domingo, 18 de novembro de 2012

240- Mulheres e Meninas TDAH - A Desvantagem do Sexo (Parte II)


Por Maureen Connolly

Outra razão porque as meninas ficam sem diagnóstico por tanto tempo tem a ver com o modo diferente como cada sexo enfrenta a escola. A Dra. Quinn dá um exemplo: “Um menino e uma menina com TDAH recebem um trabalho de longo prazo. Cada um deixa o trabalho por fazer durante semanas. Então, na noite anterior à entrega do trabalho, cada um se lembra do prazo. Em vez de tentar fazer o trabalho, o menino resolve assistir vários episódios de um seriado na TV. Por sua vez, a menina se apavora e tenta fazer um trabalho perfeito durante a noite. (Perfeccionismo é outro comportamento comum nas meninas com TDAH). Ela pede a ajuda de sua mãe e ficam acordadas até a madrugada para terminar a tarefa. Quando ela entrega o trabalho pela manhã, a professora não tem nenhuma pista de que ele foi feito no último minuto.”
As meninas parecem ser levadas a fazer sua tarefa escolar porque nossa cultura as encoraja a serem socialmente mais conscientes.
Elas querem agradar mais do que os meninos, e se espera que elas sejam bem sucedidas na escola.
Como as notas desde o jardim de infância até o nono ano não são tão desafiadoras quanto as dos graus superiores, uma menina com TDAH não diagnosticado pode se sair bem na escola elementar – e então fracassar. “Na escola média e no colegial, as exigências sobre a atenção são maiores para os alunos, de modo que ela não consegue sucesso trabalhando com 50% de eficiência”, diz o doutor Andrew Adesman, diretor da divisão de transtornos do comportamento e do desenvolvimento do Schider´s Children´s Hospital, em New Hyde Park, Nova Iorque, e membro do National Board de diretores do CHADD. “E porque as crianças no ensino fundamental e médio frequentemente mudam de classes, os professores não têm tempo para conhecê-las e para identificar problemas.”

Algumas meninas também compensam o problema por meio do desenvolvimento de estratégias que mascaram seu TDAH. Como foi mencionado anteriormente, pode ser o perfeccionismo. Por exemplo, uma menina pode gastar horas tomando notas em cada capítulo que será testada ou para obter uma boa nota. Ou pode tornar-se obsessivo-compulsiva, checando e revendo seu material para ter certeza que tem tudo o que precisa.
As diferenças de sexo no TDAH também se mostram em classe. A pesquisa revela que as meninas com TDAH podem ser rejeitadas mais frequentemente por suas colegas do que os meninos. A razão é que, comparadas aos meninos, as amizades das meninas requerem maior sofisticação e maior manutenção. “Dois meninos podem se encontrar no pátio e começar a cavar um buraco até a China com suas pás, e em instantes são amigos. A amizade entre as meninas é mais complexa, mesmo nas idades mais baixas. Ela exige afetividade e a percepção das dicas sociais”, diz a Dra. Quinn.

Com tendências à impulsividade, hiperatividade e esquecimentos, pode ser difícil ficar de boca fechada, não interromper constantemente, ou lembrar-se do aniversário do melhor amigo. E quando todos no grupo estão admirando os brincos novos da Jéssica e a menina com TDAH fala alguma coisa totalmente sem nexo, as outras meninas olham para ela e se perguntam de onde que ela vem. Esse tipo de dificuldade social torna difícil para uma menina sentir-se bem consigo mesma e manter relacionamentos.
Infelizmente, esses sinais geralmente não são suficientes para suspeitar de TDAH. No caso de Danielle Cardali, de 14 anos de idade, de North Babylon, Nova Iorque, foram necessárias duas avaliações até que sua professora e seus pais percebessem por que suas notas eram tão baixas. Sendo classificada com TDAH na quarta série, ela foi submetida a reforço em sala de recursos por 45 minutos por dia, com uma professora somente para ela. Mas a melhora real somente aconteceu na sétima série, quando ela foi medicada com Strattera e Concerta. “Depois do primeiro trimestre com a medicação, eu consegui notas C altas e B baixas”, diz Cardali. “Parecia ter um melhor entendimento do que acontecia em classe”.

Em alguns casos, um pai tropeçará no TDAH depois que uma dificuldade de aprendizado for descoberta. (Eles frequentemente coexistem, daí ser importante quando avaliar um deles, avaliar também o outro.) Esse foi o caso com Allison Isidore, de 7 anos, de Montclair, Nova Iorque. Sua mãe, Liz Birge, teve a oportunidade de ver sua filha em atividade na sala de aula por 45 minutos, uma vez por semana, quando ela se ofereceu voluntariamente para ajudar em treinamento de escrita. Liz descobriu que sua filha estava apresentando muita dificuldade para ligar os sons às letras e que não tinha nenhum interesse em tentar escrever. Testes revelaram que Allison tinha uma dificuldade de aprendizagem e TDAH.
Obtendo Ajuda
Se os pais suspeitam que sua filha tenha TDAH (ou uma dificuldade de aprendizagem), as doutoras Quinn e Wigal aconselham a não esperar, mesmo se os professores não tenha se preocupado. Como dito anteriormente, os professores geralmente procuram hiperatividade, desorganização ou esquecimentos como os sinais do TDAH, antes de recomendar uma avaliação. Mas, o modo como o TDAH geralmente se manifesta nas meninas – falar excessivo, baixa autoestima, preocupação, perfeccionismo, assumir riscos, e ser barulhenta – raramente é visto como tal.

O pediatra de sua filha poderá fazer uma avaliação (se a sua filha for adolescente, primeiro procure um médico que se sinta bem lidando com adolescentes). Certifique-se de que o médico dela obtenha uma história médica completa (incluindo a história da família, por causa da grande herdabilidade do TDAH). O médico deve também trabalhar em conjunto com a escola de sua filha para obter mais informação sobre os comportamentos dela. “E, como adolescentes são uma grande fonte de informação sobre sua própria experiência, encoraje um adolescente a falar diretamente com seu médico”, aconselha Dra. Wigal.
Por fim, para uma menina que sofre de TDAH, um diagnóstico oficial pode ser boa notícia. “Todos acham que um diagnóstico de TDAH seja um estigma”, diz a doutora Quinn. “De fato, 56% das meninas em nossa pesquisa disseram que se sentiam melhor depois de, finalmente, terem um nome para o que sentiam. Somente 15% disseram que se sentiram pior. Para a maioria, foi um alívio descobrir que elas não eram preguiçosas, loucas ou burras”.

Mais boas notícias: Pais de meninas diagnosticadas com TDAH têm mais probabilidade de procurar tratamento do que os pais de meninos diagnosticados com TDAH, porque apenas os casos mais graves são diagnosticados nelas. “As meninas podem ter uma pequena vantagem sobre os meninos em um aspecto”, escreveram as doutoras Quinn e Wigal em seu trabalho. “Uma vez suspeitas de terem o TDAH, seus pais tendem a ser mais desejosos de procurar ajuda médica”. E isso é um bom presságio para elas.
Maureen Connolly, ADDitude, 2010

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