terça-feira, 17 de dezembro de 2013

310- Emoções no TDAH: Como Elas Afetam Sua Vida e Sua Felicidade.


A tempestade emocional do TDAH pode atingir a autoestima, os relacionamentos, e quase tudo mais na vida. O que você deveria saber para controlá-la, a seguir. Por William Dodson, M.D.

A Tempestade Emocional

Você não consegue administrar as dificuldades do TDAH até que entenda como você processa a emoção. Os pesquisadores ignoraram o componente emocional do TDAH porque ele não pode ser medido.
Entretanto, as crises emocionais são o aspecto prejudicial mais importante do TDAH em qualquer idade. Descubra como suas emoções atingem sua vida e sua felicidade, e como você pode ser capaz de administrá-las.

Sensibilidade à Crítica

Quase todo mundo com TDAH responde com um empático sim à questão: "Você sempre é mais sensível do que os outros à rejeição, gozação, crítica, ou sua própria percepção de que fracassou desistiu?" Essa é a definição de uma condição chamada de disforia sensível à rejeição (RSD),  que muitos portadores de TDAH apresentam.

Depressão e RSD

Por muitos anos a RSD tem sido a marca do que é chamado de depressão atípica. A razão pela qual ela não é chamada de depressão "típica" é que ela não é nenhuma depressão, mas uma resposta instantânea do sistema nervoso TDAH ao gatilho da rejeição.

Desaprovação Pelos Outros

A resposta emocional ao fracasso é catastrófica para os que tem a condição. A crítica e a perda do amor e do respeito percebidas são tão devastadoras quanto a coisa real. O termo disforia significa dificuldade de suportar, e muitas pessoas com TDAH relatam que elas dificilmente podem suportar isso. Os TDAHs não são chorões; a desaprovação os machuca muito mais do que às pessoas normais.

Sempre Tensos e no Limite

Muitos TDAHs dizem a mesma coisa quando você pergunta sobre sua vida emocional: "Estou sempre tenso, não consigo relaxar nunca. Não consigo me sentar e assistir a um programa de  TV com o resto da minha família. Como sou sensível às outras pessoas que me desaprovam, tenho medo das interações pessoais." Muitos meninos depois dos 14 anos não têm tanta hiperatividade, mas ela ainda permanece internamente.

Como a Dor se Expressa Por si Mesma

Se a dor emocional é internalizada, um TDAH pode sentir depressão e perda da autoestima em pouco tempo. Se as emoções são externalizadas, a dor pode ser expressada como raiva contra a pessoa ou a situação que provocou o dano. Por sorte, a raiva é expressada verbalmente em vez de fisicamente, e ela passa relativamente rápido.

Emoção do TDAH: Como Afeta a Personalidade

Por causa da sensibilidade à dor emocional dos TDAHs, a pessoa pode se tornar um brincalhão, sempre tendo certeza de que os amigos, colegas e a família o aprovem. "Diga-me o que você quer e eu farei o melhor de mim para realizá-lo. Só não fique bravo comigo." Depois de anos de vigilância constante, o portador de TDAH se torna um camaleão, que perde a noção do que quer para sua própria vida.

Emoção do TDAH: Como ela Afeta o Comportamento

Alguns TDAHs descobrem que a dor do fracasso é tão ruim que eles se recusam a tentar qualquer coisa a não ser que tenham certeza de um sucesso rápido e fácil. Tentar a sorte é um risco emocional muito grande. Suas vidas permanecem vazias e limitadas.

Emoção do TDAH: Como ela Afeta os Relacionamentos

A RSD pode ser um desastre para os relacionamentos. Como as feridas da RSD são quase insuportáveis, a única maneira de lidar com a situação é negar que a pessoa - professor, parente, colaborador ou cônjuge - que está rejeitando, criticando ou fazendo gozação tenha alguma importância para o portador de TDAH. Em vez de que sofrer mais feridas nas mão da figura de autoridade, ele diminui a importância da outra pessoa. Os TDAHs têm de encontrar ocasiões várias vezes ao dia para lembrarem à outra pessoa quão sem valor, estúpidos e mesmo perigosos são eles e suas opiniões.

Tratamento da RSD: Aconselhamento

Os clínicos e os terapeutas precisam ser especialmente vigilantes quanto aos sinais da RSD porque muitos TDAHs aprenderam a esconder esse aspecto de suas vidas. É vital para o diagnóstico correto e a terapia bem sucedida que tanto o terapeuta e o paciente estejam cientes da intensidade emocional que é uma parte muito grande da v ida do paciente. É igualmente importante reconhecer quando um paciente esteja tentando esconder esse componente de sua vida emocional, com medo de ser mais machucado ainda quando a verdade for conhecida.

Tratamento da RSD: Medicação

Até recentemente tudo que as pessoas podiam fazer para sua disforia era esperar que ela se dissipasse com o tempo. A experiência clínica descobriu que até metade das pessoas com RSD podem obter algum alívio por meio dos alfa agonistas, seja a clonidina ou a guanfacina. Fale com seu médico sobre esses medicamentos.


ADDitude

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

309- Cheguei ao fim da linha (quase). Depoimento de um TDAH adulto.


Desistindo da faculdade, perdendo o emprego, sentindo-se um fracasso como marido, este autor quis terminar com tudo, até que se lembrou das sábias palavras de sua mulher.

Em 2011, com a idade de 35 anos, desisti de tudo. Havia abandonado a faculdade, não conseguia manter um emprego, e estava cansado de me sentir um fracasso como marido. Minha mulher estava trabalhando no escritório de casa, no andar de cima, e eu fui até o porão e enrolei a corda de ginástica em volta do meu pescoço e me pendurei nela. A dor ficou violenta, enquanto as lágrimas caiam no carpete. Meu irmão havia cometido suicídio três anos atrás, e eu estava indo me juntar a ele em um local menos dolorido. Porém, algo me impediu.

Em meio à vergonha, culpa e desespero que me corroíam, percebi que tinha coisas boas; não sabia como ia ter acesso a elas enquanto me sentisse um fracasso. Minha vida estava por um fio, mas eu me lembrava de minha mulher dizendo que quando as coisas ficam ruins e difíceis de suportar, é bom levantar as mãos e dizer "Preciso de ajuda! Alguém precisa cuidar de mim por um tempo, porque não me resta mais nada!"

As palavras dela salvaram minha vida naquele dia. Retirei a corda do meu pescoço antes de subir, soluçando, e ir contar a minha mulher que eu precisava ir para a sala de emergência - logo. Ela me levou até lá, e o resto é história.

