segunda-feira, 11 de novembro de 2013

304- Mães - Parte 3 - Continuação da 303

Mães - Parte 3

"Disse à minha filha: o céu é o limite".
Karen Fisher, professora do ensino médio em Bow, Washington, e mãe de Danielle Fisher, a mais jovem pessoa a escalar todas as montanhas mais altas do mundo.

Persistência foi sempre um desafio para Danielle Fisher. "Ela começava a tarefa de casa mas não a terminava, ou terminava mas não entregava", lembra-se sua mãe, Karen Fisher. Mas Karen era compreensiva porque ela, também, geralmente ficava fora de rumo. "Demorava o dia todo para eu limpar a cozinha, porque eu ia de um cômodo para outro, e outro", ela revela. "As coisas não pareciam tão fáceis como para os outros pais."

Quando Danielle chegou ao sexto grau, ocorreu a Karen que ela podia ter TDAH. Depois de um médico confirmar o diagnóstico das duas, mãe e filha começaram a medicação. A capacidade de focalizar das duas melhorou, mas os problemas continuaram. "Na sala de aula, as meninas com TDAH geralmente não são percebidas", diz Karen, professora de ensino médio. "É difícil acreditar que uma aluna tem TDAH se ela é uma criança boa, simpática e quieta, que não causa problemas."

Para ter certeza que Danielle obtivesse ajuda extra em classe, Karen preencheu um formulário do Plano 504, que garante aos estudantes as acomodações, como mais tempo para completar o trabalho e a opção de fazer as provas de modo privado, em sala livre de distrações [Nota do tradutor: Isso é nos Estados Unidos].

Durante todo o tempo, Karen fez o melhor que podia para manter uma relação positiva com Danielle. "Os relacionamentos são muito importantes para as meninas com TDAH", ela afirma. "Seu ficasse brava com ela, ela passava por maus bocados. Mas se eu pudesse dizer que ela era querida e estimada, ela se ficava melhor. E eu também. Eu disse a Danielle que ela pode ser ou fazer o que quiser".

Com o encorajamento da mãe, Danielle escolheu uma das metas mais elevadas que se possa imaginar: escalar os sete picos mais altos do mundo, um em cada um dos sete continentes. Uma ávida caminhante, quando criança, Danielle levou a sério o montanhismo, quando estava na escola média. Em janeiro de 2003, ela foi para a Argentina para escalar sua primeira grande montanha, o Aconcágua, com 22.838 pés (6.961 metros) - a montanha mais alta do Hemisfério Sul.

"As montanhas mantêm o foco dela" explica Karen. "Pode ser que seja pelo exercício, ou pelo fato de que há menos caos lá em cima, e nenhuma preocupação diária como limpar a casa e lavar as roupas. Ou pode ser que seja o fato de que todos os alpinistas têm a mesma meta - Chegar no topo. Isso é um alívio para ela".

Dois anos e seis montanhas passadas, em 2 de junho de 2005, Karen e seu marido receberam um telefonema: Danielle, então com 20 anos de idade, estava ligando do Monte Everest, logo após ter se tornado a mais jovem americana a escalar a montanha mais alta (e a mais jovem a escalar os "Seven Summits" - as sete montanhas mais altas da Terra). Karen não podia estar mais orgulhosa, e ela encoraja outros pais de crianças com TDAH a manter altas expectativas em relação a seus filhos.

"Sempre digo a minha filha para não desistir", conta Karen. "É difícil, mas se você focar em um passo de cada vez, chegará àquelas mini-metas no caminho da conquista. Cedo ou tarde, você chegará onde queria".


ADDitude - April/May 2007

domingo, 10 de novembro de 2013

303- Continuação da 302 - Mães - Parte 2


Mães - Parte 2

"Eu aperfeiçoei os dons que o TDAH deu a ele"

Yvonne Pennington, psicóloga clínica em Marietta, Georgia, mãe de Ty Pennington, estrela da série da ABC-TV Extreme Makeover: Home Edition.

Como o rapaz sortudo, feliz e faz-tudo do seriado de TV Extreme Makeover: Home Edition, Ty Pennington batalhou para atingir nossos corações. Sua mãe, Yvonne Pennington, é, claro, sua maior fã - embora ela afirme de início que a energia maníaca de Ty nem sempre foi uma coisa boa.

"No primeiro grau, ele punha sua carteira nos ombros e a "vestia", correndo pela sala de aula no meio das risadas dos outros alunos", ela nos conta. "As professoras insistiam que ele era brilhante, mas que não conseguia ficar sentado quieto. Eu era constantemente chamada à sala do diretor e me sentia como se fosse a pior mãe do mundo".

Em casa, Ty era um azougue. Yvonne diz que ele estava sempre pulando do telhado e correndo pelas ruas sem se preocupar com os carros.

Naquela época, Yvonne era mãe separada lutando para cuidar de dois filhos - enquanto estudava psicologia de dia e trabalhava à noite como garçonete. Ela sentia que havia alguma coisa de errado com o Ty, que estava com sete anos de idade. Mas, o que era?

Um dia, enquanto fazia uma pesquisa para um trabalho de psicologia, trombou com uma resposta. "Li alguns estudos de casos sobre crianças com dificuldade de prestar atenção e elas se pareciam muito com Ty. Ela levou Ty para uma consulta com um médico, que confirmou o diagnóstico.

No início dos anos setentas, os médicos não usavam o termo "transtorno de déficit de atenção". Crianças como Ty recebiam um rótulo muito mais sombrio: "disfunção cerebral mínima". Yvonne não tinha certeza se devia contar ao seu filho. "Imagine ele ouvindo aquilo". "Ele já se sentia um mau menino. Por que piorar as coisas, contando a ele?"

Yvonne decidiu não contar a Ty sobre o diagnóstico. Mas, ela leu os livros de texto de psicologia, aprendendo tudo que podia sobre a disfunção cerebral mínima e como tratá-la. Leu sobre uma forma de terapia do comportamento que envolvia o uso de prêmios, e decidiu fazer uma tentativa.

