domingo, 14 de agosto de 2011

127- Guia de diagnóstico do TDAH: Como ter certeza de que está correto

Não é fácil fazer um diagnóstico correto do transtorno de déficit de atenção, mas ele é essencial para a sua boa saúde. Descubra aonde ir, o que esperar, e como se preparar para os testes e as consultas associadas ao diagnóstico do TDAH. Por Laura Flynn McCarthy

Sinais de Alerta
Você está preocupado. A professora do seu filho lhe enviou um bilhete dizendo que a falta de atenção dele está fazendo com que fique atrasado na classe.
Sua filha ligou para uma colega de classe para marcar uma brincadeira e foi recusada pela terceira vez. A assim chamada “amiga” disse que sua filha era estranha.
Ou talvez você esteja preocupado com o seu trabalho. Você se atrasou pela segunda vez na última semana, e frequentemente se esquece de datas e de reuniões. Você não vai ter a promoção que estava querendo – de fato, você pode ser despedido.
Você tem se perguntado há meses o que está provocando os problemas de seu filho ou os seus – estresse, dificuldades de aprendizagem, uma doença, ou TDAH? Você está cansado de especular. É hora de descobrir. Você quer uma avaliação.
Parabéns. Você está dando um passo importante para mudar a sua vida. Mas você está cheio de dúvidas: Por onde começar? Que tipo de médico diagnostica o TDAH? Como você sabe se está fazendo uma avaliação atualizada e um diagnóstico correto do TDAH? E o que você deverá fazer depois disso?
Aonde ir para um diagnóstico do TDAH?
Para fazer o diagnóstico do TDAH, você deve começar com uma visita de rotina ao seu clínico geral, mas é provável que você não pare aí. Como regra, a maioria dos clínicos gerais não está preparada para fazer o diagnóstico. Uma razão é o tempo. Pode demorar várias horas de conversa, de testes falados e de análise dos resultados para diagnosticar alguém com TDAH. A maioria dos clínicos gerais não pode dispensar esse tempo a você ou ao seu filho, com um consultório cheio.
Os clínicos gerais às vezes deixam passar problemas coexistentes, como as dificuldades de aprendizagem, doenças subjacentes, depressão, transtorno de ansiedade ou abuso de substâncias. Profissionais treinados no diagnóstico de TDAH rotineiramente procuram esses problemas.
Como encontrar um especialista em TDAH na sua região? Cinco abordagens possíveis devem levá-lo à ajuda e diagnóstico corretos, e a um plano de tratamento que melhor controlará os sintomas:
Peça ao psicólogo da escola ou a um conselheiro escolar um encaminhamento para seu filho. Se você preferir consultar um especialista fora da escola, antes de se envolver com os profissionais escolares, vá para o próximo passo.
Fale com o clínico ou com o pediatra do seu filho. Comece a conversa desse jeito: “Tenho notado esses sintomas em mim (ou em meu filho), e gostaria de uma avaliação. O senhor conhece alguém especializado no diagnóstico do TDAH?”. Se o médico disser que ele pode fazer isso, pergunte sobre os testes que ele faz e quanto tempo ele geralmente gasta para fazer o diagnóstico. Se a única base para o diagnóstico for uma rápida entrevista com você ou com seu filho, peça um encaminhamento para um especialista.
Contate uma faculdade de medicina perto de sua cidade. “Chame o departamento de psiquiatria e pergunte se há alguém no staff com experiência no trabalho com adultos e crianças com TDAH” sugere Edward Hallowell, M.D., um psiquiatra com consultórios em Nova Iorque e em Boston, e coautor de “Superparenting for ADD (Balantine). “Quando tiver o nome de um profissional, pergunte quantas pessoas ele já tratou. Deve ser no mínimo uma centena.”
• Cheque com seu plano de saúde. Pergunte se há especialistas treinados em TDAH cobertos por seu plano. Se não houver, avalie procurar fora do plano. Lembre-se de que seu objetivo, inicialmente, é chegar a um diagnóstico minucioso e correto. Quando você tiver esta informação, o médico que fez o diagnóstico poderá trabalhar em conjunto com o médico do seu plano para prescrever o tratamento.
Entre em contato com o capítulo local da National Alliance on Mental Illness ou o CHADD, e peça os nomes dos profissionais especializados em TDAH. Outra boa opção: um grupo de apoio aos portadores de TDAH na sua cidade. As recomendações de boca-a-boca geralmente são a melhor avaliação da capacidade de um profissional.
Como os especialistas fazem o diagnóstico do TDAH
Para fazer um diagnóstico de transtorno de déficit de atenção, a primeira coisa que um médico vai querer é determinar é se você ou o seu filho tem os sintomas do TDAH listados no Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais – IV (DSM-IV).
“O DSM-IV permanece como a base do diagnóstico, mas muitos clínicos vão além dele em sua avaliação”, diz Hallowell. Além de rever esses critérios, os médicos farão uma entrevista clínica minuciosa usando uma escala padronizada de avaliação do TDAH. Exames complementares também são feitos para excluir a coexistência de outros transtornos que são comuns nas pessoas que têm TDAH – transtornos de aprendizagem, ansiedade e transtornos do humor.
Os sintomas listados no DSM-IV são revistos periodicamente. De acordo com os últimos critérios do DSM-IV, para ser diagnosticado com TDAH, um paciente tem de mostrar ao menos seis de nove sintomas de desatenção ou de hiperatividade/impulsividade antes da idade de sete anos. Além disso, esses sintomas devem prejudicar o funcionamento da pessoa em mais de um ambiente – casa, escola, ou trabalho.
Nem todos os médicos subscrevem esses critérios. Muitos profissionais afirmam que alguns pacientes têm sintomas do TDAH que não são reconhecidos até mais tarde na vida, particularmente crianças que sejam muito brilhantes ou que tenham a forma desatenta do TDAH.
Diagnosticar um adulto é mais complicado do que uma criança. “Os critérios do DSM-IV são baseados somente em pesquisa com crianças de 4 a 17 anos de idade”, diz Thomas E. Brown, Ph.D., professor assistente de psiquiatria clínica na Yale University School of Medicine e diretor associado da Yale Clinic for Attention and Related Disorders. “Como resultado, muitos clínicos contornam os critérios quando se analisa a idade de início – pesquisas recentes têm mostrado que, em algumas pessoas, os sintomas não aparecem até a adolescência, quando há mais desafios no autocontrole – e no número de sintomas. Os clínicos geralmente diagnosticam os adultos que têm somente quatro ou cinco dos sintomas, não sete ou oito, se eles mostram prejuízos significantes”.
Embora alguns médicos utilizem programas de computador, tais como testes de desempenho contínuo (CPTS), para checar os problemas de atenção e de impulsividade, ou imagens do cérebro, tal como a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), para descobrir anormalidades no cérebro, a mais confiável evidência para um diagnóstico positivo, de acordo com muitos especialistas, é a história do paciente.
Passo 1 do diagnóstico do TDAH: A consulta
Espere que a consulta para o diagnóstico do TDAH demore uma hora ou mais. Se for o seu filho quem estiver sendo avaliado, o médico falará com você e com ele, e obterá confirmações por meio de listas de checagem e informação escrita dos professores e de outros adultos que passam parte do tempo com seu filho. Às vezes, o consultório do seu médico lhe dará esses formulários antes da consulta e fará a revisão deles junto com você, no dia da consulta. Outros médicos primeiramente se encontrarão com você, farão a entrevista, e lhe darão os formulários para serem preenchidos antes da próxima consulta.
Se você estiver sendo avaliado, seu médico entrevistará você e alguém que o conheça muito bem – sua esposa, um filho, seus pais. Ele poderá ou não usar alguma lista de checagem planejada para identificar os sintomas de adultos com TDAH. O médico utilizará a entrevista com o paciente para determinar quais, se necessário, serão os testes que poderão afastar outras condições que podem causar  os sintomas do TDAH.
“A entrevista clínica é núcleo de qualquer avaliação”, diz Brown. “Quanto mais informações de fontes diferentes, melhor. Muitos adultos vêm à consulta sozinhos, mas é bom que venham com o esposo, filho ou amigo íntimo.”
Muitos médicos pedem às pessoas próximas ao paciente – um esposo, pai, ou filho para um adulto, ou um professor, tutor, ou babá para uma criança – para escreverem algumas frases descrevendo o paciente. O insight pessoal frequentemente revela informação que não pode ser captada pelos questionários.
Hallowell diz: “Um professor pode escrever, ´Johnny é doce, adorável, e bonito como uma flor, mas ele não se lembra de sair da chuva. É desorganizado. Fala fora de hora. Precisa de mais disciplina.´ É o que eu chamo de diagnóstico moral, mas que frequentemente revela muito sobre a criança que tem TDAH. Aquela narrativa de um só parágrafo dá uma ampla gama de informações. Listas de checagem não.”
O que os médicos estão querendo encontrar avaliando essas listas de checagem e narrativas, e fazendo a entrevista clínica?
História social. “Descreva um dia típico da sua vida ou da vida do seu filho” é geralmente a primeira pergunta que um médico faz para ter noção de como você, ou seu filho, funcionam – o que geralmente flui de modo suave e o que é desafiador.
História médica. Problemas médicos, desde apneia do sono e distúrbios da tireoide até flutuações hormonais e abuso de substâncias, podem apresentar sintomas semelhantes àqueles do TDAH.
História familiar. “Faço perguntas sobre a família, assim como sobre os avós, tios, tias e primos,” diz Brown. “Pergunto coisas como `Há alguém que tivesse dificuldade de prestar atenção ou de aprender certos assuntos, ou que era esperto mas não ia bem na escola – e foi bem, depois? As respostas me darão uma ideia do que está por trás da genética.”
Poderes e fraquezas. “Toda pessoa que tenho visto com TDA pode focar bem em algumas atividades,” diz Brown. “Às vezes são os esportes. Às vezes são as artes ou assuntos mecânicos. Esses são sintomas característicos do TDA. No processo, identifico as potencialidades que quero proteger – e encorajar – durante o tratamento.”
Educação. “Todos vêm com alguma informação sobre o problema. Algumas são sofisticadas e acuradas; o resto é tudo errado,” diz Brown. “Demoro de 15 a 20 minutos para dizer a eles o que penso sobre o TDA, como as ideias sobre o transtorno têm mudado, e por último falo sobre o controle dos sintomas.”
Quando a consulta termina, muitos médicos com experiência no tratamento de pessoas com TDAH já terão uma boa ideia de se você ou seu filho têm o transtorno. Mesmo assim, muitos vão querer respaldar sua opinião com provas objetivas obtidas com testes.
(A seguir: Passo 2 do diagnóstico do TDAH: Testar, testar)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

