terça-feira, 25 de dezembro de 2012

251- Como é ter TDAH?



Uma conversa honesta dos leitores de ADDitude sobre o lado ruim de ter déficit de atenção. Pelos editores de ADDitude.

Perguntamos aos nossos leitores, “Ter TDAH se parece com o que?”

É como se eu precisasse de um botão de desligar no meu cérebro. Quando tento explicar para os outros que alguns dos meus comportamentos são por causa do TDAH, eles dizem que estou inventando uma desculpa. – Bee, Flórida.

Todo mundo pensa que faço besteiras de propósito. Meus amigos me dizem que todo mundo tem déficit de atenção. Às vezes me sinto burra. – Angie, México.

Imagine que você rasteje de joelhos a vida toda, mas todos ao seu redor andam com as duas pernas. Você percebe que você é diferente, e sabe que deveria caminhar como todos os outros, mas simplesmente não consegue se equilibrar nas duas pernas do jeito que consegue quando rasteja. – Ashley, Ohio.

Loucura, frustração e algumas vezes a coisa mais engraçada – depois que você aprende a rir de si mesmo. E todos precisamos disso. – Amy, Ohio.

É como assistir a uma apresentação de Power Point que nunca acaba. Digo algo a alguém e, no meio da frase, dá um branco. É embaraçoso ter de perguntar para a outra pessoa o que você estava falando mesmo. As pessoas me olham e geralmente pensam, “As luzes estão acesas, mas não tem ninguém em casa”. – Angela, Indiana.

Ter TDAH não se parece com nada. Diferente de um problema físico, um osso quebrado, por exemplo, o TDAH é invisível. As pessoas são simpáticas quando você está sofrendo dores. Tentar explicar o TDAH sem parecer estar inventando desculpas é difícil. Talvez se alguém criasse uma tipoia ou tala para o TDAH, as pessoas poderiam ser mais amigáveis com quem tem o transtorno. – Ann, Tennessee.

Todo dia é uma luta, mas você faz o melhor dele. Medicamentos ajudam, mas não são uma cura milagrosa. Você entende literalmente o que os outros dizem. – Argélia, Geórgia.

É como se você estivesse dirigindo em meio a um intenso nevoeiro, em uma estrada escura, tentando chegar aonde você sabe que deveria estar. O problema é que você perde a localização e não tem nenhum GPS para orientá-lo, e, no fundo, o rádio está tocando alto músicas que ficam mudando. – April, Texas.

Parece que tem sempre um barulho na minha cabeça – um zumbido constante que eu não sei o que é. Também é paralisante e frustrante. - Um leitor de ADDitude.

É como estar se afogando num redemoinho de coisas que precisam ser feitas, mas que nunca terminam. É um sentimento sem-fim de futilidade. – Linda, Flórida.

Ter TDAH é como ter uma conversa sem-fim com você mesmo. Christina, Texas.

É como estar fora do equilíbrio, fora do prumo, semelhante ao que acontece quando o computador faz o “buffer” de um vídeo, e demora uma eternidade para terminar e começar a exibir sem todos aqueles “começa” e “para”. – Debbie, Arizona.

Não é fácil ter um cérebro de 18 anos e um corpo de 61 anos! – Diane, Flórida.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

250- Conforto Pessoal: Como os animais de estimação podem ajudá-lo a se sentir melhor. TDAH - ADHD


 
O amor incondicionado de um amiguinho peludo pode fazer maravilhas para a autoestima e a paz de espírito de um portador de TDAH. Pelos Editores de ADDitude.

Minha filha recebe tanto de nossos bichos de estimação. Ela lhes dá amor e eles o retornam, sem julgamentos! Nossos bichinhos sempre estão a favor dela, o que não é o caso com irmãos e amigos. Sheilah Washington.
A gata da minha filha é a sua melhor amiga e confidente. A gata a escuta sobre os maus dias, o bullying e as coisas más que outras crianças dizem a ela. A gata escuta calmamente. Ela dá apoio caloroso e indistinto, com amor incondicional – Uma leitora de ADDitude.

Nossa família apoia nosso filho, mas nem sempre respondemos perfeitamente aos seus comportamentos. A coisa boa sobre cães é que eles o amam, não importa o que! - Um leitor de ADDitude.

Houve momentos em que meu filho se sentia tão abatido por ser um excluído na escola, que ter nossa cachorra Rosie esperando por ele quando chegava em casa era a hora feliz do seu dia. - Shari, Louisiana.
Meus meninos amam nosso cão, e eles sabem que toda a nossa família precisa cuidar dele. Nosso cão tem ensinado meus meninos sobre o amor incondicional. – Shae, California

Ter um animal de estimação faz com que meu filho se sinta bem, mas fazer com que ele assuma a responsabilidade pelo animal ainda não deu certo. Paciência! Estamos trabalhando isso. – Polly, Virginia.
Meus bichinhos me mostraram que eu posso ser uma pessoa amável e responsável. – Michelle, Washington, D.C.

Oh, sim! Temos um cão e dois gatos, e minha filha adora o dia de alimentá-los. Ela também gosta de sair com eles para caminhar. – Eugena, Oklahoma.
Temos cavalos, cães e gatos, e cães adotados. Meu filho os leva para a escola de cães, lê para o seu gato, e fala para todos aos animais como se sente feliz de estar com eles. Os animais não o julgam, são muito tolerantes e lhe dão montes de beijos. – Melissa, New York.

Nossa pastora alemã ajuda nosso filho por aceitá-lo e amá-lo incondicionalmente. De fato, ela parece amá-lo mais ainda por causa de sua hiperatividade! Ele sempre tem um amigo para fazer um mau dia virar um dia feliz. Como ele às vezes tem dificuldades sociais, é importante que tenha um amigo que esteja sempre ao seu lado, não importa o que aconteça. – Annie, Illinois.
Temos duas tartarugas, e a primeira coisa que meu filho me fala pela manhã é “Tenho de dar comida para minhas tartarugas”. – Jessica, California.

Há uma ligação muito especial entre nossa fábrica de chocolate e nosso filho. Nosso cão dá ao meu filho um senso de responsabilidade e também amor incondicional. – Caren, Maryland.
A melhor maneiro de fazer os meninos se levantarem de manhã sem atitudes inconvenientes é deixar que os cães os acordem. Os beijos dos cães os fazem sorrir. – Cristy, Kansas.

Nosso cão foi de uma importância enorme para ajudar nosso filho a se acalmar à noite. O cachorro dormiu em sua cama por vários anos. – Helene, California.
Meu cão é como um cão de terapia. Ele sabe quando evitar minha filha e quando se aproximar dela para acalmá-la. – Danielle, California.

Animais de estimação são ótimos para crianças com TDAH. Cuidar deles é uma atividade estruturada de cada dia, e as recompensas e a afeição que as crianças recebem são de valor incalculável. – Heidi, Minnesota.
Nosso filho usa remédios para ajudá-lo na escola, mas nosso cão faz a maior ajuda, por ficar na cama com ele! – Kathy, Minnesota.

Sempre vivi rodeada de animais em toda minha vida. Eles me suportam, não me criticam, só me amam. – Kathy, Minnesota.
Nosso cão sido uma grande ajuda e agrada a qualquer pessoa. Tocar nele e brincar com ele é um alívio tátil. Quando meu filho tinha dificuldade de aprender a ler, ele lia para o cão, que nunca o interrompeu para corrigi-lo. – Lisa, New York.

Nossa filha de dez anos nos contou que nossos animais de estimação a ajudam a se sentir amada e protegida. Ela pode falar com eles e fazer coisas fora de casa com os cães. Ela é responsável por sua lagartixa, Azure, que comprou depois de fazer economia durante meses. Fiquei impressionada com as habilidades que ela desenvolveu depois de adotar sua lagartixa. - Marian, Utah.
Como um admirador de cães, digo: certamente. Quando sentia que ninguém me entendia ou cuidava de mim quando era criança, sabia que minha cachorra o fazia. Ela me ouvia resmungar por horas e me amava mais que a própria vida. Todos nós precisamos focalizar em outro que não nós mesmos. Isso afasta nossa mente do nosso TDAH. – Jonathon, Ohio.

Meu filho tem vários peixinhos, e ele pula da cama toda manhã para dar comida para eles. Eles são uma grande motivação para meu filho ser responsável e amoroso. – Mindy, Iowa.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

249- TDAH - O Cavalo Que Lê Minha Mente


 
A terapia equino-assistida para o TDAH forçou-me a alinhar minhas ações com minhas intenções e a demonstrar a calma confiança que eu pedia em retorno. Os cavalos, como aprendi, refletem o que veem em nossos corações e penetram em nossas mentes. Por Zoë Kessler

“Queria que você pudesse se ouvir”. Quando criança, eu escutava isso frequentemente da minha mãe não-TDAH. Eu achava que ela era maluca; minha audição era perfeita.
Depois do diagnóstico do meu TDAH, aos 47 anos de idade, descobri que as pessoas com o transtorno de déficit de atenção são observadores fracos. Demorou 40 anos, mas, finalmente, fiquei sabendo o que minha mãe queria dizer com aquilo.