Funcionava assim: Se Ty conseguisse ficar concentrado por 10 segundos e fizesse o que lhe havia sido pedido, ele ganhava uma ficha (um dos descansos de copos de Yvonne). Ele tinha permissão para trocar as fichas por prêmios - 10 fichas por mais uma hora de TV ou mais tempo para brincar com seu jogo de construção.

No início, Ty raramente ganhava mais do que uma ficha ou duas antes de retornar às suas habituais travessuras. Mas Yvonne persistia; ela até persuadiu a professora de educação especial de Ty a usar a técnica em classe. o comportamento dele melhorou lentamente e deu à sua autoestima o empurrão necessário.

"Antes, as pessoas só prestavam atenção no Ty quando ele fazia algo errado. Mas, com a estratégia de fichas, mudamos isso"

Conforme Ty aprendia a canalizar suas energias, ele se tornava apaixonado por construir coisas - quanto maior, melhor. "Com onze anos de idade ele trocou suas revistas de quadrinhos pela ajuda de seus amigos na construção de uma casa de árvore com três andares. Eu sabia que ele seria um carpinteiro quando crescesse, ou um dublê em Hollywood".

Ty tirava geralmente Bs ou Cs no colegial. Mas ele se deu mal depois de entrar para a Kennesaw State University, na Geórgia, em 1982. A falta de estrutura deixou-o enrolado e ele abandonou a faculdade depois de um ano.

Naquela época, no início dos anos oitentas, o termo TDAH começou a ser utilizado, e, com o estigma envolvendo o transtorno se desvanecendo, Yvonne decidiu contar a verdade para Ty. "Ele sempre soube que era hiperativo, e eu achava que isso era tudo o que ele precisava saber. Mas, quando descobri que era o TDAH que o estava prejudicando, contei-lhe sobre isso e sugeri que procurássemos um médico".

Com o auxílio da medicação estimulante, que ele toma até hoje, Ty finalmente aprendeu a prestar atenção. Ele voltou para a faculdade - dessa vez o The Art Institute of Atlanta - e formou-se com honras. Depois disso, ele andou mexendo com construção e desenho gráfico, e fez algum trabalho como modelo e ator. Então, ele arrumou um emprego de carpinteiro no Learning Channel´s Trading Spaces. Três anos mais tarde, ele foi promovido a dirigir sua própria equipe de renovação no Extreme Makeover Home Edition.

"Mesmo atualmente, sua espontaneidade me dá ataques de coração" admite Yvonne, lembrando-se do tempo em que ela ligava a TV para ver Ty descendo ladeira abaixo num sofá com rodas. Se a experiência dela ensinou alguma coisa, foi que os pais devem aprender a gostar dos dons exclusivos que o TDAH pode oferecer. "As características que atrapalhavam TY, agora, são seu maior bem". "Muitos pais nessa situação focam no que seus filhos estão fazendo de errado. Eu os encorajo a focar no que eles estão fazendo direito. Faça isso, e as possibilidades são infinitas"

Para aprender mais sobre o regime de fichas, visite o website de Yvonne: Psychology.am; um DVD com instruções e um livro estão disponíveis.

ADDitude

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

302- Conselhos da mãe de Michael Phelps aos pais de TDAHs.


Precisa de algum conselho sobre o TDAH? Aprenda como as mães de três vencedores com TDAH (um recordista olímpico, um peso pesado da TV, e um alpinista  de primeiro time) ajudaram seus filhos a reverter as probabilidades. Por Judy Dutton.

O que é preciso para ter sucesso apesar do TDAH?

Trabalho duro, para os iniciantes - uma vontade de enfrentar os desafios com energia. É necessário o apoio dos membros da família, professores, terapeutas e orientadores. E, é claro, difícil esquecer os benefícios da medicação para o TDAH.

Mas, de todos os ingredientes necessários para conquistar uma vida feliz e bem sucedida, nada é mais importante que bons cuidados paternais. Por trás de quase toda história de sucesso com o TDAH há um pai devotado (ou dois). Em honra às mães, vamos dar o crédito a quem de direito, e prestar atenção aos seus conselhos.

As três mães aqui exemplificadas ajudaram seus filhos e filhas a atingir grandes objetivos, muito mais do que tinham imaginado. Persistentes e habilidosas, elas enxergaram potencial onde outros viram fraqueza, e se mantiveram na procura de meios para auxiliar suas crianças depois que os demais estavam prontos para desistir. Que suas histórias os inspirem!

MÃES - PARTE 1

"Atuamos como uma equipe para vencer o TDAH"
Debbie Phelps, diretora de escola média em Towson, Maryland, e mãe do nadador olímpico Michael Phelps.

Sem dúvida, Michael Phelps fez muitas ondas no esporte que escolheu. Em 2004, com a idade de 18 anos, ele nadou na conquista de 8 medalhas (seis de ouro) na Olimpíada de Atenas. Agora, aos 21 anos, ele tem 13 recordes mundiais, incluindo o dos 200 metros borboleta e o de revezamento 4 por 100, estilo livre.

Porém, Michael poderia não ter gostado nada da natação se não fosse pela engenhosidade de sua mãe, Debbie Phelps. "Com 7 anos de idade, ele odiava molhar o rosto", diz Debbie. "Superamos isso e o ensinamos a nadar de costas".

Michael demonstrou habilidade para nadar de costas, depois de frente, de lado e de todos os outros modos. Mas, em classe, ele afundava. Uma incapacidade para se concentrar, esse era o seu maior problema.
"Uma de suas professoras me disse  que ele não conseguia prestar atenção em nada", diz Debbie. Ela consultou um médico, e Michael, com 9 anos de idade, foi diagnosticado com TDAH.
"Aquilo me atingiu no coração", diz Debbie. "Fez com que eu quisesse provar que todo mundo estava errado. Eu sabia que, se eu ajudasse o Michael, ele poderia conquistar tudo que imaginasse".

Debbie, que tinha ensinado para alunos da escola média por mais de duas décadas, começou a trabalhar de perto com a escola de Michael, para obter a atenção extra de que ele precisava. "Sempre que um professor dizia "Michael não consegue fazer isso", eu respondia, "Bem, o que você está fazendo para ajudá-lo?", ela se recorda.