126- Como os sintomas do TDAH dos filhos afetam os sentimentos e o comportamento dos pais.

O TDAH nas crianças induz estresse nos pais. De fato, os pais de crianças com TDAH relatam maior grau de estresse paterno, menor satisfação com seu papel de pais, e mais sintomas depressivos do que outros pais. Eles também relatam interações mais negativas com seus filhos. Isto certamente não é verdadeiro para todas as famílias em que há uma criança com TDAH, mas reflete as diferenças médias que foram encontradas.

De que maneira os sintomas do TDAH nas crianças afetam os sentimentos dos pais sobre a paternidade e seu comportamento em relação aos seus filhos? E, isto é diferente para meninos e meninas? Estas questões constituíram o foco de um estudo publicado recentemente online: Glatz et al., (2011). Parents´reactions to youths´ hyperactive, impulsivity and Attention problems. Journal of Abnormal Child Psychology. Publicado online em 13 de julho de 2011.
Os participantes foram 706 crianças (376 meninos e 330 meninas) e seus pais, de uma cidade de porte médio da Suécia. Eles foram escolhidos após um estudo longitudinal de 5 anos, que incluiu quase todos os jovens desde o 4º. até o 12º. grau desta cidade. Os jovens tinham de 10 a 12 anos no início do estudo e estavam na adolescência na época da conclusão. Esta não foi uma amostra de jovens diagnosticados com TDAH, mas uma amostra regular da comunidade.
Três ondas de dados dos pais foram coletadas (cerca de 70% mães), com aproximadamente 2 anos entre cada onda. As medidas obtidas durante cada onda incluíam o seguinte:
Sintomas do TDAH das crianças – Os pais davam notas aos sintomas do TDAH de seus filhos usando uma escala de avaliação padronizada.
Desafio dos jovens – Notas do comportamento de oposição das crianças.
Falta de resposta à correção dos pais – Esta escala media como os pais sentiam que seus filhos normalmente respondiam às tentativas paternas de influenciar seu comportamento. Notas altas refletiam os sentimentos paternos de que seus filhos não respondiam a tais esforços.
Sentimentos paternos de impotência – Esta escala media a percepção dos pais de sua incapacidade de mudar o comportamento problemático dos seus filhos. Notas altas refletiam o sentimento paterno de que ele estava relativamente sem poder de mudar o comportamento problemático do seu filho. Uma amostra de um item desta escala é “Você alguma vez sentiu-se a ponto de desistir – sentiu que não havia nada que pudesse fazer sobre os problemas que tinha com seu jovem?”
Além de coletar dos pais os dados acima, as crianças também preenchiam escalas de medidas de sua percepção sobre o afeto, a frieza e a rejeição dos pais em relação a elas. Essas escalas foram coletadas durante as ondas 2 e 3.
Hipótese de Estudo
Como os dados foram coletados em período de 5 anos, os pesquisadores puderam testar se os sintomas do TDAH previam a percepção dos pais da falta de resposta da criança e do seu próprio senso de impotência, vários anos mais tarde. As previsões específicas testadas foram: 1) os sintomas de TDAH da criança levam os pais a perceber seu filho como não respondente à correção; e, 2) o sentimento de que a criança não responde à correção leva ao aumento dos sentimentos paternos de impotência.
O estudo longitudinal também permitiu aos pesquisadores que testassem como os sentimentos de impotência dos pais podem influenciar seu comportamento em relação ao filho. Eles fizeram a hipótese de que os pais que sentiam mais impotência seriam percebidos pelos seus filhos como menos calorosos e mais frios e teriam mais rejeição em relação a eles, filhos, com o passar do tempo.
Resultados
Os resultados deste estudo foram muito consistentes com a hipótese acima. Os relatos dos pais sobre os sintomas dos filhos no tempo 1 previram os sentimentos aumentados de que a criança não respondia à correção dois anos mais tarde. Por seu turno, os relatos dos pais sobre a falta de resposta das crianças à correção no tempo 2 previram os sentimentos aumentados de impotência dois anos mais tarde.
Em seguida, os autores testaram se os sentimentos de impotência dos pais previam a percepção dos jovens de como seus pais se comportavam em relação a eles. Os pais que relataram mais impotência no tempo 1 tinham filhos que relatavam mais frieza e comportamento paterno de rejeição e reduzido calor paternal dois anos mais tarde.
Os resultados acima foram muito consistentes entre meninos e meninas. Além disso, estes resultados permaneceram muito estáveis mesmo quando se levava em conta o nível de desafio das crianças, sugerindo que os sintomas do TDAH têm um efeito direto nos processos estudados.
Resumo e implicações
O impacto adverso dos sintomas de TDAH das crianças nos níveis de estresse dos pais, a satisfação com o papel de pai, e mesmo os sintomas depressivos eram conhecidos já há algum tempo. Os resultados deste estudo sugerem que não são os sintomas do TDAH que afetam os pais deste modo, mas sim a percepção dos pais que o maior desafio seja seus filhos terem alta taxa de não resposta à correção.
Comportamentos associados com o TDAH parecem influenciar negativamente os pais porque são percebidos como basicamente fora do controle deles, o que contribui para o aumento dos sentimentos de impotência. Sentimentos de impotência, por sua vez, podem levar os pais a se comportar em relação aos filhos de um jeito que aumente nos filhos a visão de mais frieza, de mais rejeição e de menos calor humano. Este ciclo foi muito semelhante para os meninos e meninas, e seria esperado que aumentasse os efeitos negativos nas crianças e nos pais ao longo do tempo.
O que é de algum modo irônico sobre estes achados é que, nas crianças com TDAH, os comportamentos que refletem desatenção, hiperatividade e impulsividade são tidos como tendo forte origem biológica e são, de modo verdadeiro, difíceis de serem controlados pelos pais e pelas crianças. Assim, não é surpresa que muitos pais sintam que crianças com altos níveis desses comportamentos sejam não respondentes à correção, e tais sentimentos não são necessariamente incorretos. O que torna esses sentimentos problemáticos, entretanto, é que eles contribuem para o aumento da sensação de impotência dos pais, talvez porque a compreensível dificuldade que os pais têm de corrigir os comportamentos que refletem os sintomas nucleares do TDAH possa leva-los a se sentir menos confiantes sobre a influência que possam ter sobre seus filhos em outros domínios importantes.
Um exemplo pode tornar isso mais claro. Se eu tenho um filho com TDAH que é gravemente hiperativo, será muito difícil conseguir que ele altere significativamente seu nível de atividade com o uso das estratégias que os pais podem adotar. É fácil imaginar que, se eu continuar a focar nisso, sentirei cada vez mais que meu filho não responde à correção e desenvolverei um crescente sentimento de impotência. Com o tempo, isto pode contribuir para eu estar menos disposto a tentar e exercer influência em áreas importantes nas quais eu teria maior chance de ser bem sucedido, por exemplo, ajudar meu filho a desenvolver uma habilidade ou talento particular, ou ajuda-lo a aprender a importância de desenvolver o conhecimento de hábitos razoáveis de poupar e de gastar.
Isto aponta para a importância de ajudar os pais a reconhecer que embora as crianças possam não responder à correção, quando se chega ao núcleo dos sintomas do TDAH que têm importante determinação biológica, isto não precisa ser generalizado para os outros aspectos da vida da criança, sobre os quais os pais desejam ter uma importante influência positiva. Entender claramente que é difícil fazer a criança mudar os sintomas nucleares do TDAH – muitos argumentarão que é nisto que o tratamento medicamentoso cuidadosamente monitorado pode ter um papel útil – pode proteger os pais dos sentimentos de crescente falta de poder para exercer influência positiva sobre seu filho, e ajudá-los a permanecer engajados com seus filhos por meio de atitudes que façam essas crianças sentirem calor humano, promoção e apoio.

domingo, 31 de julho de 2011

125- Ajudando Pré-Adolescentes com TDAH a Ter Sucesso: Estratégias Paternas Para Neutralizar as Brigas Pelo Poder

Se o seu pré-adolescente com TDAH estiver com problemas na escola, enturmado com gente errada, ou tentando ter mais controle sobre sua vida, os anos entre a infância e a adolescência podem ser turbulentos. Como os pais podem evitar e resolver conflitos. Por Larry Silver, M.D., e Carol Brady, Ph.D.