Minhas palavras e ações estavam contra minhas intenções. Até o meu tratamento, essa confusão estragava meus relacionamentos, deixando-me perplexa e ferida. Desde então, descobri a Psicoterapia com Assistência Equina – que usa a estranha habilidade dos cavalos para espelhar as emoções e atitudes dos seus condutores. Conforme você interage com um cavalo, você aprende a observar e a responder aos comportamentos dele, em vez de ficar amarrado aos seus padrões de comportamento. Depois de uma sessão, conselheiros falam com seus clientes sobre o que aprenderam. Essa terapia tem me ajudado a me tornar atenta ao modo como os outros me veem e a ter certeza de que minhas palavras e ações refletem minhas intenções.
Muitas crianças e adultos com TDAH se apaixonam pela terapia equino-assistida porque ela é estimulante e divertida. Embora as crianças e os adultos amem trabalhar com cavalos, o foco da terapia equino-assistida não está em cavalgar ou tornar-se um cavaleiro - os participantes permanecem no chão - mas em seguir as instruções da equipe de terapia: um especialista com certificado em terapia equino-assistida, um profissional de saúde mental e um cavalo.

Sue Bass, especialista em terapia equino-assistida no Hope Ranch, em Rochester, Minnesota, e sua equipe, atendem três jovens irmãs de uma família mista. As duas mais velhas ficavam frustradas pela irmã mais nova que, segundo Bass, “não tinha nenhum limite, invadia o quarto delas e geralmente as provocava”. Bass notou que quando a irmã mais nova entrou na arena, um cavalinho começou a perturbar os cavalos grandes. “Ele ia para cima deles e mordia”, diz Bass. “Então ele começou a mordiscar os sapatos da menina. Ele não a machucou; mas foi uma peste total”. Isso incomodou a menina, que tentou fugir dele.
“As irmãs mais velhas olharam uma para a outra e perguntaram para a menor quem o cavalo lhe lembrava”. “O foco da sessão mudou, num relâmpago, para o comportamento da irmã mais nova”. A irmã mais nova teve uma imediata noção do que suas irmãs tinham de aturar o dia todo. “Não poderíamos ter planejado algo melhor!” acrescenta Bass.
Como Funciona a Terapia Equino-Assistida
Cavalos são grandes, poderosos e, às vezes, amedrontadores. Eles chamam a nossa atenção, mas não nos julgam quando refletem nosso comportamento. Isso permite que os clientes aprendam sobre seus comportamentos sem se tornarem defensivos. Por meio de questões dirigidas, o terapeuta ajuda os participantes a analisar suas interações com o cavalo e com os outros participantes.
Com base nas necessidades do cliente, a equipe terapêutica dá ao cliente um conjunto de instruções, tais como: “Observe os cavalos para ver qual seja adequado para você” ou “Construa um caminho de obstáculos escolhendo itens que representem coisa que o distraiam no decorrer do dia; então, puxe o cavalo pelas rédeas e o leve através do caminho de obstáculos”. Não são dadas outras instruções, e o cliente completa o processo (ou não) como achar apropriado. “Não é a tarefa que é importante”, diz Bass, “mas o que o cliente descobre sobre seus pensamentos e emoções, conforme lide com o cavalo”. Não há muita pesquisa que confirme a eficácia desse tipo de equoterapia. Um estudo, conduzido pela pesquisadora Kay Trotter, mostrou que a terapia com o cavalo melhorou a hiperatividade e impulsividade em crianças e adolescentes com o problema.

Conselheiro com certificado nacional, Trotter seguiu dois grupos. Um grupo participou do tratamento de aconselhamento em grupo com terapia equino-assistida, enquanto o outro grupo recebeu uma intervenção “prêmio ao vencedor” de aconselhamento baseado no currículo escolar.
Os resultados do estudo de Trotter sugerem que o tratamento equino-assistido foi estatisticamente mais eficaz na melhora da habilidade das crianças em focalizar e de permanecer na tarefa. A terapia também melhorou significativamente os sintomas de agressão, depressão e ansiedade do grupo. Os participantes do tratamento equino-assistido se ajustaram melhor às novas rotinas e professores, e facilmente mudaram de uma tarefa para outra. A autoestima e o autorrespeito aumentaram, e as amizades foram menos estressantes.

Feedback instantâneo é parte do porque essa terapia com “seres poderosos e interessantes” é tão eficaz, diz Kit Muellner, fundadora do Hope Ranch e trabalhadora clínica e social independente, licenciada. “Além de tudo, os clientes sentem que alcançaram algo por sua própria conta, em vez de fazer alguma coisa ordenada pelos pais ou por um professor. Um animal de mais de 500 quilos responde do modo que você quer que ele faça porque você foi capaz de prestar atenção. Então, você conquistou algo que queria fazer, contra o fazer algo que alguém queria que você fizesse”.
Como a terapia equino-assistida me ajudou
Tive uma lição num workshop de terapia equino-assistida para mulheres. Fomos reunidas aos pares para segurar um cavalo e leva-lo a certa área. Sem problemas, eu pensei, já tendo lidado com cavalos anteriormente. Então, o conselheiro disse, “Não é permitido falar”. Entrei em pânico.
Primeiro, estava em um lugar estranho. Segundo, estava trabalhando com alguém que não conhecia. Terceiro, não podia falar. De repente, descobri o quanto dependo das palavras, e como estava perdida sem minha voz. Por outro lado, desde a infância, minhas palavras me colocam em situações complicadas porque eu as digo sem pensar.
Para realizar essa tarefa, tive de usar a comunicação não verbal. Tive de acreditar em alguém que assumiu o papel de líder. Meu estômago retorceu, e comecei a suar. Nunca me esqueci daquela lição, e a visão que ela me deu de minha vida com TDAH. Suzi Landolphi, terapeuta com certificado, em Big Heart Ranch, em Malibu, California, mestre em psicologia, diz que, para trabalhar eficazmente com cavalos, “seu pensamento, emoções e a linguagem corporal têm de concordar. E não é justamente isso que o TDA impede que aconteça?”
Muellner me contou como a terapia equino-assistida ajudou um adulto jovem com grave TDAH. No Hope Ranch, os cavalos eram livres para ir e vir. Enquanto trabalhava um-a-um com um cliente, Muellner notou que “em alguns dias entrávamos no celeiro e os cavalos estavam por lá. Em outros dias, eles tinham saído”. Muellner diz que os cavalos ficavam no celeiro porque se sentiam ansiosos ao lado do seu tenso cliente, e que ele aprendeu a acalmar sua mente antes de entrar no celeiro.
Katherine, cuja filha Sarah foi diagnosticada com TDAH na idade de 12 anos, descobriu que a terapia equino-assistida ajudou a trazer muitas mudanças positivas para sua filha. Sarah estava no segundo grau quando foi encaminhada para a terapia. “Sarah teve um monte de mudanças”, diz Katherine. “Ela era rebelde, suas notas estavam caindo e tinha problemas sociais”.
Sarah foi encaminhada para um grupo de sete meninas que tinham sessões o dia todo por toda uma semana. Cada menina tinha um cavalo e um conselheiro. Como muitos participantes, Sarah nunca tinha ficado perto de um cavalo. Antes da terapia, diz Katherine, “A timidez de Sarah e seu comportamento reservado afastaram as outras meninas, e ela não conseguia fazer amigas”. Katherine observou sua filha durante uma sessão, e ficou impressionada com a bondade e compaixão de Sarah para outra menina que estava tendo muita dificuldade com o grupo.
“Ela também mostrava respeito em relação aos terapeutas e aos outros conselheiros em épocas em que não respeitava muito os adultos”, diz Katherine. “Eu vi uma criança diferente, assim como os professores de Sarah”. O melhor de tudo, é que muitas dessas mudanças permaneceram com ela muito depois de ter parado de fazer a terapia equino-assistida.
Nota do tradutor: Isso não é “Legal”? “Bacana”? “Massa”? “Jóia”?
E no Brasil? Qual é a experiência dos que lidam com equoterapia? Aguardo respostas. Dr Menegucci.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

248- O Tratamento Medicamentoso do TDAH Pode Reduzir o Comportamento Criminoso


 
Na infância, o TDAH frequentemente é associado a significativo comportamento de oposição. Esses problemas de comportamento frequentemente se intensificam até distúrbios mais graves de conduta e comportamento criminoso durante a adolescência e idade adulta. Embora o tratamento medicamentoso para o TDAH tenha mostrado trazer benefícios em muitas áreas do funcionamento individual, o impacto do tratamento no comportamento criminoso do adulto não foi cuidadosamente investigado. Essa é uma omissão importante na literatura sobre tratamento.