Depois de ser avaliado e diagnosticado como portador de TDAH do adulto (e depressão), meus olhos se abriram pela primeira vez em minha vida. Aos 37 anos, trabalho como guarda de segurança em um hospital, ajudando outros com problemas mentais. Não tem sido uma jornada fácil. Um ano atrás, caí de novo em depressão, e fui por minha conta ao psiquiatra. Precisava de mais aconselhamento para aceitar o fato de que tinha de trabalhar mais para aceitar meu diagnóstico e uma nova maneira de viver.

Fui capaz de fazer isso. Tinha ido de paciente amparado a guarda de saúde mental, amparando outros. (Tenho um livro de memórias prestes a sair, contando minha experiência com o TDAH.) A chave da minha sobrevivência e sucesso foi ter recebido apoio das pessoas queridas e dos cuidadores da comunidade. Minha mulher, meu pai, meu melhor amigo, e outros têm me amparado sem fazer julgamentos, sabendo quanto potencial eu tenho. Tentei os medicamentos, mas nada aconteceu. Trabalhar fora regularmente, ouvir música e aprender a ter calma quando percebo que estou indo depressa demais, funciona melhor.

Sou a favor de que se procure aconselhamento de forma regular. Trabalhar como guarda de segurança de hospital requer concentração e foco. Sou tão bom no trabalho quanto mentalmente inteligente e estável. Isso significa que invisto em mim mesmo ao falar com um profissional para que me mantenha no topo do jogo. No meu dia a dia, me sinto bem ao notar quando minha mente trabalha rápido para meu próprio bem. Alenteço as coisa por meio de técnicas de respiração, caminho um pouco para mudar meu foco, ou trabalho fora para liberar a energia crescente.

Que seja meditação, exercícios físicos, música ou alguma outra forma de acalmar sua mente, fazer algo é a chave do problema - antes que você acabe tomando uma decisão errada. No passado, eu me apoiava nas namoradas quando ficava frustrado. Hoje, faço uma respiração profunda e aceito que  tenho dificuldades, em vez de romper os relacionamentos. Antes, eu perdia o controle com os membros da família ou com os amigos quando era desafiado em uma discussão. Agora, eu saio da situação para ver melhor o quadro, antes de cometer um erro do qual me arrependerei. Falo a mim mesmo em casa, quando noto que estou falando muito depressa, dizendo a mim mesmo para relaxar e aproveitar a viagem.

Por meio do apoio, da paciência e sendo honestos, adultos com TDAH poder ter sucesso na vida. Todos temos sintomas e graus diferentes de TDAH, mas sempre há esperança e apoio. Por favor, lembre-se disso. Eu encontrei tudo isso depois de pesquisar meios para por fim à minha vida. Graças a Deus eu acenei a bandeira branca e me lembrei do que minha mulher me disse naquele fatídico dia em 2011.


Jeff Emmerson tem um blog sobre os desafios diários de viver com TDAH, e as ferramentas e estratégias que ele usa para viver uma vida feliz, bem sucedida, em adultadhdblog.com. Ele está empenhado em aumentar o conhecimento sobre as batalhas enfrentadas por milhões de portadores de TDAH como ele.

ADDitude

308- "Não quero ser o menino mau! Socorro!"


A correção e a crítica constantes fazem nossos filhos se sentirem mal. Auxilie seu filho a se sentir bem novamente com essas ideias para construir a autoestima. Por Kirk Martin.

"Sou burro! Queria não ter nascido." Quando meu filho, Casey, falou isso, com 10 anos de idade, meu coração disparou. Como essa criança podia se sentir tão mal?

Pensei sobre as mensagens que ele recebia em todos os lugares em que fosse: "Você precisa aprender a ficar sentado quieto. Por que você não consegue obedecer às ordens?" Ele sempre estava encrencado, por coisas que não podia controlar. Entre suas crises de desespero, comecei a ouvir uma mensagem diferente: "Não quero ser o menino mau! Não quero ficar encrencado o tempo todo. Preciso de meios para ter sucesso, preciso de ajuda!" Eis aqui quatro meios de dar ao seu filho a ajuda que ele está pedindo:

1- Dê ao seu filho um cartão de avaliação.

Se você é constantemente avaliado e penalizado por causa do seu problema, você se sentirá muito mal sobre si mesmo. Então, crie seu próprio cartão de avaliação, ressaltando as qualidades que sua família valoriza. Escreva nele todas as vezes que seu filho mostrar liderança, compaixão, criatividade e resolução de problemas. Seus filhos devem saber que seus talentos são recompensados no mundo real.

2- Dê a ele as ferramentas para ter sucesso.

Se o seu filho precisa ter um objeto nas mãos para se concentrar, cole um fita de Velcro debaixo de sua carteira na escola e em casa. É um meio eficaz de brincar de mexer as mãos, sem se distrair, que melhora o foco e ajuda com os desafios sensoriais. Quando seu filho ficar bravo, dê a ele uma atividade física específica para fazer - construir uma espaçonave com Lego ou pular 37 vezes de um mini-trampolim. A atividade física controlará sua frustração melhor do que ficar gritando para ele parar.

3- Procure elogiar seu filho.

Muito frequentemente, esperamos nossos filhos se meterem em apuros para expressarmos nosso amor por eles. Afague seu filho quando ele estiver demonstrando autocontrole e elogie-o por isso. Ponha sua cara na porta e diga: "Gente, quero que vocês saibam que estão brincando juntos, sem problemas, já faz 18 minutos. Me orgulho de vocês." Escreva um bilhete dizendo ao seu filho três razões que fazem você ter orgulho dele, e ponha sob o travesseiro dele.

4- Demonstre as potencialidades e as paixões do seu filho.

Dê ao seu filho oportunidades de mostrar seus talentos fazendo o que ele gosta. Ajude sua filha a começar seu próprio negócio criando coisas, sendo voluntária em um abrigo de animais, a tocar violino num asilo [Putz! Só nos Estados Unidos, mesmo.], ou a vender rifas para alguma benemerência. Quando as crianças fazem o que gostam e ajudam outras pessoas, isso aumenta sua confiança e dá a elas esperança para o futuro.


Kirk Martin é fundador de celebratecalm.com. Ele escreveu quatro livros, escreve um boletim que já foi premiado, e tem um programa de rádio.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

307- Maior intensidade de luz solar se correlaciona com menor incidência de TDAH.


A simples inspeção visual de mapas nos quais se mostram as taxas de incidência do TDAH em cada lugar e as intensidades de luz solar em determinada região geográfica revela correlação entre a incidência de TDAH e a intensidade de luz solar em tal zona.

Uma equipe holandesa levou a cabo investigação sistemática na qual foi compilada e analisada a informação contida em diversas bases de dados de 49 estados americanos e nove países. Foi  encontrada clara relação entre a intensidade da luz solar e incidência baixa de TDAH. Nas regiões com alta intensidade de luz solar há incidência baixa de TDAH, o que sugere que a alta intensidade de luz solar poderia exercer efeito "protetor". Ainda levando em conta os fatores que se sabe estarem associados ao TDAH, mantém-se essa correlação com a intensidade de luz solar.

