sexta-feira, 27 de março de 2015

Transtorno das Funções Executivas, Explicado - (TDAH - ADHD & TFE - EFD) (399)

Transtorno das Funções Executivas, Explicado

Crianças e adultos com Transtorno das Funções Executivas (TFE) apresentam dificuldade de organizar, programar, planejar e completar tarefas. Aqui, explicamos tudo que você precisa saber sobre o TFE - o que é, como diferenciá-lo do TDAH, e as maneiras de ajudar as crianças a viver (e serem bem sucedidas) com ele.

Tudo sobre TFE e TDAH

O que é função executiva? E quais são os déficits de FE ligados ao TDAH? Leia a seguir para aprender sobre sinais e sintomas comuns de TFE nas crianças, e mais importante, o que os pais e os professores podem fazer para ajudar a construir habilidades de funções executivas.

O que é TFE?

Pessoas com TFE exibem um padrão de problemas com as tarefas diárias, e comumente carecem de habilidades para:

• manejar a frustração
• começar e terminar as tarefas
• lembrar e seguir os passos de tarefas com várias etapas
• manter o rumo
• planejar, organizar e automonitorar-se
• equilibrar as tarefas (por exemplo: esportes e atividades acadêmicas)

Estima-se que no mínimo 90% das crianças com TDAH tenham TFE.

Por que o TFE é importante?

As funções executivas nos permitem:

1. Analisar uma tarefa
2. Planejar para cumprir a tarefa
3. Organizar as etapas
4. Desenvolver o cronograma
5. Ajustar ou mudar as etapas
6. Terminar a tarefa de modo tempestivo

Sem essas habilidades, as crianças perdem coisas, têm dificuldade com horários, e não conseguem permanecer organizadas. Corrigir os déficits é crucial para corrigir as dificuldades acadêmicas relacionadas ao TDAH.

Meu filho tem TFE?

Se o seu filho tem dificuldade para iniciar uma atividade, consegue lembrar-se de somente 2 ou 3 coisas de uma vez, tem dificuldade de resolver problemas ou se sente sobrecarregado pela escola, ele pode ter um déficit de função executiva.

Quando aparece o TFE?

O TFE geralmente aparece na transição do sexto para o nono ano, quando desaparece a estrutura da escola elementar, e aumentam as expectativas acadêmicas.

Pais e professores geralmente não compreendem como as crianças não conseguem trabalhar independentemente em uma tarefa, e assumem que elas utilizarão as habilidades necessárias. É importante começar a ajudar as  crianças com TDAH/TFE logo no início e compreender os problemas que esses transtornos causam, para que as crianças não se sintam burras ou preguiçosas.

Como posso ajudar?

Crianças com TFE e TDAH têm necessidades particulares na sala de aula. Elas precisam de ajuda extra para entender as tarefas, para dar início e permanecerem focalizadas. Pais e professores podem ajudar a diminuir os efeitos do TFE e do TDAH com as seguintes estratégias e acomodações para ajudar na escola, e até mesmo usar jogos e tecnologia.

Auxílio com as tarefas na escola

Crianças com TFE geralmente perdem os trabalhos de casa ou se esquecem dos trabalho. Tente isto!

• Escreva as tarefas no quadro
• Leia em voz alta as tarefas
• Faça as crianças repeti-las
• Nomeie um chefe de fila para conferir se todos anotaram
• Ensine habilidades de tomar notas
• Use tarefas de cores diferentes em cartões coloridos

Ajudando as crianças a prestarem atenção na escola

Crianças com TDAH/TFE podem facilmente ficar frustradas. Ajude-as a permanecer no caminho com essas estratégias:

• Faça as crianças correrem no lugar ou ficarem ativas por um minuto
• Tenha dois locais de atividades, de modo que as crianças possam se levantar   
   e se movimentar entre as tarefas.
• Deixe que as crianças utilizem-se de brinquedos para mexer com as mãos
• Deixe as crianças utilizarem organizadores gráficos (como passos-chave para
   fazer um trabalho escrito)

Idéias para acomodações

Se uma criança precisa de um Programa Educacional Individual ou do plano
504 [Isso é nos Estados Unidos], identifique os dois ou três déficits mais importantes. Depois, adote acomodações que resolverão cada problema, e construa por meio delas um plano educacional. Por exemplo:

• Um colega que faça as anotações
• Um assento na primeira fileira
• Mais tempo para fazer as provas

Os pais e os professores devem trabalhar juntos para ajustar o que é feito em casa e o que é feito na escola para ajudar.

Ajuda em casa

Crianças, especialmente as que têm TDAH, precisam de estrutura para ajudar a superar dificuldades com as funções executivas.

Tenha um local especial para as crianças fazerem as atividades. Organize o espaço com uma plataforma que contenha tudo o que eles precisam para dar início aos trabalhos. Dê à criança um tempo depois da escola. Marque um horário para começar, mas dê ao seu filho uma escolha, por exemplo das 4 às 4 e 15 da tarde. Sente-se com eles para ter certeza de que eles iniciem as atividades, e confira o trabalho de casa quando estiver terminado.