O “The New England Journal of Medicine” publicou recentemente um estudo excelente sobre essa questão. Como será discutido a seguir, os resultados desse estudo sugerem fortemente que o tratamento medicamentoso reduz a criminalidade em adultos com TDAH [Lichtenstein et al., (2012) Medication for Attention Deficit-Hyperactivity Disorder and Criminality, New England Journal of Medicine, 367,2006-2014]
O estudo foi feito na Suécia, onde os “data bases” que relacionam os diagnósticos psiquiátricos, as receitas para TDAH, e as sentenças criminais são a condição ideal para conduzir uma grande investigação dessa questão baseada na população.
Os autores começaram pela identificação de 25.500 indivíduos nascidos antes de 1990, que tinham um diagnóstico documentado de TDAH no “National Patient Register”; cerca de 9.000 eram do sexo feminino. Indivíduos para comparação com cada um dos participantes foram identificados na população por meio de um arquivo de dados que permitia aos pesquisadores pareá-los por idade, sexo e localização geográfica.
Para todos os participantes, condenações por atos criminosos entre 2006 e 2009 foram identificadas usando uma base de dados relativos à criminalidade nacional. Durante o período, os membros da amostra estavam na faixa de 15 a mais de 40 anos de idade.
Informações sobre o tratamento medicamentoso dos indivíduos durante esse período de três anos foi obtido usando o Registro de Medicamentos Receitados, um banco de dados nacional que inclui todas as receitas de medicamentos feitas na Suécia. Os indivíduos eram considerados como recebendo tratamento medicamentoso durante o intervalo de tempo entre duas receitas de medicamento pata o TDAH, desde que essas receitas tivessem menos de 6 meses de separação.

Por exemplo, se um indivíduo recebeu uma receita no Tempo 1 e uma segunda receita 3 meses mais tarde, no Tempo 2, o intervalo entre o Tempo 1 e o Tempo 2 era considerado um período de tratamento. Se o mesmo indivíduo não recebesse uma terceira receita até 7 meses mais tarde, o intervalo entre Tempo 2 e Tempo 3 seria considerado um período sem tratamento.
Aproximadamente 40% das mulheres e 50% dos homens com TDAH nunca receberam medicação para o TDAH entre 2006 e 2009; menos do que 5% de cada sexo foram tratados continuadamente. Os participantes restantes tiveram períodos de tratamento e sem tratamento usando a definição explicada acima.

Resultados
Questão 1 – As taxas de condenação por crime são mais altas entre adultos com TDAH comparados com os outros adultos?

A resposta a essa questão foi diretamente clara. Entre homens, 36,6% foram condenados por ao menos um crime entre 2006 e 2009, comparado com menos de 9% entre os homens sem TDAH. Entre as mulheres, as taxas correspondentes foram de 15,4% e 2,2%.
Questão 2- O tratamento medicamentoso do TDAH reduz o comportamento criminoso entre os indivíduos com TDAH?

Os pesquisadores examinaram essa questão de duas maneiras. A primeira, pela comparação das taxas de comportamento criminoso que ocorreu durante todos os períodos de tratamento e sem tratamento, para todos os participantes com TDAH. Para os homens, a análise foi baseada em cerca de 56.000 períodos. Para as mulheres, foi baseada em cerca de 23.500 períodos. Pela comparação das datas das receitas para cada indivíduo com dados de que se envolveram em comportamento criminoso, os pesquisadores determinaram se os crimes aconteceram durante os períodos com tratamento e sem tratamento. (Nota: O número de períodos de tratamento e sem tratamento é maior do que o número de participantes porque cada participante pode ter tido múltiplos períodos com e sem tratamento, dependendo da frequência com que iniciaram e interromperam a medicação).

Os resultados foram claros – durante os períodos de tratamento, a probabilidade de ser condenado por crime foi de aproximadamente 30% mais baixa para os homens e de 22% para as mulheres.
Análise intrapessoal
Uma das limitações da análise acima é que as comparações de tratamento e não tratamento foram feitas entre indivíduos diferentes. Indivíduos que consistentemente usam a medicação podem diferir em modos importantes dos que não o fazem, e essas diferenças podem explicar melhor as diferentes taxas de comportamento criminoso do que o tratamento medicamentoso.

Para corrigir essa potencial confusão, os pesquisadores adotaram uma solução inteligente de comparação de taxas de comportamento criminoso nos mesmos indivíduos durante os períodos com tratamento e sem tratamento. Assim, nessa análise, cada pessoa essencialmente servia como seu próprio controle. Com essa abordagem, se as taxas de comportamento criminoso diferem dependendo de estar ou não ocorrendo o tratamento, será mais provável que reflitam o efeito atual da medicação em vez de outras diferenças entre indivíduos que são mais ou menos disciplinados no uso da medicação.
Por esse método, as taxas de comportamento criminoso foram 32% mais baixas nos homens durante os períodos de tratamento, comparadas aos períodos sem tratamento; nas mulheres, a redução foi de 41%. Análises de acompanhamento indicaram que essas reduções se mantinham não importando se vistas de um período de tratamento para um período sem tratamento ou de modo inverso. Reduções semelhantes foram encontradas não importando o período de tratamento considerado ser o inicial ou os subsequentes.

Finalmente, os autores testaram se os achados eram específicos para a medicação para o TDAH, ou se também ocorriam para outros medicamentos psiquiátricos que os indivíduos com TDAH receberam; essa análise centrou-se no uso de inibidores seletivos da captação da serotonina (SSRIs), uma classe de medicamentos usada comumente para tratar depressão e ansiedade. Em contraste com os resultados encontrados para os medicamentos para TDAH, não havia nenhuma evidência de qualquer associação entre o tratamento com SSRIs e o comportamento criminoso em adultos com TDAH.
Questão 3 – Há um efeito de longo prazo do tratamento com medicação para o TDAH no comportamento criminoso?

As análises apresentadas acima sugerem que o comportamento criminoso é menos provável de ocorrer durante os períodos em que o tratamento medicamentoso está sendo feito. Outra questão importante é se o tratamento medicamentoso fornece algum efeito protetor de longo prazo contra o comportamento criminoso.
Para examinar essa questão, os autores testaram se o status do tratamento medicamentoso em primeiro de janeiro de 2006 – o início da janela de três anos – previa as taxas de comportamento criminoso durante 2009. Se o tratamento medicamentoso produzia efeitos protetores de longo prazo, aqueles sob tratamento nessa data de início deveriam ter taxas mais baixas  de comportamento criminoso em 2009 do que os que não estavam sob tratamento. Não houve nenhuma evidência de que fosse o caso.

Resumo e Implicações
Os resultados desse estudo fornecem forte evidência de que o tratamento medicamentoso para o TDAH reduz o risco de comportamento criminoso em adultos durante os períodos em que o tratamento está sendo feito. Entretanto, não há nenhuma evidência de que o tratamento forneça um efeito protetor de longo prazo. Isso é consistente com muitos dados da literatura sobre tratamento medicamentoso para o TDAH, isto é, qualquer benefício que apareça tipicamente não persiste significativamente além do período de tratamento.

A força desse estudo é que ele inclui uma grande e nacionalmente representativa amostra; isso fornece grande confiabilidade aos resultados que foram encontrados. Os autores também tiveram o cuidado de afastar os fatores além do tratamento medicamentoso do TDAH que pudessem explicar a redução do comportamento criminoso que era evidente durante os períodos de tratamento. Isso incluiu o uso de análise intrapessoal, testando se o grau de mudança do estado de medicação importava (ou não), e se efeitos semelhantes foram encontrados para uma classe diferente de medicação psiquiátrica (não foram).
Embora esses sejam aspectos importantes, os autores reconhecem que por não ser um estudo controlado e randomizado, todos os fatores que poderiam causar confusão não puderam ser efetivamente eliminados. Entretanto, um estudo controlado e randomizado não poderia ser conduzido porque não seria ético e seria impossível organizar grupos de adultos com TDAH para tomar ou não a medicação por um período tão extenso.

Assim, um estudo como o aqui relatado representa o melhor que alguém pode fazer.
Não foi fornecida nenhuma informação sobre o porque da redução do comportamento criminoso pela medicação. Uma explicação é que o funcionamento geral dos adultos era melhor quando tamando medicamento, e isso reduzia seu engajamento em atos criminosos. Como muitos atos criminosos resultam do comportamento impulsivo, a redução da impulsividade que a medicação provavelmente produzia também poderia ser um fator de contribuição.

