segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Oito regras para perder peso com o TDAH (372)


Problemas com as funções executivas, problemas com o sono e impulsividade podem tornar difícil a perde de peso. Veja aqui como ficar em forma, magro e saudável com o TDAH. Por Roberto Olivardia, Ph.D.

Perder peso, tendo TDAH - ou mantê-lo -  pode ser uma verdadeira batalha. Isso acontece porque comer, especialmente comer coisas saudáveis, requer o controle das funções executivas, o que não é uma das fortalezas do TDAH.
Decidir o que vai cozinhar, ter os ingredientes necessários na despensa e na geladeira, planejar e preparar uma refeição, tudo isso é um desafio para pessoas com déficit de atenção. Quando elas se sentem pressionadas, pulam refeições ou vão a um fast food para não ter de lidar com os desafios executivos.

Programado para ganhar peso

Vários estudos mostraram que os que têm TDAH são predispostos à obesidade e acham difícil perder peso. Isso não é uma surpresa. Os TDAHs nem sempre estão cientes de quanta comida ingerem. Muitos comem enquanto fazem outra atividade - ver televisão, por exemplo, ou até mesmo dirigindo - assim, eles perdem a conta de quantas calorias consomem. Alguns com o déficit de atenção comem para aliviar o estresse, o tédio, a tristeza, ou até mesmo os pensamentos persistentes.

Hábitos de sono indevidos, com os quais muitos TDAHs brigam, também levam a problemas de obesidade. A privação do sono diminui o metabolismo, particularmente o dos carboidratos. Seu corpo se agarra às gorduras e queima menos calorias. Além disso, quando seu corpo é privado de sono, um hormônio chamado leptina diminui. Essa diminuição aumenta seu apetite e faz você se sentir menos satisfeito depois de comer uma refeição. Outro hormônio, chamado grelina, que estimula seu apetite, aumenta em concentração.

Assim, o que tem a fazer uma pessoa com TDAH que queira comer de modo saudável e perder alguns quilos?

Eis aqui algumas estratégias que funcionam.

1- Gaste uma hora todas as noites de domingo para planejar suas refeições da semana. Assinale os horários em que deve comer. Por exemplo, Segunda-feira, 8 horas da manhã: clara de ovo, biscoito, fatia de queijo; 10:30 da manhã: uma maçã; 1 da tarde: sanduíche de presunto e queijo com pipoca [Eca! Como americano come mal!]. Um esquema detalhado permite que você faça uma lista dos ingredientes necessários para a semana. Cole sua lista na geladeira.

2- Faça o café da manhã e coma muita proteína. Se você pula o café da manhã, isso significa que você ficou de 16 a 18 horas sem comer. Isso inicia um ciclo de metabolismo diminuído e conservador de gordura, ao mesmo tempo em que aumenta seu desejo de gorduras e de carboidratos. Os estudos mostraram que tomar o café da manhã aumenta a memória de curto prazo e a atenção. Se você incluir uma fonte de proteína no seu desjejum - frango grelhado, ovos, iogurte integral - você terá menos fome nas horas a seguir. A proteína é alimento para o cérebro, permitindo que os neurotransmissores do seu cérebro trabalhem eficazmente. Isso melhora sua memória e atenção.

3- Durma o tempo certo para perder peso. Temos a tendência de associar o dormir demais com ser improdutivo, mas isso não é o caso. O sono correto ajuda a manter corretos os níveis hormonais relacionados com o apetite. Disso resultam avisos precisos de fome e de saciedade. Também mantém nosso metabolismo em uma taxa saudável, permitindo que nosso corpo queime as calorias com eficiência.

4- Programe atividades estimulantes quando se sentir chateado. Muitos TDAHs comem de modo impulsivo à noite. Se você for um deles, escreva três ou quatro coisas a que possa recorrer quando se sentir chateado. Algumas sugestões incluem: trabalhe em um projeto de arte; ligue para um amigo; faça uma pequena caminhada; leia um artigo ou um livro. Pense em fazer qualquer coisa que o estimule ou o alivie.

5- Diminua a velocidade com que come e monitore a quantidade que consome. Faça duas respirações profundas antes de uma refeição para acalmar-se e para aumentar sua consciência. Ponha uma porção do alimento em seu prato e afaste-se da panela, travessa ou tigela. Você terá mais consciência do quanto come se tiver de se servir novamente. Largue o garfo ou a colher depois de cada bocado. Não pegue as vasilhas para outra porção até que tenha mastigado e engolido sua última garfada.
Monitore o quanto come enquanto prepara e cozinha a comida. É tentador beliscar enquanto cozinha, mas não perca o controle de quanto já consumiu. Algumas pessoas realmente comem metade de uma refeição antes mesmo de se sentar para almoçar ou jantar. Se você come enquanto prepara a refeição, ajuste sua porção quando for se sentar para almoçar ou jantar.

6- Diminua o tamanho de seus pratos e tigelas. Os estudos mostram que o tamanho das tigelas e dos pratos em que você come afeta sua percepção do quanto comeu. A solução é simples: use pratos e tigelas menores em sua casa. Muitas pessoas descobrem que sua fome é satisfeita somente quando comem tudo que há em seu prato. Pratos maiores significam mais comida, e mais calorias.
Pessoas com TDAH geralmente seguem a dieta "ver-comida". Se elas vêem a comida, elas comem. Quando sair para comer, peça ao garçom que ponha metade de sua refeição em uma vasilha para cachorro, antes dela chegar à sua mesa. [Esses americanos...]. Você não só comerá menos, terá sobras para levar.

7- Faça da perda de peso uma coisa de um grupo. Encontre um amigo ou outra pessoa significante que tenha as mesmas metas que você, e percam peso junto. Vocês poderão manter um ao outro. Amigos tendem a manter um plano porque eles não querem desapontar um ao outro. Vá além de encontrar um amigo: arranje um sistema de apoio com pessoas que entendam o quão é importante para você atingir sua meta.

8- Seja honesto consigo mesmo. Conheça os alimentos que você não deve comprar porque comerá em excesso. O pacote normal de Negresco pode ser difícil de resistir, mas será mais inteligente comprar um pacote menor, que contenha poucas bolachas.

Nunca vá ao supermercado com fome, ou você comprará alimentos ricos em gordura, açúcares ou carboidratos simples. Escreva uma lista de compras em casa, leve-a com você e não fuja dela. Você estará mais consciente e menos impulsivo sobre o que comprar quando não estiver estimulado por todas aquelas ofertas do supermercado. Arrume sua despensa com produtos saudáveis, tais como nozes, iogurte sem gordura, cereais ricos em proteínas, carnes magras, vegetais e frutas. Se você costuma comer para se estimular, o que muitos TDAHs fazem, mastigue um chiclete quando tiver essa vontade. Você adicionará informação sensorial sem calorias indesejáveis.

Comer de modo saudável e perder peso são desafios para qualquer um. Alguns dias serão mais difíceis do que outros para prosseguir. Saiba que o TDAH torna a perda de peso mais difícil ainda. Não se envergonhe de estar acima do peso ou de comer por impulso. Os TDAHs tendem a ficar envergonhados, mais do que os que não sofrem desse transtorno, por coisas sobre as quais eles têm pouco controle. Se você não perde peso na taxa que esperava, não desanime. Use essas dicas e seu sistema de apoio para manter-se na jornada. Você pode fazê-lo.