Por causa do costume de Michael de mexer nos papéis dos colegas, Debbie sugeriu que ele tivesse uma mesa só para ele. Quando ele reclamou de como odiava a leitura, ela começou a dar para ele ler as seções de esportes no jornal ou livro sobre esportes. Notando que a atenção dele fugia nas aulas de matemática, ela contratou uma tutora e encorajou-a a usar problemas adequados aos interesses de Michael: "Quanto tempo demora para nadar 500 metros se você nadar a 3 metros por segundo?"

Nos encontros de natação, Debbie ajudava Michael a permanecer focalizado lembrando a ele das consequências do seu comportamento. Ela recorda a época quando o Michael, com 10 anos, ficou em segundo lugar e, de tão bravo, quebrou seus óculos de natação e jogou-os com raiva no deck da piscina.

Na viagem de volta para casa, ela disse a ele que esportividade vale tanto quanto vencer. "Combinamos um sinal que eu podia fazer para ele das arquibancadas", diz ela. "Eu formava um C com minha mão, que significava 'contenha-se'. Toda vez que eu via que ele estava frustrado, eu lhe mostrava o sinal. Uma vez, ele me fez o C quando eu fiquei muito estressada enquanto fazia o jantar. Você nunca sabe o que está passando até que as mesas sejam viradas!"

Debbie usou várias estratégias para manter Michael na linha. Com o tempo, conforme seu amor pelas piscinas cresceu, ela ficava maravilhada em ver que ele estava desenvolvendo a autodisciplina. "Nos últimos dez anos, ao menos, ele nunca perdeu um treinamento", ela diz. "Mesmo no Natal, a piscina é o primeiro lugar onde ele vai, e ele se sente feliz em estar lá".

Debbie também cuidou de escutar seu filho. Na sexta série, ele lhe contou que queria parar de tomar a medicação estimulante. Apesar de sérias apreensões, ela concordou em deixá-lo parar - e ele ficou bem. Os compromissos variados e os treinamentos de Michael exigiram tanta estrutura em sua vida que ele foi capaz de permanecer focalizado sem a medicação.

Debbie e Michael nem sempre se vêem cara a cara em todos os desafios que ele tem na vida, mas ele sempre entende o papel que ela teve em seu sucesso na natação. Imediatamente após ser premiado com sua primeira medalha de ouro em Atenas, ele desceu da plataforma dos vencedores e caminhou até as arquibancadas, para entregar a Debbie o buquê e a guirlanda que coroou sua cabeça. Aquele momento está vívido na memória de Debbie. "Eu estava tão feliz, estava em lágrimas", ela se recorda.


Michael atualmente está na Universidade de Michigan, onde é o chefe de marketing em esportes, enquanto treina para a Olimpíada de 2008. Debbie tornou-se a diretora da Escola Média de Windsor, em Baltimore, Maryland. Ela utiliza o que aprendeu educando Michael em todos os seus alunos, tenham ou não o TDAH. "Todas as crianças podem falhar com a gente, às vezes", ela diz. "Mas, se você trabalha com elas, nove vezes em dez, elas o farão orgulhoso".

ADDitude
(continua na próxima postagem)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

301- TDAH Plus : Dez Condições Que Podem Estar Associadas ao TDAH


Se você foi diagnosticado com TDAH, é provável que você possa ter outro transtorno associado. Eis aqui o que você deve procurar.

O TDAH raramente vem sozinho

Cerca de 80% dos que têm o diagnóstico de TDAH também são diagnosticados com outro transtorno psiquiátrico em alguma época de suas vidas. Um transtorno comórbido é uma segunda condição separada que existe junto com o TDAH, e precisa de tratamento em conjunto com o TDAH. Há vários transtornos geralmente associados ao TDAH.

TDAH e Depressão

As pessoas com TDAH têm três vezes mais probabilidade de desenvolver depressão do que a população em geral. Depressão e TDAH compartilham os mesmos sintomas, tais como desatenção, problemas de sono e falta de motivação, mas as causas dos sintomas são diferentes. Com o TDAH, você pode não estar motivado por estar oprimido. Com a depressão, você não quer fazer nada mesmo. Se os sintomas de tristeza, letargia ou insônia persistirem, apesar do tratamento do TDAH, você deve falar com seu médico. Há tratamentos para a depressão.

TDAH e Dificuldades de Aprendizado

O TDAH causa impacto no aprendizado e no comportamento na escola, mas o transtorno é diferente de uma dificuldade de aprendizagem. Crianças com TDAH têm de três a cinco vezes mais probabilidade de desenvolver uma dificuldade de aprendizagem do que aquelas sem o TDAH. Cerca de metade das que têm TDAH também tem algum tipo de dificuldade de aprendizagem. As que têm dificuldades de aprendizagem podem ter dificuldade de organizar o pensamento, de encontrar a palavra certa quando falam, de leitura, de escrita, de matemática, ou dificuldade de memória e de raciocínio.

TDAH e Ansiedade

Cerca de um quarto dos que têm TDAH também tem um transtorno de ansiedade. Assim como com a depressão, os dois compartilham sintomas em comum, tais como falta de foco e insônia. O nervosismo também é um possível efeito colateral dos estimulantes. Se você tem medos persistentes e inexplicáveis, ou tem ataques de pânico, e sente que o tratamento do seu TDAH não está funcionando, fale com seu médico sobre o transtorno de ansiedade.

TDAH e Transtorno de Oposição e Desafio

Sintomas de transtorno de oposição e desafio (TOD) incluem repetidas crises de raiva, brigas excessivas com adultos, falta de cooperação, incomodação deliberada dos outros, busca de vingança, ser maldoso e injurioso. A pesquisa mostra que entre 45 e 84% das crianças com TDAH desenvolverão TOD. O tratamento do TOD inclui psicoterapia e medicamentos.

TDAH e Transtorno Bipolar

O transtorno bipolar é caracterizado por oscilações do humor - excitação, períodos de euforia (mania) e períodos de depressão. Os estágios de mania são geralmente vistos como hiperatividade e os períodos de depressão como desatenção e falta de motivação, todos comuns ao TDAH. Os que têm o transtorno bipolar podem perder o contato com a realidade ou ter um senso distorcido da realidade; seu humor, tanto a mania quanto a depressão, podem durar semanas. Cerca de um quinto dos que têm TDAH também tem transtorno bipolar.