Ryan, de doze anos de idade, foi diagnosticado com TDAH e Dificuldade de Aprendizagem no terceiro ano. Com ajuda de tutor e um estimulante, ele tem ido bem na escola. Mas as coisas começaram a ficar um pouco difíceis na pré-adolescência.
Ele parou de fazer as tarefas escolares e recusava a ajuda na escola. Em alguns dias, ele não tomava sua medicação para o TDAH – ou ele fingia tomar e, depois, cuspia. Os problemas do TDAH se intensificaram. Ele era expulso da sala e se metia em confusão nos corredores.
Foi nesse ponto que os pais de Ryan – muito frustrados e preocupados com seu filho e com seus problemas de comportamento – procuraram minha ajuda.
A pressão dos colegas está pondo seu filho contra você?
Os problemas que Ryan estava apresentando, eu disse aos pais, não são incomuns para crianças de 10 a 12 anos de idade. Esses pré-adolescentes – nem crianças, nem adolescentes – deixam de se preocupar com o que os adultos pensam deles. Agora estão preocupados com o que seus colegas pensam deles.
Adolescentes ficam tão preocupados em fazer como os outros que evitam fazser qualquer coisa que os faça parecer diferentes dos seus colegas e amigos. Ele vestem-se igual, falam igual, e adotam o mesmo penteado. Tomar remédios para o TDAH? Esqueça. Aceitar as acomodações para o TDAH na escola? Estudar com um tutor? Nem pensar. “Não tem nada errado comigo!” esses jovens dizem a seus pais. “Por que você quer que eu aprenda isso? Nunca vou usar esta coisa”.
Como os adolescentes recusam a ajuda que aceitaram até a pouco tempo, os sintomas do TDAH explodem e suas notas caem. Como é que aquele seu doce estudante de escola elementar virou essa... coisa? O que você pode fazer para endireitar as coisas novamente?
Se o seu pré-adolescente se recusar a tomar a medicação para o TDAH, torne a sua privacidade uma prioridade. Faça-o saber que você entende que pode ser embaraçoso ser visto tomando remédios. Explore as maneiras que podem ser usadas para tomar a medicação com privacidade. Quando ele sair para dormir fora, por exemplo, explique a situação para os pais hóspedes. (Deixe seu filho pular uma dose, se necessário, para manter sua privacidade).
O que fazer se o seu filho estiver em más companhias... É normal que os adolescentes façam novos amigos. Mas e se você achar que a influência deles é parcialmente culpada pelos problemas do TDAH do seu filho? Dizer a ele que você os desaprova pode dar errado; ele provavelmente vai querer ficar mais tempo ainda com eles.
Em vez disso, fique atento para onde o seu filho vai e para o que ele faz. Encoraje-o a cumprir todas as suas atividades extracurriculares. Ele pode decidir que prefere seus velhos amigos.
Se o seu pré-adolescente com TDAH comporta-se mal na escola...
Entenda o que motiva seu filho. Alunos da escola elementar se esforçam para obter boas notas, em parte, para agradar os pais e os professores. Mas, na escola média, o principal objetivo de muitos pré-adolescentes é ser aceito como membro do grupo. Agradar os mais velhos já não é tão importante.
Os professores devem saber que o seu filho pode recusar as acomodações porque elas o fazem sentir-se diferente. Pergunte se ele pode obter ajuda de modo mais discreto. Por exemplo, em vez de ser tirado da classe para ir ao tutor ou ao fonoterapeuta, ele pode se encontrar com o tutor ou o fonoterapeuta em casa.
Não seja o disciplinador. Encontre-se com os professores no início do ano para sugerir alternativas de consequências para os compromissos não cumpridos, etc. Pode ser que o professor peça ao seu filho para usar o tempo de almoço na classe, para então fazer sua tarefa – ou para ficar depois das aulas para fazer a tarefa. Depois disso, não se envolva a não ser que você sinta que a abordagem da escola esteja sendo incorreta. Depois disso, você provavelmente descobrirá que brigas por causa das tarefas escolares somente farão seu filho ficar ressentido com você – e a tarefa ainda não será feita. Se você e seu filho não forem adversários, as linhas de comunicação permanecerão abertas.
Dê menos importância às notas. Não é fácil ver uma criança ir mal na escola – especialmente uma que estava indo bem. Mas criticar seu desempenho acadêmico somente intensificará o estresse que sua família já está sofrendo. E, antes do ensino médio, as notas são menos importantes do que adquirir sólidas habilidades de estudo.
Contrate um tutor de adolescentes. Sua criança pode aceitar melhor a ajuda acadêmica de um estudante mais velho em vez da ajuda de um tutor profissional. Se ela precisar de ajuda, ache um aluno de nível médio inteligente (do mesmo sexo) que esteja querendo ganhar alguns dólares, para vir depois das aulas e ver se as tarefas são feitas e se o seu filho entendeu a matéria.
Controle a medicação para o TDAH na escola de modo discreto – seu filho deverá ter permissão de parar com as visitas na hora do almoço à enfermeira da escola. Use um estimulante que tenha 8 ou 12 horas de ação, para cobrir todo o dia escolar.
Continue a fazer suas próprias avaliações à noite, caso seu filho peça sua ajuda. Mas não o force a aceitar a sua ajuda.
O desejo de ter mais controle está fazendo seu pré-adolescente ficar contra você?
Muitos conflitos são originados no desejo emergente do adolescente de controlar as coisas. Mas os pais estão tão acostumados a vigiar as crianças em suas rotinas que eles se recusam a ceder terreno. Em troca, crianças com TDAH revidam.
