazer alguma dessas ações a seguir:

Antes de responder a alguém, respire fundo e lentamente, faça uma cara de que está pensando e diga a si mesmo, “Bem, deixe-me pensar sobre isso”.
Ponha um dedo sobre sua boca por alguns segundos, como se estivesse pensando o que vai dizer.
Parafraseie o que seu chefe ou membro da família lhe disse: “Oh, então você quer saber sobre...”  ou “Você está me pedindo para...”.
Imagine trancar sua boca com um cadeado para impedir a si mesmo de falar.

Outra estratégia: Escolha um modelo de falar lento e represente este modelo quando conversar. Pare de ser Robin Williams e comece a ser Ben Stein. Fale lentamente. Pratique o falar lento em frente a um espelho. Isso dará uma chance aos seus lobos frontais de funcionar melhor, de se engajar, em vez de ficar ao sabor dos seus impulsos.

Regra 2: Olhe o passado... e, então, siga em frente

Quando os problemas surgem, você fica confuso sobre o que vai acontecer ou sobre o que fazer? Você se recrimina por cometer os mesmos erros várias vezes seguidas?
Adultos com TDAH têm a memória não verbal de trabalho fraca, o que significa que eles não utilizam a experiência passada para guiar suas ações. Eles não são bons em reconhecer os aspectos sutis de um problema, e as várias ferramentas que podem resolvê-los. Muitos TDAHs abordam cada problema com um martelo, porque, para eles, todos os problemas parecem pregos.
TDAHs podem achar difícil merecer gratificação – o que você precisa fazer para economizar dinheiro ou para manter uma dieta, porque eles não conseguem formar a imagem mental do premio que está à frente. Você precisa de uma ferramenta para ter certeza de que o que você aprendeu no passado estará acessível quando você precisar dele no futuro.

Estratégia: Parar a ação – como descrito na regra 1 – lhe dará o tempo para ligar o olho da mente. Depois que você fez isso, imagine um aparelho visual – uma tela de TV, um monitor de computador ou uma minicâmara – e veja, na tela imaginária, o que aconteceu na última vez em que você esteve em situação como essa. Deixe o passado voltar em detalhes coloridos, como se você o estivesse filmando ou reprisando.
Quanto mais você fizer isso, mais automático se tornará. Além disso, você verá que mais “vídeos” surgirão em seu cérebro, saídos do seu banco de memória. Você pode pensar, “Uau, a última vez que eu interrompi uma reunião com uma piada, todo mundo riu de mim, de modo sarcástico”. Ou, “Me senti culpado quando comprei aqueles sapatos caros há alguns meses e descobri que meu filho precisava de livros para a escola. E eu não tinha mais o dinheiro para isso”.

Regra 3: Sinta o futuro

Muitos portadores de TDAH são cegos em relação ao tempo; eles se esquecem do propósito de suas tarefas, de modo que não se sentem inspirados para terminá-las. Se ninguém estiver com uma cenoura pendurada na sua frente, eles precisam de alguém que os convença a seguir em frente, rumo à sua meta. Por isso que a regra 2 é importante: ela ajuda você a aprender com suas memórias, a se tornar apto a manejar situações semelhantes no futuro.
Mas a regra 2 não é sempre suficiente. Algumas coisas precisam ser feitas porque são a coisa certa a se fazer. O TDAH às vezes torna difícil assumir o imperativo moral para terminar uma tarefa. Imaginar as consequências negativas de não fazer algo não é um motivador poderoso para muitos TDAHs. Imaginar como é bom atingir sua meta funciona melhor.

Estratégia: Pergunte-se, “Como me sentirei quando tiver esse projeto terminado?” Pode ser o orgulho, a satisfação pessoal, a felicidade que você antecipa por completar um projeto. Qualquer que seja a emoção, trabalhe duro para senti-la, aqui e ali, à medida que observa sua meta. Toda vez que se sentar para continuar trabalhando em um projeto, tente sentir o resultado futuro. Dê a essa técnica um empurrão cortando imagens de recompensas que você espera obter pelo que está fazendo. Ponha-as por perto enquanto esteja trabalhando. Elas aumentarão a potencia de sua própria imaginação e farão as emoções que você está antecipando até mesmo mais vívidas.

Regra 4: Divida a tarefa... e faça valer a pena

O TDAH faz o futuro parecer muito distante. Um objetivo que requeira um significante investimento de tempo incorpora períodos de espera, ou tem de ser feito em uma sequência de passos, pode ser tão vago que você se sente oprimido. Quando isso acontece, muitas pessoas com TDAH procuram um rota de fuga. Elas podem alegar doença no trabalho ou jogar a responsabilidade para um colega.
Imagine quais as situações que mais provavelmente o atinjam: Você entra em pânico quando alguém lhe dá um prazo que esteja meses à frente? Projetos complexos o desencorajam? Você tem dificuldade de trabalhar sem supervisão? Se for assim, você precisa de motivadores externos.

Estratégia: Divida tarefas longas em unidades menores. Se um prazo de final do dia parece longo, tente essa estratégia.

Divida sua tarefa em pedações de uma hora ou de meia hora de trabalho. Escreva o que você precisa fazer em cada período, e passe um marcador de texto sobre cada passo que tiver terminado, para manter sua atenção focalizada.
Dobre suas chances de sucesso fazendo-se confiável para as outras pessoas. Muitos de nós nos preocupamos com que os outros pensam de nós, e julgamentos sociais acrescentam combustível ao fogo para que as coisas sejam feitas. No trabalho, torne-se confiável para um colega apoiador, supervisor ou mentor. Em casa, trabalhe com um parceiro, cônjuge ou vizinho.
Faça quatro coisas após terminar cada pedaço do trabalho: Congratule-se; faça um breve intervalo; telefone ou passe um e-mail para um amigo ou parente para contar o que você conseguiu fazer; dê a si mesmo um prêmio ou algum privilégio que goste muito – mas que seja pequeno e breve.

Regra 5: Mantenha o senso de humor

O TDAH pode ser sério, mas você não precisa ser.

Estratégia: Aprenda a dizer, com um sorriso, “Bem, aí vai o meu TDAH falando ou agindo novamente. Desculpe. Falha minha. Tenho de tentar fazer algo a respeito disso da próxima vez”.
Quando você diz isso, você faz quatro coisas importantes:

Você assume o erro.
Você explica por que o erro aconteceu.
Você se desculpa e não comete o erro de acusar os outros.
Você promete tentar fazer melhor da próxima vez.

Faça essas coisas e manterá sua autoestima, assim como os seus amigos. Não assumir sua conduta TDAH, culpar os outros ou não tentar fazer melhor da próxima vez poderá lhe custar caro.
Se você faz do TDAH uma incapacidade que abarque tudo, seus amigos e a família também o tratarão assim. Aborde isso com um senso de humor, e eles também o farão.

Este artigo foi publicado no número de inverno de 2011 de ADDitude.

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