Grande Pesquisa de Imagem
Mostra Diferenças Estruturais do Cérebro em Pessoas com TDAH.
Áreas críticas do cérebro
são menores em pessoas com TDAH, dizem os pesquisadores, provando que a
condição, tão frequentemente marginalizada, deveria ser vista como um
transtorno originado no cérebro. Por Devon Frye – Fevereiro
de 2017
Ressonâncias
magnéticas cerebrais de mais de 3 mil pessoas forneceram mais evidências de que
as pessoas com TDAH têm cérebros estruturalmente diferentes das pessoas sem o
transtorno, de acordo com um novo estudo promovido pelo National Institute of
Health. As diferenças – que foram mais pronunciadas nas crianças do que nos
adultos – tornam mais claro do que nunca que o TDAH é um transtorno do desenvolvimento
cerebral e não simplesmente um rótulo, diz o artigo dos autores.
A
pesquisa, publicada dia 15 de fevereiro no The
Lancet, foi financiada pelo NIH, mas conduzida pelo ENIGMA Consortium, uma
cooperativa internacional que se focaliza nas bases genéticas dos transtornos
psiquiátricos. ENIGMA recrutou 3.242 voluntários com idades de 4 a 63 anos,
1.713 com TDAH e 1.529 sem, para fazer as ressonâncias magnéticas.
Os
participantes com TDAH mostraram volumes menores em sete regiões-chave do
cérebro: núcleo caudado, putamen, núcleo acumbens, pálido, tálamo, amígdala e
hipocampo. Dessas regiões, muitas foram associadas ao TDAH no passado, mas a
amígdala pode ser particularmente importante, apontaram os pesquisadores,
porque ela tem um papel importante na memória, na tomada de decisões e no
controle emocional. O hipocampo é igualmente envolvido tanto na memória de
curto prazo quanto na memória de longo prazo, áreas que geralmente são
deficientes nas pessoas com TDAH. Diferenças similares foram encontradas nos
cérebros de pessoas com Transtorno Depressivo Maior, uma condição geralmente
comórbida com o TDAH.
As
variações foram maiores nas crianças, disseram os pesquisadores, e, embora
muitos do grupo TDAH estivessem tomando remédios para tratar seu TDAH, isso
pareceu não ter nenhum efeito nos resultados das ressonâncias magnéticas. A
disparidade entre as crianças e adultos levaram os pesquisadores a fazer a
hipótese de que o TDAH esteja ligado a um atraso na maturação cerebral – embora
mais pesquisa longitudinal seja necessária para maior entendimento de como o
cérebro muda durante o ciclo da vida.
No
conjunto, embora essas diferenças sejam pequenas, disseram os pesquisadores, em
alguns casos somente poucos pontos percentuais, o grande tamanho da amostra
permitiu-lhes identificar padrões mais claros, confirmando estudos anteriores
que chegaram às mesmas conclusões, mas cujos tamanhos pequenos das amostras os
tornaram inconclusivos. Com mais de 3 mil participantes, esse foi o maior
estudo dessa espécie, mostrando clara evidência de que o TDAH seja um transtorno
originado no cérebro e não o resultado de falta de educação dada pelos pais ou
falta de força de vontade.
" Os
resultados de nossa pesquisa confirmam que as pessoas com TDAH têm diferenças
em sua estrutura cerebral e, por isso, sugerem que o TDAH seja um Transtorno do
cérebro", disse Martine Hoogman, Ph.D., o principal investigador da
pesquisa. " Esperamos que isso ajude a reduzir o estigma de que o TDAH
seja somente um rótulo para as
crianças difíceis, ou que seja causado por má educação dada pelos pais. Isso,
definitivamente, não é o caso, e esperamos que este trabalho contribuirá para
um melhor entendimento do transtorno"
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