Os autores notam que como seu estudo foi feito na Suécia, é necessário cuidado para assumir que achados semelhantes poderiam acontecer nos Estados Unidos ou em outro lugar. Entretanto, não há nenhuma razão particular para assumir que os resultados sejam únicos para a Suécia, pois a Suécia não parece ser diferente em taxas de TDAH ou de tratamento do TDAH.
Finalmente, deve ser notado que os autores não levam em conta se os tratamentos não medicamentosos para o TDAH poderiam ter um impacto semelhante no comportamento criminoso. Por exemplo, o tratamento com terapia cognitiva comportamental foi comprovado ser de valia para adultos com TDAH e pode trazer reduções semelhantes, ou mesmo maiores, no comportamento criminoso. E, é possível que esse tratamento poderia ter efeitos mais duradouros, pois novas habilidades são aprendidas. Essa seria uma questão importante para se examinar em pesquisa subsequente; por ora, deve-se não assumir que a medicação seja o único meio de se obter os benefícios aqui relatados.
Em resumo, os resultados sugerem que o tratamento medicamentoso para o TDAH abaixa significativamente a taxa de comportamento criminoso em adultos com o transtorno. Entretanto, não há nenhuma evidência de que o tratamento medicamentoso traga benefícios que durem além do tempo em que ele esteja sendo feito. Esses fatores são importantes para se considerar no planejamento do tratamento para adultos com TDAH, particularmente aqueles com história de comportamento antissocial. Em pesquisa futura, seria benéfico investigar se os tratamentos psicossociais podem produzir benefícios semelhantes.

Obrigado novamente por seu permanente interesse em nosso boletim. Espero que tenha gostado do artigo acima e que lhe tenha sido útil.
Sinceramente,

Dr David Rabiner, Ph.D., Research Professor, Dept. of Psychology & Neuroscience, Duke University, Durham, NC 27708

sábado, 15 de dezembro de 2012

247- TDAH e Dinheiro: Quatro Modos Inteligentes de Economizar


Os editores de ADDitude escolheram suas fontes preferidas e confiáveis da internet para ajudar adultos com TDAH a controlar as dificuldades do dia-a-dia. Pelos editores de ADDitude.

1. Pague as Contas Em Dia
É bom pagar suas contas online no site do seu banco, mas sempre há a chance de você se esquecer de assinar e pagar suas contas em tempo.

O site Paytrust.com não deixa você se esquecer: ele lhe envia um e-mail quando chega uma conta em seu site, e você pode se ligar e pagá-la. Se você se esquecer, ele lhe envia outro e-mail na véspera do último dia do pagamento.
Assim como nos bancos, você pode programar pagamentos parcelados, mas o Paytrust também permite que você pague por coisas que não têm um dia certo de vencimento, como a babá e o serviço de limpeza.

2. Mantenha-se no Orçamento
Softwares de orçamento podem mantê-lo longe do desastre financeiro.

Diferentemente dos softwares de gerenciamento do dinheiro – que listam seus gastos e o saldo de suas contas depois que você gastou seu salário em, digamos, um smartfone – os softwares de orçamento distribuem seu dinheiro em envelopes virtuais para que você possa ver imediatamente quanto pode gastar em cada categoria.
Quando você paga uma conta ou compra alguma coisa, a quantia é subtraída de um dos seus envelopes (transações parceladas são possíveis), e tudo é atualizado para mostrar o seu saldo em cada categoria. Muito melhor do que ficar abrindo envelopes reais e torcendo para que haja ainda algum dinheiro dentro, certo?

3. Economize Com os Descontos
Se lembrar-se de comprar cada item da sua lista de compras é um desafio, achar os itens que também estão em promoção pode ser impossível. Thegrocerygame.com lhe ajudará.

No The Grocery  Game, você terá listas semanais dos itens com os menores preços no seu supermercado, assim como os cupons dos fabricantes e as ofertas semanais que podem não ter sido anunciadas.
4. Compre de Inteligentemente

Trabalho de casa, consultas médicas, aulas de artes marciais – criar um filho com TDAH é trabalho de 24 horas, sete dias por semana. Quem tem tempo – ou energia – para fazer compras? Você, se ligar-se em pricegrabber.com
Escreva o item que você está procurando – tênis de corrida ou uma câmera digital – e o site encontrará o menor preço online. Você economizará dinheiro e evitará taxas de venda, além de ter mais tempo para dedicar-se ao seu filho.

Nota do Tradutor: No Brasil, você poderá encontrar alguns sites equivalentes aos citados na revista americana.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

246- Nove Maneiras Pelas Quais o TDA/TDAH Afeta os Relacionamentos


Muitos relacionamentos TDA/TDAH são afetados por padrões semelhantes, especialmente quando o transtorno não está sendo bem conduzido. Quando você reconhecer esses padrões, você poderá mudá-los.
Áreas para o parceiro TDA/TDAH trabalhar
1- Namoro Hiperfoco.
O maior choque nos relacionamentos TDA/TDAH acontece com a transição da fase de namoro para o casamento. Tipicamente, uma pessoa com TDA/TDAH hiperfocaliza em seu parceiro nos primeiros estágios do relacionamento. Ele a faz sentir-se o centro do universo. Quando o hiperfoco acaba, o relacionamento muda dramaticamente. O parceiro não TDA/TDAH toma isso como sua culpa. Meu marido parou de hiperfocalizar em mim no dia em que chegamos em casa vindos da lua de mel. De repente, ele tinha sumido – de volta para o trabalho, de volta para sua vida normal. Eu fui deixada para trás. Depois de seis meses de casamento, eu me perguntava se tinha me casado com o homem certo. O parceiro não TDA/TDAH precisa lembrar-se de que a desatenção não é intencional, e encontrar um jeito de perdoar seu companheiro, Sentir-se ignorada é doloroso. Corrija o problema de cara, estabelecendo maneiras de melhorar sua conexão e intimidade, e permitindo-se lamentar a dor que o choque do hiperfoco causou em vocês dois.

2- Andando Em Cima De Ovos.
Brigas, raiva e comportamento rude geralmente acompanham os sintomas do TDA/TDAH não tratado. Um homem com TDA/TDAH não tratado descreveu-o para mim como “ter de adivinhar a resposta de minha parceira a cada coisa que eu faça. Vivo minha vida tentando acolhe-la, porque quero agradá-la, mas na maior parte do tempo ela está simplesmente furiosa”. Mudança de comportamento em ambos os parceiros é crucial para melhorar um relacionamento. Não assuma que a raiva ou a frustração em cada parceiro seja parte do TDA/TDAH. Há boas chances de que vocês possam manter essas coisas sob controle.

3- Acreditar Que o TDA/TDAH Não Tenha Importância.
Alguns casais não acreditam que o TDA/TDAH seja um fator em seu relacionamento. Eles dizem, “Não preciso de tratamento! Gosto de mim do jeito que sou. Você é que não gosta de mim, e tem problemas com seus relacionamentos”. Meu marido negava tudo. A boa notícia para nós foi que, um mês e pouco depois do diagnóstico, ele decidiu que não tinha muito a perder se fizesse um tratamento. Ele descobriu que o tratamento fez uma enorme diferença.

Então, eis aqui o meu conselho para todos os casais que são céticos: Se você não acredita que o transtorno prejudica seu relacionamento, admita que ele prejudique e faça uma avaliação e um tratamento correto. Isso poderá salvar seu relacionamento.
Áreas para o parceiro não TDA/TDAH trabalhar
4- Confundindo os Sintomas.
Você e seu par provavelmente confundem os motivos um do outro e as ações porque vocês pensam que entendem um ao outro. Por exemplo, um parceiro com TDA/TDAH não diagnosticado pode ser distraído, prestando pouca atenção naqueles a quem ama. Isso pode ser interpretado como “ele não se importa” em vez de “ele é distraído”. A resposta á primeira interpretação é sentir-se magoada. A resposta à segunda interpretação é “dar um tempo para cada um”. Tentar saber as suas  diferenças, no contexto do TDA/TDAH, pode esclarecer os mal-entendidos.
5- Guerra Das Tarefas.
Ter um parceiro com TDA/TDAH geralmente resulta em que o parceiro não TDAH assuma quase todo o trabalho de casa. Se a desigual carga de trabalho não for corrigida, o parceiro não TDAH vai ficar ressentido. Trabalhar mais não é a resposta. Os parceiros TDA/TDAH precisam tentar de outro jeito, se estiverem querendo ter sucesso – e os parceiros não TDAH precisam aceitar as maneiras não ortodoxas dos seus companheiros. Deixar roupas limpas na secadora, para que possam ser facilmente achadas na manhã seguinte, pode parecer estranho, mas pode funcionar para o parceiro TDA/TDAH. Ambos os parceiros se beneficiam quando o parceiro não TDA/TDAH admite que sua maneira de fazer as coisas não funciona para o outro.
6- Respostas Impulsivas.