Resolva os problemas em conjunto para ajudar seu filho a ter mais controle de sua vida, sem você perder o seu controle. A melhor maneira de evitar confrontos e formar uma equipe. Em vez de ditar ordens, veja se pode resolver os problemas juntos. Dia após dia, o pai de Joe falava para ele parar de jogar no computador. Joe respondia “OK”, mas continuava a jogar. O pai começava a gritar. Joe explicava que não parava em seguida porque estava tentando terminar um nível. Ele concordava em parar, quando os pais falassem, assim que terminasse o nível. O pai dele concordou em não insistir. Obedecendo ao combinado, Joe ganhou um tempo extra no computador.
Regras básicas para negociar regras com seu pré-adolescente
1. Corrija os problemas de comportamento do seu pré-adolescente calmamente. Seja claro sobre as suas expectativas, não crítico.
2. Não fale demais quando for se comunicar. A regra deve ser que você dê mais tempo de fala ao seu pré-adolescente do que a si mesmo.
3. Encontre meios de ajudar seu filho a se sentir poderoso. Peça a ele para ajudar na solução dos problemas. Solicite seu conselho na compra de brinquedos para os irmãos.
4. Ensine-o a discordar sem ser desagradável. Dê o exemplo não aumentando a voz quando você se encontrar em conflito.
5. Tenha uma rotina estruturada. Se o seu filho sabe que se ele acordar e se fizer sua tarefa de casa todos os dias nos horários marcados, haverá menos motivo para brigas. Manejar seu próprio horário o ajudará a sentir-se como um adulto.
6. Seja claro sobre o que não é negociável. Usar o cinto de segurança no carro e outros itens de segurança não são.
Apesar de todos os seus melhores esforços, você pode se achar mergulhado em uma briga pelo poder quando estiver cansado. Se for assim, saia da sala. Depois da raiva, volte com novas ideias e um lembrete que você ama seu filho.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

124- Sete soluções para os problemas de sono do TDAH

Como se cuidar quando os sintomas do TDAH causam problemas de sono. Por Nancy Ratey

Muitos adultos com TDAH se queixam de noites inquietas e exaustão matinal. Às vezes, a medicação do TDAH causa reações colaterais, outras vezes um cérebro com velocidade turbinada mantém você aceso. Do mesmo modo que não há somente uma razão para os distúrbios do sono relacionados com o TDAH, também não há só uma solução que funcione para todo mundo. Aqui estão algumas das soluções que os especialistas em TDAH indicam.
1-    Ajuste a medicação do TDAH
A medicação do TDAH pode desencadear problemas de sono em alguns adultos. Se você acha que este é o seu caso, fale com seu médico sobre o ajuste fino do tratamento.
Por outro lado, alguns especialistas em TDAH acreditam que um estimulante tomado 45 minutos antes de se deitar pode desligar cérebros muito ativos. “Cerca de dois terços dos meus pacientes adultos tomam uma dose completa da medicação para o TDAH toda noite, para iniciar o sono”, diz William Dodson, M.D., um psiquiatra de Denver, Colorado.
2-    Apague a luz
A luz ativa o cérebro TDAH e mantém você acordado por mais tempo. Prepare-se para dormir apagando ou diminuindo as luzes lá pelas 9 da noite.
Você pode cobrir a lâmpadas ou usar um dimer para diminuir gradualmente a intensidade da iluminação, e não ficar vendo TV muito luminosa ou no computador depois das 9 da noite.
3-    Alenteça seu cérebro
Já na cama, com as luzes apagadas, use ferramentas que ajudam quem tem TDAH a relaxar, como aparelho de ruído branco, protetores de ouvido ou música suave para enfrentar os pensamentos competidores. Relaxe um músculo de cada vez, começando pelo seu pé e subindo, respire cada vez que atingir um novo grupo muscular.
4-    Crie rotinas de acordar e de se acalmar
Acordar na hora certa depende de ir dormir na hora certa, e ter uma noite completa de sono reparador. Desenvolva rotinas para ajuda-lo a acordar mais feliz e mais rapidamente pela manhã e para se acalmar à noite.
Essas fáceis rotinas de ir dormir e de acordar podem ser simples – tomar banho de chuveiro e assistir ao noticiário a cada noite, tomar café e ler o jornal a cada manhã
5-    Mantenha o esquema de sono
Deitar-se e levantar-se todos os dias no mesmo horário. Isto aumentará a qualidade do seu sono por fazer seu corpo pegar um ritmo diário, algo que beneficia particularmente adultos e crianças com TDAH. Nem todos precisam da mesma quantidade de sono, mas a consistência é a chave, então trabalhe com sua família para estabelecer uma rotina de sono e fixe-se nela.
6-    Evite as armadilhas do sono
Conheça as armadilhas do sono do TDAH e evite-as. Se falar ao telefone, ver TV ou checar a correspondência do e-mail mantém você acordado além do horário de ir dormir, pregue avisos que o lembrem de observar as regras. Peça à sua família para ajuda-lo, de modo que eles saibam como não distraí-lo do seu objetivo.
7-    Ajuste um despertador
Programe um relógio de pulso com alarme, ou ajuste um relógio despertador para uma hora antes da hora de ir dormir, de modo que você tenha tempo para se preparar para ir deitar-se. Se você frequentemente fica grudado na TV, coloque o despertador em outro cômodo, porque assim você será forçado a ir até ele para desligá-lo.

