sexta-feira, 27 de março de 2015

Transtorno das Funções Executivas, Explicado - (TDAH - ADHD & TFE - EFD) (399)

Transtorno das Funções Executivas, Explicado

Crianças e adultos com Transtorno das Funções Executivas (TFE) apresentam dificuldade de organizar, programar, planejar e completar tarefas. Aqui, explicamos tudo que você precisa saber sobre o TFE - o que é, como diferenciá-lo do TDAH, e as maneiras de ajudar as crianças a viver (e serem bem sucedidas) com ele.

Tudo sobre TFE e TDAH

O que é função executiva? E quais são os déficits de FE ligados ao TDAH? Leia a seguir para aprender sobre sinais e sintomas comuns de TFE nas crianças, e mais importante, o que os pais e os professores podem fazer para ajudar a construir habilidades de funções executivas.

O que é TFE?

Pessoas com TFE exibem um padrão de problemas com as tarefas diárias, e comumente carecem de habilidades para:

• manejar a frustração
• começar e terminar as tarefas
• lembrar e seguir os passos de tarefas com várias etapas
• manter o rumo
• planejar, organizar e automonitorar-se
• equilibrar as tarefas (por exemplo: esportes e atividades acadêmicas)

Estima-se que no mínimo 90% das crianças com TDAH tenham TFE.

Por que o TFE é importante?

As funções executivas nos permitem:

1. Analisar uma tarefa
2. Planejar para cumprir a tarefa
3. Organizar as etapas
4. Desenvolver o cronograma
5. Ajustar ou mudar as etapas
6. Terminar a tarefa de modo tempestivo

Sem essas habilidades, as crianças perdem coisas, têm dificuldade com horários, e não conseguem permanecer organizadas. Corrigir os déficits é crucial para corrigir as dificuldades acadêmicas relacionadas ao TDAH.

Meu filho tem TFE?

Se o seu filho tem dificuldade para iniciar uma atividade, consegue lembrar-se de somente 2 ou 3 coisas de uma vez, tem dificuldade de resolver problemas ou se sente sobrecarregado pela escola, ele pode ter um déficit de função executiva.

Quando aparece o TFE?

O TFE geralmente aparece na transição do sexto para o nono ano, quando desaparece a estrutura da escola elementar, e aumentam as expectativas acadêmicas.

Pais e professores geralmente não compreendem como as crianças não conseguem trabalhar independentemente em uma tarefa, e assumem que elas utilizarão as habilidades necessárias. É importante começar a ajudar as  crianças com TDAH/TFE logo no início e compreender os problemas que esses transtornos causam, para que as crianças não se sintam burras ou preguiçosas.

Como posso ajudar?

Crianças com TFE e TDAH têm necessidades particulares na sala de aula. Elas precisam de ajuda extra para entender as tarefas, para dar início e permanecerem focalizadas. Pais e professores podem ajudar a diminuir os efeitos do TFE e do TDAH com as seguintes estratégias e acomodações para ajudar na escola, e até mesmo usar jogos e tecnologia.

Auxílio com as tarefas na escola

Crianças com TFE geralmente perdem os trabalhos de casa ou se esquecem dos trabalho. Tente isto!

• Escreva as tarefas no quadro
• Leia em voz alta as tarefas
• Faça as crianças repeti-las
• Nomeie um chefe de fila para conferir se todos anotaram
• Ensine habilidades de tomar notas
• Use tarefas de cores diferentes em cartões coloridos

Ajudando as crianças a prestarem atenção na escola

Crianças com TDAH/TFE podem facilmente ficar frustradas. Ajude-as a permanecer no caminho com essas estratégias:

• Faça as crianças correrem no lugar ou ficarem ativas por um minuto
• Tenha dois locais de atividades, de modo que as crianças possam se levantar   
   e se movimentar entre as tarefas.
• Deixe que as crianças utilizem-se de brinquedos para mexer com as mãos
• Deixe as crianças utilizarem organizadores gráficos (como passos-chave para
   fazer um trabalho escrito)

Idéias para acomodações

Se uma criança precisa de um Programa Educacional Individual ou do plano
504 [Isso é nos Estados Unidos], identifique os dois ou três déficits mais importantes. Depois, adote acomodações que resolverão cada problema, e construa por meio delas um plano educacional. Por exemplo:

• Um colega que faça as anotações
• Um assento na primeira fileira
• Mais tempo para fazer as provas

Os pais e os professores devem trabalhar juntos para ajustar o que é feito em casa e o que é feito na escola para ajudar.