TDAH e Transtorno do Processamento Sensorial

O transtorno do processamento sensorial é uma incapacidade de por em ordem os estímulos externos, tornando insuportável o menor estímulo, ou a necessidade de procurar atividades com alto nível de estimulação para despertar os sentidos adormecidos. Quando os pesquisadores examinaram crianças que mostravam os sintomas do TDAH ou do TPS, 40% tinham sintomas de ambos. É importante que ambas as condições sejam identificadas e tratadas precocemente.

TDAH e Autismo

Um estudo recente sugere que crianças com TDAH têm 20 vezes mais probabilidade de ter alguns sintomas de autismo quando comparadas a crianças sem TDAH. Assim como com o TDAH, não há nenhum teste de laboratório para diagnosticar o autismo. Pode ser difícil diagnosticar e separar as duas condições porque os sintomas de ambas se superpõem. O autismo é caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social, e comportamentos repetitivos. Alguns sintomas precoces são atraso da fala, evitar o contato visual e não responder quando chamado pelo nome. O diagnóstico e o tratamento precoces são importantes.

TDAH e Abuso de Substâncias

Vinte a 30% dos adultos com TDAH desenvolverão problemas de abuso de substâncias em alguma época de suas vidas. Alguns usam drogas ou o álcool para combater os sintomas de TDAH, para dormir melhor ou para melhorar o humor. As pessoas com problemas de abuso de substâncias têm risco maior de depressão e de ansiedade. O mau uso do álcool e das drogas torna mais difícil o tratamento do TDAH.

TDAH e Síndrome de Tourette

Já se pensou que a medicação estimulante causasse a síndrome de Tourette nas crianças com TDAH. As pesquisas recentes mostraram que ambos os transtornos têm fatores de riscos semelhantes - fumar durante a gestação, parto prematuro, baixo peso ao nascer. Os portadores de Tourette exibem tiques motores e vocais -  movimentos rápidos, repetitivos, e sons que vão desde leves a severos. Cerca de 90% dos que têm Tourette também têm outro transtorno, sendo o mais comum o TDAH.

TDAH e Transtorno de Conduta

Entre 25 e 45% das crianças com TDAH desenvolvem o transtorno de conduta (TC). As características do TC incluem brigas, crueldade contra animais e pessoas, atitudes destrutivas, mentiras, roubos, vagabundagem, fuga de casa. O tratamento do TC exige a certeza de que os sintomas do TDAH sejam tratados adequadamente, terapia comportamental e aconselhamento. Seu médico poderá sugerir aconselhamento aos pais para que aprendam modos mais produtivos de responder aos comportamentos dos filhos.


ADDitude

domingo, 6 de outubro de 2013

300- O TDAH não é uma desculpa – Nunca.


 
O déficit de atenção pode explicar o mau comportamento do meu filho de oito anos – mas, agora, embora a medicação ajude a controlar seus impulsos, ela não o livra de apuros. Por Samantha Hines.

Meu filho de oito anos, Edgar, nem sempre se comporta bem. Seus irmãos também não, mas ele tem TDAH e eles não, assim, seus comportamentos e ações estão sob observação mais rigorosa do que os dos seus irmãos. Embora eu pudesse inicialmente gostar de bater o pé e dizer “Isso não é correto”, eu acho que realmente seja. Com professora e mãe – como ser humano – tenho aderido à noção de que o correto não é todos terem o mesmo tratamento, mas todos terem o que precisam.

O comportamento dos irmãos de Edgar geralmente não está sob o microscópio de ninguém porque eles não estão atravessando um processo de desaprender e aprender. Antes do diagnóstico de TDAH do Edgar, e o subsequente tratamento médico, suas transgressões não respondiam às correções. Você podia dizer para ele na segunda-feira que ele não podia se comportar daquele modo em certos locais. Na quarta-feira, ele já teria esquecido a conversa ou repetiria impulsivamente o comportamento indesejável.

Depois que a medicação foi iniciada, repentinamente Edgar, pela primeira vez, parecia entender seu comportamento e como ele atingia os outros. Ele usava palavras tais como “reação exagerada” para explicar por que ele atirava longe o lápis quando ficava sabendo que teríamos frango, em vez de macarrão, no jantar. Ele, finalmente, parecia entender o propósito por trás das consequências.

A despeito do sucesso do tratamento medicamentoso, sua prescrição está longe de ser uma panaceia. É errado pensarmos, nós e Edgar, que seja. A medicação é uma ferramenta que abre as portas para ele, mas isso não livra, ele e seus pais, do trabalho que tem de ser feito.

Recentemente, um membro da família pediu a Edgar que parasse de jogar um videogame que tomava sua atenção a ponto de fazê-lo ignorar a existência de todos os outros. Foi solicitado que ele arrumasse a bagunça que havia deixado em outro cômodo. Era um pedido simples, razoável, mas naquele instante Edgar não entendeu assim. Ele explodiu verbalmente, e, em vez de arrumar a bagunça, tornou-a pior.

Eu o tirei da situação, arrumei a bagunça eu mesma, e me despedi. No carro, expliquei a Edgar as consequências do seu comportamento. Enquanto eu fazia isso, seu irmão de quatro anos disse, em um momento de solidariedade fraternal, “Mas, mãe, Edgar tem TDAH”. Minha resposta foi simples: “O TDAH do Edgar é uma explicação, mas nunca uma desculpa”.

Edgar cumpriu sua consequência, e, por causa da medicação que usa, foi capaz de entender por que seu comportamento não era aceitável. Haverá transgressões no futuro – talvez outra amanhã? Claro que sim. Mas ele, assim como todos nós, está aprendendo.

ADDitude.

sábado, 5 de outubro de 2013

299- Entendendo o Déficit de Atenção: O Novo TDAH


O que há de novo sobre o TDAH? Muita coisa, de acordo com Thomas Brown, professor em Yale, Estados Unidos. Você vai pensar de modo diferente depois que souber de todos os fatos.