Ajudando no trabalho de casa

Divida o trabalho de casa em partes para que seu filho tenha intervalos de descanso para o cérebro. Dê ao seu filho um lanche, ou encoraje-o a caminhar perto de casa por alguns minutos entre os trabalhos. Deixe-o escutar música enquanto trabalha - isso pode, na verdade, ativar o foco.

Tenha o telefone e endereço de alguém da classe para o caso de precisar do trabalho indicado ou para empréstimo de um livro. Depois de ter o trabalho terminado, faça seu filho recolocar tudo em sua mochila e a deixe perto da porta de saída para a manhã seguinte, para não ser esquecida.

Quando as crianças não querem ajuda

Algumas crianças, especialmente as mais velhas, resistem a serem ajudadas na escola.
Quando as crianças ficarem frustradas, dê a elas um tempo para fazer algo de que gostem ou peça a elas que o ensinem alguma coisa que elas saibam bem (tal como um jogo). Isso as ajudará a se sentirem bem sucedidas e a demonstrar uma qualidade.

Tecnologia para ajudar

Além dos que os pais possam fazer, e do que a escola possa fazer, há a tecnologia que pode ajudar:

• Computador, se a escrita for ruim ou difícil
• Timer, tal como um despertador
• Programas (software) para que as crianças possam fazer ditados
• iPads e iPhones para aplicativos de organização

Alguns videogames podem ajudar a construir habilidades de funções executivas. Use o website de ADDitude para descobrir quais deles as crianças utilizarão.

Utilize jogos

Os jogos podem auxiliar as crianças com TDAH a melhorar suas funções executivas. Jogos como "damas", "Monopoly" (monopólio) e "Clue" (pista) utilizam planejamento, atenção sustentada, inibição de resposta, memória de trabalho e metacognição.

Jogos como "Zelda" e "SimCity" ajudam com a resolução de problemas, e persistência dirigida a um objetivo. Gerenciar equipes esportivas fictícias também usa habilidades executivas, iniciação de tarefas e habilidades de gerenciamento do tempo, enquanto promovem diversão!


ADDitude

terça-feira, 24 de março de 2015

TDAH - ADHD - Então, é assim que os normais se sentem? (398)


Depois de metade de uma vida de lutas em casa e no trabalho, com medo de cada novo dia, sinto como se eu tivesse nascido como nova pessoa, depois do meu diagnóstico de TDAH do adulto. Por Donna Surgenor Reames.

Estou sentada no pequeno posto de enfermagem, olhando para a pilha organizada de papéis com o trabalho completado. É só uma da madrugada e já fiz tudo. O trabalho, que geralmente me faria lutar para terminar antes do horário de mudança de equipe, às sete da manhã, está terminado. Não só terminado: feito corretamente, com um nítido foco.

Eu sorrio, me espichando na cadeira. "Então, é assim que os normais se sentem? Penso, assombrada.

Toda a minha vida, briguei com a vaga sensação de que algo era diferente comigo. Me sentia inferior, inadequada, indisciplinada e desorganizada sem conserto. Todos esses sentimentos tinham sido, uma vez ou outra, reforçados pelos outros na minha vida.

"Donna, você não pode nunca ser pontual?"
"Você não pode viver nessa bagunça".
"Como você pode não saber onde estão os registros de nascimento das suas filhas?"
"Você deve ser uma dessas pessoas que não conseguem se organizar".

Eu costumava me sentir cansada já antes de sair da cama, com medo do novo dia e de suas várias obrigações. Eu ficava exausta, lutando no trabalho e em casa, com meus filhos. Eu precisava de cada tantinho de força física, mental, emocional e espiritual para viver minha vida, até que, finalmente, encontrei alguém que escutou minha história e me deu uma chance de fazer algo a respeito.

Ele não me deu uma agenda ou um livro sobre organização. Ele não me criticou por preguiça ou me aconselhou sobre criar filhos. Ele me deu uma receita.

"Tome isso e veja o que acontece", ele disse. "Creio que você tem TDAH do adulto". Ele foi a primeira pessoa a acreditar em mim quando eu disse que havia alguma coisa errada além de depressão ou de uma personalidade fundamentalmente desorganizada. Sempre senti que havia uma parte de mim que poderia ser estruturada, que poderia ser organizada, que poderia funcionar com facilidade. Só não sabia onde ela estava e como atingi-la.

Uma nova mãe

Outro dia, quando eu parei num posto de gasolina, outro carro parou na nossa frente. A mulher estava gritando e xingando. Fui até ela. "Olá! Me desculpe se eu a irritei", eu disse. "Estou levando meus filhos para a escola, estávamos conversando e talvez eu não tenha lhe dado o espaço suficiente".

A mulher se acalmou notavelmente e balançou sua cabeça. "Não, é minha culpa" ela disse. "Estou cansada logo cedo e fiquei brava. Não se incomode com isso". Quando voltei para meu carro, minha filha mais velha, Zoë, me olhou com os olhos arregalados.

"Mãe", disse com entusiasmo, "Não posso acreditar como você foi tão legal!" (Como é duro descobrir que seus filhos acham que você é um babaca, na agonia da irritabilidade diária ligada ao TDAH.) Dei uma risada. "Vocês têm uma nova mãe, meninas!", disse enquanto seguíamos em frente.