Os sintomas do TDA/TDAH sozinhos não são destruidores de um relacionamento; a resposta de um parceiro aos sintomas, e a reação que ela evoca, sim. Você pode responder ao hábito impulsivo de um parceiro falando coisas por se sentir desrespeitado e revidar. Ou você pode responder mudando seu padrão de diálogo para tornar mais fácil a participação do parceiro TDA/TDAH. Algumas das maneiras de fazer isso incluem falar sentenças curtas e fazer seu parceiro tomar notas para retomar uma ideia mais tarde. Casais que são conscientes desse padrão podem escolher respostas produtivas.
7- Pragueje Agora, Pague Depois.
Se você tem um parceiro TDA/TDAH, provavelmente você falará mal dele. A melhor razão para não fazer isso é que não funciona. Como os problemas do parceiro TDA/TDAH são a distração e os sintomas não tratados, não a sua motivação, praguejar não o ajudará a fazer as coisas. Fará com que o parceiro TDA/TDAH se retraia, aumentando os sentimentos de solidão e de separação, e reforçará a vergonha que ele sente depois de anos de não preencher as expectativas das pessoas. Fazer um parceiro tratar os sintomas do TDA/TDAH, e parar quando perceber que você está praguejando, quebrará esse padrão.

Depende de Vocês Dois
8- O Jogo de Culpar.
Parece o nome de um show de TV. “Por 40 pontos: Quem não retirou o lixo nesta semana?” Não é nenhum jogo. O Jogo de Culpar é corrosivo para o relacionamento. Acontece quando o parceiro não TDAH culpa a falta de confiabilidade do parceiro TDA/TDAH pelos problemas do relacionamento, e o parceiro TDA/TDAH culpa o não TDAH pela raiva – “Se ela se acalmasse tudo ficaria bem!”
Aceitar a validade das queixas do outro parceiro rapidamente alivia um pouco da pressão. Separar sua parceira do comportamento dela permite que o casal ataque o problema, não o indivíduo, pela frente.
9- A Dinâmica Pai-Filho.
O padrão mais destrutivo em um relacionamento TDA/TDAH é quando um parceiro se torna a figura do “pai” responsável e o outro da “criança” irresponsável. Isso é causado pela inconsistência inerente ao TDA/TDAH não tratado. Como o parceiro TDA/TDAH não pode ser confiável, o parceiro não TDAH assume o controle, resultando em raiva e frustração em ambos os parceiros. Fazer o papel de pai de um parceiro nunca é bom. Você pode mudar esse padrão usando estratégias de apoio para o TDA/TDAH, tais como sistemas de lembretes e tratamento medicamentoso. Isso ajuda o parceiro TDA/TDAH a se tornar mais confiável e a ter de volta seu status de “parceiro”.

Extraído de The ADHD Effect on Marriage, por Melissa Orlov

245- Quando os Sintomas do TDAH Adulto Atravessam o Caminho: Problemas de Relacionamento e Soluções.


Quando os Sintomas do TDAH Adulto Atravessam o Caminho: Problemas de Relacionamento e Soluções. Por Melissa Orlov.
A especialista em casamento TDAH explica as 9 maneiras pelas quais os sintomas podem causar problemas no namoro e no casamento – e oferece conselhos sobre como os casais podem lidar com os sintomas e os tratamentos do TDAH adulto.

Relacionamentos nos quais um ou ambos os parceiros tenham TDA/TDAH variam de grande sucesso a estrondoso fracasso. Os sintomas do prejuízo na amizade ou companheirismo causados pelo TDA/TDAH podem trazer “o pior dos tempos”. Dor e raiva abundam. O casal mal pode falar um com o outro sobre os problemas que atingem o relacionamento. Quando conseguem falar, raramente concordam. Ficam frustrados por ter chegado e esse ponto, e desapontados por não terem feito as coisas de um jeito melhor.
Se o seu companheiro tem TDA/TDAH, você pode se sentir ignorada e solitária. Seu parceiro pode prestar atenção nas coisas de interesse dele, mas não em você. Ele parece nunca fazer o que foi combinado. Ele pode parecer agir como uma criança em vez de um adulto. Você o culpa e começa a não gostar de si mesma. Vocês dois ou brigam ou discutem. Pior de tudo, você fica estressada por ter de assumir todas as responsabilidades da casa, enquanto seu parceiro tem toda a diversão.

Se você tem TDA/TDAH, você pode sentir que seu parceiro se transformou num monstro irritante. A pessoa que você ama se tornou um maluco controlador, tentando cuidar dos detalhes de sua vida. Não importa o quanto você se esforce, você não consegue preencher as expectativas do seu parceiro. A maneira mais fácil de lidar com ele é deixá-lo só.
Se essa descrição lhe parece familiar, seu relacionamento sofre do que eu chamo de efeito do TDA/TDAH. Os sintomas do TDA/TDAH – e as respostas que vocês ambos têm a ele – destruíram seu companheirismo. A boa notícia é que o entendimento do papel que o TDA/TDAH tem no seu relacionamento pode mudar tudo. Quando você aprende a identificar as mudanças que o TDA/TDAH traz aos relacionamentos, e os passos que você pode dar para corrigi-las, você pode reconstruir sua vida. Foi exatamente isso que eu e o meu parceiro fizemos.

Sinais de Que o TDA/TDAH Não Diagnosticado Está Causando                       Problemas de Relacionamento.
Não sabíamos que meu companheiro tinha TDA/TDAH. Eu me apaixonei por ele por causa do seu brilho, de sua inteligência aguda e da sua disposição para a aventura. Sua atenção intensa em mim foi surpreendente e prazerosa. Ele era caloroso e atencioso. Quando passei mal em nosso primeiro encontro, ele ajeitou um cobertor para mim no sofá e fez um chá quente. Fiquei encantada.

Pouco tempo depois de nos casarmos, nosso relacionamento começou a se arruinar. Eu não podia entender como alguém que tinha sido tão atencioso podia ignorar minhas necessidades, ou ser tão “consistentemente inconsistente” para ajudar em casa. Ele estava igualmente confuso e desconfortável. Como podia uma mulher que ele havia desposado, que parecia tão atraente e otimista, transformar-se em um dragão soltando fogo pelas ventas que não podia dar um folga a ele e não deixá-lo sozinho?
Após dez anos pensamos em nos divorciar. Estávamos com raiva, frustrados, desconectados e infelizes. Eu estava clinicamente deprimida. Ficávamos juntos somente por nossa vontade de criar bem nossos filhos e por um sentimento, lá dentro, de que devíamos ser capazes de fazer o melhor. Nessa época, nossa filha, com 9 anos, foi diagnosticada como portadora de TDA/TDAH e uma dificuldade de aprendizagem. Ao mesmo tempo, meu marido também foi diagnosticado como portador de TDA/TDAH.

Aprendendo a Tratar e Controlar o TDA/TDAH Para Evitar os Problemas de Relacionamento.
Descobrir que um ou ambos os parceiros têm TDA/TDAH é só o começo. A medicação é um modo eficiente de começar o tratamento, mas as mudanças de comportamento precisam ser feitas. O que você faz após começar o tratamento é crucial para seu relacionamento.

Se a incapacidade de dar andamento às tarefas o torna não confiável aos olhos do seu parceiro, use o sistema de lembretes do seu smartfone ou outro plano de organização para ter as tarefas terminadas. Treinamento e terapia cognitiva comportamental também podem ajudar.
Entenda que tais mudanças devem ser voluntárias. Não importa quanto um parceiro não TDAH queira, ele não pode forçar o outro a tornar-se organizado e mais atento. Ambos precisam mudar. Geralmente, um parceiro TDA/TDAH adota um sistema que funciona bem para ele, mas que parece ineficaz ou estranho para seu parceiro não TDAH. Suas críticas e sugestões sobre o modo de fazê-lo acabam por desmoralizá-lo. Eu e meu marido aprendemos isso do modo mais difícil, principalmente à custa dele, porque eu continuei tentando forçá-lo a fazer as coisa de um jeito diferente. Quanto mais eu insistia, mais ele resistia, e o relacionamento se tornava pior. Parece familiar?