Por Thomas Brown, Ph.D.

TDAH 2.0

Descobertas das neurociências, as imagens do cérebro e a pesquisa clínica mudaram dramaticamente o velho entendimento sobre o TDAH como um transtorno essencialmente do comportamento. Agora, os especialistas veem o TDAH como um transtorno de desenvolvimento do sistema de autocontrole do cérebro, suas funções executivas. Há muitos outros mitos sobre o TDAH, como você verá. Assim, atualize seu pensamento sobre o transtorno com os fatos.

Novo Modelo versus Velho Modelo

O novo modelo do TDAH difere por várias maneiras do modelo anterior desse transtorno como um conjunto de problemas de comportamento das crianças pequenas. O novo modelo é um paradigma de mudança para o entendimento do TDAH. Ele se aplica às crianças, adolescentes e adultos. Ele focaliza uma ampla faixa de funções de autocontrole ligadas a complexas operações do cérebro, e essas não estão limitadas aos comportamentos facilmente observáveis. Mas, há uma sobreposição substancial entre os modelos novo e velho do TDAH.

O Foco que Liga e Desliga

Os dados clínicos indicam que os problemas de função executiva são variáveis de acordo com a situação; cada pessoa com TDAH tende a ter algumas atividades ou situações específicas nas quais ela não tem nenhuma dificuldade em usar as funções executivas que estão significativamente prejudicadas para ela na maioria das outras situações. De modo típico, essas atividades são as em que o portador de TDAH tem um forte interesse pessoal ou as em que ele acha que algo de muito desagradável acontecerá se ele não fizer a tarefa já.

Sinais na Infância

As pesquisas recentes mostraram que muitos com TDAH funcionam bem durante a infância e não manifestam sintomas significativos até a adolescência, ou mais tarde, quando grandes mudanças são encontradas nas funções executivas. Na década passada, as pesquisas mostraram que os sintomas prejudiciais do TDAH geralmente persistem até a idade adulta. Entretanto, os estudos também mostraram que alguns indivíduos com TDAH durante a infância experimentam redução significativa de seus prejuízos conforme envelhecem.

QI Alto e TDAH

A inteligência, medida pelos testes de QI, não tem virtualmente nenhuma relação sistemática com os prejuízos das funções executivas descritos no modelo novo do TDAH. Os estudos mostraram que até mesmo crianças e adultos com inteligência extremamente alta podem sofrer os prejuízos do TDAH. Isso causa problemas para eles usarem suas fortes habilidades cognitivas de maneira consistente e eficaz em muitas situações da vida.

Conexão Emocional

Pesquisa recente mostrou o papel importante das emoções no TDAH. Algumas pesquisas focalizaram somente os problemas de regulação das emoções sem a inibição necessária. A pesquisa também mostrou que um déficit crônico das emoções, que compromete a motivação, é um prejuízo para a maioria dos indivíduos. Isso torna difícil para eles despertar e sustentar a motivação para atividades que não dão reforço imediato e contínuo.

Mapeando os Déficits

As funções executivas são complexas e envolvem não somente o córtex pré-frontal, mas também muitos outros componentes do cérebro. Indivíduos com TDAH diferem, conforme foi achado, na taxa de maturação de áreas específicas do córtex, na espessura do tecido cortical, nas características das regiões parietais e cerebelares, assim como nos gânglios da base e nos tratos substância branca que ligam e fornecem comunicação criticamente importante entre várias regiões do cérebro.

Desequilíbrio Químico

Os prejuízos do TDAH não são devidos ao excesso global ou à falta de uma substância química específica dentro ou ao redor do cérebro. O problema primário é relacionado às substâncias químicas fabricadas, liberadas e recaptadas ao nível das sinapses, as junções entre certos circuitos neuronais que controlam o sistema de gerenciamento do cérebro. Pessoas com TDAH tendem a não liberar o suficiente dessas substâncias químicas essenciais, ou a liberar e recaptá-las muito rapidamente. A medicação para o TDAH ajuda a melhorar esse processo.

O Gene do TDAH

Não foi identificado nenhum gene como a causa dos prejuízos conhecidos como TDAH. A pesquisa recente identificou dois grupamentos diferentes que juntos estão associados com o TDAH, embora não definitivamente causadores. Nesse ponto, a complexidade do transtorno é provavelmente associada a muitos genes, cada um dos quais, por si mesmo, tem somente um pequeno efeito sobre o aparecimento do TDAH.

TDAH e TOD

A incidência do transtorno de oposição e desafio (TOD) em crianças com TDAH varia de 40 a 70%. As taxas mais altas são geralmente para as pessoas com o tipo combinado de TDAH.  O TOD é caracterizado pelos problemas crônicos de comportamento negativista, desobediente, desafiador e/ou hostil contra as figuras de autoridade. Tipicamente, o TOD é aparente ao redor dos 12 anos de idade e persiste por cerca de seis anos, para gradualmente desaparecer. Mais de 70% das crianças diagnosticadas com o TOD nunca desenvolvem Transtorno de Conduta.

TDAH e Autismo

A pesquisa demonstrou que muitos indivíduos com TDAH têm traços significantes relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), e que muitas pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista também preenchem os critérios para o TDAH. Os estudos também mostraram que os medicamentos para o TDAH podem ser úteis para aliviar sintomas de TDAH em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Os medicamentos para TDAH também podem ajudar os que têm TEA com TDAH a melhorar alguns dos seus problemas.

Medicamentos e Mudanças Cerebrais

Os estudos e os testes clínicos mostraram que as medicações para o TDAH dão os seguintes benefícios para algumas crianças e adultos:

melhora da memória de trabalho, do comportamento em sala de aula, da motivação para fazer as tarefas e para prosseguir na tentativa de resolver problemas.

diminuição do aborrecimento e da distração quando faz as tarefas, e diminuição das crises emocionais.

aumento do desempenho nas provas, nas notas e outras conquistas que podem ter efeitos duradouros.

normalização das anormalidades estruturais de regiões específicas do cérebro.