No passado, uma situação como essa provocaria em mim uma explosão. Eu gritaria e sairia do sério. Costumava pensar que tinha um problema com minha raiva. Agora sei que meus nervos estavam sendo postos no seu limite, e as coisas que os outros tiravam de letra, para mim eram insuportáveis.

Em casa, nossa vida se acalmou. Passamos a comer juntos mais frequentemente e minhas filhas gostam da minha comida. Não tento mais fazer 15 coisas diferentes enquanto faço o jantar, por isso já não me queimo como antes. Também consegui seguir um sistema para organizar meus armários - e está funcionando!

Porque, agora, eu compreendo que tenho um transtorno que requer que eu faça as coisas de modo um pouco diferente, eu as faço sem
me sentir burra ou preguiçosa. O que eu descobri sobre mim mesma é completamente o oposto: posso ser muito organizada e disciplinada se eu me permito ser. Meu remédio acalmou algo dentro de mim, permitindo que eu respire fundo e viva em ritmo mais lento.


ADDitude

sexta-feira, 6 de março de 2015

A Fuga de Crianças Com Autismo (397)


A Fuga de Crianças Com Autismo (397)

Uma preocupação importante dos pais de crianças com autismo é a de que seus filhos possam fugir e se perder quando ninguém estiver cuidando. Pode ser um pensamento que dure uma fração de segundo, mas o pânico que causa é algo que nenhum pai ou cuidador deveria sentir. Essa preocupação não aparece somente quando estão na cidade com a criança, mas também em casa, onde os pais precisam estar constantemente vigilantes para garantir que seus filhos não saiam repentinamente de casa, sem serem acompanhados. No  artigo a seguir, apresentamos um guia muito útil para auxiliar os pais e cuidadores a enfrentar os desafios de manter em segurança uma criança com autismo e para evitar o problemático comportamento de fuga. Sabrina Freeman, Ph.D.

"A Fuga de Crianças Com Autismo: O Que Sabemos, Intervenções Bem Sucedidas, e Dicas Práticas Para os Pais e Cuidadores", por Heather Walker e David McAdam, New York State Association for Behavior Analysis (NYSABA) 

O que é a Fuga?

Fugir, também descrito como vaguear ou precipitar-se, descreve o comportamento de um indivíduo que sai de um local sem permissão ou supervisão. A fuga deixa um indivíduo, especialmente um com autismo ou com um transtorno do desenvolvimento relacionado, em risco de sofrer dano.

Por Que a Fuga Acontece?

A avaliação funcional (método de análise do comportamento para investigar as causas do comportamento) tem demonstrado várias razões para a fuga, as quais variam de pessoa a pessoa.
Indivíduos podem fugir para evitar algo, para obter acesso a um item, atividade ou pessoa, ou para se engajar em atividade intrinsecamente prazerosa, tal como correr.
Não há nenhuma pesquisa ou evidência par apoiar a hipótese de que indivíduos fogem como resultado de uma excitação fisiológica ou acesso a comportamento repetitivo.

Procedimentos Usados Para Diminuir Eficazmente as Fugas

Reforço não contingente (NCR) - Essa técnica propicia acesso às consequências motivadoras de fuga disponíveis para o indivíduo em escala baseada no tempo, a fim de diminuir a motivação para a fuga. Por exemplo, se  é determinado que uma criança foge para acessar certos alimentos, então aqueles alimentos são colocados à disposição em intervalos regulares. O resultado é uma diminuição das fugas.

Reforço diferencial de outros comportamentos (DRO ou DRo; "resposta zero" - Essa estratégia entrega um item desejado depois de um certo período em que as fugas não aconteçam.

Reforço diferencial ou comportamento alternativo (DRA) - Nesse cenário, os pais ou o profissional entrega um item desejado contingente (isto é, apresentado em sucessão imediata ao alvo desejado, comportamento alternativo) aos comportamentos que são alternativas à fuga. Por exemplo, caminhar em vez de correr.

Treinamento de comunicação funcional (FCT) - O indivíduo é ensinado a falar o que quer, em vez de fugir para ganhar acesso ao que quer. Por exemplo, se um indivíduo foge para receber atenção dos outros, no FCT ele será ensinado a ter um comportamento mais apropriado para chamar a atenção.
Manipulações antecedentes e modificações ambientais - Essa técnica muda o ambiente para diminuir a possibilidade de fuga ou tornar a fuga uma não opção.

Dicas Práticas Para os Pais e Cuidadores

Avaliação
> Mantenha registros escritos e detalhados de fuga.
> Consulte um analista de comportamento sobre conduzir uma avaliação funcional e os benefícios e riscos de conduzir uma análise funcional.

Prevenção
> Garanta que um indivíduo com histórico de comportamento de fugas tenha identificação de emergência consigo o tempo todo.
> Explore outras medidas preventivas possíveis, que podem ser tomadas em caso de ocorrência de fuga.

Habilidades de Segurança

> Trabalhe com sua equipe de professores e provedores de serviços (por exemplo, o analista de comportamento) para ensinar técnicas de segurança.
> Aprenda RCP (ressuscitação cardiopulmonar) e primeiros socorros.