Muitos indivíduos com TDAH também têm dificuldade para dormir e transtornos do sono. De fato, foi demonstrado que as terapias de certos transtornos do sono e os tratamentos cronobiológicos destinados a restabelecer os ritmos circadianos normais, incluindo a terapia de exposição à luz solar, diminuem os sintomas do TDAH.

A fim de delimitar melhor essa aparente relação entre a luz solar e o TDAH, os autores também compararam as intensidades de luz solar com numerosos diagnósticos de autismo e depressão maior, e não encontraram nenhuma relação nesses casos.


Arns M., Van der Heijden K. B., Arnold L. E., Kenemans J. L. [Biol Psychiatry 2013] 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

306- TDAH e superdotação? Estudantes duas vezes excepcionais.


 
Uma criança com déficit de atenção e comorbidade com dificuldades de aprendizagem pode também ser um aluno superdotado (ou 2e. nas escolas americanas. Nota do tradutor). Você sabe como descobrir um aluno 2e. e ajudá-lo a realizar todo o seu potencial?

Por Lynne Ticknor

Muitos pais e professores não sabem que uma criança pode ser superdotada e ter dificuldades de aprendizagem, uma combinação chamada "duas vezes excepcional" ou 2e. Debra Hori, uma terapeuta educacional, não sabia. Seu filho Ben, foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) aos oito anos de idade, mas demorou três anos para descobrirem que seu QI e suas habilidades verbais eram muito acima da média. "Ele foi testado e pontuou na faixa da superdotação", diz Hori. "Decidi matriculá-lo em outra escola, com as acomodações para todas as necessidades dele", ela explica. "Fez uma enorme diferença".

Crianças intelectualmente superdotadas, com necessidades especiais, geralmente sofrem muito na escola. Seus dons mascaram suas necessidades especiais, e suas necessidades especiais escondem sua capacidade acadêmica. Como resultado, elas são geralmente rotuladas como "preguiçosas", "desmotivadas" ou "vadias".

Vários fatores contribuem para a demora no diagnóstico dos estudantes superdotados. A desatenção e os outros sintomas do TDAH podem resultar em notas mais baixas nos testes usados para determinar a indicação para programas para alunos superdotados. Mais, os professores têm menor probabilidade de notar os sintomas do TDAH em alunos que não são bagunceiros, Os pais são céticos em relação ao diagnóstico de TDAH quando sabem que seu filho é brilhante. É bom lembrar que um QI alto, sozinho, não é suficiente para ter sucesso na escola. A memória de trabalho, dizem os especialistas, é um índice melhor do que qualquer resultado de teste.

Como atingir as necessidades de aprendizado de alunos superdotados com dificuldades de aprendizado.

"De modo diverso dos estudantes normais, os alunos 2e. - alunos superdotados que têm TDAH e dificuldades de aprendizagem - têm dificuldade de transpor seus pensamentos para o papel, escrever legivelmente, fazer os cálculos corretamente, permanecer organizados e seguir as instruções passo a passo", diz Linda Neumann, editora e co-publisher de 2e: Twice-Exceptional Newsletter. "Eles parecem distraídos ou preguiçosos, mas estão se esforçando muito".

Como resultado, muitos dos assim chamados alunos 2e. se sentem burros e acabam odiando a escola. "Pode ser devastador quando um aluno sabe que é inteligente mas não é capaz de atingir seu potencial", diz Chris Dendy, que fez um DVD, Real Life ADHD, para crianças e adolescentes.

Colocar as crianças com TDAH e superdotadas com outras crianças superdotadas e, às vezes, uma estratégia automática mas errada. Sem o trabalho da escola que atinja suas necessidades cognitivas, as crianças superdotadas com TDAH têm dificuldade de manter a atenção e frequentemente desenvolvem maus hábitos de trabalho. Por outro lado, alguns alunos superdotados evitam os alunos 2e. por sua falta de habilidades sociais e de organização.

Estudantes duas vezes excepcionais precisam de um programa que desenvolva seus talentos ao mesmo tempo que acomoda suas fraquezas, diz Susan Baum, Ph.D., educador, pesquisador e autor de "To Be Gifted and Learning Disabled" (Ser superdotado e ter dificuldades de aprendizagem"). Crianças superdotadas com TDAH precisam de aprendizagem acelerada, mesmo quando estiverem trabalhando as habilidades cognitivas que apóiam o ritmo mais rápido. Elas devem ter um "currículo diferenciado", com opções nas quais aprendam e como aprendem.

Os professores e os pais devem garantir que um aluno 2e. tenha as habilidades de suporte para gerenciar suas tarefas e para compensar suas fracas funções executivas.

Trabalhe com a escola para garantir os serviços para seu filho. Alguns estudantes superdotados precisam de mais tempo do que os outros alunos para completar suas tarefas. Eles geralmente se beneficiam do uso de tecnologia de suporte, como um processador de texto portátil ou uma calculadora.

"Todos os problemas de Ben não desapareceram quando ele foi para uma nova escola, mas sua postura na vida melhorou significativamente", diz Debra Hori. "Tive meu filho de volta, e isso foi o suficiente para mim".

Cinco Dicas para Pais de Crianças Superdotadas com TDAH.

1- Confie nos seus instintos. Você conhece seu filho melhor do que qualquer pessoa. Não assuma que os profissionais saibam mais porque eles têm credenciais.

2- Confie no seu filho. Se ele diz que não consegue fazer alguma coisa, não assuma que ele esteja sendo preguiçoso ou teimoso, e não acredite em quem diz que ele é.

3- Não ignore os dons enquanto tenta consertar a  falta de habilidades. Crianças superdotadas ficam deprimidas quando não são capazes de aprender coisas novas.

4- Não ignore a falta de habilidades enquanto cultive os dons. As crianças ficam frustradas e deprimidas se elas são constantemente obrigadas a fazer coisas que não conseguem fazer.

5- Saiba que seu filho pode ser admitido em um programa para superdotados e também em um IEP [Programa Educacional Individual] ou no 504 Plan [Plano de ensino das escolas americanas para alunos com dificuldades de aprendizagem]. Alunos superdotados com TDAH podem ter os serviços do IDEA.

[the United States Individuals with Disabilities Education Act ("IDEA") 1997]

{"transportation and such developmental, corrective, and other supportive services as are required to assist a child with a disability to benefit from special education..."[section 300.24(a)].}

Meredith G. Warshaw, M.S.S, M.A., www.uniquelygifted.org   

305- TDAH também pode estar ligado a circunstâncias econômicas


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) pode não ter somente causas genéticas - ele pode ser induzido por circunstâncias sociais e econômicas. Isso foi indicado em um estudo britânico publicado no "Journal of Child Psychology and Psychiatry".