Medicamentos para Idades Diferentes

O ajuste fino da dose e dos horários dos estimulantes é importante porque a dose mais eficiente depende de quão sensível é o organismo do paciente àquela medicação específica. Geralmente os médicos começam com uma dose muito baixa e aumentam gradualmente até que uma dose eficaz seja encontrada, que um efeito colateral importante ocorra, ou que seja atingido o máximo recomendado. Alguns adolescentes e adultos precisam de doses menores do que as tomadas por crianças; algumas crianças pequenas precisam de doses maiores do que as dos seus colegas.

Pré-escolares e Medicamentos

As pesquisas mostraram que a maioria das crianças de 3 a 5 e meio anos de idade, com TDAH de moderado a grave, tem melhora significativa dos sintomas quando tratada com estimulantes. Os efeitos colaterais são ligeiramente mais comuns do que usualmente vistos nas crianças maiores, mas ainda mínimos. Em 2012, a Associação Pediátrica Americana recomendou que as crianças de 4 a 5 anos de idade, com TDAH que cause problemas significativos, devem ser tratadas com terapia comportamental. Se não for eficaz depois de nove meses, a medicação estimulante é recomendada.

Impulsivo para Sempre?

Muitos  com  TDAH nunca manifestam níveis excessivos de hiperatividade ou de impulsividade na infância ou depois. Entre os que são mais hiper e impulsivos na infância, uma porcentagem substancial supera os sintomas na metade da infância ou no início da adolescência. Mas os prejuízos em focalizar e em manter a atenção, em organizar as tarefas, controlar as emoções e em usar a memória de trabalho podem persistir e se tornar problemáticos, conforme a pessoa entra na adolescência e na idade adulta.

TDAH é Diferente

O TDAH difere de muitas outras doenças no que ele cruza com outras doenças. O prejuízo das funções executivas que constitui o TDAH também é presente em outras doenças. Muitas dificuldades de aprendizado e doenças psiquiátricas poderiam ser comparadas a problemas com um programa de computador que, quando não está funcionando bem, interfere com algumas funções. O TDAH deve ser comparado a um problema com o sistema operacional do computador que vai interferir com o funcionamento de muitos programas diferentes.

ADDitude.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

298- Eu queria que os não TDAHs...


Leitores imaginam um mundo no qual o déficit de atenção fosse mais bem compreendido e aceito. ...só isso!

Eu queria que os não TDAHs...

Acreditassem que o TDAH é de verdade. Eu queria que o nosso mundo acreditasse que a falta de substâncias químicas no cérebro não é diferente de ter deficiência de substâncias químicas em outras partes do corpo, como a falta de insulina no diabetes. D. S., Arkansas.

Parassem de ser tão críticos sobre o uso de medicação para tratamento do TDAH. Não sabem como doeu o coração meu e do meu marido quando tivemos de decidir tomar essa atitude para nosso filho. Não é como acordar de manhã cedo e dizer "Ei, não temos nada melhor para fazer do que medicar nosso filho. Vamos lá!" Houve milhares de lágrimas derramadas, antes dessa decisão, minhas, do meu marido e do meu filho. Michelle, Ohio.

Engolissem as queixas sobre a necessidade de me focalizar nas tarefas  e por não responder aos e-mails. Aos 52 anos de idade, já estou um pouco cansada disso. Andrea, New York.

Parassem de ser tão críticos em relação a mim. Luto com a constante falta de compreensão da minha mulher. Também sofro no trabalho. Muitas vezes sinto que, devido à minha falta de capacidade para acertar, sou ignorado e mal compreendido. George, Louisiana.

Entendessem que não é o fim do mundo se meu filho quer ficar de pé enquanto faz o trabalho na escola ou se tira os sapatos quando fica sentado. É porque não é com eles... - Jeanette, Virginia.

Calassem, em vez de dizer "Tive um momento TDA". Tais comentários depreciam os desafios que o TDAH nos impõe todos os dias. Erin, Florida.

Perdoassem mais. Todos temos um lado bom e nossas fraquezas. Diana, Maine.

Evitassem dizer que meu TDAH vai sumir  e que eu vou ficar ótimo quando ficar mais velho. Um leitor de ADDitude.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

297- Lista dos 100 Primeiros Artigos Publicados no Blog


Se já leu algum, leia novamente, com mais atenção. Se não leu, aproveite o conteúdo de algum que lhe interesse. Procure no arquivo do blog, mais abaixo e à sua direita.

