quarta-feira, 16 de abril de 2014

332- O TDAH e Eu


Uma garota de 12 anos medita sobre equilibrar o TDAH com suas habilidades especiais. Por Dana Olney-Bell

Tenho doze anos de idade e, pelo que me lembro, tenho dois lados opostos dentro de mim. Disseram-me que tenho "dons" - muito inteligente e criativa. Mas também tenho de trabalhar muito, muito duramente em coisas que parecem muito mais fáceis para outras garotas, tal como memorizar e prestar atenção.

Eis aqui um exemplo: Em matemática, ciência e artes sou mais rápida que os outros alunos em descobrir as coisas. Como acontece quando o nosso professor ensina uma nova maneira de subtrair frações. Parece óbvio para mim, mas não para os outros alunos. Mas, quando estou tentando escutar alguém falando ou lendo, minha mente começa a vaguear.

Uma vez, quando estávamos falando sobre plantas em ciência, isso me fez pensar em meu jardim e no que iria plantar no próximo ano. E isso me fez pensar em uma nova espécie de pimenta que eu queria plantar para o meu pai, porque ele gosta de coisas apimentadas. E isso me fez pensar nos pratos "quentes" que ele costumava comer quando vivia em Singapura.

Parece como os galhos de uma árvore, e logo eu já não sei mais sobre o que era a discussão. Às vezes isso é bom quando eu estou falando com alguém, porque me ajuda a variar nossa conversa. Se estou na aula, me ajuda a trazer novas idéias que ninguém tinha imaginado. Mas também me machuca em aula porque eu nem sempre entendo o que o professor está dizendo.

Algumas vezes eu tenho idéias complicadas que não consigo explicar para os outros. Isso realmente me deixa frustrada e fico nervosa com a pessoa porque ela não entendeu! Acho que você poderia dizer que eu choro muito facilmente. Isso realmente afeta minha mãe. Às vezes tenho a mesma espécie de problema quando preciso fazer uma pergunta. Fico empacada na pergunta porque não consigo formulá-la. E tenho os mesmos problemas quando tento passar minhas idéias para o papel.

Quando estou fazendo algo que é difícil para mim, como escrever, eu fico vagando facilmente e acabo fazendo um trabalho rápido, de modo que possa fazer algo em que eu me saia melhor. Mas quando não consigo uma nota muito boa no meu trabalho, me sinto mal. O problema é que há tantas coisas interessantes para fazer em minha casa; coisas que eu acho que sejam tão educativas quanto escrever. Eu prefiro fazer experiências químicas e cozinhar na cozinha, ou experimentar novas espécies de sementes e de misturas de solos em meu jardim, ou assistir ao History Channel ou a Popular Mechanics for Kids, ou a resolver problemas de lógica e jogos. Eu estudo o comportamento dos pássaros (com meus pássaros, é claro!), trabalho no meu Web site com meu pai, e construo novas coisas com madeira ou qualquer coisa que estiver sobrando em torno. Amo minha escola, mas odeio que as tarefas de casa me tomem tanto tempo que eu poderia usar para fazer outras coisas. É assim que é ter dons e TDAH.

Lições de Vida

Tentei alguns remédios para me ajudar a prestar atenção. É tão esquisito que façam remédios para isso! Um me ajudava a me concentrar e a ter mais disposição na escola. Agora, outro me ajuda a ser mais otimista, mas quando o efeito some, me sinto menos alegre e me desligo mais. Meu remédio ajuda alguma coisa, mas não resolve completamente o problema da atenção. Ainda tenho de me esforçar para prestar atenção, e algumas vezes ainda fico vagando mesmo com o remédio.

O remédio não ajuda nos problemas que tenho para memorizar e estudar para as provas. Meu tutor sugere que eu faça desenho de figuras quando tenho de memorizar fatos para a minha prova de história. Por exemplo, quando estávamos estudando a Renascença, eu desenhei uma harpa pelo renascimento da música e uma cruz pelo renascimento da cultura. Isso me ajudou a lembrar dessas coisas para uma prova. Mas demora muito tempo estudar desse jeito, então eu não conseguia estudar tudo e tirava notas baixas porque havia muitas partes que eu não tinha visto. Às vezes isso me faz querer desistir quando eu descubro o quanto tenho de estudar a mais coisas que não são tão difíceis para os outros colegas.