Roberto Olivardia, Ph.D.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

TDAH E DEPRESSÃO: Diagnóstico, Tratamento e Gerenciamento de um Diagnóstico Duplo (371)


Por William Dodson, M.D.

Você está deprimido porque tem TDAH sem tratamento ou está lidando com algo mais grave? Veja como saber a diferença entre depressão reativa e depressão maior, e como obter a ajuda de que necessita.

Para muitas pessoas, depressão significa sentir-se triste ou estar na fossa. É uma experiência quase universal para as pessoas com TDAH. Em algum ponto de suas vidas, elas se sentem deprimidas por causa da frustração e desmoralização com as tentativas de se encaixar em um mundo neurotípico, que faz pouco esforço para entendê-las e aceitá-las. Geralmente isso é chamado de depressão secundária, ou reativa.

Entretanto, deve ser enfatizado que a "depressão reativa" é uma experiência normal e não algo de errado. É uma percepção aguda de quão difícil e frustrante é ter TDAH, especialmente se não estiver em tratamento.

Não é assim que um médico pensa sobre depressão quando ele diagnostica um paciente. Um clínico é treinado para ver a depressão como um estado que piora gradualmente, no qual uma pessoa perde a energia e a capacidade de sentir prazer com as coisas de que ela gostava. Não há nenhuma relação de causa e efeito previsível entre o que está acontecendo na vida de uma pessoa e sua resposta emocional a esses acontecimentos. Um diagnóstico de depressão significa que o humor de uma pessoa "tomou seu rumo próprio, independente dos acontecimentos de sua vida e fora de sua vontade e do seu controle consciente".

Uma pessoa deprimida geralmente tem membros da família com depressão, os quais, por nenhuma razão aparente, perderam a capacidade de sentir alegria, de sorrir e de gostar de qualquer coisa (comida, sexo, hobbies), tornam-se irritados ou tristes, choram facilmente ou por nenhuma razão, e se afastam da vida e das interações sociais.

Uma pesquisa do National Cancer Institute perguntou às pessoas o que era pior: ser diagnosticado com depressão ou com câncer terminal? Noventa por cento disseram que sua depressão era pior ou do mesmo nível que o câncer que as estava matando. A depressão é muito mais do que esta infeliz porque as coisas não estão indo bem no momento.

Diferenças entre TDAH e Depressão

Muitas pessoas se confundem com os sintomas sobrepostos da depressão e do TDAH. As duas doenças têm muito em comum. Ambas envolvem diminuição da memória e da concentração, irritabilidade, alterações do sono, tristeza, desesperança e pessimismo. É comum atribuir tais sintomas ao TDAH e à propensão para uma vida de derrotas e perdas que a condição promove.

Então, a questão é: Os sintomas são causados pelo TDAH, pela Doença Depressiva Maior, ou por ambos. Uma quantidade significativa de pessoas tem o azar de ter as duas condições. Um estudo (NCRS - National Comorbidity Replication Study) verificou que ter uma das condições faz com que seja três vezes mais provável ter também a outra. As duas doenças podem ser diferenciadas uma da outra com base em seis fatores:

1 - Idade de início. Os sintomas do TDAH estão presentes pela vida toda. O DSM-V requer que os sintomas do TDAH estejam presentes (embora não necessariamente prejudiciais) antes dos 12 anos de idade. A média de início da Depressão Maior aos 18 anos de idade. Sintomas que comecem antes da puberdade são quase sempre devidos ao TDAH. Uma pessoa com as duas condições geralmente é capaz de perceber a presença do TDAH desde o início da infância, com os sintomas da Depressão Maior aparecendo mais tarde, na vida, geralmente no colegial.

2 - Consistência do prejuízo dos sintomas. O TDAH e suas frustrações estão sempre presentes. A Depressão Maior vem em episódios que acabam se estabilizando em níveis mais ou menos normais de humor em cerca de 12 meses.

3 - Instabilidade de humor provocada. Pessoas com TDAH são passionais e têm reações emocionais intensas a acontecimentos de suas vidas. Entretanto, é esse desencadear diferente de mudanças de humor que distingue o TDAH das mudanças de humor da Depressão Maior, que vão e vêm sem nenhuma conexão com eventos da vida. Além disso, as mudanças de humor que ocorrem no TDAH são adequadas à natureza do evento provocador. Acontecimentos infelizes, especialmente a experiência de ser rejeitado, criticado, envergonhado ou provocado, levam a estados emocionais dolorosos.

4 - Rapidez da mudança de humor. Como as mudanças de humor do TDAH são quase sempre provocadas, elas geralmente são mudanças completas e instantâneas de um estado para outro. Tipicamente, são descritas como "trombadas" ou "estalos", o que enfatiza a repentina mudança de estado. Em contraste, as mudanças de humor não provocadas da Depressão Maior levam semanas para se mover de um estado para outro.

5 - Duração das mudanças de humor. Pessoas com TDAH relatam que seu humor muda rapidamente de acordo com o que está acontecendo em suas vidas. A duração de sua resposta a perdas graves e a rejeições geralmente é medida em horas ou poucos dias. As mudanças de humor da Depressão Maior devem estar presentes sem interrupção por ao menos duas semanas.

6 - História familiar. Ambas as doenças são presentes na família, mas as pessoas com Depressão Maior geralmente têm um outro caso de depressão na família, enquanto pessoas com TDAH têm uma história familiar com vários casos de TDAH.

Na avaliação com um médico, uma pessoa que tem tanto o TDAH quanto a Depressão Maior deve ser capaz de fornecer uma história clara de prejuízos do TDAH continuamente presentes em todas as suas atividades, com existência tão antiga quanto sua memória consiga atingir. Ela também deve ser capaz de se lembrar de que o insidioso deslizar para um estado de tristeza que sempre piora e que suga a alegria e o significado da vida começa no final da adolescência.

O tratamento da depressão reativa e do TDAH

Quase todo mundo que tem um sistema nervoso com TDAH vai enfrentar o que foi chamada de depressão secundária ou reativa. A vida é mais difícil para as pessoas com TDAH. Elas precisam aprender como manejar seu sistema nervoso TDAH, que não é confiável em sua capacidade de se engajar e ter as coisas feitas. Às vezes elas estão com hiperfoco e podem realizar coisas maravilhosas, e às vezes elas não conseguem iniciar uma atividade, não importa quanto tentem. Duas coisas ajudam:

1 - Desenvolvimento de competência. Pergunte a uma pessoa com sistema nervoso TDAH a seguinte questão: "Quando você foi capaz de se engajar e ficar concentrado em uma tarefa específica, você descobriu alguma coisa que não conseguia fazer?" A maioria das pessoas responderá, "Não. Se eu consigo me engajar em alguma coisa, posso fazer tudo". Essa é a principal fonte de frustração: Os TDAHs sabem que podem fazer coisas extraordinárias, mas não conseguem fazê-las a pedido. Eles nunca sabem quando suas habilidades vão se manifestar quando forem solicitadas.
Lidar com o TDAH é aprender com o que dá certo em suas vidas, não com o que dá errado. Como você entra no estado em que faz praticamente tudo? Quando você entendeu e dominou seu sistema nervoso TDAH, você poderá ser bem sucedido em um mundo neurotípico. A competência traz a confiança e a duradoura sensação de bem estar.

