segunda-feira, 25 de julho de 2011

119- É TDAH ou Menopausa?

Como a menopausa afeta a memória, atenção e os relacionamentos, conforme a mulher envelhece. Mais, os sintomas que você tem são relacionados ao TDAH, à menopausa, ou a ambos?   Por Edward Hallowell M.D.

Você “tem certa idade” e repentinamente sua memória tem tantos furos que você a chama de “cérebro de queijo suíço”. Você perde as coisas mais frequentemente, e se perde nos próprios pensamentos, distraída num segundo. As mulheres diagnosticadas com TDAH às vezes entram em pânico, preocupadas com a piora dos seus sintomas. As mulheres que ainda não foram diagnosticadas com TDAH e que sentem esses sintomas, às vezes debilitantes, perguntam aos seus médicos, “O que está acontecendo? Eu tenho TDAH ou Alzheimer?”
Não importando se você tem TDAH ou não, a menopausa influencia tudo!  Após “a mudança”, o nível de estrogênio das mulheres cai cerca de 65%, o que afeta a captação de dopamina e de outros neurotransmissores. Menos estrogênio significa menores níveis de dopamina e serotonina, causando o aparecimento de sintomas parecidos aos do TDAH: aumento da dificuldade de concentração, disfunção da memória e problemas cognitivos, e menos clareza mental. Se você tiver TDAH, a maior queda de dopamina, da qual você já tem níveis baixos, significa que os sintomas existentes vão piorar e novos sintomas vão surgir.
Esses sintomas são da menopausa ou do TDAH?
Algumas mulheres que tenham o TDAH não diagnosticado por toda a sua vida percebem que a piora dos sintomas as encaminha ao médico, procurando por respostas. Mas os sintomas parecidos com os do TDAH nem sempre indicam a presença do transtorno. Se você tiver apenas recentemente desenvolvido esses sintomas (e eles não estando presentes desde a infância), então a menopausa provavelmente será a culpada. Fale com seu médico sobre o alívio dos sintomas.
Se você tiver sido diagnosticada com TDAH, os efeitos da menopausa sobre o transtorno geralmente requerem ajustes no tratamento. Trabalhe com seu médico no aumento da dosagem da medicação, ou tente uma medicação com duração de efeito mais longa, faça mais exercício (que pode melhorar o foco e, no processo, reduzir as chances de desenvolver osteoporose), e pense na terapia hormonal. Para muitas mulheres, o melhor tratamento é o estrogênio, por três a quatro meses, seguido por 10 dias de progesterona.
O problema é que 85% das mulheres apresentam alguma disfunção sexual após a menopausa. Logo quando poderiam usar o humor e o apoio do seu parceiro para conviver com o “cérebro de queijo suíço”, você pode achar que seu relacionamento se torna mais tenso.
Trate os seus sintomas
É importante, a cada etapa de sua vida, manter sob controle os sintomas do TDAH. Isto pode significar trabalhar com vários profissionais – um psicólogo, um clínico e um ginecologista. Instrua-se sobre o TDAH e sobre o que está acontecendo com o seu corpo, mantenha uma lista de medicamentos e faça uma tabela dos seus sintomas. Os médicos raramente pensam nas flutuações hormonais quando estão planejando um tratamento.
Se você tiver problemas em prestar atenção, em manter-se organizada, em manter sua vida num ritmo constante, um profissional poderá prescrever um estimulante, mesmo na ausência de um diagnóstico de TDAH. Mas isso deve ser feito no contexto de um plano multimodal e abrangente, que inclua tudo, desde as mudanças nutricionais e os exercícios, até a psicoterapia e a terapêutica de reposição hormonal. Para os problemas das mudanças sexuais, ajudar o seu parceiro a entender que elas são normais é um bom ponto para o início.

118- É TDAH ou envelhecimento? (Is it ADHD or Aging?)