Redescobrir o romance e a alegria em seu relacionamento, de novo, após anos de sofrimento é uma jornada. Cada parceiro trabalha para mudar as alterações que o TDA/TDAH introduziu em suas vidas. Eles trabalham em sistemas e tratamentos para gerenciar os sintomas do TDA/TDAH. E, um dia, cada um verá que coisas boas sobre seu parceiro será o que mais aparecerá.
As recompensas valem a pena. Meu marido e eu saímos do descontrole para a felicidade. Prosperamos em nossas carreiras e nosso relacionamento está mais forte agora do que nunca. Os sintomas de TDA/TDAH do meu marido estão sob controle e eu entendo e louvo o esforço que ele faz. Reconhecemos e aceitamos – e damos risadas – as nossas falhas, e nos alegramos com as virtudes de cada um de nós.

Você também pode fazer isso. Você pode deixar para trás a infelicidade e criar algo melhor, se reconhecer como o TDA/TDAH afeta seu relacionamento e se fizer os ajustes em suas atitudes e comportamentos.
ADDitude

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

244- TDAH Adulto - Hiperfoco ao fazer amor?


Como manter a minha mente TDAH envolvida com o romance na cama, quando milhões de pensamentos se entremeiam? Posso aprender a hiperfocalizar no ato de fazer amor para melhorar minha vida sexual? Se for assim, o que você sugere? Por Melissa Orlov

Em primeiro lugar, conte ao seu parceiro que ser desatento é um sintoma do TDAH e não o reflexo do seu desejo sexual. Em segundo lugar, entenda que a maioria das pessoas com TDAH não consegue entrar em hiperfoco de uma hora para outra.
As estratégias seguintes, entretanto, poderão ajudar os adultos com TDAH a melhorar sua vida sexual:

Fale com seu médico sobre as medicações para TDAH que têm efeito curto. Tomar essas medicações meia hora antes de ir fazer sexo poderá “acalmar” seu cérebro por quatro horas.

Comece as carícias preliminares antes de ir para o quarto, enviando a seu parceiro notas românticas e e-mails provocantes, mandando-lhe flores, e tomando um banho de chuveiro juntos. Essas atividades estimulantes poderão focalizar sua mente quando finalmente vocês se unirem.

Ponha música suave para tocar, para relaxar sua mente veloz.

Varie suas formas de fazer sexo, para que isso não se torne uma rotina. Tente novas posições e faça amor em novos ambientes. Utilizar jogos sexuais e apetrechos sexuais também poderá estimular seu interesse no romance.

Se for possível, exercite-se antes. Muitos estudos mostram que a atividade física aeróbica ajuda a focalizar o cérebro. (Lembre-se de tomar um banho e de se refrescar antes de pular na cama!)

Avante!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

243- Você tem TDAH Adulto – Eis Aqui a Ajuda!



Acabou de receber o diagnóstico de TDA do adulto? Eis aqui os próximos passos para obter ajuda e tratamento para o TDAH. Por Maureen Connolly.

As pesquisas mostram que o transtorno de déficit de atenção do adulto é tratado com sucesso por uma combinação de medicamento e terapia comportamental. Porém, nem todos os adultos diagnosticados com o déficit de atenção aceitam ajuda e procuram tratamento. Muitos veem seus traços relacionados ao TDA, de criatividade, capacidade de multitarefa e energia empreendedora, como apropriados ao que eles são e ligados ao seu sucesso na vida.

“As pessoas acham que o tratamento do TDAH mudará seu modo de trabalhar e como os outros as veem – e têm medo das mudanças que poderão acontecer consigo mesmas”, diz Dr. David Fassler, professor associado de psicologia clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de Vermont, em Burlington, USA.

Como nos contou o fundador da companhia Jet Blue Airways e pensador livre David Neeleman, em nossa última edição de ADDitude, “Se alguém me dissesse que eu poderia ser normal ou continuar a ter meu TDA adulto, eu preferiria continuar com o TDA.”

Assim como aconteceu para milhares de americanos que vivenciaram esta situação neste anos, um diagnóstico de TDA no adulto raramente chega como uma completa surpresa, e geralmente traz um misto de emoções. Misto, porque muitos sabem que o TDA não é só problemas. Chamada de “condição maravilhosa” pelo especialista Dr. Ned Hallowell, ele próprio portador de TDA, ela produz pensadores originais, criativos, cheios de energia, alguns dos quais são grandes empreendedores dos nossos dias.
(Nota do tradutor: Dr Russel Barkley diz que isso não é por causa do TDAH, e sim porque eles são portadores de inteligência muito acima da média. Para ele, Dr. Barkley, o TDAH não é uma benção, mas uma sina. Dr. Menegucci)

Ao mesmo tempo, muitos adultos com TDA sabem que terão mais dificuldades do que os outros com organização, foco e produtividade. “Tanto quanto posso me lembrar, sempre me senti fora de compasso com a sociedade”, diz Debora Brooks, de 48 anos, consultora de negócios em Portland e mãe de três filhos, que foi diagnosticada em fevereiro de 2004. “Eu não sabia que havia um nome para isso”.

Os que são diagnosticados geralmente sentem um alívio por saber por que são o que são, mas isso pode ser manchado pelo remorso pelas lutas passadas, e pelo que poderia ter sido se eles tivessem sido diagnosticados mais cedo em suas vidas.

“Amo meus pais”, diz Thomas Snodgrass, de 23 anos, de Forest Hill, Maryland, que foi diagnosticado com TDAH em 2004. “Mas fiquei indignado por eles não terem visto os sinais do meu TDAH quando eu era criança”.

Hoje, ele se lembra dos anos escolares cheios de angústia por causa de sua incapacidade de prestar atenção. “Eu ficava na classe mais avançada, mas tinha as notas mais baixas”, diz. Os professores lhe diziam repetidas vezes que ele não estava utilizando todo o seu potencial.

De fato, é o diagnóstico de uma criança que geralmente leva um pai a ser testado para o TDAH. Um pai pode ver seu filho amado, ou filha, a ter dificuldades na escola de um jeito que lhe faz lembrar-se dos próprios anos escolares. Se o seu filho for diagnosticado com TDA, o pai saberá provavelmente que o transtorno é hereditário, com 40% de probabilidade de que um ou os dois pais também tenha o TDA. Sua própria dificuldade com a atenção, organização e esquecimentos poderá leva-lo ao desejo de ser avaliado também.

Outros adultos recentemente diagnosticados dom TDA podem estar carregando um peso ainda maior. “A pesquisa mostra que adultos com TDAH são mais susceptíveis do que adultos sem TDAH a ter repetições de anos escolares, a ganhar menos dinheiro, a fumar, e a depender de álcool e de drogas”, diz o Dr. Lenard Adler, professor associado de psiquiatria e neurologia e diretor do programa TDAH adulto da Universidade de Nova Iorque. De fato, um diagnóstico de TDAH adulto às vezes ocorre quando uma pessoa está fazendo avaliação psicológica para determinar as causas de uma depressão continuada, um casamento fracassado ou problemas no trabalho.

Mesmo se não há áreas com grandes problemas em sua vida, um diagnóstico de TDAH pode tirar o equilíbrio de um adulto, porque a condição na vida adulta ainda é pouco conhecida. Especialistas estimam que cerca de 80% dos adultos com o transtorno – cerca de 5 milhões de pessoas – não foram oficialmente diagnosticados, principalmente porque o TDAH não era visto como uma condição que persiste na vida adulta até 20 anos atrás. “Os médicos costumavam pensar que o TDAH afetasse somente crianças”, explica Dr. Adler. “Mas agora sabemos que, embora a hiperatividade desapareça, os sintomas de desatenção e impulsividade continuam pela vida adulta”.

Diz Debra Brooks: “Embora meu diagnóstico fizesse sentido, eu não podia ou não queria acreditar nele. Perguntava a todo mundo – meu marido, meus filhos e amigos – se eles achavam que eu tinha TDAH. Todos eles diziam que sim. Ficava assustada sabendo que todos tinha alguma suspeita a meu respeito”.

ADDitude, fevereiro/março 2005

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

242- TDAH - Tratar a escola, a criança, o médico ou a sociedade?


A que ponto chegamos. Que o TDAH é real, não resta a menor dúvida científica. Que o tratamento medicamentoso pode mudar a vida dos portadores, é outra evidência científica, mais que comprovada. O papel da escola é fundamental no sucesso ou fracasso dos portadores de TDAH. Para ajudar nas notas, nos Estados Unidos, médicos dão remédio para quem não tem déficit de atenção. E a escola, quando, afinal, vamos tratar dela? (Dr. Menegucci)

Canton, Geórgia, USA – Quando o Dr. Michael Anderson fica sabendo de pacientes de baixa renda sofrendo no ensino fundamental, ele costuma lhes dar um remédio poderoso: Adderall.