Ajuda em casa

Crianças, especialmente as que têm TDAH, precisam de estrutura para ajudar a superar dificuldades com as funções executivas.

Tenha um local especial para as crianças fazerem as atividades. Organize o espaço com uma plataforma que contenha tudo o que eles precisam para dar início aos trabalhos. Dê à criança um tempo depois da escola. Marque um horário para começar, mas dê ao seu filho uma escolha, por exemplo das 4 às 4 e 15 da tarde. Sente-se com eles para ter certeza de que eles iniciem as atividades, e confira o trabalho de casa quando estiver terminado.

Ajudando no trabalho de casa

Divida o trabalho de casa em partes para que seu filho tenha intervalos de descanso para o cérebro. Dê ao seu filho um lanche, ou encoraje-o a caminhar perto de casa por alguns minutos entre os trabalhos. Deixe-o escutar música enquanto trabalha - isso pode, na verdade, ativar o foco.

Tenha o telefone e endereço de alguém da classe para o caso de precisar do trabalho indicado ou para empréstimo de um livro. Depois de ter o trabalho terminado, faça seu filho recolocar tudo em sua mochila e a deixe perto da porta de saída para a manhã seguinte, para não ser esquecida.

Quando as crianças não querem ajuda

Algumas crianças, especialmente as mais velhas, resistem a serem ajudadas na escola.
Quando as crianças ficarem frustradas, dê a elas um tempo para fazer algo de que gostem ou peça a elas que o ensinem alguma coisa que elas saibam bem (tal como um jogo). Isso as ajudará a se sentirem bem sucedidas e a demonstrar uma qualidade.

Tecnologia para ajudar

Além dos que os pais possam fazer, e do que a escola possa fazer, há a tecnologia que pode ajudar:

• Computador, se a escrita for ruim ou difícil
• Timer, tal como um despertador
• Programas (software) para que as crianças possam fazer ditados
• iPads e iPhones para aplicativos de organização

Alguns videogames podem ajudar a construir habilidades de funções executivas. Use o website de ADDitude para descobrir quais deles as crianças utilizarão.

Utilize jogos

Os jogos podem auxiliar as crianças com TDAH a melhorar suas funções executivas. Jogos como "damas", "Monopoly" (monopólio) e "Clue" (pista) utilizam planejamento, atenção sustentada, inibição de resposta, memória de trabalho e metacognição.

Jogos como "Zelda" e "SimCity" ajudam com a resolução de problemas, e persistência dirigida a um objetivo. Gerenciar equipes esportivas fictícias também usa habilidades executivas, iniciação de tarefas e habilidades de gerenciamento do tempo, enquanto promovem diversão!


ADDitude

terça-feira, 24 de março de 2015

TDAH - ADHD - Então, é assim que os normais se sentem? (398)


Depois de metade de uma vida de lutas em casa e no trabalho, com medo de cada novo dia, sinto como se eu tivesse nascido como nova pessoa, depois do meu diagnóstico de TDAH do adulto. Por Donna Surgenor Reames.

Estou sentada no pequeno posto de enfermagem, olhando para a pilha organizada de papéis com o trabalho completado. É só uma da madrugada e já fiz tudo. O trabalho, que geralmente me faria lutar para terminar antes do horário de mudança de equipe, às sete da manhã, está terminado. Não só terminado: feito corretamente, com um nítido foco.

Eu sorrio, me espichando na cadeira. "Então, é assim que os normais se sentem? Penso, assombrada.

Toda a minha vida, briguei com a vaga sensação de que algo era diferente comigo. Me sentia inferior, inadequada, indisciplinada e desorganizada sem conserto. Todos esses sentimentos tinham sido, uma vez ou outra, reforçados pelos outros na minha vida.