123- É uma dificuldade de aprendizagem ou TDAH forma desatenta?

Problemas com organização, atenção e gerenciamento do tempo apontam geralmente para o tipo desatento do TDAH. Porém, às vezes, as Dificuldades de aprendizagem são esquecidas. Como descobrir o que há por trás dos sintomas...  Por Larry Silver, M.D.

Uma criança ou um adulto com TDAH pode ser diagnosticado em três subgrupos:
TDAH – Tipo Combinado: significa que o indivíduo é hiperativo, desatento e impulsivo.
TDAH – Tipo Hiperativo-Impulsivo: significa que o indivíduo é hiperativo e impulsivo.
TDAH – Tipo Desatento: significa que o indivíduo é somente desatento.
Não é difícil de entender os comportamentos observados no tipo hiperativo ou impulsivo. Mas o que significa “desatento”?
Os critérios listados no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais - DSM-IV, usados para estabelecer se uma criança ou adulto é desatento, requerem que o clínico identifique ao menos seis comportamentos em um conjunto de nove (veja a lista no fim do artigo).
Um dos nove comportamentos listados refere-se a ser distraído por estímulos externos (estímulos sonoros ou visuais). Outro refere-se à dificuldade de manter a atenção. Os sete restantes descrevem as dificuldades relacionadas no contexto da função executiva – a capacidade de imaginar uma tarefa, planejar como fazê-la, e completá-la no tempo correto. (Estes problemas também podem ser imaginados como dificuldades com organização e planejamento do seu tempo). Assim, uma criança ou adulto que tenha dificuldades somente com a função executiva poderá preencher os critérios e ser identificado como tendo desatenção.
Quando a medicação não funciona
Algumas vezes as dificuldades com a desatenção melhoram significativamente com o uso de um estimulante para o TDAH.
Frequentemente, entretanto, os medicamentos não resolvem completamente esses problemas de organização e de gerenciamento do tempo, a será necessária uma ajuda adicional: apoio de educação especial para a criança ou, para um adulto, trabalhar o TDAH com um coach especializado em organização.
Essas dificuldades com organização e planejamento do tempo podem ser causadas pelo TDAH – ou podem resultar de uma Dificuldade de Aprendizagem  (DA). Algumas vezes essas dificuldades podem ser devidas aos dois problemas, TDAH e DA.
É importante para os pais de uma criança com desatenção, assim como para um adulto que sofra do mesmo problema, o entendimento das causas potenciais e de como elas indicam o tratamento mais eficaz.
Os pais devem entender  como os sintomas do TDAH desatento impactam seu filho. Por exemplo, os problemas de organização e de planejamento do tempo podem também causar dificuldades acadêmicas – na retenção do que foi lido e para organizar os pensamentos para serem escritos no papel.
Estudo de Casos
Quando pedi a Jane, mãe de três filhos, que achava que sofria de TDAH, para falar sobre seus sintomas, ela me contou a seguinte história. “ Subo as escadas para pegar a roupa suja”, disse. “No alto das escadas, olho para o quarto e vejo algo que precisa ser feito. Eu o faço. Então, me lembro da roupa suja, mas noto alguma outra coisa e paro para fazê-la. A roupa suja nunca é recolhida.”
Após algumas perguntas, Jane descreveu sua história de desatenção. Ela se distraía com qualquer coisa que visse ou ouvisse. Não conseguia controlar as tarefas de casa e os seu três filhos. Nunca era pontual e frequentemente esquecia o que tinha de ser feito a cada dia.
Confirmei o diagnóstico de TDAH tipo desatento, e receitei um estimulante. Sua vida mudou. Sob a medicação, ela podia fazer as tarefas sem se distrair com outras atividades. Sua vida ficou organizada.
Jessica, uma estudante do décimo grau, era um caso mais complicado. Ela tinha tido dificuldades na escola desde o oitavo grau e, agora, estava com graves problemas acadêmicos. Depois de uma avaliação psicoeducacional, na escola, foi achado que ela tinha capacidade intelectual acima da média, mas que sua velocidade de processamento e sua memória de trabalho estavam abaixo da média.
A escola suspeitou que ela tivesse o TDAH tipo desatento. Jessica consultou seu pediatra e começou a usar um estimulante. Sua atenção melhorou, mas seu desempenho acadêmico não. Então, os pais de Jessica pediram para que eu a avaliasse.
Descobri que Jessica tinha sido boa aluna até o sétimo grau. Ela tinha mais dificuldade de cumprir os compromissos e de terminar seu trabalho a cada ano. Embora ela entendesse a matéria, ela não guardava o que tinha lido. Parecia entender as aulas, mas não conseguia organizar seus pensamentos bem o suficiente para passa-los para o papel.
“Eu ficava olhando para a página e nada acontecia”, disse ela. Além dessas dificuldades, havia o fato de que ela frequentemente esquecia-se de escrever os compromissos. Reli a avaliação psicoeducacional de Jessica. Suas dificuldades educacionais não foram resolvidas na conferência da escola. Em vez disso, a maioria dos profissionais concluiu que ela tinha TDAH. Ainda assim, os testes educacionais mostravam que ela tinha dificuldade com a retenção do que lia e de organizar seus pensamentos. Não estava claro para mim que ela tinha TDAH. Estava claro que ela tinha dificuldades de aprendizagem. Sugeri o apoio da educação especial, e encorajei a escola a fazer as acomodações. A medicação foi interrompida. Suas notas melhoraram lenta mas constantemente.
Lições aprendidas
O que estas duas histórias revelam? Ambas as meninas tinha problemas de organização e de planejamento do tempo. Os problemas de Jane eram secundários ao TDAH tipo desatento. Ela respondeu maravilhosamente a um medicamento estimulante. Jessica, por ouro lado, tinha problemas de organização que resultavam de dificuldades de aprendizagem. Ela necessitou de intervenções de educação especial. Algumas crianças ou adultos têm ambos os problemas, e requerem medicação e um tutor ou serviços especiais
O auxílio correto
Alguns profissionais da escola são muito rápidos na interpretação dos sintomas de desatenção e dos problemas com a função executiva (especificamente, organização e planejamento do tempo) como TDAH.
De fato, muitas avaliações escolares focalizam nos achados que apoiam o diagnóstico de TDAH. Seu médico de família pode usar esses resultados como evidência para receitar medicação. Isto é correto e bom, se a medicação melhorar significativamente os sintomas de desatenção da criança. Mas, e se isso não acontecer? Fique atento para a possibilidade de que os sintomas sejam os de dificuldades de aprendizagem, que requerem um plano de tratamento diferente.
E sobre os adultos?  Digamos que você tenha sido diagnosticado como tendo o TDAH do tipo desatento, que esteja tomando um estimulante e que trabalhe com o auxílio de um coach para organização. Se essas coisas não estão ajudando, é possível que você tenha uma dificuldade de aprendizagem. Pense nos seus anos escolares: você tinha dificuldades acadêmicas? Algumas tarefas acadêmicas – matemática ou um relatório sobre gastos, digamos – complicavam sua carreira e sua vida? Se foi assim, você pode se beneficiar de uma intervenção de educação especial focalizada. Nunca é tarde para obter ajuda.
TDAH desatento em resumo
Frequentemente fracassa em prestar atenção a detalhes, ou comete erros por falta de
cuidado na escola e no trabalho
Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas e atividades  de lazer
Frequentemente parece não ouvir o que se lhe fala diretamente
Frequentemente não segue instruções e fracassa em terminar os trabalhos da  escola ou
as obrigações
Frequentementetem dificuldade de se organizar para as tarefas e as atividades
Frequentemente evita, não gosta, ou é relutante em se engajar em tarefas que requeiram esforço mental sustentado (trabalho de casa ou trabalho escrito)
Frequentemente perde as coisas necessárias para os trabalhos ou as atividades
Frequentemente é facilmente distraído por estímulos externos
Frequentemente é esquecido nas atividades diárias

quinta-feira, 28 de julho de 2011

122- É Ansiedade ou TDAH?