Comunicação

> Divida seus contatos de informação e informações sobre fuga com pessoas de sua vizinhança.

> Comunique-se com os organismos locais aplicadores das leis e com os que atendem emergências sobre seu filho e o risco de fuga.

                           
A fuga pode ser um comportamento muito perigoso por uma variedade de razões, tornando-a um comportamento crucial para corrigir e eliminar. Uma análise funcional, isto é, descobrir a razão da fuga, é muito importante quando for possível, e desenvolver um procedimento com base na análise funcional aumenta as taxas de sucesso no decréscimo de fugas  e no ensino de comportamentos alternativos. Nota: É muito importante que indivíduos competentes, muito bem treinados, com especialização em Análise aplicada do Comportamento (ABA), conduzam esses procedimentos.


ASAT

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A verdade sobre o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) (396)


O TOC é difícil de entender e de manejar, mas é possível ser controlado! Veja, a seguir, o que você precisa saber sobre o transtorno obsessivo-compulsivo. Por Roberto Olivardia, Ph.D.

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é uma doença mental incômoda, que atinge aproximadamente 1 em 100 pessoas, ou 3 milhões de adultos, e 1 em 200 crianças e adolescentes, ou 500 mil jovens, nos Estados Unidos. As pessoas com TOC, e que também foram diagnosticadas com TDAH, têm muito trabalho para lidar com os dois problemas.

O ABC do TOC

O TOC é caracterizado por obsessões e/ou compulsões. Obsessões são pensamentos persistentes, ou imagens que são inoportunas, intrusivas, e causam estresse e ansiedade. Preocupações com os problemas da vida real não são a mesma coisa que obsessões. As pessoas com TOC tentam ignorar as obsessões ou neutralizá-las com algum pensamento ou ação. Mesmo que a lógica diga que as obsessões são irracionais, é difícil ignorá-las.

Obsessões comuns incluem contaminação (medo de contrair uma doença), dano (medo de ser responsável por algo de mal que aconteça com uma pessoa amada), perfeccionismo (uma necessidade de ter tudo simétrico, tudo correto, ou ideal), escrúpulos ou obsessões religiosas (medo de ofender a Deus), e pensamentos intrusivos sexuais ou violentos.

Compulsões são comportamentos físicos repetitivos (tais como lavar as mãos ou rezar) ou atos mentais (tais como dizer palavras silenciosamente, contar, criar imagens) que uma pessoa se sente compelida a fazer para não fazer ou para controlar a obsessão. A compulsão pode não ter nada a ver com a obsessão.

Compulsões comuns incluem conferir (ligar para um membro da família para ter certeza de que seu pensamento de eles terem sofrido algum mal, de fato não causou mal a eles), lavar e limpar, rituais mentais (contar, rezar, rever cada momento do dia para ter certeza de que não cometeu nenhum ato ofensivo), e evitação (recusa de ir à escola dos filhos por medo de se expor aos germes).

Tal como o TDAH, o TOC tem um forte componente genético e tende a ocorrer em famílias. Embora alguém com TOC possa não ter um membro da família com TOC, ele provavelmente terá um membro da família com um transtorno do espectro do TOC: anorexia nervosa, transtorno dismórfico corporal, transtorno de ansiedade social, tricotilomania (arrancar compulsivo dos cabelos), dermatotilomania (transtorno de escoriação), transtorno de pânico, hipocondria, acumulação, transtorno de Tourette, ou transtornos do espectro autista. O TOC tem uma forte base biológica. Os estudos descobriram desequilíbrios químicos do neurotransmissor serotonina associados ao TOC. Uma grande massa de pesquisa tem sugerido que os gânglios basais e os lobos frontais do cérebro não funcionam corretamente nos pacientes com TOC, levando a pensamentos rígidos, obsessivos e a movimentos repetitivos.

A idade de início do TOC geralmente cai em duas faixas de idade. A primeira é entre as idades de 10 e 12 anos, a segunda é no final da adolescência e início da idade adulta.

Os sintomas do TOC interferem com o funcionamento social, acadêmico, ocupacional e da vida diária. A batalha exaustiva com o TOC resulta em baixa autoestima, depressão, problemas com abuso de substâncias, problemas de relacionamento, fracasso escolar e problemas no trabalho.

Como o TOC e o TDAH se relacionam um com o outro?

Não está claro quantas pessoas com TDAH têm TOC, mas os estudos têm focado na prevalência de TDAH na população com TOC e estimam que aproximadamente 30% dos pacientes com TOC também têm TDAH.

À primeira vista, TDAH e TOC podem ser vistos como condições clínicas opostas. Os portadores de TDAH são caracterizados por serem espontâneos, impulsivos e orientados para o prazer e a estimulação. Os portadores de TOC tipicamente são metódicos, compulsivos (pensam muito antes de agir), e orientados a evitar tudo que possa gerar ansiedade.

Entretanto, se os dois transtornos forem considerados em termos de funções executivas, fica claro que os portadores de TOC têm algum déficit de atenção e de funções executivas semelhantes aos dos que têm TDAH.

> As pessoas com  TOC têm um problema com a atenção seletiva. Elas prestam muita atenção a algo que elas vêem como uma ameaça.