Por Linda Roggli
Foi a história das luvas de lã dela que me convenceu que minha velha mãe, de 85 anos, tinha TDAH não diagnosticado.
“Quando eu estava no colegial, queria fazer um suéter”, minha mãe me contou. “Então a tia Laura comprou uns lindos novelos de lã cor de rosa, com a condição de que eu tricotasse o suéter. Quando eu saí de casa para estudar na faculdade, ainda estava tricotando as luvas. O suéter e o resto dos novelos ficaram na cesta de vime por nove anos, até que eu engravidei de você. Eu provavelmente deveria ter feito um par de sapatinhos de lã, mas desmanchei o suéter e fiz um par de luvas para mim mesmo. Afinal, eu não mais precisava terminar o suéter!”
Ajuda para os idosos
Um psiquiatra reconheceria num instante os sintomas do TDAH de procrastinação, falta de continuidade e falta de gerenciamento. Porém, os critérios atuais de diagnóstico requerem que todos os sintomas estejam presentes antes dos sete anos de idade. Não tenho certeza de que minha mãe possa lembrar-se o suficiente da sua infância para poder ser diagnosticada. E não tenho certeza de que os médicos dela estão considerando a possibilidade de TDAH diante de problemas médicos mais urgentes: diabetes, colesterol alto, artrite, depressão crônica. Quanto mais ela vive, mais cresce a lista dos seus problemas.
Mesmo que pudéssemos por de lado os seus problemas médicos, é difícil definir se o seu esquecimento e desatenção são TDAH ou parte do “processo normal de envelhecimento”. (Detesto esta frase. Parece inevitável, como se a nossa cognição fosse determinada pela longevidade.)
O TDAH dela foi ignorado por todos esses anos? E se ela fosse diagnosticada agora, quais opções de tratamento haveria?
A resposta curta é que não há respostas. Há somente um estudo na literatura médica sobre o tratamento do TDAH na velhice. Foi publicado em 2008 e mostrou que o metilfenidato (Ritalina e Concerta) foi eficaz no tratamento de uma senhora de 67 anos. Uma mulher. Só isso.
Minha psiquiatra descreve a pesquisa em adultos idosos como “patética”, e eu concordo. Ela disse que os estudos e pesquisas excluem os sujeitos mais velhos do que 45 anos porque, como a minha mãe, eles não devem ter histórias da infância para suportar o diagnóstico de TDAH.
Pior, as opções de tratamento se estreitam significativamente na população  TDAH idosa. (Há uma população TDAH idosa? – ainda não sabemos.) Por exemplo, tome o exercício. Os estudos mostram que ele melhora significativamente os sintomas na criança e nos adultos. Mas minha mãe tem os joelhos tão doloridos, e o seu equilíbrio é tão difícil, que ela não pode fazer os exercícios aeróbicos que poderiam trazer os benefícios.
Tenho certeza de que os estimulantes ajudariam minha mãe; o médico dela prescreveu remédio para emagrecimento (anfetaminas) em 1970, e ela foi capaz de limpar a casa, de cima embaixo! Mas os estimulantes podem provocar ou piorar a pressão alta e os problemas cardíacos. E a Atomoxetina, um não estimulante, pode aumentar o risco de glaucoma.
O treinamento da memória de trabalho é eficiente para o TDAH e para as dificuldades de aprendizagem, e é promissor para as demências leves. Mas quase todos os treinamentos de memória são baseados no computador; muitos adultos acima dos 70 anos de idade não sabem lidar com computador, e muitos não têm acesso a um computador.
Abraçando uma nova causa
Estou frustrada porque não posso ajudar minha mãe, e não estou sozinha. Recentemente, recebi um e-mail de uma mulher com TDAH, que estava desesperada para encontrar auxílio para sua mãe de 80 anos, que exibia grave prejuízo das funções executivas. “Ela evita tomar decisões e fica satisfeita em  sentar-se na cama o dia todo e ser atendida”, disse sua filha. “Não sei o que fazer.”
A solução temporária, eu penso, é estabelecer estruturas para nossos parentes que estão envelhecendo, como eles fizeram por nós quando éramos crianças. Limpei e organizei o closet de minha mãe, de modo a que ela tenha menos roupas para lidar. Arrumei reposição automática das medicações receitadas. Comprei um timer barulhento para que ela vá ao banheiro a cada par de horas. Falei com seu médico para mudar o antidepressivo por um que melhorasse especificamente a sua dopamina.
Em seu benefício (e no meu, como a ligação genética do TDAH é um fato), assumi uma nova causa: advogar para a pesquisa do TDAH no idoso. Talvez um dia estaremos aptos a responder à pergunta: É TDAH, ou é a idade?
ADDitude – 2011 número de primavera (spring issue)

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