O que você precisa saber quando avalia os sintomas e procura por um diagnóstico para o seu filho. Por Larry Silver, M.D.

Nem sempre é fácil analisar os sintomas de uma criança para fazer o diagnóstico correto.
Cerca de metade de todas as crianças com TDAH também têm uma dificuldade de aprendizagem. Depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, dificuldades de controle da raiva, transtorno de tiques motores, transtorno bipolar ou transtorno de ansiedade. Os sintomas também podem parecer semelhantes.
Uma criança que parece ter TDAH – ela é hiperativa, impulsiva, desatenta – pode ter, em vez disso, um transtorno de ansiedade. Crianças que exibem os sintomas clássicos do transtorno de ansiedade podem ter TDAH. Distinguir entre TDAH e transtorno de ansiedade requer uma avaliação completa por profissional que esteja disposto a cavar fundo para encontrar as pistas.
Ainda, mesmo os profissionais podem interpretar mal os sintomas. Se uma criança não consegue ficar parada, não continua as tarefas, fala alto em sala de aula, ou faz comentários impróprios, eles pensam que deve ser TDAH. Se uma criança tem medos excessivos ou preocupações, deve ser transtorno de ansiedade.
O problema é que nós às vezes vemos a fumaça e não enxergamos o fogo. Ou vemos a fumaça e concluímos incorretamente o que está causando o fogo. Comportamentos são mensagens, não são diagnósticos. È tarefa do profissional clarificar as razões para os comportamentos.
Foco e Problemas de Medos
Veja Mônica, uma menina do terceiro ano, por exemplo. Sua inquietação em classe e sua incapacidade de prestar atenção no trabalho em classe levou sua professora a acreditar que ela tivesse TDAH. O seu pediatra receitou uma medicação estimulante para TDAH, mas os sintomas não melhoraram.
Recentemente, ela começou a demonstrar sinais de ansiedade: Ela tem dificuldade de pegar no sono por si mesmo, e tem medo de ficar sozinha em qualquer lugar de sua casa.
Minha avaliação informal mostrou que ela tem as habilidades de linguagem e de escrita no nível inicial do segundo grau. Mônica me disse que, se ela não sabia o que escrever ou se tinha dificuldades em sala de aula, ela ficava com medo de que a professora ficaria brava com ela.
Estudos formais confirmaram que ela não tem TDAH, mas na verdade tem uma dificuldade de aprendizagem que causou seu estado de ansiedade em casa e na escola.
Facilmente distraído e intimidado
José tinha 16 anos quando veio ao meu consultório. Seus pais o descreveram como quieto, tímido, “com medo de sua sombra”. Ele não tinha amigos e evitava esportes e outras atividades em grupo.
José ficava nervoso com pessoas que ele não conhecesse ou quando tinha de falar frente a classe. Tinha também medo de elevadores e de espações pequenos e fechados.
Seus pais disseram que José mostrava sinais de ansiedade desde a infância. Sua mãe disse que tinha comportamentos semelhantes quando era criança – e que ainda tinha. Fiquei sabendo que José ia mal na escola.
Ele se distraia com objetos e barulhos na sala de aula. Ele sonhava acordado e perdia a noção do que estava acontecendo. Também descobri que ele tinha dificuldade com organização. Meu diagnóstico foi de transtorno de ansiedade e TDAH sem tratamento, ou seja, ainda não tratados.
A Sra. Garcia, graduada por faculdade e que tinha uma posição importante em firma de consultoria, tomava medicação para ansiedade por três anos. Mas não tinha melhora: Ainda precisava de um lugar silencioso para ficar prestando atenção no que fazia. Pareceu-me que sua ansiedade e o estresse na faculdade e no trabalho vinham da desatenção.
Suspendi sua medicação para ansiedade e receitei medicação para o TDAH. Em uma semana ela podia prestar atenção e terminar seus projetos no trabalho. Sua ansiedade havia cessado.
Ansiedade: A causa ou o efeito?
O estresse e a ansiedade são parte normal de vida de crianças e de adultos. A ansiedade moderada ajuda as crianças a se esforçarem para serem bem sucedidas em casa, com os amigos e na escola.
É normal ficar ansioso quando se faz uma prova ou se participa de uma peça de teatro na escola. Espera-se que crianças e adolescentes fiquem nervosos no médico e no dentista, ou quando enfrentam situações novas. Quando o nível de ansiedade é maior do que o esperado, suspeitamos que haja um transtorno de ansiedade.
Ainda, simplesmente diminuir os sintomas proeminentes pode levar os pais e os profissionais a tomar o caminho errado. A ansiedade pode causar inquietação que pode ser interpretada como hiperatividade. Ou pode trazer preocupações e dúvidas que provocam a desatenção da criança. Conforme aumente o nível de ansiedade, a criança pode parecer estar agindo rapidamente ou irracionalmente, para diminuir o estresse. Um pai pode rotulála como impulsiva. Uma avaliação superficial pode sugerir que a criança tenha TDAH, quando o que ela realmente tem é um transtorno de ansiedade.
Um diagnóstico correto é crítico para o desenvolvimento de um plano de tratamento. Um médico ou um profissional deve determinar se a ansiedade é primária ou secundária.
Se uma criança tem dificuldade de regular o estresse e a ansiedade desde pequena, e sua ansiedade é prejudicial, ela é primária. Se um ou os dois pais se lembram de que eram ansiosos desde a infância, ou se ainda são, um diagnóstico de ansiedade é quase certo. Os transtornos de ansiedade são frequentemente genéticos.
Por outro lado, um transtorno de ansiedade pode ser secundário a dificuldades sentidas por uma criança que tenha TDAH ou uma dificuldade de aprendizagem. A ansiedade secundária ocorre em certas circunstâncias.
Mônica tornou-se ansiosa a respeito de tudo relacionado com a escola. Sua ansiedade desapareceu em semanas. Algumas crianças se tornam ansiosas depois de passarem por eventos estressantes, tais como mudar de uma cidade para outra, ou seus pais iniciarem um processo de divórcio. Na ansiedade secundária não há nenhuma história familiar do transtorno.
Qual deles você trata primeiro?
A resposta depende da descoberta das causas dos comportamentos observados. Quando uma criança mostra sinais de ansiedade, um pai ou profissional deve não assumir que ela esteja sofrendo de transtorno de ansiedade.
Eles devem tentar ir até a raiz do comportamento ansioso. Pode ser que a criança (ou adulto) tenha TDAH, e sua ansiedade seja secundária às frustrações, fracassos e feedback negativo que ela recebe na escola ou no trabalho, em casa, e com os colegas. Em tal caso, um profissional deveria tratar o TDAH enquanto trabalha nos problemas sociais, emocionais e familiares associados com o transtorno de ansiedade.
Outra possibilidade é a de que a criança tenha TDAH e transtorno de ansiedade. Se for assim, um profissional deve tratar ambos os problemas para aumentar a chance de sucesso. Se a criança estiver recebendo tratamento para a ansiedade, mas os sintomas persistem e o médico começa a suspeitar de que são causados por um TDAH não diagnosticado, ele deve tratar o TDAH e ver se os sintomas de ansiedade desaparecem.
O tratamento precisa incluir medicamentos, terapia comportamental, terapia individual, grupos de habilidades sociais e/ou aconselhamento familiar. Os pais devem lembrar-se de que o plano de tratamento eficaz sempre decorre de um diagnóstico correto.
As dúvidas do diagnóstico
Os pais precisam entender que o processo de diagnóstico pode ser ainda mais complicado durante a fase de tratamento. Foi assim para Roberto, de 10 anos de idade.
Ele foi diagnosticado como tendo TDAH e recebeu um estimulante. Dois dias depois, sua mãe ligou, dizendo que seu filho estava muito ansioso. Não dormia sozinho e chamava a sua mãe da escola, para saber se ela estava bem. Suspendi a medicação e sua ansiedade desapareceu.
Enquanto algumas crianças com TDAH podem ter um transtorno de ansiedade ou outra condição comórbida, algumas vezes o transtorno é tão pequeno que não há nenhum sintoma. Chamamos isto de subclínico. Entretanto, ao tomar um estimulante, essa condição subclínica, de nível baixo, pode ser exacerbada. Quando isto acontece, é importante lidar com o transtorno de ansiedade em primeiro lugar. Depois que ele estiver sendo tratado, geralmente será seguro reintroduzir o estimulante sem causar um surto de ansiedade.