> Elas acham que é difícil afastar-se de certos estímulos, e são incapazes de filtrar dados irrelevantes, para que não se esqueçam de algo que possa trazer uma consequência negativa.

> Priorizar pode ser desafiador. Um estudante com perfeccionismo freneticamente anota tudo que o professor fala na sala de aula. Para o estudante, não anotar tudo pode significar que ele perderá a lição. Entretanto, isso pode levar o aluno a perder a noção geral do assunto.

> Os que têm TOC são incapazes de filtrar os pensamentos obsessivos, que são uma distração das tarefas.

> Os que têm TOC apresentam déficits cognitivos nas tarefas de memória visual, quando prestam atenção em um pequeno detalhe e não podem lembrar-se do problema maior.

Os estudos têm demonstrado que ter TOC e TDAH está associado a mais problemas de atenção, sociais, acadêmicos e familiares do que ter cada um deles isoladamente. A idade de início do TOC é mais cedo nos que também têm TDAH.

Tratamento do TOC

Duas intervenções se demonstraram, por numerosos estudos, eficazes no tratamento do TOC. A primeira é a TCC - Terapia Cognitivo Comportamental,  especificamente a Terapia de Prevenção de Resposta à Exposição (TPRE). A segunda é a medicação. A parte cognitiva da TCC focaliza atingir os pensamentos negativos, identificar as distorções e reprogramar os pensamentos com uma visão correta.

O tratamento mais importante do TOC é a TPRE. Implica a confrontação do pensamento, imagem, objeto ou situação que faz a pessoa com TOC ficar ansiosa. A TPRE também implica confrontação de um sintoma exagerado do TOC. Se alguém evita tocar uma maçaneta, por medo de contaminação,  um terapeuta de TPRE fará a pessoa por suas mãos no assento da privada de um banheiro público por 15 minutos.

A prevenção de resposta se refere a fazer uma escolha de não ter o comportamento compulsivo depois da exposição. Não lavar as mãos ao menos por uma hora depois de ter tocado o assento da privada. Nenhum ritual mental para desfazer o pensamento ofensivo. A TPRE trabalha com a noção de que o que sobe, precisa descer. O propósito é aumentar o nível de ansiedade, enfrentá-la, sem evitação, até que o corpo, eventualmente, a tolere.

A medicação é muito eficaz para o tratamento dos sintomas do TOC. A classe de medicamentos mais eficiente é a dos antidepressivos conhecidos como Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS). Entre eles estão fluvoxamina, sertralina, citalopram, escitalopram, fluoxetina e paroxetina. Esses medicamentos aumentam a quantidade de serotonina no cérebro.
Os medicamentos para o TOC não pioram os sintomas do TDAH. Entretanto, a medicação estimulante para o TDAH pode, às vezes, fazer piorar os sintomas do TOC. Pacientes com TDAH e TOC às vezes acham que os estimulantes pioram sua capacidade de prestar atenção em tudo, exceto em suas obsessões. Para outros, os estimulantes podem afetar positivamente o TOC, ou podem não ter nenhum efeito sobre os sintomas do TOC. A psicoterapia também é útil face às dificuldades relacionadas com o TOC, tais como a vergonha e a baixa autoestima. A terapia de casais e a terapia de família também são recomendadas.

O essencial é trabalhar com os especialistas em TDAH e TOC. Nem todos os terapeutas são treinados em TCC ou em TPRE. Se você tiver TOC, seu terapeuta deverá ter experiência em seu tratamento. o tratamento correto pavimentará a via para uma vida livre de obsessões e compulsões torturantes.

TDAH versus TOC: desembaralhando os sintomas

É importante diagnosticar corretamente os sintomas quando alguém sofre com o TOC, TDAH, ou ambos.

Quando as pessoas têm os dois, um deles geralmente passa despercebido. A seguir, alguma maneiras comuns pelas quais o TDAH ou o TOC podem não ser diagnosticados ou confundidos um com o outro:

1- O TDAH é menos diagnosticado na população adulta com TOC, por causa da falta de reconhecimento do TDAH em adultos

2- É senso comum que todos os que têm TDAH fracassam academicamente, quando muitos com TDAH se desempenham adequadamente nas atividades escolares. Os pacientes que têm ambos os transtornos relatam que seu TDAH torna a escola difícil, mas os sintomas do TOC mascaram seus esforços, criando grave ansiedade em relação ao fracasso.

3- O TDAH desatento é sub-diagnosticado, assim, a falta de sintomas de hiperatividade pode resultar no não aparecimento do TDAH no radar das pessoas que têm TOC e TDAH.

4- Às vezes, os sintomas do TDAH e do TOC se misturam ou um imita o outro. Um paciente com os dois transtornos tem de arrumar seu quarto meticulosamente antes de escrever um relato, dizendo que ficaria muito distraído se houvesse qualquer desarrumação ou bagunça em seu quarto. Embora o comportamento de limpeza possa ser visto como TOC, ele é mais devido ao seu TDAH. Quando ele não tem de escrever um relato, ele não se importa com um quarto bagunçado.

5- Outra confusão comum é a que ocorre entre a especificidade relacionada ao TDAH e o perfeccionismo relacionado ao TOC. Uma pessoa pode ter preferência por uma caneta específica para escrever, ou usar um certo modelo de roupa para ir às aulas. Tudo isso é para criar um ambiente ótimo para prestar atenção.