1- Saudações.
2- O TDAH e os professores.
3- TDAH - Dicas para a sala de aula.
4- Listas de checagem do TDAH - Sandra Rief
5- TDAH - Cartilha do Educador.
6- TDAH - Preocupado? Leia isto:
7- Novas diretrizes para o tratamento do Déficit de Atenção/Hiperatividade.
8- Quais são as características ideais de um professor para crianças e adolescentes com TDAH?
9- O que os professores devem esperar do desempenho acadêmico dos alunos com TDAH?
10- Acomodações em classe e auxílios para os alunos com TDAH.
11- O que acontece com quem herda a predisposição para o TDAH?
12- O comportamento dos pais em relação aos filhos pode agravar o TDAH?
13- O TDAH não pode pura e simplesmente ser secundário ao modo como as crianças são educadas pelos pais?
14- Focalizando a atenção das crianças desatentas com TDAH.
15- Crianças com o transtorno de oposição e desafio.
16- Crianças com o transtorno de oposição e desafio - Dados para as famílias.
17- Os sintomas do TDAH.
18- TDAH - Sintomas em adultos.
19- Dicas para ajudar os pais com TDAH a se manterem organizados.
20- Quando o seu filho é o culpado pelo bullying.
21- O que os pais podem fazer para ajudar no tratamento?
22- Dicas para os pais.
23- Vinte e cinco coisas boas do TDAH.
24- Doze dicas para ajudar crianças com TDAH a ler, escrever e em matemática.
25- Pai de criança com TDAH? Cinco segredos para uma disciplina melhor.
26- Minimize as brigas sobre trabalhos de casa e estudo criando rotinas para seu filho com TDAH.
27- Estratégias amigáveis, aprovadas pelos pais, para ajudar crianças com TDAH a fazerem seu trabalho de casa.
28- Acabe com a distração: Melhorando o foco do TDAH em casa e na escola.
29- Vinte e sete acomodações que funcionam para o TDAH.
30- Risco de depressão e suicídio no TDAH de adolescentes.
31- Dicas de comportamento escolar: controle do impulso para crianças com TDAH.
32- Para os pais de crianças com TDAH.
33- TDAH - Sugestões para intervenções do professor.
34- Como falar com uma criança ou adolescente sobre o TDAH?
35- Falta conhecimento sobre o TDAH. Isso é grave!
36- Quando mudar de médico.
37- Álcool e medicamentos para o TDAH. O que é seguro?
38- Evite a destruição das festas de Natal: Auxílio para as crianças com TDAH.
39- Medicamentos ou tratamento alternativo para o TDAH?
40- TDAH é uma doença inventada?
41- Melhorando o comportamento em classe: Ajude as crianças com TDAH a parar a inquietação.
42- Dez ou mais ferramentas de relacionamento do TDAH para o amor duradouro.
43- Sete soluções para problemas de sono.
44- Reduza a ansiedade naturalmente.
45- Memória de trabalho e memória de curto prazo.
46- Estatísticas relacionadas ao TDAH em crianças e adolescentes sem tratamento.
47- Simplifique sua vida com o TDAH aprendendo a dizer "não".
48- Seis maneiras para o adulto com TDAH interromper a procrastinação.
49- A instabilidade na carreira mostra o pior do meu TDAH.
50- Cecília Meireles - Motivo.
51- Modificação das tarefas acadêmicas no TDAH.
52- Você ouve os outros? Como brilhar em situações sociais com o TDAH.
53- 10 maneiras de arruinar um bom relacionamento.
54- Como ajudar estudantes com TDAH no ensino médio a se preparar para a faculdade.
55- Seis truques para a memória de estudantes com TDAH.
56- Lição de casa.
57- A perspectiva das crianças que vivem com TDAH.
58- TDAH em adultos.
59- Disciplina (Professor João Marcello Almeida).
60- Repensar o TDAH a partir de uma perspectiva cognitiva.
61- TDAH e dificuldades com matemática: Semelhanças cognitivas e intervenções.
62- Quando os professores culpam os pais pelo TDAH e pelas dificuldades de aprendizagem do aluno.
63- Lista dos artigos já publicados no blog.
64- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos: programa de treinamento de pais que auxiliam a mudar o comportamento.
65- Bullying: colégio terá que indenizar família de aluna.
66- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos (segunda parte).
67- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos (terceira parte).
68- Ajude seu filho a controlar o humor.
69- Déficits das funções executivas em crianças.
70- Os dez piores terapeutas para adultos com TDAH.
71- Dicas para as mães sobre o tratamento do TDAH.
72- Técnicas de gerenciamento do tempo: 9 dicas DR Hallowell para poupar o seu tempo.
73- Desafios podem tornar prazeroso para a criança o dever de casa.
74- Levando a sério o controle dos sintomas do TDAH.
75- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos: Um treinamento de disciplina para refrear comportamento violento e desafiador.
76- Picking ou conduta auto-lesiva ou escoriação neurótica.
77- Conduta auto-lesiva (skin picking). Qual é a causa, como podemos prevení-la?
78- Soluções para o sono das crianças com TDAH: Sicas experimentadas pelos pais.
79- Ansiedade? Depressão? Algumas mudanças simples de estilo de vida podem melhorar a saúde mental dos adultos com TDAH.
80- O TDAH falsificado.
81- Alguns dados sobre dislexia. Veja mais em www.dilexia.com.br
82- Autismo ou TDAH?
83- TDAH e dificuldades com a matemática: Semelhanças cognitivas e intervenções no ensino.
84- O que é dificuldade com a matemática?
85- Dificuldades com a matemática e TDAH.
86- Tudo é memória de trabalho?
87- TDAH e dificuldades com a matemática - A melhor prática em sala de aula.
88- Uso do computador ainda assusta professores.
89- O tratamento do TDAH.
90- Medicações utilizadas no tratamento do TDAH.
91- O que as crianças necessitam para aprender e crescer?
92- Problemas com a medicação do TDAH: Por que a receita pode não ser eficiente.
93- Decida com facilidade.
94- TDAH - Dificuldade de aprendizagem. o que as pesquisas mostram.
95- TDAH do adulto - motivação no trabalho: a chave para superar a procrastinação.
96- TDAH e Sexo - Redescobrindo o romance em seu casamento.
97- Dificuldades de concentração no ambiente escolar - com foco nas crianças com TDAH, Autismo, Síndrome de Down.
98- Pesquisadores investigam as causas da ansiedade com matemática.
99- Quantificação e análise da concordância entre pais e tutores no diagnóstico do TDAH.
100- TDAH do adulto - Sempre atrasado?

domingo, 29 de setembro de 2013

296- TDAH (ADHD) - Os adolescentes sabem dizer se estão tomando medicação estimulante?


Embora a medicação estimulante ajude a aliviar os sintomas de muitos adolescentes com TDAH, muitos deles se recusam a tomar a medicação ou preferem descontinuá-la. De fato, calcula-se que, por volta dos 18 anos, menos de 10% dos jovens que iniciaram a medicação continuam a recebê-la. 

As razões comumente citadas pelos adolescentes para a interrupção da medicação incluem "que não precisam dela", "que ela não ajuda", "que não gostam do jeito que ela os faz sentir". A verdade dessas declarações depende, ao menos em parte, de se assumir que eles podem realmente dizer se estão tomando a medicação. De maneira surpreendente, virtualmente nada se sabe sobre essa questão básica.

Um estudo publicado online recentemente, no Journal of Attention Disorders [Pelham et al., (2013): Attributions and Perception of Methylphenidate Effects in Adolescents With ADHD. Journal of Attention Disorders, 26 de julho de 2013] foi planejado para responder a essa questão e para incrementar a pesquisa mostrando que crianças com TDAH são incapazes de realmente diferenciar quando estão recebendo medicação estimulante de quando estão recebendo placebo (substância inerte). Como os adolescentes têm muito mais habilidades cognitivas do que as crianças, e muitos têm maior experiência com medicação estimulante, os autores sugeriram que os adolescentes poderiam ser mais capazes de distinguir a medicação real do placebo.