121- É Depressão ou TDAH?

A depressão é surpreendentemente comum entre os adultos com TDAH. Felizmente, não há necessidade de sofrer em silêncio. Por Carl Sherman, Ph.D.

Primeiro, as notícias ruins: A depressão é 2,7 vezes mais prevalente entre os adultos com TDAH do que entre a população adulta em geral.
Agora, as boas notícias: Remédios eficientes para a depressão estão disponíveis, e funcionam tão bem para adultos com TDAH como para os outros adultos. Se você acha que tem esse problema, não há necessidade de sofrer.
Depressão primária versus depressão secundária
Alguns adultos com TDAH tornam-se deprimidos sem nenhuma razão aparente – a doença surge mesmo na ausência de acontecimentos ou circunstâncias desagradáveis na vida (dificuldades no trabalho, na escola, perda de emprego, problemas de relacionamento, doença crônica etc.). O risco para esta forma de depressão, conhecida como depressão primária, parece ser altamente herdado.
Cuidando da depressão secundária
Em outros casos, a depressão surge como consequência direta da frustração crônica e do desapontamento de viver com o TDAH mal ou não tratado. Algumas estimativas apontam 25% dos adultos como portadores do transtorno sem tratamento apropriado. Tais casos de depressão são chamados de secundários ao TDAH.
“Frequentemente vejo depressão em adultos cujo TDAH não foi reconhecido e tratado na sua juventude”, diz Yvonne Pennington, Ph.D., psicóloga de Atlanta, que se especializou em TDAH do adulto. “Por terem sofrido tantos golpes em sua autoestima, eles aceitaram a ideia de que são preguiçosos e estúpidos – ou não bons o suficiente para terem sucesso profissional e social”.
Separando o TDAH da depressão
Para complicar as coisas, os médicos podem confundir o TDAH como depressão. Pode ser difícil diferenciar as condições porque amos os transtornos trazem problemas de humor, esquecimento, dificuldade de prestar atenção e falta de motivação. Entretanto, há distinções sutis entre os sintomas induzidos pelo TDAH e os causados pela depressão.
EMOÇÕES  - O TDAH pode causar humores sombrios, mas eles geralmente estão ligados a revezes específicos. Os sentimentos ruins tender a ser transitórios. Em contraste, os problemas de humor associados à depressão são geralmente invasivos e crônicos, frequentemente durando semanas ou meses.
Diferente dos maus sentimentos causados pelo TDAH (que frequentemente começam a surgir na infância), a depressão tipicamente não se desenvolve até a adolescência ou mais tarde.
MOTIVAÇÃO  - Com o TDAH, parece impossível terminar qualquer coisa, porque você está “num vácuo e não pode decidir o que fazer primeiro”, diz Roberta Tsukahara, Ph.D., psicóloga de Austin. “Com a depressão, é mais do que estar letárgico e não poder iniciar qualquer atividade”.
DIFICULDADES DE SONO – Com o TDAH, o problema geralmente acontece quando se inicia o sono; a mente se recusa a “desligar”, e mantém a adição de coisas à lista de coisas a fazer no dia seguinte. Em contraste, as pessoas deprimidas adormecem rapidamente, mas acordam repetidamente durante a noite (e logo de manhã cedo). A cada despertar, a mente está cheia de pensamentos negativos e ansiosos.
O que você deve tratar primeiro
“Eu não cuido do TDAH e da depressão primária ao mesmo tempo”, diz  Lenard Adler, M.D., diretor do programa para TDAH adulto do NYC Langone Medical Center, em Nova Iorque. “Trabalho primeiro na condição que estiver causando o maior prejuízo. Os problemas causados pelo TDAH são reais, mas a depressão pode ser um risco à vida”.
Antidepressivos que são destinados a aumentar o nível dos neurotransmissores serotonina e/ou norepinefrina são o tratamento de escolha para a depressão grave. Seu médico também pode prescrever um antidepressivo se persistir uma depressão de leve a moderada, apesar das mudanças de estilo de vida e do tratamento correto par o seu TDAH.
Muitos antidepressivos funcionam bem junto com a medicação estimulante para o TDAH, assim como o não estimulante Strattera (Atomoxetina), embora pequenos ajustes  precisem ser feitos. Wellbutrin (bupropiona) é um antidepressivo que também pode ser útil no TDAH.
Na maior parte das vezes, a depressão melhora substancialmente com o primeiro antidepressivo receitado. Se ele não funcionar, um segundo provavelmente funcionará. Cerca de metade dos que tomam antidepressivos atingem um alívio completo dos sintomas depressivos.
Obtenha o alívio você mesmo
Quando a depressão é secundária ao TDAH, pouca medicação e ajustes do estilo de vida podem ser tudo o que é necessário para sair do buraco. E se a depressão persistir apesar da aderência a um medicamento para o TDAH? Os médicos reconhecem que as mudanças de estilo de vida ajudam a melhorar. Exercícios aeróbicos “têm um efeito profundo no nível de humor das pessoas com TDAH”, diz William Dodson, M.D., um psiquiatra de Denver. “Se você não consegue motivar-se por si mesmo, o exercício pode normalizar seu humor”.
Muitos portadores de TDAH sentem que seu humor piora quando eles não têm nada para fazer. “O sistema nervoso dos TDAH se alimenta de curiosidade e desafio”, diz Dodson. Para se prevenir do ócio, ele recomenda a criação de uma “caixinha de curiosidades”: Sempre que você encontrar algo interessante – um bom livro, por exemplo, ou um projeto de trabalho – ponha-o na caixinha. Na próxima vez que você estiver procurando por algo para fazer, sempre haverá algo esperando por você.
Meditação e Psicoterapia
A meditação também tem o seu lugar no tratamento da depressão. Sente-se em silêncio, com os olhos fechados, e focalize-se na sua respiração. Cada vez que você expirar, repita silenciosamente uma palavra de uma sílaba – “um” ou “paz” ou “om”. Faça isto por um minuto ou mais, ou tente isto por 10 a 20 segundos sempre que tiver dificuldade de mudar de uma atividade para outra.
Junto com, ou em vez da meditação e medicação, uma forma de psicoterapia conhecida como terapia cognitiva comportamental (TCC) demonstrou ser altamente eficiente contra a depressão. A primeira meta da TCC é permitir que o paciente identifique e reduza os pensamentos negativos intensos e frequentes – “Isto é muito difícil de fazer”, por exemplo.
O próximo passo é substituir esses pensamentos e crenças destruidores da autoestima por pensamentos mais realistas e construtivos – “Sim, é difícil. Como eu poderia tornar isso mais factível?”  Você está reconhecendo a dificuldade, mas não afundando nela. Você está se dirigindo na direção de uma ação positiva.
O objetivo é reduzir a frequência e a intensidade dos sintomas. Não espere eliminá-los completamente. Mas, você poderá controlar os sintomas que já teve, no caminho para uma vida feliz.