Pesquisadores da Universidade de Exeter analisaram os dados do estudo Millennium Cohort, que incluiu 19.500 crianças no Reino Unido. Ele mostrou que mais crianças portadoras de TDAH vinham de famílias abaixo da linha de pobreza do que observado na população geral.
A renda média familiar nas famílias com crianças portadoras de TDAH foi menor do que nas famílias sem crianças com TDAH. Pais que viviam em moradias sociais tinham uma probabilidade três vezes mais alta de ter um filho com TDAH em comparação com os pais residentes em casa própria. A escolaridade e a idade das mães também tiveram seu papel: os filhos de mães com diploma universitário e das mães mais velhas sofriam menos frequentemente de TDAH; os filhos de pais solteiros, mais frequentemente.
"Algumas pessoas acreditam que o TDAH em crianças traz desvantagens para a situação econômica da família, mas não encontramos nenhuma evidência dessa teoria", enfatizou a autora principal, Ginny Russell.

UNIVADIS - MSD

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

304- Mães - Parte 3 - Continuação da 303

Mães - Parte 3

"Disse à minha filha: o céu é o limite".
Karen Fisher, professora do ensino médio em Bow, Washington, e mãe de Danielle Fisher, a mais jovem pessoa a escalar todas as montanhas mais altas do mundo.

Persistência foi sempre um desafio para Danielle Fisher. "Ela começava a tarefa de casa mas não a terminava, ou terminava mas não entregava", lembra-se sua mãe, Karen Fisher. Mas Karen era compreensiva porque ela, também, geralmente ficava fora de rumo. "Demorava o dia todo para eu limpar a cozinha, porque eu ia de um cômodo para outro, e outro", ela revela. "As coisas não pareciam tão fáceis como para os outros pais."

Quando Danielle chegou ao sexto grau, ocorreu a Karen que ela podia ter TDAH. Depois de um médico confirmar o diagnóstico das duas, mãe e filha começaram a medicação. A capacidade de focalizar das duas melhorou, mas os problemas continuaram. "Na sala de aula, as meninas com TDAH geralmente não são percebidas", diz Karen, professora de ensino médio. "É difícil acreditar que uma aluna tem TDAH se ela é uma criança boa, simpática e quieta, que não causa problemas."

Para ter certeza que Danielle obtivesse ajuda extra em classe, Karen preencheu um formulário do Plano 504, que garante aos estudantes as acomodações, como mais tempo para completar o trabalho e a opção de fazer as provas de modo privado, em sala livre de distrações [Nota do tradutor: Isso é nos Estados Unidos].

Durante todo o tempo, Karen fez o melhor que podia para manter uma relação positiva com Danielle. "Os relacionamentos são muito importantes para as meninas com TDAH", ela afirma. "Seu ficasse brava com ela, ela passava por maus bocados. Mas se eu pudesse dizer que ela era querida e estimada, ela se ficava melhor. E eu também. Eu disse a Danielle que ela pode ser ou fazer o que quiser".

Com o encorajamento da mãe, Danielle escolheu uma das metas mais elevadas que se possa imaginar: escalar os sete picos mais altos do mundo, um em cada um dos sete continentes. Uma ávida caminhante, quando criança, Danielle levou a sério o montanhismo, quando estava na escola média. Em janeiro de 2003, ela foi para a Argentina para escalar sua primeira grande montanha, o Aconcágua, com 22.838 pés (6.961 metros) - a montanha mais alta do Hemisfério Sul.

"As montanhas mantêm o foco dela" explica Karen. "Pode ser que seja pelo exercício, ou pelo fato de que há menos caos lá em cima, e nenhuma preocupação diária como limpar a casa e lavar as roupas. Ou pode ser que seja o fato de que todos os alpinistas têm a mesma meta - Chegar no topo. Isso é um alívio para ela".

Dois anos e seis montanhas passadas, em 2 de junho de 2005, Karen e seu marido receberam um telefonema: Danielle, então com 20 anos de idade, estava ligando do Monte Everest, logo após ter se tornado a mais jovem americana a escalar a montanha mais alta (e a mais jovem a escalar os "Seven Summits" - as sete montanhas mais altas da Terra). Karen não podia estar mais orgulhosa, e ela encoraja outros pais de crianças com TDAH a manter altas expectativas em relação a seus filhos.

"Sempre digo a minha filha para não desistir", conta Karen. "É difícil, mas se você focar em um passo de cada vez, chegará àquelas mini-metas no caminho da conquista. Cedo ou tarde, você chegará onde queria".


ADDitude - April/May 2007

domingo, 10 de novembro de 2013

303- Continuação da 302 - Mães - Parte 2


Mães - Parte 2

"Eu aperfeiçoei os dons que o TDAH deu a ele"

Yvonne Pennington, psicóloga clínica em Marietta, Georgia, mãe de Ty Pennington, estrela da série da ABC-TV Extreme Makeover: Home Edition.

Como o rapaz sortudo, feliz e faz-tudo do seriado de TV Extreme Makeover: Home Edition, Ty Pennington batalhou para atingir nossos corações. Sua mãe, Yvonne Pennington, é, claro, sua maior fã - embora ela afirme de início que a energia maníaca de Ty nem sempre foi uma coisa boa.

"No primeiro grau, ele punha sua carteira nos ombros e a "vestia", correndo pela sala de aula no meio das risadas dos outros alunos", ela nos conta. "As professoras insistiam que ele era brilhante, mas que não conseguia ficar sentado quieto. Eu era constantemente chamada à sala do diretor e me sentia como se fosse a pior mãe do mundo".

Em casa, Ty era um azougue. Yvonne diz que ele estava sempre pulando do telhado e correndo pelas ruas sem se preocupar com os carros.

Naquela época, Yvonne era mãe separada lutando para cuidar de dois filhos - enquanto estudava psicologia de dia e trabalhava à noite como garçonete. Ela sentia que havia alguma coisa de errado com o Ty, que estava com sete anos de idade. Mas, o que era?

Um dia, enquanto fazia uma pesquisa para um trabalho de psicologia, trombou com uma resposta. "Li alguns estudos de casos sobre crianças com dificuldade de prestar atenção e elas se pareciam muito com Ty. Ela levou Ty para uma consulta com um médico, que confirmou o diagnóstico.

No início dos anos setentas, os médicos não usavam o termo "transtorno de déficit de atenção". Crianças como Ty recebiam um rótulo muito mais sombrio: "disfunção cerebral mínima". Yvonne não tinha certeza se devia contar ao seu filho. "Imagine ele ouvindo aquilo". "Ele já se sentia um mau menino. Por que piorar as coisas, contando a ele?"