A medicação estimula a concentração e o controle de impulso em crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Embora TDAH seja o diagnóstico invocado por Anderson, ele considera o transtorno uma 'invenção' e 'uma desculpa' para prescrever o remédio para tratar o que considera ser a verdadeira doença da criança: baixo desempenho acadêmico em escolas inadequadas.
'Não me resta muita escolha', disse Anderson, pediatra de muitas famílias pobres no condado de Cherokee, a norte de Atlanta, durante entrevista. 'Enquanto sociedade, nós decidimos que é caro demais modificar o ambiente da criança. Assim, temos de modificar a criança.'

Anderson é um dos defensores mais desembaraçados de uma ideia a ganhar interesse entre alguns médicos. Eles prescrevem estimulantes para alunos problemáticos em escolas sem recursos extras, não para necessariamente tratar do TDAH e, sim, incentivar o desempenho escolar.

Ainda não está claro se Anderson representa uma tendência ampla. Porém, especialistas observam que enquanto alunos endinheirados abusam de estimulantes para aumentar notas boas em faculdades e no ensino médio, as medicações são empregadas em alunos de baixa renda da escola primária com notas sofríveis e pais interessados em ver seu progresso.

'Enquanto sociedade, nós não estamos dispostos a investir em intervenções não farmacêuticas eficientes para essas crianças e suas famílias', disse Ramesh Raghavan, pesquisador de serviços de saúde mental infantil na Universidade Washington em St. Louis, Missouri, e especialista em prescrição de remédios para crianças de baixa renda. 'Com efeito, estamos forçando os psiquiatras de pequenas comunidades a empregar a única ferramenta à sua disposição, ou seja, a medicação psicotrópica.

A Dra. Nancy Rappaport, psiquiatra infantil de Cambridge, Massachusetts, que trabalha principalmente com crianças de baixa renda e suas escolas, acrescentou: 'Isso está se tornando cada vez mais comum. Estamos usando camisas de força químicas em vez de investir em coisas igualmente importantes e, por vezes, mais'.

Segundo Anderson, seu instinto é o do 'pensador da justiça social' que está 'igualando um pouco os pratos da balança'. De acordo com ele, as crianças que vê com problemas acadêmicos estão em 'divergência com o ambiente' – são pinos quadrados tentando entrar nos buracos redondos da educação pública. Para Anderson, como as famílias raramente podem pagar por terapias baseadas em comportamento, como aulas particulares e orientação familiar, a medicação se torna a maneira mais segura e pragmática para redirecionar o estudante rumo ao sucesso.

'Eu não dou para quem tira nota alta', ele explicou. Para alguns pais, o remédio propicia um grande conforto. Jacqueline Williams afirmou não ter como agradecer Anderson o bastante por diagnosticar o TDAH nos filhos – Eric, 15 anos, Chekiara, 14, e Shamya, 11 – e prescrever Concerta, estimulante de ação prolongada, para todos. Segundo a mãe, todos eles tinham problemas para ouvir as instruções e se concentrar na lição de casa.

'Meus filhos não querem tomar, mas eu explico quais são as notas com e sem o remédio, e eles entendem', declarou Williams, salientando que o plano de saúde cobre quase todos os custos com o médico e a medicação.

Especialistas veem poucos problemas num médico responsável utilizar Ritalina ou assemelhados para ajudar um aluno com dificuldades. Outros – até mesmo entre os muitos como Rappaport que elogiam o uso de estimulantes como tratamento para o TDAH clássico – temem que os médicos estejam expondo as crianças a riscos físicos e psicológicos injustificados. Entre os efeitos colaterais relatados da medicação estão supressão do crescimento, aumento da pressão sanguínea e, em casos raros, episódios psicóticos.

De acordo com diretrizes publicadas ano passado pela Academia Americana de Pediatria, os médicos devem empregar uma entre as várias escalas de classificação de comportamento, algumas das quais contam com dezenas de categorias, para garantir que a criança não apenas se adéqua aos critérios do TDAH como também não tem problemas relacionados, como dislexia ou transtorno desafiador opositivo, no qual uma raiva intensa é direcionada contra autoridades. Contudo, um estudo, de 2010, do 'Journal of Attention Disorders' sugeriu que pelo menos 20 por cento dos médicos afirmaram não seguir esse protocolo ao produzir o diagnóstico de TDAH e muitos deles seguem os instintos.

No balcão da cozinha da família Rocafort, em Ball Ground, Geórgia, ao lado do creme de amendoim e da canja de galinha, existe uma cesta de arame lotada com frascos dos remédios dos filhos receitados por Anderson: Adderall para Alexis, 12 anos, e Ethan, nove, Risperdal (antipsicótico para estabilização do humor) para Quintn e Perry, ambos com 11, e Clonidine (auxiliar do sono para neutralizar os outros remédios) para os quatro, tomado à noite.

Quintn começou a tomar Adderall para TDAH há quase cinco anos, quando o comportamento contestador levou a convocações dos pais e a suspensões. Ele se aquietou de imediato e se tornou um aluno mais atento e sério; um pouquinho como Perry, que também ingeriu Adderall para TDAH.
Quando teve início o turbilhão químico da puberdade, ao redor dos dez anos, Quintn começou a brigar na escola porque, afirmava, outras crianças ofendiam a mãe. Contudo, não era esse o caso; ele estava vendo pessoas e ouvindo vozes irreais, um raro, mas conhecido efeito colateral do Adderall. Depois de Quintn admitir intenções suicidas, Anderson prescreveu uma semana num hospital psiquiátrico local e a adoção de Risperdal.

Enquanto narravam a história, os pais convocaram Quintn à cozinha e lhe pediram para explicar por que tomava Adderall.
'Para ajudar a me concentrar na escola, na lição de casa, a ouvir mamãe e papai e não deixar meus professores loucos de raiva, como antes', contou o menino. Ele descreveu a semana no hospital e os efeitos do Risperdal: 'Se não tomasse meu remédio, eu me comportaria mal. Eu não respeitaria meus pais, não seria como agora'.

Apesar da experiência de Quintn com Adderall, os pais decidiram utilizá-lo com a filha, Alexis, e o filho, Ethan. Eles não têm TDAH, afirmam os pais. O Adderall é utilizado apenas para ajudar em suas notas e por que Alexis era, segundo as palavras do pai, 'meio cheia de onda'.

'Nós vimos os dois lados do espectro, o positivo e o negativo', afirmou Rocky Rocafort, o pai. Reconhecendo que o uso de Adderall por Alexis é 'cosmético', ele acrescentou: 'Se eles estão se sentindo bem, felizes, se relacionam melhor e o remédio os está ajudando, por que não dar? Por que não?'

Anderson afirmou que todos os pacientes tratados com medicação para TDAH se encaixam na qualificação. Entretanto, ele também criticou os critérios, dizendo terem sido codificados para 'tornar objetivo algo completamente subjetivo'. Ainda segundo o médico, o relatório do professor quase sempre cita comportamentos justificando o diagnóstico, decisão para ele mais econômica do que médica.

'A escola disse acatar outras ideias se fosse possível', disse Anderson. 'Porém, as outras ideias exigem mais dinheiro e recursos do que a medicação. '

Anderson citou a escola primária William G. Hasty, em Canton, como uma com a qual costuma trabalhar. Izell McGruder, diretor da escola, não retornou vários recados pedindo comentários.

Diversos educadores contatados para esta reportagem consideravam o assunto do TDAH muito polêmico – o diagnóstico podia ser errôneo, mas para muitas crianças é uma deficiência séria de aprendizado – e preferiram não tecer comentários. O superintendente de uma grande delegacia de ensino na Califórnia, falando sob a condição de anonimato, observou que os casos de TDAH subiram abruptamente com a queda das verbas escolares.

'É assustador pensar que terminamos assim, e como o fato de não dedicar verba suficiente à educação pública para atender as necessidades de todas as crianças terminou nisto', afirmou o superintendente, referindo-se ao emprego de estimulantes em crianças sem o TDAH clássico.

'Eu não sei não, mas poderia estar ocorrendo aqui, talvez em consequência do fato de um médico ver uma criança fracassando numa sala superlotada, com outros 42 estudantes, e os pais frustrados perguntando como poderiam ajudar. O médico afirma: 'Talvez seja TDAH, vamos tentar por aí'.

The New York Times News Service

241- TDAH na Mulher - "Velha Destrambelhada"



Diagnóstico tardio é dureza. Muitas mulheres com TDAH nem sabem que são portadoras até atingir seus 30 ou 40 anos. Mas nunca é muito tarde para uma vida bem aproveitada. Zoe Kessler, uma adulta com TDAH, por exemplo, está tirando proveito de sua vida após o diagnóstico.