"Donna, você não pode nunca ser pontual?"
"Você não pode viver nessa bagunça".
"Como você pode não saber onde estão os registros de nascimento das suas filhas?"
"Você deve ser uma dessas pessoas que não conseguem se organizar".

Eu costumava me sentir cansada já antes de sair da cama, com medo do novo dia e de suas várias obrigações. Eu ficava exausta, lutando no trabalho e em casa, com meus filhos. Eu precisava de cada tantinho de força física, mental, emocional e espiritual para viver minha vida, até que, finalmente, encontrei alguém que escutou minha história e me deu uma chance de fazer algo a respeito.

Ele não me deu uma agenda ou um livro sobre organização. Ele não me criticou por preguiça ou me aconselhou sobre criar filhos. Ele me deu uma receita.

"Tome isso e veja o que acontece", ele disse. "Creio que você tem TDAH do adulto". Ele foi a primeira pessoa a acreditar em mim quando eu disse que havia alguma coisa errada além de depressão ou de uma personalidade fundamentalmente desorganizada. Sempre senti que havia uma parte de mim que poderia ser estruturada, que poderia ser organizada, que poderia funcionar com facilidade. Só não sabia onde ela estava e como atingi-la.

Uma nova mãe

Outro dia, quando eu parei num posto de gasolina, outro carro parou na nossa frente. A mulher estava gritando e xingando. Fui até ela. "Olá! Me desculpe se eu a irritei", eu disse. "Estou levando meus filhos para a escola, estávamos conversando e talvez eu não tenha lhe dado o espaço suficiente".

A mulher se acalmou notavelmente e balançou sua cabeça. "Não, é minha culpa" ela disse. "Estou cansada logo cedo e fiquei brava. Não se incomode com isso". Quando voltei para meu carro, minha filha mais velha, Zoë, me olhou com os olhos arregalados.

"Mãe", disse com entusiasmo, "Não posso acreditar como você foi tão legal!" (Como é duro descobrir que seus filhos acham que você é um babaca, na agonia da irritabilidade diária ligada ao TDAH.) Dei uma risada. "Vocês têm uma nova mãe, meninas!", disse enquanto seguíamos em frente.

No passado, uma situação como essa provocaria em mim uma explosão. Eu gritaria e sairia do sério. Costumava pensar que tinha um problema com minha raiva. Agora sei que meus nervos estavam sendo postos no seu limite, e as coisas que os outros tiravam de letra, para mim eram insuportáveis.

Em casa, nossa vida se acalmou. Passamos a comer juntos mais frequentemente e minhas filhas gostam da minha comida. Não tento mais fazer 15 coisas diferentes enquanto faço o jantar, por isso já não me queimo como antes. Também consegui seguir um sistema para organizar meus armários - e está funcionando!

Porque, agora, eu compreendo que tenho um transtorno que requer que eu faça as coisas de modo um pouco diferente, eu as faço sem
me sentir burra ou preguiçosa. O que eu descobri sobre mim mesma é completamente o oposto: posso ser muito organizada e disciplinada se eu me permito ser. Meu remédio acalmou algo dentro de mim, permitindo que eu respire fundo e viva em ritmo mais lento.


ADDitude

sexta-feira, 6 de março de 2015

A Fuga de Crianças Com Autismo (397)


A Fuga de Crianças Com Autismo (397)

Uma preocupação importante dos pais de crianças com autismo é a de que seus filhos possam fugir e se perder quando ninguém estiver cuidando. Pode ser um pensamento que dure uma fração de segundo, mas o pânico que causa é algo que nenhum pai ou cuidador deveria sentir. Essa preocupação não aparece somente quando estão na cidade com a criança, mas também em casa, onde os pais precisam estar constantemente vigilantes para garantir que seus filhos não saiam repentinamente de casa, sem serem acompanhados. No  artigo a seguir, apresentamos um guia muito útil para auxiliar os pais e cuidadores a enfrentar os desafios de manter em segurança uma criança com autismo e para evitar o problemático comportamento de fuga. Sabrina Freeman, Ph.D.