Os participantes desse estudo foram 46 adolescentes de 12 a 17 anos de idade, que estavam submetidos a um programa de verão de tratamento intensivo para jovens com TDAH. Como parte do programa, cada adolescente recebeu um período controlado com placebo e medicação estimulante (o medicamento utilizado foi o metilfenidato) durante o qual foram utilizadas três dosagens ou um placebo em dias diferentes.
Ao final de cada dia, os participantes conversavam com seus conselheiros sobre como atingiram as expectativas para o dia. Os jovens classificaram a importância de diferentes razões para seu desempenho naquele dia, incluindo seus nível de esforço, sua habilidade, a dificuldade do que foram solicitados a fazer, como foram apoiados, o quanto foram ajudados pela medicação e o fato de que tinham TDAH. Também foi perguntado se eles tomaram a medicação verdadeira ou um placebo e, se eles respondiam "medicação verdadeira", se tinham recebido uma dose pequena, média ou grande. Por meio desse procedimento os pesquisadores procuravam examinar três questões básicas. Primeira, os jovens podem realmente distinguir a medicação do placebo? Segunda, isso depende da dose que receberam? E, finalmente, quais razões os adolescentes invocam para explicar seu comportamento nos dias "bons" e "maus"? Os pesquisadores estavam particularmente interessados no quanto os adolescentes explicavam seu comportamento em termos de ter TDAH e tomar medicação versus seu esforço, habilidade, e em quão bem tinham sido tratados.

Resultados

Questão 1 - Os adolescentes podem seguramente distinguir medicação de placebo?

A resposta a essa questão foi claramente que eles não podem. Eles identificaram corretamente os dias de medicação "verdadeira" em somente 61% do tempo. Eles identificaram corretamente os dias de placebo em somente 59% do tempo. Esses números tornam-se mais expressivos quando levamos em conta que os participantes estariam corretos em algum tempo simplesmente "chutando"; de fato, seus índices de acerto na verdade não diferem de respostas ao acaso. Depois de se corrigir para respostas ao acaso, eles detectaram corretamente a medicação verdadeira em somente 38% do tempo e o placebo em somente 23% do tempo.

Questão 2 - A habilidade dos adolescentes em detectar a medicação depende da dose que eles receberam?

De modo geral, os adolescentes tinham maior tendência a indicar que tinham tomado a medicação verdadeira quando recebiam uma dose mais alta do que quando recebiam uma dose menor. Entretanto, mesmo para a maior dose utilizada no estudo, eles não acertaram mais do que por acaso.

Questão 3 - Ao que os adolescentes atribuíam seu comportamento nos dias bons e nos dias ruins?

Nos dias bons, isto é, aqueles nos quais os participantes tinham claramente atingido suas expectativas de comportamento, eles tendiam a atribuir isso ao seu próprio esforço e habilidade. Tomar medicação ou ter TDAH foi tido como muito importante em menos do que 1% do tempo.
Nos dias ruins, a explicação mais citada foi ter sido tratado mal. Ter TDAH foi uma explicação em menos do que 5% do tempo.
Não houve diferença nas atribuições dos adolescentes baseadas em se receberam a medicação real ou um placebo.

Resumo e implicações

Os resultados indicam que os adolescentes não são mais exatos do que as crianças em diferenciar quando estão recebendo medicação ativa de quando estão recebendo placebo, e sua habilidade geral em fazer essa diferenciação não foi melhor do que por acaso. Eles tendiam a explicar seu comportamento nos dias bons como um reflexo de seu próprio esforço e nível de habilidade; nos dias ruins, eles tendiam a citar, como a razão, fatores externos, por exemplo, ser maltratado,. Assim, houve pouca evidência de que eles sejam mais aptos a invocar o TDAH ou a medicação como explicação para o efeito positivo ou negativo em seu comportamento.

Qual a relevância clínica desses achados? Uma implicação importante é que muitos adolescentes podem ser incapazes de julgar corretamente se estão ou não se beneficiando pelo uso da medicação. Então, o pedido para interromper a medicação porque "ela não está ajudando" precisa ser considerado cuidadosamente e não ser tido como a expressão da verdade, logo de "cara".

Em tais circunstâncias, um procedimento usual pode ser monitorar cuidadosamente o comportamento do adolescente com e sem a medicação - incluindo a informação dos professores, quando possível - de modo que o comportamento e o rendimento escolar com e sem a medicação possa ser avaliado. Quando eu clinicava, descobri que alguns adolescentes que pressionavam para interromper a medicação podiam ser orientados a fazer esse teste, para obter uma evidência consistente sobre a utilidade ou não da medicação. Em casos nos quais os dados indicavam que a medicação estava fazendo uma diferença positiva - apesar do que eles haviam pensado - algumas vezes concordavam em continuar o tratamento.

Há várias limitações nesse estudo, que devem ser notadas. Primeiro, a medicação usada era o metilfenidato de efeito curto, e não pode ser determinado se os adolescentes são igualmente capazes ou incapazes de detectar as medicações atuais de efeito mais prolongado. O quanto esses achados podem ser estendidos para situações fora do programa de tratamento intensivo de verão, no qual os dados foram colhidos, também não pode ser determinado com certeza.

Não obstante essas limitações, os resultados desse estudo são interessantes e, para mim, um tanto surpreendentes. Dado o impacto significante que a medicação estimulante tem sobre o comportamento de muitos adolescentes com TDAH, esperar que eles pudessem ser capazes de realmente detectar sua presença não é estranho. Como foi discutido acima, entretanto, isso não parece ser o caso e pode ter implicações importantes quando se lidar com os pedidos para descontinuar o tratamento.


David Rabiner, Ph.D. - Research Professor, Dept. of Psychology & Neuroscience - Duke University, Durham, NC, USA.

  Terapias emergentes para a doença de Alzheimer precoce Michael Rafii, MD, PhD O início da doença de Alzheimer (DA) é caracterizado po...