2- Tenha alguém que o apóie. Sabemos que muitas pessoas com TDAH têm sido muito bem sucedidas na vida sem o uso de medicação. Como elas venceram o desencorajamento e perseveraram? Provavelmente o fator mais importante é que elas têm alguém em sua vida que lhes dá apoio em meio aos inevitáveis momentos difíceis. Se você é uma criança ou um adulto, o importante é ter alguém que veja você, não os seus problemas.

Tratamento da Depressão Maior e do TDAH

O que a infeliz pessoa que tem tanto o TDAH quanto a Depressão Maior deve fazer? O que deve ser tratado primeiro? A decisão geralmente é tomada pelo paciente com base no que ele acha que é a condição mais urgente ou prejudicial. Se eu tenho de escolher, eu trato primeiro o TDAH com um estimulante. Isso é com base em minha experiência de que uma alta porcentagem de pacientes (cerca de 50 por cento) contam que seu humor melhora quando atingem as doses ótimas da medicação estimulante.
Se os sintomas depressivos persistem, um antidepressivo geralmente é adicionado à medicação do TDAH. Muitos clínicos escolhem a fluoxetina, porque ela não tem nenhum efeito no TDAH e tem longa permanência no organismo, tornando-a uma medicação ideal para pacientes que se esquecem de tomá-la.

Alguns clínicos podem usar uma medicação de segunda linha, sozinha, para casos de depressão leve a moderada mais TDAH. Deve ser dito que, enquanto as medicações antidepressivas têm estudos que mostram que elas ajudam nos sintomas do TDAH, nenhuma tem demonstrado efeitos robustos. Os estudos demonstraram que há benefícios detectáveis, mas somente como medicamentos de segunda linha, quando o uso de estimulantes ou um alfa-agonista não for indicado.

Expectativas sobre os medicamentos

O que uma pessoa pode esperar do tratamento da depressão com a medicação? Todos os antidepressivos disponíveis têm uma taxa de resposta de 70 por cento. Consequentemente, a escolha da medicação para iniciar é feita com base na tolerância e no custo. A bupropiona é a que tem os menores efeitos colaterais, seguida pelos medicamentos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRI), tais como o citalopram e o escitalopram.

Os antidepressivos agem lentamente. Muitas pessoas não vêem nenhum benefício nos primeiros 10 a 14 dias. Depois de duas semanas, a irritabilidade e as crises de choro diárias geralmente desaparecem. Depois que começa a resposta de uma pessoa à medicação, leva de oito a dez semanas para se ver o benefício completo de um antidepressivo. Durante esse tempo, as medicações próprias para o TDAH podem ser minuciosamente ajustadas. Essas duas classes de medicamentos "agem bem uma com a outra" e são usadas geralmente juntas sem interações.

Deve ser ressaltado que ficar melhor com um antidepressivo não é a mesma coisa que uma remissão completa. Você não vai voltar a ser feliz como antes. Muitas pessoas precisarão de um agente que potencialize a resposta inicial até a remissão completa. As medicações estimulantes também são geralmente usadas como potencializadores, não importa se o paciente tenha ou não o TDAH.

É importante que o clínico pense claramente sobre a sobreposição comum entre o TDAH e a Depressão Maior verdadeira. Confundir a depressão reativa com a Depressão Maior geralmente leva a anos de tentativa fracassadas de antidepressivos e adia o tratamento do TDAH.

Inversamente, mesmo quando o TDAH está sendo tratado, o fracasso em reconhecer e tratar a Depressão Maior deixa o paciente sem a energia e a esperança para seguir aprendendo a manejar seu sistema nervoso TDAH. Uma avaliação cuidadosa inicial é vital. Mais frequentemente os clínicos reconhecerão o que foram treinados a ver. Geralmente eles verão o TDAH como um transtorno do humor a não ser que você os ajude a fazer essa distinção. O tratamento bem sucedido necessita que cada condição seja identificada e manejada para obter todo o alívio que seja possível.


ADDitude.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Encontrados os três mapas genéticos do autismo (370)

Encontrados os três mapas genéticos do autismo
As causas do autismo são discutidas há meio século e continuam sem estar claras, mas cada vez fica mais evidente a transcendência dos fatores genéticos.
Dois macroestudos apresentados na revista Nature confirmam agora os fortes e complexos componentes genéticos do autismo, identificam mais de 100 genes relacionados com o risco de desenvolver a doença e revelam os três grandes mapeamentos pelos quais viaja esse emaranhado de material hereditário.
Dois deles – a formação das sinapses e o controle dos genes cerebrais – eram de certo modo esperados, mas ninguém contava com o terceiro: a cromatina, uma arquitetura de alto nível que empacota ou expõe grandes áreas da geografia genômica em resposta ao ambiente.
Os resultados têm implicações imediatas para o diagnóstico genético do autismo, que agora é formado por um modesto 20% de capacidade de predição e poderá se multiplicar em poucos anos, embora certamente com a introdução das modernas técnicas da genômica – o sequenciamento de exomas, ou a parte do DNA que significa proteínas – ao alcance dos serviços de psiquiatria hospitalar.
Além disso, esses dados darão trabalho durante muito tempo aos neurocientistas, que deverão esclarecer como esses genes afetam o cérebro, e aos farmacêuticos, que poderão dirigir seus dardos químicos contra toda uma nova bateria de alvos.
O autismo, que aparece mais ou menos em uma de cada 100 crianças, é um transtorno de desenvolvimento que afeta a capacidade social, de comunicação e de linguagem, e costuma ser evidente antes dos três anos de idade.
O autismo “clássico”, a síndrome de Asperger e o transtorno generalizado do desenvolvimento não especificado (PDD-NOS pela sigla em inglês) são três quadros relacionados que costumam se agrupar sob o guarda-chuva de transtornos do espectro autista. Os macroestudos abrangem este espectro em geral, e não apenas o autismo clássico.
As mutações herdadas e de novo – ocorridas nos óvulos ou no esperma dos pais, e que, portanto, dão lugar a casos sem precedentes familiares – são o principal fator de risco para desenvolver o autismo; somando os dois tipos de mutações, os dois novos estudos identificam mais de 100 genes de risco. São, de longe, os maiores estudos sobre genética do autismo feitos até o momento.
O primeiro envolveu 37 instituições científicas internacionais, incluídas duas espanholas, foi coordenado pelo neurocientista e geneticista Joseph Buxbaum, do Hospital Monte Sinai de Nova York, e analisou o genoma de 3.871 autistas e 9.937 controles relacionados.
O segundo foi coordenado por Michel Wigler, do Laboratório Cold Spring Harbor, também em Nova York, e examinou o genoma de 2.500 famílias com filho autista, com um foco particular nas mutações de novo, que podem superar 20% de todas as mutações de risco segundo sua análise.
Estas mutações de novo são parte da razão pela qual a influência genética no autismo foi subvalorizada nos primeiros estudos: apesar de ter uma causa genética, estes casos não apresentavam relações familiares óbvias. “Mas as mutações de novo não são nenhuma peculiaridade do autismo”, explica Ángel Carracedo, da Universidade de Santiago de Compostela e coautor do primeiro trabalho. “Nossos óvulos e espermatozoides sofrem mutação, é parte do mecanismo de geração da diversidade humana.” A outra autora espanhola é Mara Parellada, da Universidad Complutense.
Bauxbaum, líder desse mesmo estudo, acha que o consórcio não só contribuiu com a fotografia teórica mais completa de como numerosas mudanças genéticas se combinam para afetar o cérebro das crianças com autismo, “mas também sobre as bases do que torna os humanos seres sociais”. Em termos lógicos, esses mesmos genes devem formar, quando funcionam corretamente, a base lógica das estruturas sociais do cérebro.
 “Todas estas descobertas genéticas”, continua Bauxbaum, “devem ser transportadas agora a estudos moleculares, celulares e animais para conseguir futuros benefícios para os afetados e suas famílias; um estudo como este cria uma indústria de muitos anos, com laboratórios procurando os efeitos fisiológicos das mudanças genéticas que encontramos e procurando fármacos para contrapor seus efeitos”.

