quinta-feira, 28 de abril de 2011

80- O TDAH falsificado

Algumas pessoas fingem ter TDAH para obter as medicações e tratamento especial. Estudo revela que elas podem enganar os médicos em alguns testes. Por Amanda Gardner - HealthDay Reporter

Embora o TDAH seja uma condição real e invasiva, estudos recentes sugerem que há um grupo de crianças e de adultos que fingem, com sucesso, ser portadores do transtorno, para obter as medicações ou para ganhar privilégios especiais na escola.

"As pessoas que querem fingir ter TDAH podem ser capazes de fazer uma boa atuação em vários testes clínicos padronizados, que são utilizados para o diagnóstico do TDAH," diz David Berry, autor principal de um artigo publicado no Psychological Assessment. Obviamente, os profissionais de saúde mental precisam estar atentos, ele disse, acrescentando que "nossa evidência indica que os simuladores são muito competentes na farsa, quando querem ser."

"Isso acontece em todo o país (USA)," confirmou a Dra. Ana Campo, professora associada de clínica psiquiátrica na University of Miami Miller School of Medicine. "Há um abuso de estimulantes, em todo o país [entre estudantes], para obter uma vantagem competitiva. Há um abuso deliberado. Precisamos realmente ser cuidadosos na prescrição de medicamentos."

Berry usou a mesma metodologia de testes que tinha elaborado há duas décadas, para determinar se pacientes se queixavam de sequelas de trauma craniano para ganhar dinheiro depois de acidentes.

"Estávamos interessados em saber se pessoas que eram estudantes universitários normais conseguiam fingir ter TDAH," disse Berry, professor de psicologia na University of Kentucky, Lexington, que conduziu a pesquisa com o psicólogo britânico John Ranseen e a estudante graduanda Myriam Sollman.

Setenta e três estudantes da University of Kentucky foram divididos em dois grupos, um dos quais foi instruído a responder honestamente às perguntas do teste padronizado para TDAH. O outro grupo fez um treinamento de 5 minutos revendo as informações sobre o TDAH, facilmente obtidas na internet, e solicitado que fingisse, o melhor que pudesse, ter os sintomas. Seu incentivo foi de 45 dólares, caso fossem bem sucedidos (na verdade, todos os estudantes receberam 45 dólares ao final do estudo).

Um terceiro grupo, de controle, consistiu de estudantes verdadeiramente portadores de TDAH, que fizeram o mesmo teste.

"Quase ninguém do grupo falso falhou no teste," disse Berry.

"As medicações estimulantes são obviamente a principal motivação, mas há outras”, ele prosseguiu. "A maioria das universidades fornece às pessoas com o diagnóstico de TDAH uma série de coisas que varia de instituição para instituição – tempo extra para os exames, cópias das notas dos professores sobre a aula que estão dando. Eles podem conseguir acomodações especiais onde morar na universidade, um quarto simples ou um quarto duplo."

Eles também podem conseguir as receitas dos estimulantes que podem ajudá-los a prestar mais atenção, disse o pesquisador.

Não está claro quão disseminada está essa prática, embora Campo tenha dito que sua revisão da literatura verificou aumento da prevalência de 8 para 35 por cento.

O problema, disse ela, "é que sempre há o risco de efeitos colaterais quando se toma essas medicações: aumento da pressão arterial, taquicardia, arritmias, sintomas de ansiedade. Se você as usa ilegalmente e é susceptível, poderá tornar-se dependente."

Berry advoga o uso de triagem adicional antifraude - também chamada teste de simulação – para separar os TDAH fraudados dos casos legítimos. (Em termos médicos, simulação ("malingering") significa fingir ou exagerar os sintomas de transtornos físicos ou mentais por causa de algumas “vantagens secundárias”, tais como drogas, dinheiro ou somente simpatia e atenção).

"Essa triagem deve acompanhar o teste padrão para o TDAH”, ela diz. "Penso que você não pode usar um sem o outro. Você não pode diagnosticar o TDAH com os testes de simulação assim como você não pode diagnosticar a simulação com os testes de TDAH."

Mais informação: The U.S. National Institute of Mental Health.

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