sexta-feira, 12 de setembro de 2014

362- O Mito da Aprendizagem: Por que eu nunca digo ao meu filho que ele é esperto

O Mito da Aprendizagem: Por que eu nunca digo ao meu filho que ele é esperto. Por Salman Khan

Meu filho de cinco anos começou a aprender a ler. Toda noite, nos sentamos em sua cama e ele lê para mim um pequeno livro. Inevitavelmente, ele topa com uma palavra difícil: na noite passada a palavra foi "gratefully" [reconhecidamente]. Ele acabou por conseguir pronunciá-la depois de um sofrido minuto. Então ele disse, "Pai, você não fica contente com o esforço que eu fiz com essa palavra? Acho que eu podia sentir o meu cérebro crescendo". Eu sorri. Meu filho agora está verbalizando os assim chamados sinais de uma "mentalidade do crescimento". Mas isso não foi por acidente. Recentemente, pus em prática pesquisa que andei analisando nos últimos anos: decidi elogiar meu filho não quando ele se saía bem em coisas nas quais ele já era bom, mas quando ele insistia na coisas em que tinha dificuldades. Reforcei para ele a ideia de que por meio do esforço seu cérebro cresce. Em meio à grande quantidade de pesquisas sobre o assunto "mentalidade de aprendizagem" e essa experiência pessoal com meu filho, estou mais convencido do que nunca que a mentalidade dirigida ao aprendizado pode ser mais importante do que qualquer coisa que nós ensinamos.

Os pesquisadores sabem há algum tempo que o cérebro é como um músculo, que quanto mais você usa, mais ele cresce. Eles descobriram que as conexões neurais se formam e se aprofundam mais quando cometemos erros fazendo coisas difíceis do que quando temos sucesso fazendo coisas fáceis.
O que isso significa é que nossa inteligência não é fixa, e que a melhor maneira pela qual podemos aumentar nossa inteligência é assumir tarefas nas quais podemos encontrar dificuldades e falhar.

Entretanto, nem todo mundo tem consciência disso. Dr. Carol Dweck, da Stanford University, estuda há décadas o pensamento ligado ao aprendizado das pessoas. Ela descobriu que muitas pessoas aderem a um de dois pensamentos: fixado ou crescimento. O pensamento fixado acredita erroneamente que as pessoas ou são espertas ou não são, que a inteligência está determinada, fixada pelos genes. Pessoas com o pensamento do crescimento acreditam corretamente que a capacidade e a inteligência podem ser aumentadas pelo esforço, pela luta e pelo fracasso. Dweck descobriu que os que têm o pensamento fixado tendem a focalizar seu esforço em tarefas nas quais eles têm uma grande chance de sucesso e evitam tarefas nas quais eles têm de lutar, o que limita seu aprendizado. Pessoas com o pensamento do crescimento, entretanto, aceitam os desafios, e entendem que a tenacidade e o esforço podem mudar o resultado do seu aprendizado. Como você pode imaginar, isso está correlacionado com o último grupo estar mais ativamente se exigindo e crescendo intelectualmente.

A boa notícia é que mentalidades podem ser ensinadas; elas são maleáveis. O que realmente é fascinante é que Dweck e outros desenvolveram técnicas a que eles denominam "intervenções com mentalidade de crescimento", que mostraram que mesmo pequenas mudanças na comunicação ou comentários aparentemente inócuos podem ter muitas implicações de longa duração para a mentalidade de uma pessoa. Por exemplo, elogiar o método de alguém ("Eu gosto realmente do modo com que você enfrenta esse problema") em vez de elogiar um talento ou habilidade inata ("Você é tão esperto!") é uma maneira de reforçar a mentalidade do crescimento com alguém. O elogio do método reconhece o esforço; o elogio do talento reforça a noção de que alguém só é bem sucedido (ou não) com base em um traço fixo. E nós temos visto isso também na Khan Academy: estudantes estão gastando mais tempo aprendendo na Khan Academy depois de expostos a mensagens que elogiam sua tenacidade e determinação, e que enfatizam que o cérebro é como um músculo.