“A genética que subjaz ao autismo é altamente complexa”, acrescenta o segundo coordenador do estudo, Mark Daly, do Instituto Broad (MIT e Harvard, e um dos pontos centrais do projeto genoma público), “e apenas tendo acesso a grande amostras é possível traçar as mutações e entender os mecanismos implicados”.

Javier Sampedro - 29/10/2014  Jornal El Pais (tirado do blog do Noblat)

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Como fazer o aprendizado durar. (369)

Como fazer o aprendizado durar.

Aprenda o que significa a memória de trabalho para os portadores de TDAH, e dicas, ferramentas e truques para melhorar a memória, de modo que você possa ajudar seus filhos a se lembrarem mais e a se esquecerem menos.

O que é a memória de trabalho?

Memória de trabalho é o tipo de memória mais imediato. É a forma mais curta de memória, que guarda o que você está prestando atenção no momento, e o ajuda a manter a informação que está processando e que logo usará, como lembrar-se do número de um telefone enquanto você o tecla. Ela permite que você mantenha uma tarefa em mente enquanto trabalha nela, como pensar na limpeza do seu quarto enquanto a faz. Você a usa durante todo o dia.

Faça com que ela seja mais forte para que dure mais tempo.

Há duas maneiras principais de melhorar sua memória de trabalho: aumentar a filtragem e diminuir a impulsividade, e ensinar o cérebro a se lembrar mais com a prática e os truques de aprendizagem. Os principais tratamentos são as medicações para o TDAH e o treinamento da memória de trabalho da Cogmed. Mas, também há fatores ambientais e coisas que os pais podem fazer para ajudar seus filhos a lembrar-se mais e a esquecer-se menos.

Dentro do cérebro TDAH

A cada dia, você encontra estímulos no mundo e dentro de sua própria cabeça, tais como ler um texto ou procurar alguma coisa em uma loja. Você decide responder a alguns e a não responder a outros por meio de filtragem deles no córtex pré-frontal. Então, você espera para fazer escolhas sobre como você vai reagir. Pessoas com TDAH tendem a reagir de modo mais rápido, mais frequentemente porque elas não têm muita habilidade de filtragem para aplicar os freios quando o estímulo chega. Está ligado à impulsividade, saltar para aquela ideia que provoca distração em vez de prestar atenção no aspecto mais importante, no qual você deveria estar focalizado.

Prestar atenção

Para quem tem TDAH, o problema não é a memória, é a atenção - você não pode se lembrar de algo se você não o notou no início. As medicações para o TDAH podem ajudar a aumentar a quantidade de dopamina no córtex pré-frontal. O cérebro usa a dopamina como um neurotransmissor, e, aumentando-a, faz com que você filtre as ideias, de modo que não fique oscilando em várias direções pelos estímulos do mundo à sua volta. A memória de trabalho é melhorada pela medicação durante o tempo de sua atuação e volta ao ponto inicial quando passa o efeito da medicação.

Aprendendo a aprender

Antes de alguma coisa ser aprendida, ela deve passar pela memória de trabalho. Pessoas com TDAH são menos eficientes para aprender porque são mais distraídos, e precisam reler uma folha de papel por três vezes antes de que a informação seja transmitida completamente de sua memória de trabalho para a de longo prazo. Cogmed funciona por meio do treinamento do cérebro na focalização e em lembrar mais com exercícios progressivamente mais difíceis de memória e prática repetitiva.

Como os pais podem ajudar

A memória de trabalho está no nível mais baixo ao nascimento e se torna melhor conforme você cresce, atingindo o pico por volta dos vinte anos. Depois, você perde 5% a cada década. muitas pessoas realmente não notam o declínio até seus 50 anos, porque os adultos são melhores no uso de truques que ajudam a recuperar uma memória. Crianças em idade escolar ainda estão desenvolvendo suas memórias de trabalho e os pais podem ajudá-las ensinando-as as maneiras de se lembrar de coisas como um adulto, como fazer a lista do mercado ou marcar eventos em um calendário.

Ensine as crianças a como se lembrarem

Use truques mnemônicos, como acrônimos, ou a repetição de informação importante. Fale um pouco com seu filho para que ele se lembre de três pontos principais, como você faria para se lembrar de um número de telefone. Ou ensine a ele a pensar em uma frase ou palavra boba, mas fácil de memorizar, como HOMES, para se lembrar dos Grandes Lagos (Huron, Ontário, Michigan, Erie e Superior). Engaje seus sentidos.Use cartões escritos. Se for falar, fale alto, depois discutam juntos os pontos principais.

Lembretes para a memória

Ajude as crianças a reduzir os estímulos que competem (distrações), e aumente a força de estímulos importantes, de modo que eles possam prestar mais atenção neles. É fácil fazer isso com auxílios externos para a memória, tais como etiquetas coloridas e listas do que fazer ou agenda de compromissos. Conversas e instruções podem ser mais difíceis de se lembrar, então, treine seus filhos a pegar uma folha de papel e tomar notas, ou anote no celular para enviar um e-mail para se lembrar.

Controle o ambiente deles

Pense nos momentos em que é mais difícil para você se lembrar das coisas - quando você está muito cansado, sobrecarregado, ou realmente com fome. Minimizar essas coisas que diminuem a memória de trabalho pode garantir que as crianças estejam usando suas capacidades no máximo. Certifique-se de que as crianças comam coisas saudáveis, que tomem multivitaminas e alguma pílula de ácidos graxos essenciais (ômega 3, 6 etc). Que durmam o suficiente, que comam uma dieta equilibrada e que se exercitem regularmente, não garantirá melhora da memória, mas ajudará seus filhos a serem o melhor que puderem ser.

De esquecido a focalizado


Não há suplementos milagrosos que façam desaparecer os problemas com a memória de trabalho. Entretanto, esforçar-se em levar uma vida boa, um bom estilo de vida e adotar estratégias de aprendizado podem ajudar. Fazer, ocasionalmente, exercícios de memorização não vai melhorar a memória de longo prazo das crianças, mas o compromisso de ajudá-los  melhora a codificação pelo reforço do aprendizado e pelo reforço da prática, e melhora a recuperação de fatos por meio de auxílios externos, o que pode ajudar a guardar a informação na memória de longo prazo, e transformar seu filho de esquecido em focalizado.