“Antes do meu recente diagnóstico, o déficit de atenção fazia eu me sentir insegura e inepta. Mas, finalmente me descobri – estou vivendo a vida adulta do jeito certo.” Por Zoe Kessler

Ser diagnosticada com TDAH aos 47 anos significa ter um monte de coisas para corrigir. Recentemente, tentei me colocar no papel de garota crescida, quando sai para comprar minha primeira casa própria que não vinha com cavalinhos de miniatura nem com Barbies de cabelos cheios de bobs.
Estar repentinamente em meio à terra estranha do mundo da corretagem me deixou um pouco insegura. Viver com o TDAH não diagnosticado me treinou para me sentir inepta. Em situações importantes, nunca esperei que me levassem a sério. Sempre tinha medo de que todos ficassem me criticando pelas costas.

O medo estava todo na minha mente. O advogado e o corretor ficaram admirados com as perguntas que eu fiz. Finalmente, aqui estavam pessoas que não achavam incomodativo meu excesso de perguntas. Embora tivesse encontrado a casa dos meus sonhos, pedi conselhos ao meu corretor e visitei várias outras casas para me certificar. Isso não é pouca coisa para alguém com impulsividade.

O corretor disse, “Quase ninguém procura o suficiente antes de comprar”.

Surpresa de me sentir tão bem no papel de gente grande, tentei minimizar o cumprimento do meu corretor dizendo, “Isso é porque eles têm mais dinheiro do que eu para gastar”. Agora percebo que eu estava tão desconfortável com o elogio que diminui seu cumprimento.

Não vou fazer isso outra vez. É bom ter um jeito que costumava criar exasperação transformado em uma luz positiva.

Ainda é difícil me sentir como uma adulta já formada porque estou fazendo tantas coisas pela primeira vez em minha vida. Mas me sinto bem porque as estou fazendo direito.

Este artigo foi publicado no número de inverno/2012 de ADDitude

domingo, 18 de novembro de 2012

240- Mulheres e Meninas TDAH - A Desvantagem do Sexo (Parte II)


Por Maureen Connolly

Outra razão porque as meninas ficam sem diagnóstico por tanto tempo tem a ver com o modo diferente como cada sexo enfrenta a escola. A Dra. Quinn dá um exemplo: “Um menino e uma menina com TDAH recebem um trabalho de longo prazo. Cada um deixa o trabalho por fazer durante semanas. Então, na noite anterior à entrega do trabalho, cada um se lembra do prazo. Em vez de tentar fazer o trabalho, o menino resolve assistir vários episódios de um seriado na TV. Por sua vez, a menina se apavora e tenta fazer um trabalho perfeito durante a noite. (Perfeccionismo é outro comportamento comum nas meninas com TDAH). Ela pede a ajuda de sua mãe e ficam acordadas até a madrugada para terminar a tarefa. Quando ela entrega o trabalho pela manhã, a professora não tem nenhuma pista de que ele foi feito no último minuto.”
As meninas parecem ser levadas a fazer sua tarefa escolar porque nossa cultura as encoraja a serem socialmente mais conscientes.
Elas querem agradar mais do que os meninos, e se espera que elas sejam bem sucedidas na escola.
Como as notas desde o jardim de infância até o nono ano não são tão desafiadoras quanto as dos graus superiores, uma menina com TDAH não diagnosticado pode se sair bem na escola elementar – e então fracassar. “Na escola média e no colegial, as exigências sobre a atenção são maiores para os alunos, de modo que ela não consegue sucesso trabalhando com 50% de eficiência”, diz o doutor Andrew Adesman, diretor da divisão de transtornos do comportamento e do desenvolvimento do Schider´s Children´s Hospital, em New Hyde Park, Nova Iorque, e membro do National Board de diretores do CHADD. “E porque as crianças no ensino fundamental e médio frequentemente mudam de classes, os professores não têm tempo para conhecê-las e para identificar problemas.”

Algumas meninas também compensam o problema por meio do desenvolvimento de estratégias que mascaram seu TDAH. Como foi mencionado anteriormente, pode ser o perfeccionismo. Por exemplo, uma menina pode gastar horas tomando notas em cada capítulo que será testada ou para obter uma boa nota. Ou pode tornar-se obsessivo-compulsiva, checando e revendo seu material para ter certeza que tem tudo o que precisa.
As diferenças de sexo no TDAH também se mostram em classe. A pesquisa revela que as meninas com TDAH podem ser rejeitadas mais frequentemente por suas colegas do que os meninos. A razão é que, comparadas aos meninos, as amizades das meninas requerem maior sofisticação e maior manutenção. “Dois meninos podem se encontrar no pátio e começar a cavar um buraco até a China com suas pás, e em instantes são amigos. A amizade entre as meninas é mais complexa, mesmo nas idades mais baixas. Ela exige afetividade e a percepção das dicas sociais”, diz a Dra. Quinn.

Com tendências à impulsividade, hiperatividade e esquecimentos, pode ser difícil ficar de boca fechada, não interromper constantemente, ou lembrar-se do aniversário do melhor amigo. E quando todos no grupo estão admirando os brincos novos da Jéssica e a menina com TDAH fala alguma coisa totalmente sem nexo, as outras meninas olham para ela e se perguntam de onde que ela vem. Esse tipo de dificuldade social torna difícil para uma menina sentir-se bem consigo mesma e manter relacionamentos.
Infelizmente, esses sinais geralmente não são suficientes para suspeitar de TDAH. No caso de Danielle Cardali, de 14 anos de idade, de North Babylon, Nova Iorque, foram necessárias duas avaliações até que sua professora e seus pais percebessem por que suas notas eram tão baixas. Sendo classificada com TDAH na quarta série, ela foi submetida a reforço em sala de recursos por 45 minutos por dia, com uma professora somente para ela. Mas a melhora real somente aconteceu na sétima série, quando ela foi medicada com Strattera e Concerta. “Depois do primeiro trimestre com a medicação, eu consegui notas C altas e B baixas”, diz Cardali. “Parecia ter um melhor entendimento do que acontecia em classe”.

Em alguns casos, um pai tropeçará no TDAH depois que uma dificuldade de aprendizado for descoberta. (Eles frequentemente coexistem, daí ser importante quando avaliar um deles, avaliar também o outro.) Esse foi o caso com Allison Isidore, de 7 anos, de Montclair, Nova Iorque. Sua mãe, Liz Birge, teve a oportunidade de ver sua filha em atividade na sala de aula por 45 minutos, uma vez por semana, quando ela se ofereceu voluntariamente para ajudar em treinamento de escrita. Liz descobriu que sua filha estava apresentando muita dificuldade para ligar os sons às letras e que não tinha nenhum interesse em tentar escrever. Testes revelaram que Allison tinha uma dificuldade de aprendizagem e TDAH.
Obtendo Ajuda
Se os pais suspeitam que sua filha tenha TDAH (ou uma dificuldade de aprendizagem), as doutoras Quinn e Wigal aconselham a não esperar, mesmo se os professores não tenha se preocupado. Como dito anteriormente, os professores geralmente procuram hiperatividade, desorganização ou esquecimentos como os sinais do TDAH, antes de recomendar uma avaliação. Mas, o modo como o TDAH geralmente se manifesta nas meninas – falar excessivo, baixa autoestima, preocupação, perfeccionismo, assumir riscos, e ser barulhenta – raramente é visto como tal.

O pediatra de sua filha poderá fazer uma avaliação (se a sua filha for adolescente, primeiro procure um médico que se sinta bem lidando com adolescentes). Certifique-se de que o médico dela obtenha uma história médica completa (incluindo a história da família, por causa da grande herdabilidade do TDAH). O médico deve também trabalhar em conjunto com a escola de sua filha para obter mais informação sobre os comportamentos dela. “E, como adolescentes são uma grande fonte de informação sobre sua própria experiência, encoraje um adolescente a falar diretamente com seu médico”, aconselha Dra. Wigal.
Por fim, para uma menina que sofre de TDAH, um diagnóstico oficial pode ser boa notícia. “Todos acham que um diagnóstico de TDAH seja um estigma”, diz a doutora Quinn. “De fato, 56% das meninas em nossa pesquisa disseram que se sentiam melhor depois de, finalmente, terem um nome para o que sentiam. Somente 15% disseram que se sentiram pior. Para a maioria, foi um alívio descobrir que elas não eram preguiçosas, loucas ou burras”.

Mais boas notícias: Pais de meninas diagnosticadas com TDAH têm mais probabilidade de procurar tratamento do que os pais de meninos diagnosticados com TDAH, porque apenas os casos mais graves são diagnosticados nelas. “As meninas podem ter uma pequena vantagem sobre os meninos em um aspecto”, escreveram as doutoras Quinn e Wigal em seu trabalho. “Uma vez suspeitas de terem o TDAH, seus pais tendem a ser mais desejosos de procurar ajuda médica”. E isso é um bom presságio para elas.
Maureen Connolly, ADDitude, 2010

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...