A Internet é um sonho para os que têm a mentalidade do crescimento. Entre Khan Academy, MOOCs, e outros, há um acesso sem precedentes a um conteúdo sem fim para ajudar você a aumentar sua mente. Entretanto, a sociedade não estará levando vantagem disso sem que a mentalidade do crescimento seja mais prevalente. E se nós ativamente tentarmos mudar isso? E se começarmos a usar seja qual for o meio à nossa disposição para começar a usar intervenções com mentalidade do crescimento com todos de quem cuidamos? Isso é muito maior do que a Khan Academy ou a álgebra - isso se aplica a como você se comunica com suas crianças, como você dirige sua equipe no trabalho, como você aprende uma nova língua ou instrumento. Se a sociedade como um todo começar a aceitar a luta pelo aprendizado, não haverá um fim para o que pode ser o potencial humano global.


E agora uma surpresa para você. Lendo esse artigo, você já completou a primeira metade de uma intervenção com a mentalidade do crescimento. A pesquisa mostra que já ao ser exposto à pesquisa em si mesma (por exemplo, saber que o cérebro cresce principalmente por errar as questões, não acertar) pode começar a mudança na mentalidade de uma pessoa. A segunda metade da intervenção é para você mostrar a pesquisa para outras pessoas. Fizemos um vídeo que comemora a luta do aprendizado, que o ajudará a fazer isso. Finalmente, quando meu filho, ou por causa disso, mais alguém me perguntar sobre aprendizagem, eu somente quero que eles saibam uma coisa. Conforme eles aceitem a luta e os erros, eles podem aprender tudo.

361- TDAH e abuso de drogas


Segundo uma recente pesquisa nos Estados Unidos, os jovens com TDAH têm mais do que o dobro de probabilidades de experimentar e abusar de drogas. 
Ainda que os estimulantes (anfetaminas, metilfenidato) usados para o tratamento do TDAH possam ser viciantes, não há evidências de que tomá-los aumente o risco de abuso de substâncias. 
Os autores advertem que esses estimulantes podem ser usados de forma indevida, e que 23% dos jovens americanos em idade escolar tentam vender, comprar ou trocar medicamentos para o TDAH. 
Os medicamentos que se usam para tratar o TDAH apresentam um potencial de abuso, ainda que a grande maioria dos jovens com TDAH não chegam a ter problema de abuso de substâncias.
O estudo conclui que são necessárias mais investigações para averiguar por que alguns jovens são mais susceptíveis que outros. É possível que a mesma biologia que provoca o TDAH também ponha alguns dos jovens em risco mais alto de abusar de substâncias. 
Outros fatores sociais poderiam contribuir também para o aumento do risco; por exemplo, alguns desses jovens costumam ter maiores dificuldades na escola e sentem mais ansiedade por esse motivo.


Pediatrics, 2014 - Harstad E., Levy S. - Committee on Substance Abuse

360- Excesso de TV ou de computador pode causar TDAH?


Pergunta feita por stef241116 a Parents of ADHD Children (ADDitude)

[Estou lendo um livro sobre TDAH, escrito por um psiquiatra, e, embora concorde com a maioria da informação contida nesse livro, discordo fortemente de uma declaração dele, que diz "novos estudos têm revelado que a excessiva exposição à TV ou ao computador pode predispor uma criança ao TDAH". O excesso de TV ou de computador pode causar o TDAH?]

Resposta: 

Eis aqui o porquê. 
Sabemos qual é a explicação médica para o TDAH: uma falta de dopamina no cérebro, assim como outras falhas na função cerebral. 

Também sabemos que ele é MUITO genético. São fatos médicos, não "novas teorias".

Se uma criança SEM TDAH assiste muito à TV, posso entender por que sua capacidade de prestar atenção pode diminuir e por que ele quer estimulação/satisfação imediata, resultando em perda do foco para as coisas mundanas. 

Entretanto, se você tirar a TV da vida dessa criança, como se você estivesse tirando o açúcar de alguém viciado nele, a criança voltará ao normal depois de algum tempo, porque o vício foi resolvido.

Faça isso a uma criança com TDAH e adivinhe o que acontecerá? 
O cérebro dela ainda é TDAH. 
Por quê? Porque é uma condição médica congênita. 
Os efeitos da exposição excessiva à TV, ou ao computador, são hábitos e comportamentos aprendidos. Grande diferença. 
Concorda ou discorda?


ADDitude

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