ADDitude

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O que as crianças necessitam para aprender e crescer? (91)



O eminente psicólogo Erik Erikson acreditava que as atitudes das crianças sobre si mesmas e sobre o mundo em torno delas dependiam largamente de como eram tratadas pelos adultos conforme cresciam. Abaixo, está um resumo do que Erikson acreditava que as crianças mais necessitavam de suas famílias em cada estágio do seu desenvolvimento.

Confiança básica (do nascimento até 1 ano): 

Os bebês ganham um senso de confiança básica quando as interações com os adultos são prazerosas e gratificantes. Bebês necessitam de pais que sejam calorosos, atenciosos, previsíveis e sensíveis às suas necessidades. Se os bebês têm de regularmente esperar um longo tempo para o conforto ou se são manuseados grosseira e insensivelmente, a descrença nos outros será promovida.

Autonomia (1 a 3 anos):

A confiança na capacidade de fazer escolhas e decisões se desenvolve conforme as crianças exercitam as habilidades exploratórias de andar, correr, subir e manejar objetos. Crianças e pré-escolares necessitam de pais que os deixem escolher uma de várias atividades seguras. Se as crianças são muito restringidas, sempre forçadas a fazer as coisas da maneira dos seus pais, ou se são envergonhadas por cometer erros conforme exploram, a autodesconfiança crescerá em vez da autoconfiança.

Iniciativa (3 a 6 anos):

Os pré-escolares aprendem sobre si mesmos e suas culturas por meio de jogos de simulação; conforme eles atuam em papéis diferentes, eles começam a pensar em que tipo de pessoas eles querem se tornar. Os pais que apoiam o senso emergente de propósito e direção das crianças neste estágio, ajudam-nas a desenvolver a iniciativa, ambição e a responsabilidade social. Se os pais são exageradamente controladores e exigentes, as crianças podem se tornar culpadas e reprimidas.

Diligência (6 anos até a puberdade): 


Durante seus anos escolares, as crianças desenvolvem suas capacidades de trabalho produtivo, aprendem a trabalhar em cooperação com outros e descobrem um senso de orgulho em fazer as coisas direito. As crianças de idade escolar necessitam de pais que encorajem seu senso de competência e de domínio, dando-lhes responsabilidade e oportunidades de usar suas capacidades e conhecimento. Jovens que não têm esse encorajamento podem desenvolver um senso de inferioridade e acreditar que nunca serão bons em nada.

Identidade (adolescência): 

Adolescentes integram o que ganharam dos estágios prévios em um senso duradouro de identidade; eles desenvolvem um entendimento do seu lugar na sociedade e formam expectativas para o futuro. Adolescentes necessitam respeito para sua independência emergente. Crianças que não tenham tido suas necessidades supridas nesse e nos estágios anteriores, são propensas a terem incerteza sobre o que são e onde querem chegar.


Fonte: Learning Disabilities: A to Z – Corinne Smith & Lisa Strick (1997)

Pavio curto? Pode ser Transtorno de Oposição e Desafio do Adulto (368)

Pavio curto? Pode ser Transtorno de Oposição e Desafio do Adulto 

TOD geralmente está associado a crises de raiva em crianças indisciplinadas com TDAH. Mas o especialista, Dr. Russel Barkley, explica como é o Transtorno de Oposição e Desafio em adultos com Déficit de Atenção.

Quais são os sintomas do TOD em adultos?

Adultos com TOD (Transtorno de Oposição e Desafio)  se sentem de mal com o mundo, e perdem o controle regularmente, às vezes diariamente. Adultos com TOD se defendem incansavelmente quando alguém diz que eles fizeram algo errado. Eles se sentem mal compreendidos e desamados, restringidos e postos de lado. Alguns se sentem como dissidentes ou rebeldes.

O que causa o TOD em Adultos?

Não está claro. Pode ser que o padrão de rebeldia se instale quando a criança com TDAH está constantemente em atrito com adultos que tentam fazê-las se comportar de um modo que não é permitido pelas suas funções executivas deficientes. Quando as crianças têm os sintomas de TDAH por dois ou três anos, de 45 a 84% delas desenvolvem o TOD, também.

Como o TDAH se relaciona com o TOD em adultos?

Pode ser que os problemas de controle emocional que aparecem com o TDAH tornem mais difícil o controle da raiva e da frustração. A emoção impulsiva associada ao TDAH significa uma resposta mais rápida à raiva, impaciência e baixa tolerância à frustração, o que pode ser a faísca que acende o fogo do TOD. Descarregar e avançar sobre os outros leva a conflitos. Pode ser por isso que os adultos com TOD são mais facilmente despedidos, embora o fraco desempenho no trabalho seja causado mais pelo TDAH.

Como é o TOD em adultos tratados?

Em muitos casos, a medicação estimulante usada para tratar o TDAH também melhora o TOD.

E se a medicação para o TDAH não ajudar?

Matricule-se em um curso de controle da raiva, dado por um profissional de saúde mental em uma clínica de saúde ou em uma faculdade da cidade. "Taking Charge of Anger", um livro de Robert Nay, oferece conselhos práticos que podem beneficiar um adulto com TOD. Alguns adultos necessitam de uma segunda medicação, além dos estimulantes, para o controle do TOD. Aprenda mais sobre o TOD em crianças no site da ADDitude.

Sintomas de TDAH e de Transtorno Bipolar geralmente podem causar confusão - e geralmente coexistem na mesma pessoa. Faça o download de "Is it Bipolar Disorder or TDAH?" [ou leia a postagem número 120 deste blog].

ADDitude

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Os professores são, em essência, transformadores do cérebro. (168)(367)