terça-feira, 26 de julho de 2011

120- É Transtorno Bipolar ou TDAH? (BMD or ADHD?)

Os sintomas do TDAH e do Transtorno Bipolar são frequentemente confundidos – e geralmente coexistem na mesma pessoa. Como fazer a distinção, e sugestões para o tratamento do transtorno bipolar associado ao TDAH, a seguir. Por William Dodson, M.D.

Pode ser bastante difícil obter-se um diagnóstico de TDAH, mas para complicar as coisas ainda mais, o TDAH geralmente coexiste com outros transtornos físicos e mentais. Uma revisão de adultos com TDAH demonstrou que 42% tinham outro transtorno psiquiátrico importante. Assim, a questão diagnóstica não é “é um ou o outro?”, mas sim “São ambos?”
Talvez o diagnóstico diferencial mais difícil a ser feito esteja entre o TDAH e o Transtorno Bipolar do Humor (TBH), porque eles apresentam muitos sintomas em comum, incluindo a instabilidade do humor, os surtos de energia e de inquietação, de falar sem parar, e de impaciência. Estima-se que cerca de 20% dos que são diagnosticados com TDAH também sofrem de um transtorno de humor do espectro bipolar – e o diagnóstico correto é crítico no tratamento do transtorno bipolar junto com TDAH.
TDAH
O TDAH é caracterizado por níveis significativamente mais altos de desatenção, distração, impulsividade e de inquietação física do que seria esperado em pessoa de idade e desenvolvimento semelhantes. Para o diagnóstico do TDAH, tais sintomas precisam estar consistentemente presentes e serem prejudiciais. O TDAH é cerca de 10 vezes mais comum do que o TBH na população em geral.
TBH
Por definição diagnóstica, os transtornos do humor são “transtornos do nível ou da intensidade do humor nos quais o humor tem vida própria, separado dos eventos da vida da pessoa e fora de sua vontade e do controle consciente”. Em pessoas com TBH, sentimentos intensos de felicidade ou de tristeza, de alta energia (chamada “mania”), ou de baixa energia (chamada “depressão”) mudam sem razão aparente em período de dias ou de semanas, e muitos persistem por semanas ou meses. Comumente, há períodos de meses a anos durante os quais o indivíduo não apresenta problemas.
Fazendo o diagnóstico
Por causa das várias características compartilhadas, há um risco elevado de um diagnóstico errado ou da falta de diagnóstico. Não obstante, o TDAH e o TBH podem ser distinguidos um do outro com base nestes seis fatores:
1- Idade de início: O TDAH é uma condição de toda a vida, com os sintomas aparentes (embora não necessariamente com prejuízos) pela idade de sete anos. Embora agora reconheçamos que as crianças possam desenvolver TBH, isso ainda é considerado raro. A maioria das pessoas que desenvolvem TBH tem seu primeiro episódio de doença afetiva depois dos 18 anos, co0m a média de 26 anos para o diagnóstico.
2- Consistência do prejuízo: O TDAH é crônico e está sempre presente. O TBH vem em episódios que se alternam com níveis mais ou menos normais de humor.
3- Fatores desencadeantes: As pessoas com TDAH são passionais, e têm reações emocionais intensas a eventos ou a fatores precipitantes, em suas vidas. Eventos felizes resultam em felicidade intensa e humor excitado. Eventos infelizes – especialmente a experiência de ser rejeitado, criticado ou provocado – promovem intensos sentimentos de tristeza. Com o TBH, as mudanças do humor vão e vêm sem nenhuma conexão com os eventos da vida.
4- Rapidez da mudança de humor: Como as mudanças de humor no TDAH quase sempre são precipitadas por eventos da vida, as mudanças parecem instantâneas. Eles têm humor normal em todos os aspectos, exceto na intensidade. São geralmente chamadas de crises ou explosões, por causa do início repentino. Em contraste, as mudanças de humor não precipitadas do TBH levam horas ou dias para ir de um estado ao outro.
5- Duração dos humores: embora as respostas a perdas graves e a rejeições possam durar semanas, as mudanças de humor do TDAH geralmente são medidas em horas. As mudanças de humor do TBH, pela definição do DSM-IV, precisam ser mantidas por ao menos duas semanas. Por exemplo, para apresentar o transtorno bipolar “de ciclo rápido”, uma pessoa precisa ter somente quatro mudanças de humor, de alto a baixo ou de baixo a alto, no período de 12 meses. Muitas pessoas com TDAH têm estas muitas mudanças de humor num só dia.
6- História familiar: Os dois transtornos aparecem em famílias, mas os indivíduos com TDAH quase sempre tem uma árvore familiar com múltiplos casos de TDAH. Os que têm TBH provavelmente terão menos ligações genéticas.
Tratamento combinado do TDAH e do TBH
Poucos artigos foram publicados sobre o tratamento de pessoas com TDAH e TBH. Minha experiência clínica, tendo visto mais de 100 pacientes com os dois transtornos, mostra que a coexistência do TDAH e do TBH pode ser tratada muito bem. É importante sempre diagnosticar e tratar o TBH em primeiro lugar, porque o tratamento do TDAH pode precipitar mania ou piorar o TBH.
Os resultados dos meus pacientes tratados tanto para o TDAH quanto para o TBH têm sido muito bons. A maioria foi capaz de retornar ao trabalho. Talvez o mais importante, eles relataram que se sentiam mais “normais” em seu humor e em sua capacidade de desempenhar seu papel de esposos, pais e empregados. É impossível determinar se esses resultados significativamente bons foram devidos ao aumento da estabilidade do humor, ou se o tratamento do TDAH auxilia na melhor aderência ao uso dos medicamentos. A chave é o reconhecimento de que ambos os diagnósticos estejam presentes e que os transtornos responderão de modo independente, mas coordenado, ao tratamento.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...