Além disso, certos TDAHs são sensíveis a algumas texturas, roupas e sons. Isso pode ser incorretamente diagnosticado como perfeccionismo do TOC, que é diferente. O perfeccionismo do TOC é mais sobre um desejo de atingir uma "moral correta". Se alguém fracassa em atingir a perfeição, a pessoa é imoral ou má e se sente desvalorizada. às vezes é difícil dizer por que alguém precisa que as coisas sejam perfeitas. As pessoas com TOC geralmente procuram o sentimento "bem correto", o que é menos que uma experiência sensorial. Alguém pode lavar as mãos 30 vezes e obter o sentimento "bem correto" na trigésima vez, mesmo que a experiência sensorial tenha sido idêntica nas 30 vezes.

6- O hiperfoco visto nos TDAHs o foco exagerado visto no TOC podem ser confundidos um com o outro. Hiperfoco é um nível intenso de atenção quando os TDAHs se sentem produtivos e fluidos. Isso é muito diferente de ter o foco exagerado, o que deixa alguém paralisado e preso.

7- O TOC pode ser ignorado em populações TDAH por causa dos falso conceito sobre o TOC. Uma ideia errada comum é a de que todas as pessoas com TOC são limpas e altamente organizadas. Ser bagunçado não exclui o diagnóstico de TOC, porque há muitas manifestações do TOC.


Roberto Olivardia, Ph.D. - ADDitude

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Irmã. Mulher. Mãe. TDA adulto (395)


As mulheres adultas não têm TDA, têm?!? Oh, sim. De fato, as mães são o grupo populacional recentemente diagnosticado com TDAH que cresce mais depressa. Em outras palavras, você não está sozinha - em suas emoções conflitantes, nas suas dores, ou em sua chance de um novo começo. Nós estamos aqui para ajudar. Por Zoe Kessler.

O TDAH Feminino 

Muitas mulheres diagnosticadas com TDAH (ADHD) na idade adulta experimentam um momento "Aha!" quando seu filho é diagnosticado. De repente, você também começa a se reconhecer, e às suas dificuldades, no diagnóstico. Você sempre soube que havia alguma coisa estranha, e agora, depois de aprender sobre o transtorno, você acha que tem TDAH. O que você deve fazer? Leia para descobrir o que pode realmente saber, e achar as fontes de informação para seguir em frente.

1. Torne-se uma especialista

Sua vida parece uma grande batalha? Você está sempre desapontada ou frustrada? O primeiro passo em sua jornada com o TDAH é procurar um diagnóstico correto. Comece aprendendo tudo o que puder sobre o TDAH do adulto - até o ponto em que ficar mais informada sobre o transtorno do que seu médico! Fale com ele sobre suas comorbidades - como ansiedade, depressão, ou problemas da tireoide - para ajudar a explicar sintomas ignorados ou mal diagnosticados no passado.

2.  Permita sentir-se de luto

Ter o diagnóstico é o primeiro asso. O segundo passo  é começar a ver a sua vida em duas fases distintas: pré­ e pós-diagnóstico. Depois que seu médico lhe diz que você tem TDAH, é um começo totalmente novo! Mas, antes, você precisa encerrar a fase de pré-diagnóstico, para ter segurança ao lidar com suas emoções. Você precisa de um tempo para sofrer e se inteirar da informação. Somente após ter elaborado seus sofrimentos, você poderá iniciar sua caminhada para diante, com uma visão clara de sua vida pós-diagnóstico.

3. Procure ajuda profissional

Depois de ter aceitado seu diagnóstico, comece a estudar suas opções de tratamento, incluindo medicação, dieta, exercícios e Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). A TCC é uma forma de terapia que se baseia na teoria de que a maneira como pensamos e sentimos tem um impacto direto em nosso comportamento. A pesquisa nos mostra que ela realmente reduz os sintomas do TDAH. Eu sugiro que você comece por ela.

4. Avalie as condições comórbidas

O TDAH raramente vem sozinho. Muitas pessoas com TDAH têm ao menos uma condição comórbida coexistente - depressão, transtorno bipolar e transtorno obsessivo-compulsivo são exemplos comuns. Se você estiver preocupada com um transtorno relacionado, o primeiro passo é encontrar um médico que possa separar os sintomas e descobrir onde acaba o TDAH e onde começa o outro transtorno. Se houver uma clínica de TDAH por perto, comece por ela - eles poderão lhe indicar médicos especialistas em ambas as condições.

5. Regule seus hormônios

Os hormônios durante a menopausa, puberdade, e um ciclo menstrual modificam a maneira como os sintomas do TDAH se manifestam e como a medicação afeta as mulheres. Durante a menopausa, por exemplo, os níveis de estrogênio caem 60 porcento, o que significa menos dopamina e serotonina. O resultado é menos clareza mental, dificuldade de  concentração, e mais distração - o que, quando combinado aos sintomas do TDAH, pode tornar a vida um formidável desafio. Mais pesquisa é necessária, mas, em minha experiência, as terapias alternativas podem ajudar a manter sob controle os níveis hormonais flutuantes.