Por Wendi Pillars

Sou neurocientista de poltrona, ou ao menos amo aprender sobre o cérebro, como ele funciona, e o que as descobertas recentes significam para o meu trabalho como professora.
Entretanto, aplicar os achados da pesquisa às realidades da sala de aula é muito mais fácil falar do que fazer. Além de enfrentar os desafios diários do nosso trabalho, precisamos diferenciar as afirmações tendenciosas sobre o cérebro ”baseadas na pesquisa” daquelas com fundamentos em achados científicos legítimos. E, então, temos de descobrir como aplicar o que aprendemos. Esmiuçar essas afirmações para entender suas origens é precisamente o objetivo de minha pesquisa atual.
Lembra-se de quando o conhecimento científico convencional dizia que uma pessoa mediana poderia aprender e reter sete itens de informação por vez? (Daí o nosso protocolo telefônico com sete números). Bem, os achados neurocientíficos recentes determinaram que nossa capacidade cognitiva é de somente de três a quatro itens.
Isto pode ser bom: Força-nos, como professores, a estreitar e zelar pelos nossos objetivos e a determinar o que é mais importante, conforme tomamos decisões ao longo do dia. Mas pode também ser opressivo, por exemplo, como podemos ajudar os estudantes a dominar um extenso conteúdo enquanto eles só podem aprender em quantidades tão pequenas?
Em relação a esse achado em particular, aqui estão três dicas importantes que eu sigo enquanto exploro a literatura sobre neurociência e ensino.
#1. Os professores são, em essência, transformadores do cérebro.
Somos os únicos profissionais cujo trabalho é alterar fisicamente o cérebro de uma criança, diariamente. Gosto do jeito de Judy Willis, um talentoso neurocientista que virou professor, se referir ao trabalho do professor como uma “cirurgia cerebral sem sangue”.
Eis como ela acontece em um nível básico:
 Se uma criança recebe informação por meio de suas vias sensoriais e seu cérebro decide manter aquele conhecimento, o processo integrativo se instala e assimila aquele aprendizado enquanto ela dorme.
 Esta consolidação ocorre quando os neurônios transmitem mensagens uns para os outros. As mensagens precisam atravessar separações microscópicas entre os neurônios – sinapses – de modo trabalhoso no início e mais rapidamente a cada momento de acesso.
• Eventualmente o aprendizado está conectado a vários pontos dentro de uma rede cada vez mais densa de neurônios, facilitando o processo de recuperação da informação para o aprendiz alerta.
Como professores, precisamos entender que uma via neural é como um novo caminho na floresta. Quanto mais frequentemente essa via neural é percorrida, menos obstáculos, maior sua capacidade e mais rápida e estável ela se torna.
Isto quer dizer que devemos ajudar nossos estudantes a fazer conexões com as experiências, conhecimento e aprendizado  anteriores – e as ligações com outras áreas curriculares. Quanto mais conexões fizermos em classe, mais estaremos alterando fisicamente os cérebros dos nossos alunos, criando e reforçando as vias neurais.
Sabendo isto, torna-se mais crucial maximizar as oportunidades de  aprendizado durante as 1.260 horas em que nossos alunos estão conosco durante o ano escolar [nos Estados Unidos].
Os estudos mostram que nós, como professores, gastamos 90% do tempo de planejamento fazendo com que nossas aulas tenham sentido. Tendemos a gastar muito menos tempo de planejamento (cerca de 10%) para estabelecer a relevância da lição para o aprendizado prévio e o futuro. Mas, os achados neurocientíficos indicam que esta relevância – ligada às conexões e à emoção – é particularmente importante.
Refletindo sobre meu próprio ensino, vejo que é importante engajar uma gama de vias sensoriais de modo mais consistente conforme forneço oportunidades implícitas e explícitas para os alunos reconhecerem e fazerem as conexões.
#2. Aquele cujas vias neurais estão se modificando é o que está aprendendo.
É evidente, certo? Admito que, inicialmente, eu pensava, “Bem, e daí?” Mas, conforme refletia honestamente sobre minha classe, comecei a ver que minha maneira de pensar precisava mudar. Estava fazendo muito da espécie de trabalho errado – fazendo muito explícito e muito rapidamente, em vez de planejar oportunidades para ajudar os alunos a fazerem as conexões por si mesmos. Então, muitas áreas de aprendizagem poderiam ser apoderadas pelos alunos, e eu estava tirando deles esta experiência, em parte ou totalmente.
Qual é a melhor maneira de apoiar esta posse, para desenhar vias de mudar o aprendizado para os alunos, de acordo com a neurociência? Duas grandes ideias apoiadas pelos achados são de que o cérebro é um viciado em prazer – e um viciado em padrão. Então, estou encontrando mais vias para trazer o prazer e o riso para minha classe e criando vias divertidas para explorar e aprender. Também estou integrando mais oportunidades para os alunos trabalharem com padrões, escolhendo e interagindo com as relações entre os dados, conceitos e experiências.
#3. O pensamento crítico é mais importante que tudo – o que significa que esperamos resultados diferentes do aprendizado.
Acadêmicos, como Tony Wagner, Daniel Willingham, e outros, dizem que os inovadores do futuro serão os estudantes que podem formular as “perguntas certas”, escolher entre a quantidade opressiva de informação e comunicar claramente o conhecimento que recombinaram em vias originais. O que a neurociência pode nos mostrar sobre o desenvolvimento das habilidades de pensamento crítico dos estudantes? Sobre a mudança do modo como abordamos ensino e aprendizagem?
Como eu mencionei, o aprendizado se desenvolve no cérebro em uma rede de conexões neurais sempre em expansão. Quando os alunos praticam o raciocínio de ordem mais elevada – quando eles questionam uma hipótese inicial ou a respondem e exploram mais além – mais conexões e vias são criadas no cérebro. Isto também ocorre quando os alunos são capazes de recombinar seu conhecimento com o que já aprenderam no passado.
Descobri que preciso dar mais oportunidades para meus alunos explorarem o processo de análise: para levar seu aprendizado para o nível seguinte, qualquer que ele seja. Para isto é necessário ensinar como analisar e como permanecer seguros assumindo riscos. A tecnologia pode ajudar-nos a criar estas oportunidades. Mas, a informação é inútil a não ser que compartilhada e explorada eficazmente, de modo que nós professores precisamos continuar a estimular as habilidades de comunicação e de relacionamentos em tudo que fizermos.
Ler sobre tudo isto de uma perspectiva neurocientífica faz o processo de aprendizado parecer mais concreto e me garante que não precisamos discutir tudo o que sabemos sobre o ensino efetivo.
De fato, muitos de nós já abordamos o ensino por maneiras que são consistentes com os achados neurocientíficos – mas saber mais sobre como os cérebros dos nossos alunos funcionam pode nos ajudar a ajustar o que fazemos, e lembrar-nos de ser consistentes com aquelas ideias que são boas para o cérebro. Esta perspectiva também enfatiza o aprendiz, em vez do professor – um lembrete que todos nós faremos bem em seguir.
Como Willis, o professor neurocientista diz, “Isto não é sobre mim, isto não é sobre você, é sobre a missão de ensinar de um modo que modifique o cérebro para melhor”.
Wendi Pillars é uma professora de língua inglesa com certificado pelo National Board, e membro da Teacher Leaders Network. Ela tem 15 anos de experiência em ensinar, tanto no estado quanto no exterior. Ela já escreveu sobre neurotoxinas e seu impacto no cérebro aprendiz.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

366- Saúde mental - 8 sinais de que você pode estar com depressão.


Doença, que atinge cerca de 10% dos brasileiros, é caracterizada por conjunto de sintomas que vão desde tristeza duradoura até problemas para dormir