Japonês foi mais fácil para eu aprender porque quando você escreve em japonês, é arte, e eu adoro desenhar. A escrita japonesa é cheia de detalhes, e eu gosto de ficar por um tempo longo em alguma coisa e fazer tudo exato. Mas a lentidão é um outro problema que eu tenho e que frustra as pessoas. E o meu tutor diz que eu às vezes tenho muita dificuldade em decidir quando caprichar nos detalhes vai fazer meu trabalho ficar melhor ou quando vai prejudicá-lo porque "eu não consigo ver a floresta pelas árvores". Há uma parte do japonês que tem sido muito difícil para mim. Estou atrasada em relação à minha classe no que diz respeito à memorização dos caracteres japoneses e nas combinações de caracteres.

No terceiro ano eu fui para uma escola especial para crianças com dificuldades de aprendizagem, onde eu aprendi o método Singerland para leitura. Aquilo foi realmente bom para mim. Agora eu leio livros que são realmente difíceis, como o The Golden Compass (A Bússola Dourada) e The Amber Spyglass (A Luneta Âmbar).

Visualização e verbalização foram realmente úteis, também, para descobrir a prosódia. Ainda sou má em leitura em voz alta, mas estou melhor do que era! Mas as outras partes da escola eram tão fáceis para mim, e eu ficava aborrecida porque eu já sabia o conteúdo. Quando voltei para minha escola pública, as crianças me perguntavam, "Dana, você vai para a escola especial no terceiro ano?" A Educação Especial não é uma coisa popular. Você tem de ser normal para ser legal.

Algumas pessoas idolatram os estudantes bem dotados porque pensam que eles são bons em todos os assuntos, mas isso não é verdade. Não somos superinteligentes em tudo, como um computador. Sou boa em algumas áreas. Meu tutor diz que sou uma aprendiz visual. Por exemplo, em história, quando minha professora estava falando sobre a segunda guerra mundial, ela mostrou fotos das trincheiras em que eles lutavam. Sempre vou me lembrar daquelas cenas.

Ser superdotado é uma coisa má em algumas das escolas em que eu estive. No cinema, os geniosinhos não são geralmente bons nos esportes. As pessoas pensam que se você é superinteligente, então você será provavelmente fraco. É muito bom ser um mago em matemática, mas é bem mais legal se você for realmente atlético. Foi o que descobri em minha velha escola pública.

Agora frequento uma escola para alunos superdotados e temos muito atletismo aqui. Fazemos exercícios, dança e artes marciais quase todos os dias. Fico feliz por ver que os meus colegas de escola não ligam muito para a moda e não estão nem aí para o tipo de roupa que você usa. Para mim, é muito mais confortável desse jeito.

Estamos juntos nessa

Qual a melhor maneira de ajudar crianças como eu? Precisamos de muito apoio dos pais e não de gritos quando tiramos notas baixas. A melhor coisa que os pais podem fazer é ajudar seus filhos a superar suas dificuldades. Me ajudou muito quando minha mãe me mostrou novas maneiras de estudar para uma prova. Me ajudou a encontrar amigos que sejam honestos e que não me critiquem pelas costas. Ajudou-me a achar uma escola onde os professores vejam que há coisas em que eu sou muito boa. Uma vez minha mãe me contou uma história sobre os nerds de computador que terminaram por tomar conta do mundo, e às vezes eu penso nessa história e isso faz com que eu me sinta melhor, também.

Espero que outras crianças que sejam superdotadas e que tenham TDAH saibam que não estão sós. Espero que isso ajude as crianças a falar com seus pais e professores sobre as coisas que as aborrece e que as fazem se sentir menos esquisitas e solitárias. Falar com eles sobre coisas em que você é bom e sobre coisas que são difíceis para você - e por que elas são difíceis para você - podem ajudar as crianças a descobrir como fazer a escola um pouco melhor. Além de tudo, falar sobre coisas também pode ajudar as crianças a se sentirem melhor a respeito de si mesmas.


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