Yvonne decidiu não contar a Ty sobre o diagnóstico. Mas, ela leu os livros de texto de psicologia, aprendendo tudo que podia sobre a disfunção cerebral mínima e como tratá-la. Leu sobre uma forma de terapia do comportamento que envolvia o uso de prêmios, e decidiu fazer uma tentativa.

Funcionava assim: Se Ty conseguisse ficar concentrado por 10 segundos e fizesse o que lhe havia sido pedido, ele ganhava uma ficha (um dos descansos de copos de Yvonne). Ele tinha permissão para trocar as fichas por prêmios - 10 fichas por mais uma hora de TV ou mais tempo para brincar com seu jogo de construção.

No início, Ty raramente ganhava mais do que uma ficha ou duas antes de retornar às suas habituais travessuras. Mas Yvonne persistia; ela até persuadiu a professora de educação especial de Ty a usar a técnica em classe. o comportamento dele melhorou lentamente e deu à sua autoestima o empurrão necessário.

"Antes, as pessoas só prestavam atenção no Ty quando ele fazia algo errado. Mas, com a estratégia de fichas, mudamos isso"

Conforme Ty aprendia a canalizar suas energias, ele se tornava apaixonado por construir coisas - quanto maior, melhor. "Com onze anos de idade ele trocou suas revistas de quadrinhos pela ajuda de seus amigos na construção de uma casa de árvore com três andares. Eu sabia que ele seria um carpinteiro quando crescesse, ou um dublê em Hollywood".

Ty tirava geralmente Bs ou Cs no colegial. Mas ele se deu mal depois de entrar para a Kennesaw State University, na Geórgia, em 1982. A falta de estrutura deixou-o enrolado e ele abandonou a faculdade depois de um ano.

Naquela época, no início dos anos oitentas, o termo TDAH começou a ser utilizado, e, com o estigma envolvendo o transtorno se desvanecendo, Yvonne decidiu contar a verdade para Ty. "Ele sempre soube que era hiperativo, e eu achava que isso era tudo o que ele precisava saber. Mas, quando descobri que era o TDAH que o estava prejudicando, contei-lhe sobre isso e sugeri que procurássemos um médico".

Com o auxílio da medicação estimulante, que ele toma até hoje, Ty finalmente aprendeu a prestar atenção. Ele voltou para a faculdade - dessa vez o The Art Institute of Atlanta - e formou-se com honras. Depois disso, ele andou mexendo com construção e desenho gráfico, e fez algum trabalho como modelo e ator. Então, ele arrumou um emprego de carpinteiro no Learning Channel´s Trading Spaces. Três anos mais tarde, ele foi promovido a dirigir sua própria equipe de renovação no Extreme Makeover Home Edition.

"Mesmo atualmente, sua espontaneidade me dá ataques de coração" admite Yvonne, lembrando-se do tempo em que ela ligava a TV para ver Ty descendo ladeira abaixo num sofá com rodas. Se a experiência dela ensinou alguma coisa, foi que os pais devem aprender a gostar dos dons exclusivos que o TDAH pode oferecer. "As características que atrapalhavam TY, agora, são seu maior bem". "Muitos pais nessa situação focam no que seus filhos estão fazendo de errado. Eu os encorajo a focar no que eles estão fazendo direito. Faça isso, e as possibilidades são infinitas"

Para aprender mais sobre o regime de fichas, visite o website de Yvonne: Psychology.am; um DVD com instruções e um livro estão disponíveis.

ADDitude

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

302- Conselhos da mãe de Michael Phelps aos pais de TDAHs.


Precisa de algum conselho sobre o TDAH? Aprenda como as mães de três vencedores com TDAH (um recordista olímpico, um peso pesado da TV, e um alpinista  de primeiro time) ajudaram seus filhos a reverter as probabilidades. Por Judy Dutton.

O que é preciso para ter sucesso apesar do TDAH?

Trabalho duro, para os iniciantes - uma vontade de enfrentar os desafios com energia. É necessário o apoio dos membros da família, professores, terapeutas e orientadores. E, é claro, difícil esquecer os benefícios da medicação para o TDAH.

Mas, de todos os ingredientes necessários para conquistar uma vida feliz e bem sucedida, nada é mais importante que bons cuidados paternais. Por trás de quase toda história de sucesso com o TDAH há um pai devotado (ou dois). Em honra às mães, vamos dar o crédito a quem de direito, e prestar atenção aos seus conselhos.

As três mães aqui exemplificadas ajudaram seus filhos e filhas a atingir grandes objetivos, muito mais do que tinham imaginado. Persistentes e habilidosas, elas enxergaram potencial onde outros viram fraqueza, e se mantiveram na procura de meios para auxiliar suas crianças depois que os demais estavam prontos para desistir. Que suas histórias os inspirem!

MÃES - PARTE 1

"Atuamos como uma equipe para vencer o TDAH"
Debbie Phelps, diretora de escola média em Towson, Maryland, e mãe do nadador olímpico Michael Phelps.

Sem dúvida, Michael Phelps fez muitas ondas no esporte que escolheu. Em 2004, com a idade de 18 anos, ele nadou na conquista de 8 medalhas (seis de ouro) na Olimpíada de Atenas. Agora, aos 21 anos, ele tem 13 recordes mundiais, incluindo o dos 200 metros borboleta e o de revezamento 4 por 100, estilo livre.

Porém, Michael poderia não ter gostado nada da natação se não fosse pela engenhosidade de sua mãe, Debbie Phelps. "Com 7 anos de idade, ele odiava molhar o rosto", diz Debbie. "Superamos isso e o ensinamos a nadar de costas".

Michael demonstrou habilidade para nadar de costas, depois de frente, de lado e de todos os outros modos. Mas, em classe, ele afundava. Uma incapacidade para se concentrar, esse era o seu maior problema.
"Uma de suas professoras me disse  que ele não conseguia prestar atenção em nada", diz Debbie. Ela consultou um médico, e Michael, com 9 anos de idade, foi diagnosticado com TDAH.
"Aquilo me atingiu no coração", diz Debbie. "Fez com que eu quisesse provar que todo mundo estava errado. Eu sabia que, se eu ajudasse o Michael, ele poderia conquistar tudo que imaginasse".

Debbie, que tinha ensinado para alunos da escola média por mais de duas décadas, começou a trabalhar de perto com a escola de Michael, para obter a atenção extra de que ele precisava. "Sempre que um professor dizia "Michael não consegue fazer isso", eu respondia, "Bem, o que você está fazendo para ajudá-lo?", ela se recorda.