Vivian Carrer Elias

A depressão afeta 350 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é mais prevalente entre mulheres. No Brasil, cerca de uma em cada dez pessoas sofre com o problema. Embora seja uma doença comum, a moléstia carrega estigmas que dificultam seu diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento adequado.
O primeiro deles está no fato de a depressão ser um transtorno mental. "Percebemos que o preconceito com as doenças mentais faz com que muitos pacientes, principalmente os homens, demorem a aceitar que têm o problema e a procurar um médico, atrasando o tratamento", diz Rodrigo Martins Leite, psiquiatra e coordenador dos ambulatórios do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. 
Limite — Além do preconceito com os transtornos mentais, a dificuldade de interpretar os sintomas faz com que uma pessoa demore a procurar ajuda. Os sinais podem ser confundidos com sentimentos naturais do ser humano, como tristeza, indiferença e desânimo. Esses sentimentos passam a configurar um quadro de depressão clínica quando a variação do humor começa a afetar negativamente vários aspectos da vida do paciente — da produtividade no trabalho e nos estudos às relações com outros indivíduos, passando pela qualidade do sono e a disposição física para realizar as atividades do dia a dia.
"Muitas vezes é difícil diferenciar a tristeza comum da depressão. O humor das pessoas nunca é constante, sempre vai existir uma variação. Uma situação negativa pode desencadear tristeza, luto. Isso é diferente da depressão clínica, que é uma síndrome que vem acompanhada por outros sintomas", explica Mara Fonseca Maranhão, psiquiatra da Unifesp e do Hospital Albert Einstein.
Definição — Os critérios atuais para diagnóstico da depressão — estipulados por entidades médicas como a OMS e a Associação Americana de Psiquiatria — determinam que, para ser detectada com a doença, uma pessoa deve apresentar ao menos cinco sintomas do transtorno. Entre eles, um deve ser obrigatoriamente o humor deprimido (tristeza, desânimo e pensamentos negativos) ou a perda de interesse por coisas que antes eram prazerosas ao paciente. Os outros sintomas podem incluir alterações no sono, no apetite ou no peso, cansaço e falta de concentração, por exemplo.
Segundo o psiquiatra Rodrigo Leite, os critérios dizem que esse conjunto de sintomas deve ser apresentado pelo paciente na maior parte do dia, todos os dias e durante pelo menos duas semanas para que seja considerado como sinais de depressão. Por isso, estar atento a sintomas como esses — e a duração deles — é importante para que uma pessoa procure um médico e saiba se precisa ser submetida a um tratamento.
Doença do corpo — As causas exatas que levam à depressão ainda não são completamente conhecidas. "Sabe-se que situações como problemas financeiros ou conjugais, desemprego e perda de um ente querido alteram estruturas cerebrais que são sensíveis a hormônios relacionados ao stress, especialmente ao cortisol. Com isso, há um desequilíbrio no cérebro que desencadeia os sintomas depressivos", explica Leite.
Apesar disso, a depressão não é uma doença apenas do cérebro – e levar esse fato em consideração é essencial para o sucesso do tratamento. "As pessoas precisam saber que, diferentemente do que se pensava antes, a depressão não afeta apenas o cérebro, e o tratamento não depende exclusivamente de antidepressivos. Hoje, sabemos que essa é uma doença de todo o organismo", diz Rodrigo Leite.
De acordo com o psiquiatra, cada vez mais a ciência mostra que a doença está relacionada a problemas como baixa imunidade, alterações dos batimentos cardíacos e acúmulo de placas de gordura no sangue. Ou seja, a depressão é também um fator de risco a doenças como as cardíacas, incluindo infarto e aterosclerose. "Ainda não está claro de que forma a depressão leva a essas condições, mas sabemos que a relação existe".
Por esse motivo, o tratamento da depressão não deve incluir apenas antidepressivos. "Pessoas com depressão também precisam evitar hábitos como sedentarismo, tabagismo e má alimentação, que predispõem mais ainda uma pessoa a doenças cardiovasculares. Os pacientes devem saber que mudar esses hábitos é tão importante no tratamento quando os medicamentos."
Os psiquiatras alertam que as pessoas, assim que notarem que apresentam sintomas depressivos — e que eles são duradouros —, devem consultar um médico. "O tratamento contra a depressão com antidepressivos, psicoterapia e mudanças de estilo de vida é eficaz, principalmente se for iniciado precocemente", diz Mara Maranhão.

Alteração do humor

O principal sintoma da depressão é o humor deprimido, que pode envolver sentimentos como tristeza, indiferença e desânimo. Todos esses sentimentos são naturais do ser humano e nem sempre são sinônimo de depressão, mas, se somados a outros sintomas da doença e persistirem na maior parte do dia por ao menos duas semanas, podem configurar um quadro de depressão clínica. “O humor deprimido faz com que a pessoa passe a enxergar o mundo e a si mesma de forma negativa e infeliz. Mesmo se acontece algo de bom em sua vida, ela vai dar mais atenção ao aspecto ruim do evento. Com isso, o paciente tende a se sentir incapaz e sua autoestima diminui”, diz o psiquiatra Rodrigo Leite, do Instituto de Psiquiatria da USP.

Desinteresse por coisas prazerosas

Perder o interesse por atividades que antes eram prazerosas é outro sintoma importante da depressão. O desinteresse pode acontecer em diferentes aspectos da vida do indivíduo, como no âmbito familiar, profissional e sexual, além de atividades de lazer, por exemplo. “O paciente também pode abrir mão de projetos por achar que eles já não valem mais o esforço, deixar de conquistar novos objetivos ou de aproveitar oportunidades que podem surgir em sua vida”, diz o psiquiatra Rodrigo Leite.

Problemas relacionados ao sono

Pessoas com depressão podem passar a dormir durante mais ou menos tempo do que o de costume. É comum que apresentem problemas como acordar no meio da noite e ter dificuldade para voltar a dormir ou sonolência excessiva durante a noite ou o dia.

Mudanças no apetite

Pessoas com depressão podem apresentar uma perda ou aumento do apetite — passando a consumir muito açúcar ou carboidrato, por exemplo. Segundo o psiquiatra Rodrigo Leite, não está claro o motivo pelo qual isso acontece, mas sabe-se que, somado a outros sintomas da doença, a alteração do apetite que persiste por no mínimo duas semanas aumenta as chances de um paciente ser diagnosticado com depressão.

Perda ou ganho de peso

Mudanças significativas de peso podem ser uma consequência da alteração do apetite provocada pela depressão — por isso, são consideradas como um dos sintomas da doença. 

Falta de concentração

Em muitos casos, a depressão também pode prejudicar a capacidade de concentração, raciocínio e tomada de decisões. Com isso, o indivíduo perde o rendimento no trabalho ou nos estudos. Segundo a psiquiatra Mara Maranhão, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a depressão pode impedir que o paciente trabalhe ou estude, ou então faz com que ele precise se esforçar muito para conseguir concluir determinada atividade.

Cansaço

Diminuição de energia, cansaço frequente e fadiga são comuns em pessoas com depressão, mesmo quando elas não realizaram esforço físico. "O indivíduo pode queixar-se, por exemplo, de que se lavar e se vestir pela manhã é algo exaustivo e pode levar o dobro do tempo habitual", segundo o capítulo sobre depressão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), feito pela Associação Americana de Psiquiatria.


Pensamentos recorrentes sobre morte


Em casos mais graves, pessoas com depressão podem apresentar pensamentos recorrentes sobre morte, ideação suicida ou até tentativas de suicídio. A frequência e intensidade dessas ideias podem mudar de acordo com cada paciente. "As motivações para o suicídio podem incluir desejo de desistir diante de um obstáculo tido como insuperável ou intenso desejo de acabar com um estado emocional muito doloroso", de acordo com o DSM-5.



http://veja.abril.com.br/noticia/saude/8-sinais-de-que-voce-pode-estar-com-depressao 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

365 - As interconexões cerebrais das crianças com autismo apresentam menos flexibilidade

Quando a maioria das crianças faz uma tarefa, são ativadas várias conexões cerebrais, e exames de imagem mostraram que essa ativação neuronal é menor nas crianças com autismo. 
Essa menor flexibilidade geralmente provoca dificuldades quando as crianças com autismo enfrentam situações novas. 
Saber como o cérebro responde de forma diferente nesses casos poderia fazer com que as transições fossem mais fáceis para essas crianças.
Em um novo estudo, os investigadores realizaram ressonâncias magnéticas em 34 crianças com autismo e em 34 crianças com desenvolvimento normal enquanto descansavam e enquanto realizavam uma tarefa: resolver problemas de matemática ou distinguir umas faces de outras.
A ideia era incluir tarefas que resultariam difíceis de forma significativa para as crianças autistas junto com outras que não.
As crianças com autismo se desenvolveram igual às demais crianças nas tarefas.
Não obstante, em uma série de conexões cerebrais que se sabe serem importantes para a mudança de uma tarefa para outra, as crianças com autismo mostraram uma 'flexibilidade' cerebral menor que a das crianças que se desenvolviam com normalidade. 
Os investigadores também encontraram uma conexão entre a gravidade das condutas restritivas ou repetitivas e o grau de inflexibilidade.
Para os autores, esses achados poderiam ajudar a elaborar novas terapias dirigidas a favorecer a flexibilidade cerebral mediante estratégias, ferramentas e jogos que melhorem a mudança de uma tarefa para outra.
[ Cereb Cortex 2014]
Uddin LQ, Supekar K, Lynch CJ, Cheng KM, Odriozola P, Barth ME, et al.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

364- O TDAH não é uma Dificuldade de Aprendizagem?