"A Fuga de Crianças Com Autismo: O Que Sabemos, Intervenções Bem Sucedidas, e Dicas Práticas Para os Pais e Cuidadores", por Heather Walker e David McAdam, New York State Association for Behavior Analysis (NYSABA) 

O que é a Fuga?

Fugir, também descrito como vaguear ou precipitar-se, descreve o comportamento de um indivíduo que sai de um local sem permissão ou supervisão. A fuga deixa um indivíduo, especialmente um com autismo ou com um transtorno do desenvolvimento relacionado, em risco de sofrer dano.

Por Que a Fuga Acontece?

A avaliação funcional (método de análise do comportamento para investigar as causas do comportamento) tem demonstrado várias razões para a fuga, as quais variam de pessoa a pessoa.
Indivíduos podem fugir para evitar algo, para obter acesso a um item, atividade ou pessoa, ou para se engajar em atividade intrinsecamente prazerosa, tal como correr.
Não há nenhuma pesquisa ou evidência par apoiar a hipótese de que indivíduos fogem como resultado de uma excitação fisiológica ou acesso a comportamento repetitivo.

Procedimentos Usados Para Diminuir Eficazmente as Fugas

Reforço não contingente (NCR) - Essa técnica propicia acesso às consequências motivadoras de fuga disponíveis para o indivíduo em escala baseada no tempo, a fim de diminuir a motivação para a fuga. Por exemplo, se  é determinado que uma criança foge para acessar certos alimentos, então aqueles alimentos são colocados à disposição em intervalos regulares. O resultado é uma diminuição das fugas.

Reforço diferencial de outros comportamentos (DRO ou DRo; "resposta zero" - Essa estratégia entrega um item desejado depois de um certo período em que as fugas não aconteçam.

Reforço diferencial ou comportamento alternativo (DRA) - Nesse cenário, os pais ou o profissional entrega um item desejado contingente (isto é, apresentado em sucessão imediata ao alvo desejado, comportamento alternativo) aos comportamentos que são alternativas à fuga. Por exemplo, caminhar em vez de correr.

Treinamento de comunicação funcional (FCT) - O indivíduo é ensinado a falar o que quer, em vez de fugir para ganhar acesso ao que quer. Por exemplo, se um indivíduo foge para receber atenção dos outros, no FCT ele será ensinado a ter um comportamento mais apropriado para chamar a atenção.
Manipulações antecedentes e modificações ambientais - Essa técnica muda o ambiente para diminuir a possibilidade de fuga ou tornar a fuga uma não opção.

Dicas Práticas Para os Pais e Cuidadores

Avaliação
> Mantenha registros escritos e detalhados de fuga.
> Consulte um analista de comportamento sobre conduzir uma avaliação funcional e os benefícios e riscos de conduzir uma análise funcional.

Prevenção
> Garanta que um indivíduo com histórico de comportamento de fugas tenha identificação de emergência consigo o tempo todo.
> Explore outras medidas preventivas possíveis, que podem ser tomadas em caso de ocorrência de fuga.

Habilidades de Segurança

> Trabalhe com sua equipe de professores e provedores de serviços (por exemplo, o analista de comportamento) para ensinar técnicas de segurança.
> Aprenda RCP (ressuscitação cardiopulmonar) e primeiros socorros.

Comunicação

> Divida seus contatos de informação e informações sobre fuga com pessoas de sua vizinhança.

> Comunique-se com os organismos locais aplicadores das leis e com os que atendem emergências sobre seu filho e o risco de fuga.

                           
A fuga pode ser um comportamento muito perigoso por uma variedade de razões, tornando-a um comportamento crucial para corrigir e eliminar. Uma análise funcional, isto é, descobrir a razão da fuga, é muito importante quando for possível, e desenvolver um procedimento com base na análise funcional aumenta as taxas de sucesso no decréscimo de fugas  e no ensino de comportamentos alternativos. Nota: É muito importante que indivíduos competentes, muito bem treinados, com especialização em Análise aplicada do Comportamento (ABA), conduzam esses procedimentos.


ASAT

  Terapias emergentes para a doença de Alzheimer precoce Michael Rafii, MD, PhD O início da doença de Alzheimer (DA) é caracterizado po...