Por causa do costume de Michael de mexer nos papéis dos colegas, Debbie sugeriu que ele tivesse uma mesa só para ele. Quando ele reclamou de como odiava a leitura, ela começou a dar para ele ler as seções de esportes no jornal ou livro sobre esportes. Notando que a atenção dele fugia nas aulas de matemática, ela contratou uma tutora e encorajou-a a usar problemas adequados aos interesses de Michael: "Quanto tempo demora para nadar 500 metros se você nadar a 3 metros por segundo?"

Nos encontros de natação, Debbie ajudava Michael a permanecer focalizado lembrando a ele das consequências do seu comportamento. Ela recorda a época quando o Michael, com 10 anos, ficou em segundo lugar e, de tão bravo, quebrou seus óculos de natação e jogou-os com raiva no deck da piscina.

Na viagem de volta para casa, ela disse a ele que esportividade vale tanto quanto vencer. "Combinamos um sinal que eu podia fazer para ele das arquibancadas", diz ela. "Eu formava um C com minha mão, que significava 'contenha-se'. Toda vez que eu via que ele estava frustrado, eu lhe mostrava o sinal. Uma vez, ele me fez o C quando eu fiquei muito estressada enquanto fazia o jantar. Você nunca sabe o que está passando até que as mesas sejam viradas!"

Debbie usou várias estratégias para manter Michael na linha. Com o tempo, conforme seu amor pelas piscinas cresceu, ela ficava maravilhada em ver que ele estava desenvolvendo a autodisciplina. "Nos últimos dez anos, ao menos, ele nunca perdeu um treinamento", ela diz. "Mesmo no Natal, a piscina é o primeiro lugar onde ele vai, e ele se sente feliz em estar lá".

Debbie também cuidou de escutar seu filho. Na sexta série, ele lhe contou que queria parar de tomar a medicação estimulante. Apesar de sérias apreensões, ela concordou em deixá-lo parar - e ele ficou bem. Os compromissos variados e os treinamentos de Michael exigiram tanta estrutura em sua vida que ele foi capaz de permanecer focalizado sem a medicação.

Debbie e Michael nem sempre se vêem cara a cara em todos os desafios que ele tem na vida, mas ele sempre entende o papel que ela teve em seu sucesso na natação. Imediatamente após ser premiado com sua primeira medalha de ouro em Atenas, ele desceu da plataforma dos vencedores e caminhou até as arquibancadas, para entregar a Debbie o buquê e a guirlanda que coroou sua cabeça. Aquele momento está vívido na memória de Debbie. "Eu estava tão feliz, estava em lágrimas", ela se recorda.


Michael atualmente está na Universidade de Michigan, onde é o chefe de marketing em esportes, enquanto treina para a Olimpíada de 2008. Debbie tornou-se a diretora da Escola Média de Windsor, em Baltimore, Maryland. Ela utiliza o que aprendeu educando Michael em todos os seus alunos, tenham ou não o TDAH. "Todas as crianças podem falhar com a gente, às vezes", ela diz. "Mas, se você trabalha com elas, nove vezes em dez, elas o farão orgulhoso".

ADDitude
(continua na próxima postagem)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

301- TDAH Plus : Dez Condições Que Podem Estar Associadas ao TDAH


Se você foi diagnosticado com TDAH, é provável que você possa ter outro transtorno associado. Eis aqui o que você deve procurar.

O TDAH raramente vem sozinho

Cerca de 80% dos que têm o diagnóstico de TDAH também são diagnosticados com outro transtorno psiquiátrico em alguma época de suas vidas. Um transtorno comórbido é uma segunda condição separada que existe junto com o TDAH, e precisa de tratamento em conjunto com o TDAH. Há vários transtornos geralmente associados ao TDAH.

TDAH e Depressão

As pessoas com TDAH têm três vezes mais probabilidade de desenvolver depressão do que a população em geral. Depressão e TDAH compartilham os mesmos sintomas, tais como desatenção, problemas de sono e falta de motivação, mas as causas dos sintomas são diferentes. Com o TDAH, você pode não estar motivado por estar oprimido. Com a depressão, você não quer fazer nada mesmo. Se os sintomas de tristeza, letargia ou insônia persistirem, apesar do tratamento do TDAH, você deve falar com seu médico. Há tratamentos para a depressão.

TDAH e Dificuldades de Aprendizado

O TDAH causa impacto no aprendizado e no comportamento na escola, mas o transtorno é diferente de uma dificuldade de aprendizagem. Crianças com TDAH têm de três a cinco vezes mais probabilidade de desenvolver uma dificuldade de aprendizagem do que aquelas sem o TDAH. Cerca de metade das que têm TDAH também tem algum tipo de dificuldade de aprendizagem. As que têm dificuldades de aprendizagem podem ter dificuldade de organizar o pensamento, de encontrar a palavra certa quando falam, de leitura, de escrita, de matemática, ou dificuldade de memória e de raciocínio.

TDAH e Ansiedade

Cerca de um quarto dos que têm TDAH também tem um transtorno de ansiedade. Assim como com a depressão, os dois compartilham sintomas em comum, tais como falta de foco e insônia. O nervosismo também é um possível efeito colateral dos estimulantes. Se você tem medos persistentes e inexplicáveis, ou tem ataques de pânico, e sente que o tratamento do seu TDAH não está funcionando, fale com seu médico sobre o transtorno de ansiedade.

TDAH e Transtorno de Oposição e Desafio

Sintomas de transtorno de oposição e desafio (TOD) incluem repetidas crises de raiva, brigas excessivas com adultos, falta de cooperação, incomodação deliberada dos outros, busca de vingança, ser maldoso e injurioso. A pesquisa mostra que entre 45 e 84% das crianças com TDAH desenvolverão TOD. O tratamento do TOD inclui psicoterapia e medicamentos.

TDAH e Transtorno Bipolar

O transtorno bipolar é caracterizado por oscilações do humor - excitação, períodos de euforia (mania) e períodos de depressão. Os estágios de mania são geralmente vistos como hiperatividade e os períodos de depressão como desatenção e falta de motivação, todos comuns ao TDAH. Os que têm o transtorno bipolar podem perder o contato com a realidade ou ter um senso distorcido da realidade; seu humor, tanto a mania quanto a depressão, podem durar semanas. Cerca de um quinto dos que têm TDAH também tem transtorno bipolar.

TDAH e Transtorno do Processamento Sensorial

O transtorno do processamento sensorial é uma incapacidade de por em ordem os estímulos externos, tornando insuportável o menor estímulo, ou a necessidade de procurar atividades com alto nível de estimulação para despertar os sentidos adormecidos. Quando os pesquisadores examinaram crianças que mostravam os sintomas do TDAH ou do TPS, 40% tinham sintomas de ambos. É importante que ambas as condições sejam identificadas e tratadas precocemente.