6. Medite

Aprenda a estabilizar seu humor por meio da meditação. Por meio da alteração da sua percepção do tempo, a meditação pode lhe ajudar a sentir como se houvesse mais horas no dia. Se você é hiperativa e ficar sentada ainda faz com que você entre em pânico, nunca tema! Você pode tentar outros tratamentos alternativos, como exercícios físicos e ervas. Não sou especialista em ervas, então consulte um especialista antes de começar a usar qualquer erva.

7. Ensine sua família sobre o TDAH

Às vezes, os outros membros da família não têm o TDAH. Se você for diagnosticada tardiamente em sua vida, isso pode ser desolador. - todo nós queremos ser aceitos pelo que somos. Sua família pode aderir e crescer junto com você, ou eles podem brigar com você. Ajude-os a encontrar o caminho certo dividindo com eles o que você sabe sobre o TDAH e ensinado os modos respeitosos de falar sobre TDAH. Lembre-se, entretanto, que seu diagnóstico é para você, não para sua família. Se eles não conseguirem agir de acordo, você vai precisar se manter por si mesma.

8. Revisite suas paixões

Muitos adultos com TDAH têm dificuldade de manter um emprego, ou de lidar com a estrutura da vida de um escritório. Mas, em minha opinião, a estrutura é superestimada! É claro que todo trabalho tem alguma estrutura, mas o segredo é achar um trabalho que lhe permita ter o tempo mais desestruturado dentro de uma maior organização. Dê uma boa olhada nas paixões de sua vida e pergunte a si mesma qual o trabalho que obteria de você o máximo de suas raras capacidades e potencial.

9. Faça o marketing de si mesma

Para encontrar a carreira perfeita, você precisa fazer o seu próprio marketing, principalmente nas entrevistas. Seja franca sobre suas dificuldades, mas fale sobre elas de um modo positivo sempre que for possível. Não há nenhuma necessidade de usar a palavra "TDAH". Se você for uma aprendiz lenta, conte a eles, "às vezes levo mais tempo para aprender coisas novas, mas, depois que aprendo, nunca mais esqueço!" Fale abertamente sobre os problemas, sem se rotular a si mesma.

10. Nunca se sinta inferior

Se você foi diagnosticada com atraso, pode ter gastado um bom tempo com sentimentos de ser "inferior" a outras mulheres. Isso é difícil de superar, e pode deixar uma marca mesmo depois do diagnóstico. Depois que tiver um tratamento que funcione para o seu TDAH, é importante voltar e desaprender as conversas internas negativas. Aprenda a se amar. Não há melhor conselho do que este.

ADDitude

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Quando o déficit de atenção (TDA) é real (394)


Por Suzana Herculano-Houzel

As tirinhas do menino Calvin e seu tigre de pelúcia, Haroldo, desenhadas pelo americano Bill Waterson, me acompanharam pela adolescência. Calvin sempre é retratado como um menino inteligente, criativo, espirituoso, de espírito saudavelmente rebelde, e com uma certa preferência por viajar por outros planetas a ouvir a professora falar. 

Mas algum fã resolveu "tratar" Calvin de uma suposta doença, e na tirinha adulterada, fácil de achar na internet, os diálogos mostram Calvin, medicado, tratando Hobbes laconicamente, sem querer brincar, até que Hobbes volta a ser apenas o tigre que é. 
A impressão que fica é de uma tentativa de protesto contra a suposta "medicalização" das crianças e jovens hoje em dia. O pior é que há até quem acredite no diagnóstico: Calvin sofreria de distúrbio de déficit de atenção. 

Eu protesto duplamente, como neurocientista e como leitora. A tirinha modificada pressupõe que Calvin só poderia ser criativo e brincalhão se sofresse de DDA, e pior, ainda perderia sua criatividade se fosse tratado com medicamentos. Trata-se de um desserviço àquelas pessoas que sofrem realmente do transtorno e precisam de tratamento, pois fica a impressão negativa de que corrigir o déficit de atenção equivale a fazer uma lobotomia.

Quem sofre do transtorno, ou acompanha de perto alguém afligido, sabe que a verdade é bem diferente. Ou, pior, sofre sem saber que poderia se tratar e não sofrer mais. Entre 0,5 e 5% da população, dependendo dos critérios diagnósticos usados, sofre de um legítimo déficit de atenção, associado a um funcionamento subnormal dos sistemas dopaminérgicos e noradrenérgicos que servem à alocação do foco de atenção e sua manutenção sobre o alvo da vez, resistindo a distrações ao redor. 

Não é surpresa, portanto, que essas pessoas sejam facilmente distraídas, sucumbindo a qualquer novidade que passar pela frente ao invés de se concentrar no trabalho ou dever de casa. Por causa dessa dificuldade de sustentar a atenção, ler um texto até o fim é uma tarefa que pode durar horas e se tornar desmotivante, levando a desinteresse e a uma aparência de preguiça, dificuldade de memória e de aprendizado. 

Pior ainda, para a criança que sofre desse déficit, é a falta de informação dos pais e professores, que reclamam de um comportamento que não depende de escolha da criança. Retorno negativo, na forma de comentários do tipo "você é preguiçoso" ou "você não está se esforçando", só faz criar uma autoimagem ainda mais negativa, daquelas que se tornam profecias autorrealizáveis. 