Uma nova maneira de avaliar o processamento neural de crianças com TDAH revela que, ao contrario do convencional, o transtorno não representa necessariamente um prejuízo do aprendizado, tanto quanto um prejuízo da tomada de decisões.

"Indivíduos com TDAH não devem ser caracterizados por um prejuízo do aprendizado per se, em contraste do que foi sugerido por modelos teóricos", escreveram os autores, liderados por Tobias U, Hauser, PhD., da University College London´s Wellcome Trust Centre for Neuroimaging.

"Na verdade, eles têm um processo de decisão menos preciso e avaliam mais vezes".

O estudo foi publicado online no dia 20 de agosto no JAMA Psychiatry.

Nova abordagem por imagem

O TDAH, afirmam os autores, tem sido ligado a fraca tomada de decisões e dificuldade de aprendizado. Modelos de TDAH sugerem que esses déficits "podem ser causados por deficiência no reconhecimento de 'erros na previsão de recompensa' (RPEs), que são sinais que indicam violação de expectativas, e sabidamente codificados pelo sistema dopaminérgico".
Entretanto, os investigadores afirmam que "o déficit preciso de aprendizado e de tomada de decisões, e seu correspondente neurobiológico no TDAH, não é bem conhecido".

Para o estudo, 20 adolescentes, com idade de 12 a 16 anos, com TDAH, e 20 indivíduos sadios, de controle, foram submetidos a testes psiquiátricos durante a realização simultânea de ressonância magnética funcional (fRMI) e eletroencefalograma (EEG).

A combinação das duas modalidades permite uma avaliação que supera as fraquezas de cada método, segundo Dr. Hauser.

A ressonância magnética funcional (fRMI), por exemplo, tem uma resolução temporal muito fraca, enquanto o EEG tem uma falta de resolução espacial. A combinação dos dois permite não somente localizar as deficiências mas, também, nos mostra em que instante a deficiência acontece. Isso nos informa se ela ocorre no início ou no final do "processo de pensamento".

Nos testes, os investigadores usaram uma nova comparação de dois modelos de computação psiquiátrica - um modelo Rescorla-Wagner avançado, que se mostra bem sucedido em demonstrar o aprendizado de um participante em tarefas de aprendizado com reversão probabilística, e um modelo de aprendizado Bayesiano mais flexível, que comanda um processo de aprendizado mais refinado.

É o primeiro estudo que utiliza esses modelos computacionais para entender as deficiências de tomada de decisão em combinação com imagem multimodal, segundo Dr. Hauser.

Por meio dessa abordagem, é possível entender os mecanismos por trás das dificuldades na tomada de decisões e seus correlatos neurais, no TDAH.
Os desafios enfrentados pelos participantes, enquanto eram submetidos às técnicas simultâneas de neuro-imagem, geralmente envolviam o aprendizado, por tentativa e erro, de qual de duas imagens resultava em melhor recompensa de dinheiro, com o objetivo de ganhar a maior quantidade de dinheiro possível. As probabilidades de recompensa eram mudadas ocasionalmente, requerendo que os participantes a elas se adaptassem.

Implicações clínicas ?

Os resultados não mostraram nenhuma diferença significativa entre os grupos quanto aos tempo médios de reação, à variabilidade do tempo de reação e ao número de erros. Entretanto, os participantes com TDAH ganharam menos dinheiro (P = 0,08).

Adolescentes com TDAH mostraram aprendizado mais simplista e também tiveram aumento do comportamento exploratório, quando comparados aos participantes sadios (P = 0,02).

Por sua vez, a ressonância magnética funcional mostrou deficiência no processamento dos RPEs, ou sinais que sugerem violações das expectativas, que foram ligadas ao TDAH em modelos prévios da condição. Deficiências de RPEs foram observadas no córtex pré-frontal medial - uma área largamente associada com a tomada de decisões - durante o estímulo assim como na apresentação do resultado.

Embora pesquisa anterior também tenha implicado o córtex pré-frontal no TDAH, a imagem mostrou o momento preciso do impacto, que ocorreu em um estágio inicial, aproximadamente meio segundo depois do feedback.
Não é somente a deficiência dos RPEs do córtex pré-frontal medial uma causa possível da seleção de escolhas sub-ótimas, refletidas no comportamento mais exploratório, mas a imagem também ajudou a apontar quais áreas do córtex pré-frontal medial são afetadas.

"As regiões do córtex pré-frontal medial que foram descobertas como deficientes são adjacentes às regiões principais sabidamente responsáveis pelo processamento dos RPEs", escreveram os autores.
"Isso sugere que indivíduos com TDAH podem não processar os RPEs de modo diferente nas regiões principais. Em vez disso, parece que os RPEs são processados em áreas menos extensas".

Considerando o comportamento, os achados oferecem uma possível explicação para os desafios de tomada de decisões e as potenciais estratégias para superá-los, disse o Dr. Hauser.

"Adolescentes com TDAH possivelmente tomam decisões mais fracas e mais impulsivas quando têm um tempo limitado para decidir, ou se estão sob a pressão de outros adolescentes", ele explicou.

"Essa fraqueza poderia ser superada se as pessoas com TDAH pudessem aprender a refletir profundamente sobre os ganhos potenciais e os custos de suas decisões".

Achados intrigantes

O estudo é importante ao somar para o entendimento dos mecanismos subjacentes ao TDAH, o que é importante para o desenvolvimento de intervenções para ajudar a combater e compensar os déficits, disse Cathryn A. Galanter. MD., diretora do programa psiquiátrico de treinamento de adolescentes no SUNY Downstate/Kings County Hospital Center, no Brooklyn, em Nova Iorque.

"Esses achados são intrigantes e precisam de replicação", ela disse ao Medscape Medical News.

"Embora seja muito cedo para tirar implicações clínicas desses resultados, eles contribuem muito para a evidência neurocientífica do que vemos clinicamente: que crianças com TDAH podem ter estilos diferentes de aprendizagem e, assim, podem se beneficiar de diferentes abordagens para ajudá-las a aprender".

"São necessários mais estudos para nos ajudar a entender os processo subjacentes do aprendizado e da tomada de decisões das crianças com TDAH, disse Dra. Galanter.


JAMA Psychiatry. Published online August 20, 2014.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...