TDAH e Autismo

Um estudo recente sugere que crianças com TDAH têm 20 vezes mais probabilidade de ter alguns sintomas de autismo quando comparadas a crianças sem TDAH. Assim como com o TDAH, não há nenhum teste de laboratório para diagnosticar o autismo. Pode ser difícil diagnosticar e separar as duas condições porque os sintomas de ambas se superpõem. O autismo é caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social, e comportamentos repetitivos. Alguns sintomas precoces são atraso da fala, evitar o contato visual e não responder quando chamado pelo nome. O diagnóstico e o tratamento precoces são importantes.

TDAH e Abuso de Substâncias

Vinte a 30% dos adultos com TDAH desenvolverão problemas de abuso de substâncias em alguma época de suas vidas. Alguns usam drogas ou o álcool para combater os sintomas de TDAH, para dormir melhor ou para melhorar o humor. As pessoas com problemas de abuso de substâncias têm risco maior de depressão e de ansiedade. O mau uso do álcool e das drogas torna mais difícil o tratamento do TDAH.

TDAH e Síndrome de Tourette

Já se pensou que a medicação estimulante causasse a síndrome de Tourette nas crianças com TDAH. As pesquisas recentes mostraram que ambos os transtornos têm fatores de riscos semelhantes - fumar durante a gestação, parto prematuro, baixo peso ao nascer. Os portadores de Tourette exibem tiques motores e vocais -  movimentos rápidos, repetitivos, e sons que vão desde leves a severos. Cerca de 90% dos que têm Tourette também têm outro transtorno, sendo o mais comum o TDAH.

TDAH e Transtorno de Conduta

Entre 25 e 45% das crianças com TDAH desenvolvem o transtorno de conduta (TC). As características do TC incluem brigas, crueldade contra animais e pessoas, atitudes destrutivas, mentiras, roubos, vagabundagem, fuga de casa. O tratamento do TC exige a certeza de que os sintomas do TDAH sejam tratados adequadamente, terapia comportamental e aconselhamento. Seu médico poderá sugerir aconselhamento aos pais para que aprendam modos mais produtivos de responder aos comportamentos dos filhos.


ADDitude

domingo, 6 de outubro de 2013

300- O TDAH não é uma desculpa – Nunca.


 
O déficit de atenção pode explicar o mau comportamento do meu filho de oito anos – mas, agora, embora a medicação ajude a controlar seus impulsos, ela não o livra de apuros. Por Samantha Hines.

Meu filho de oito anos, Edgar, nem sempre se comporta bem. Seus irmãos também não, mas ele tem TDAH e eles não, assim, seus comportamentos e ações estão sob observação mais rigorosa do que os dos seus irmãos. Embora eu pudesse inicialmente gostar de bater o pé e dizer “Isso não é correto”, eu acho que realmente seja. Com professora e mãe – como ser humano – tenho aderido à noção de que o correto não é todos terem o mesmo tratamento, mas todos terem o que precisam.

O comportamento dos irmãos de Edgar geralmente não está sob o microscópio de ninguém porque eles não estão atravessando um processo de desaprender e aprender. Antes do diagnóstico de TDAH do Edgar, e o subsequente tratamento médico, suas transgressões não respondiam às correções. Você podia dizer para ele na segunda-feira que ele não podia se comportar daquele modo em certos locais. Na quarta-feira, ele já teria esquecido a conversa ou repetiria impulsivamente o comportamento indesejável.

Depois que a medicação foi iniciada, repentinamente Edgar, pela primeira vez, parecia entender seu comportamento e como ele atingia os outros. Ele usava palavras tais como “reação exagerada” para explicar por que ele atirava longe o lápis quando ficava sabendo que teríamos frango, em vez de macarrão, no jantar. Ele, finalmente, parecia entender o propósito por trás das consequências.

A despeito do sucesso do tratamento medicamentoso, sua prescrição está longe de ser uma panaceia. É errado pensarmos, nós e Edgar, que seja. A medicação é uma ferramenta que abre as portas para ele, mas isso não livra, ele e seus pais, do trabalho que tem de ser feito.

Recentemente, um membro da família pediu a Edgar que parasse de jogar um videogame que tomava sua atenção a ponto de fazê-lo ignorar a existência de todos os outros. Foi solicitado que ele arrumasse a bagunça que havia deixado em outro cômodo. Era um pedido simples, razoável, mas naquele instante Edgar não entendeu assim. Ele explodiu verbalmente, e, em vez de arrumar a bagunça, tornou-a pior.

Eu o tirei da situação, arrumei a bagunça eu mesma, e me despedi. No carro, expliquei a Edgar as consequências do seu comportamento. Enquanto eu fazia isso, seu irmão de quatro anos disse, em um momento de solidariedade fraternal, “Mas, mãe, Edgar tem TDAH”. Minha resposta foi simples: “O TDAH do Edgar é uma explicação, mas nunca uma desculpa”.

Edgar cumpriu sua consequência, e, por causa da medicação que usa, foi capaz de entender por que seu comportamento não era aceitável. Haverá transgressões no futuro – talvez outra amanhã? Claro que sim. Mas ele, assim como todos nós, está aprendendo.

ADDitude.

sábado, 5 de outubro de 2013

299- Entendendo o Déficit de Atenção: O Novo TDAH


O que há de novo sobre o TDAH? Muita coisa, de acordo com Thomas Brown, professor em Yale, Estados Unidos. Você vai pensar de modo diferente depois que souber de todos os fatos.

Por Thomas Brown, Ph.D.

TDAH 2.0

Descobertas das neurociências, as imagens do cérebro e a pesquisa clínica mudaram dramaticamente o velho entendimento sobre o TDAH como um transtorno essencialmente do comportamento. Agora, os especialistas veem o TDAH como um transtorno de desenvolvimento do sistema de autocontrole do cérebro, suas funções executivas. Há muitos outros mitos sobre o TDAH, como você verá. Assim, atualize seu pensamento sobre o transtorno com os fatos.

Novo Modelo versus Velho Modelo

O novo modelo do TDAH difere por várias maneiras do modelo anterior desse transtorno como um conjunto de problemas de comportamento das crianças pequenas. O novo modelo é um paradigma de mudança para o entendimento do TDAH. Ele se aplica às crianças, adolescentes e adultos. Ele focaliza uma ampla faixa de funções de autocontrole ligadas a complexas operações do cérebro, e essas não estão limitadas aos comportamentos facilmente observáveis. Mas, há uma sobreposição substancial entre os modelos novo e velho do TDAH.

O Foco que Liga e Desliga

Os dados clínicos indicam que os problemas de função executiva são variáveis de acordo com a situação; cada pessoa com TDAH tende a ter algumas atividades ou situações específicas nas quais ela não tem nenhuma dificuldade em usar as funções executivas que estão significativamente prejudicadas para ela na maioria das outras situações. De modo típico, essas atividades são as em que o portador de TDAH tem um forte interesse pessoal ou as em que ele acha que algo de muito desagradável acontecerá se ele não fizer a tarefa já.