Para quem consegue ser atendido por um bom profissional que reconhece o problema e oferece tratamento, contudo, a vida muda da água para o vinho. A criança, o jovem ou adulto finalmente descobre o que é a vida "normal", em que é possível manter o foco da atenção em um mesmo assunto por mais do que poucos segundos; onde é possível fazer uma prova em poucas dezenas de minutos, e não horas; onde é possível ler um livro enquanto outras pessoas conversam na sala. Poder tomar remédio, quando o remédio é necessário, é uma maravilha para quem sofre de déficit de atenção. Quem tiver dúvida é só perguntar a eles. 

Não vejo o tal "problema da medicalização da infância" de que falam alguns psicanalistas. Vejo, sim, o problema dos maus profissionais, seja psicólogos, médicos, professores ou pedagogos, que tacham um diagnóstico errado em pessoas que sofrem de outros problemas, não tratáveis com os medicamentos que trazem tanto alívio para quem realmente tem um déficit de atenção verdadeiro.


SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autora do livro Pílulas de neurociência para uma vida melhor (Sextante, 2009). Publicado na revista Scientific American MENTE E CÉREBRO jan/2015 pg. 16

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Então, você acha que tem TDAH? Como escolher um profissional. (393)


Escolher o médico certo para fazer o diagnóstico e tratar seu TDAH adulto não é nada fácil. Aqui estão dicas para encontrar o profissional certo para você. Por Michele Novotni, Ph.D.

Pode ser que algum dos seus amigos tenha sido avaliado para TDAH recentemente, ou que tenha tido um momento "a-há!", depois de dar uma olhada na sua mesa de trabalho. Você voltou à sua juventude e percebeu que sempre foi desorganizado e impulsivo. Ou, talvez, você levou seu filho a um profissional, para um diagnóstico, e conforme o médico enumerava os sintomas, você queria dizer "Eu também!". Aí, você pensou em ligar para um profissional para falar com ele sobre isso.

Antes que você procure alguém para ajudá-lo, tenha em mente esses fatos:

> Um psicólogo, um psiquiatra, ou um neurologista são os profissionais mais bem preparados para fazer o diagnóstico de TDAH do adulto. Um terapeuta de nível superior é recomendado somente para a triagem inicial.

> Somente um psiquiatra, neurologista ou médico de família pode receitar medicação para o TDAH do adulto.

> Se você precisa de aconselhamento, escolha um psicólogo ou um terapeuta de nível superior. um psiquiatra será uma boa escolha, dependendo da habilidade dele em prover aconselhamento para ajudar na resolução de problemas.

> Lembre-se de que seus problemas não desaparecem logo após o seu TDAH ser descoberto e tratado medicamentosamente. Há geralmente um grande número de problemas restando, para os quais o aconselhamento é necessário.

Como o TDAH do adulto é uma especialidade relativamente nova, muitos profissionais não têm ainda recebido o treinamento formal como parte de seus estudos acadêmicos. É dever de cada um dos profissionais manter-se a par do TDAH por meio de comparecimento a seminários e "workshops", e pela leitura de revistas profissionais e livros sobre o assunto. Alguns profissionais são mais interessados nessa área e mais experientes do que outros. Alguns acham que o TDAH seja um transtorno verdadeiro.

Se você vai contratar alguém para limpar sua casa, babás dos seus filhos, ou para consertar o seu carro, seria razoável que pedisse referências, de modo que possa verificar as qualificações da pessoa que vai contratar. Quando você vai contratar alguém para ajudá-lo com seus desafios saúde mental, você deve fazer a mesma coisa.

Muitos de nós temos tanto temor de médicos que achamos difícil fazer
perguntas, especialmente se estivermos questionando as habilidades do médico. Isso não é descortês? O médico não irá se ofender? É seu direito saber as qualificações do profissional com quem você poderá se relacionar, e muitos médicos compreendem isso. Veja as cinco perguntas que todo adulto deveria fazer ao seu médico:

1- Quantos pacientes com TDAH do adulto você tratou?

2- Há quanto tempo você trabalha com adultos com TDAH?

3- O que faz parte da sua avaliação e do processo de tratamento? Testes escritos, entrevistas? História familiar? Modificação do comportamento? Medicação?

4- Quanto custa o tratamento?

5-Você recebeu qualquer treinamento especial no diagnóstico e tratamento do TDAH do adulto?

Você não precisa insistir em fazer pessoalmente essas perguntas ao seu médico ou conselheiro. Geralmente a secretária pode lhe dar a informação que você precisa para tomar uma decisão informada. Sinta-se à vontade para imprimir essas perguntas para seu uso pessoal.

Um método eficiente de encontrar um médico que tenha experiência em diagnosticar e tratar do TDAH do adulto é fazer um contato com sua organização local de adultos com TDAH [Isso é na América!]. Se você não conhece um grupo local [Isso é no Brasil!], entre em contato com a ABDA, Associação Brasileira do Déficit de Atenção, em http://www.tdah.org.br e pergunte sobre profissionais que poderiam atendê-lo em sua cidade.


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