terça-feira, 24 de março de 2015

TDAH - ADHD - Então, é assim que os normais se sentem? (398)


Depois de metade de uma vida de lutas em casa e no trabalho, com medo de cada novo dia, sinto como se eu tivesse nascido como nova pessoa, depois do meu diagnóstico de TDAH do adulto. Por Donna Surgenor Reames.

Estou sentada no pequeno posto de enfermagem, olhando para a pilha organizada de papéis com o trabalho completado. É só uma da madrugada e já fiz tudo. O trabalho, que geralmente me faria lutar para terminar antes do horário de mudança de equipe, às sete da manhã, está terminado. Não só terminado: feito corretamente, com um nítido foco.

Eu sorrio, me espichando na cadeira. "Então, é assim que os normais se sentem? Penso, assombrada.

Toda a minha vida, briguei com a vaga sensação de que algo era diferente comigo. Me sentia inferior, inadequada, indisciplinada e desorganizada sem conserto. Todos esses sentimentos tinham sido, uma vez ou outra, reforçados pelos outros na minha vida.

"Donna, você não pode nunca ser pontual?"
"Você não pode viver nessa bagunça".
"Como você pode não saber onde estão os registros de nascimento das suas filhas?"
"Você deve ser uma dessas pessoas que não conseguem se organizar".

Eu costumava me sentir cansada já antes de sair da cama, com medo do novo dia e de suas várias obrigações. Eu ficava exausta, lutando no trabalho e em casa, com meus filhos. Eu precisava de cada tantinho de força física, mental, emocional e espiritual para viver minha vida, até que, finalmente, encontrei alguém que escutou minha história e me deu uma chance de fazer algo a respeito.

Ele não me deu uma agenda ou um livro sobre organização. Ele não me criticou por preguiça ou me aconselhou sobre criar filhos. Ele me deu uma receita.

"Tome isso e veja o que acontece", ele disse. "Creio que você tem TDAH do adulto". Ele foi a primeira pessoa a acreditar em mim quando eu disse que havia alguma coisa errada além de depressão ou de uma personalidade fundamentalmente desorganizada. Sempre senti que havia uma parte de mim que poderia ser estruturada, que poderia ser organizada, que poderia funcionar com facilidade. Só não sabia onde ela estava e como atingi-la.

Uma nova mãe

Outro dia, quando eu parei num posto de gasolina, outro carro parou na nossa frente. A mulher estava gritando e xingando. Fui até ela. "Olá! Me desculpe se eu a irritei", eu disse. "Estou levando meus filhos para a escola, estávamos conversando e talvez eu não tenha lhe dado o espaço suficiente".

A mulher se acalmou notavelmente e balançou sua cabeça. "Não, é minha culpa" ela disse. "Estou cansada logo cedo e fiquei brava. Não se incomode com isso". Quando voltei para meu carro, minha filha mais velha, Zoë, me olhou com os olhos arregalados.

"Mãe", disse com entusiasmo, "Não posso acreditar como você foi tão legal!" (Como é duro descobrir que seus filhos acham que você é um babaca, na agonia da irritabilidade diária ligada ao TDAH.) Dei uma risada. "Vocês têm uma nova mãe, meninas!", disse enquanto seguíamos em frente.

No passado, uma situação como essa provocaria em mim uma explosão. Eu gritaria e sairia do sério. Costumava pensar que tinha um problema com minha raiva. Agora sei que meus nervos estavam sendo postos no seu limite, e as coisas que os outros tiravam de letra, para mim eram insuportáveis.

Em casa, nossa vida se acalmou. Passamos a comer juntos mais frequentemente e minhas filhas gostam da minha comida. Não tento mais fazer 15 coisas diferentes enquanto faço o jantar, por isso já não me queimo como antes. Também consegui seguir um sistema para organizar meus armários - e está funcionando!

Porque, agora, eu compreendo que tenho um transtorno que requer que eu faça as coisas de modo um pouco diferente, eu as faço sem
me sentir burra ou preguiçosa. O que eu descobri sobre mim mesma é completamente o oposto: posso ser muito organizada e disciplinada se eu me permito ser. Meu remédio acalmou algo dentro de mim, permitindo que eu respire fundo e viva em ritmo mais lento.


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