Sinais na Infância

As pesquisas recentes mostraram que muitos com TDAH funcionam bem durante a infância e não manifestam sintomas significativos até a adolescência, ou mais tarde, quando grandes mudanças são encontradas nas funções executivas. Na década passada, as pesquisas mostraram que os sintomas prejudiciais do TDAH geralmente persistem até a idade adulta. Entretanto, os estudos também mostraram que alguns indivíduos com TDAH durante a infância experimentam redução significativa de seus prejuízos conforme envelhecem.

QI Alto e TDAH

A inteligência, medida pelos testes de QI, não tem virtualmente nenhuma relação sistemática com os prejuízos das funções executivas descritos no modelo novo do TDAH. Os estudos mostraram que até mesmo crianças e adultos com inteligência extremamente alta podem sofrer os prejuízos do TDAH. Isso causa problemas para eles usarem suas fortes habilidades cognitivas de maneira consistente e eficaz em muitas situações da vida.

Conexão Emocional

Pesquisa recente mostrou o papel importante das emoções no TDAH. Algumas pesquisas focalizaram somente os problemas de regulação das emoções sem a inibição necessária. A pesquisa também mostrou que um déficit crônico das emoções, que compromete a motivação, é um prejuízo para a maioria dos indivíduos. Isso torna difícil para eles despertar e sustentar a motivação para atividades que não dão reforço imediato e contínuo.

Mapeando os Déficits

As funções executivas são complexas e envolvem não somente o córtex pré-frontal, mas também muitos outros componentes do cérebro. Indivíduos com TDAH diferem, conforme foi achado, na taxa de maturação de áreas específicas do córtex, na espessura do tecido cortical, nas características das regiões parietais e cerebelares, assim como nos gânglios da base e nos tratos substância branca que ligam e fornecem comunicação criticamente importante entre várias regiões do cérebro.

Desequilíbrio Químico

Os prejuízos do TDAH não são devidos ao excesso global ou à falta de uma substância química específica dentro ou ao redor do cérebro. O problema primário é relacionado às substâncias químicas fabricadas, liberadas e recaptadas ao nível das sinapses, as junções entre certos circuitos neuronais que controlam o sistema de gerenciamento do cérebro. Pessoas com TDAH tendem a não liberar o suficiente dessas substâncias químicas essenciais, ou a liberar e recaptá-las muito rapidamente. A medicação para o TDAH ajuda a melhorar esse processo.

O Gene do TDAH

Não foi identificado nenhum gene como a causa dos prejuízos conhecidos como TDAH. A pesquisa recente identificou dois grupamentos diferentes que juntos estão associados com o TDAH, embora não definitivamente causadores. Nesse ponto, a complexidade do transtorno é provavelmente associada a muitos genes, cada um dos quais, por si mesmo, tem somente um pequeno efeito sobre o aparecimento do TDAH.

TDAH e TOD

A incidência do transtorno de oposição e desafio (TOD) em crianças com TDAH varia de 40 a 70%. As taxas mais altas são geralmente para as pessoas com o tipo combinado de TDAH.  O TOD é caracterizado pelos problemas crônicos de comportamento negativista, desobediente, desafiador e/ou hostil contra as figuras de autoridade. Tipicamente, o TOD é aparente ao redor dos 12 anos de idade e persiste por cerca de seis anos, para gradualmente desaparecer. Mais de 70% das crianças diagnosticadas com o TOD nunca desenvolvem Transtorno de Conduta.

TDAH e Autismo

A pesquisa demonstrou que muitos indivíduos com TDAH têm traços significantes relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), e que muitas pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista também preenchem os critérios para o TDAH. Os estudos também mostraram que os medicamentos para o TDAH podem ser úteis para aliviar sintomas de TDAH em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Os medicamentos para TDAH também podem ajudar os que têm TEA com TDAH a melhorar alguns dos seus problemas.

Medicamentos e Mudanças Cerebrais

Os estudos e os testes clínicos mostraram que as medicações para o TDAH dão os seguintes benefícios para algumas crianças e adultos:

melhora da memória de trabalho, do comportamento em sala de aula, da motivação para fazer as tarefas e para prosseguir na tentativa de resolver problemas.

diminuição do aborrecimento e da distração quando faz as tarefas, e diminuição das crises emocionais.

aumento do desempenho nas provas, nas notas e outras conquistas que podem ter efeitos duradouros.

normalização das anormalidades estruturais de regiões específicas do cérebro.

Medicamentos para Idades Diferentes

O ajuste fino da dose e dos horários dos estimulantes é importante porque a dose mais eficiente depende de quão sensível é o organismo do paciente àquela medicação específica. Geralmente os médicos começam com uma dose muito baixa e aumentam gradualmente até que uma dose eficaz seja encontrada, que um efeito colateral importante ocorra, ou que seja atingido o máximo recomendado. Alguns adolescentes e adultos precisam de doses menores do que as tomadas por crianças; algumas crianças pequenas precisam de doses maiores do que as dos seus colegas.

Pré-escolares e Medicamentos

As pesquisas mostraram que a maioria das crianças de 3 a 5 e meio anos de idade, com TDAH de moderado a grave, tem melhora significativa dos sintomas quando tratada com estimulantes. Os efeitos colaterais são ligeiramente mais comuns do que usualmente vistos nas crianças maiores, mas ainda mínimos. Em 2012, a Associação Pediátrica Americana recomendou que as crianças de 4 a 5 anos de idade, com TDAH que cause problemas significativos, devem ser tratadas com terapia comportamental. Se não for eficaz depois de nove meses, a medicação estimulante é recomendada.

Impulsivo para Sempre?

Muitos  com  TDAH nunca manifestam níveis excessivos de hiperatividade ou de impulsividade na infância ou depois. Entre os que são mais hiper e impulsivos na infância, uma porcentagem substancial supera os sintomas na metade da infância ou no início da adolescência. Mas os prejuízos em focalizar e em manter a atenção, em organizar as tarefas, controlar as emoções e em usar a memória de trabalho podem persistir e se tornar problemáticos, conforme a pessoa entra na adolescência e na idade adulta.

TDAH é Diferente

O TDAH difere de muitas outras doenças no que ele cruza com outras doenças. O prejuízo das funções executivas que constitui o TDAH também é presente em outras doenças. Muitas dificuldades de aprendizado e doenças psiquiátricas poderiam ser comparadas a problemas com um programa de computador que, quando não está funcionando bem, interfere com algumas funções. O TDAH deve ser comparado a um problema com o sistema operacional do computador que vai interferir com o funcionamento de muitos programas diferentes.

ADDitude.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...