segunda-feira, 10 de setembro de 2012

228- Carta do Dr Marco Antônio Arruda à Comunidade Aprender Criança

Caros Amigos,
nem precisa dizer, quem esteve lá viu!
         Para mim, essa edição do APRENDER CRIANÇA foi a melhor até aqui realizada, numa escalada de qualidade e público que começamos em 2006. Na verdade, por favor, deixando de lado qualquer obviedade narcisista, gostaria de lhes confessar que esse foi o melhor congresso da minha vida. Por que? Porque aprendi muito, mudei condutas, fiz reflexões sobre mim mesmo e me emocionei, me emocionei demais. Numa comparação grosseira com a culinária, uma das minhas paixões, a degustação foi diversa, alta culinária, os pratos além de muito saborosos tinham sabores complexos, picantes às vezes, comoventes sempre, por nos fazer lembrar de passagens que vivemos e que para sempre ficarão impressas em nossa memória. Dopamina pura como disse a Judy! Jamais vou esquecer o que ouvi nos corredores, pessoas que vinham me contar suas experiências, sua opinião e,muitas vezes, seus dramas pessoais. A ficha agora está caindo e mais comovido ainda estou. Tentando resumir:
         Primeiro, falar em INCLUSÃO é falar sobre todos e cada um de nós, sobre experiências atuais e passadas. Como disse o Mauro, o lema deveria ser ampliado para o “eu me incluo”!
Segundo, a COMUNIDADE APRENDER CRIANÇA comprova que Platão e os que hoje difundem a desinformação, estão errados em seu paradigma dicotômico de mente e corpo, algo como querer separar as Ciências do Homem e as Biológicas, opor o biológico ao cultural, a natureza à cultura, os genes à aprendizagem, ou o Neurocientista à Educação, ao Psiquismo e à Sociedade. Ao dicotomizar eles não têm conhecimento suficiente “de que o cultural (o social) não pode(m) ser pensado(s) sem o biológico e que o cerebral não existe sem uma impregnação poderosa do ambiente” 1. O verdadeiro processo de inclusão tem um só caminho, a autofagia, o banimento eterno da palavra INCLUSÃO. Explico. Se as robustas evidências científicas comprovam que o desenvolvimento da criança é diverso e que,portanto, todas devem ser incluídas, um dia o termo, por fim, deverá ser sepultado. E isso, definitivamente, não será mudado por decreto, nem será um processo de cima para baixo, mas baseado em evidências científicas.
         E, para finalizar, inspirado no discurso de inclusão ampla, total e irrestrita do grande “Mártir” Martin Luther King, gostaria de premeditar o breque: “Nós tivemos um sonho e, embora enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã, nós ainda temos um sonho. É um sonho profundamente enraizado na inclusão da criança com desenvolvimento atípico, na inclusão da deficiente, da portadora de transtornos mentais como o TDAH e de distúrbios específicos do aprendizado como a Dislexia, na inclusão da diversidade do desenvolvimento infantil, tendo em conta suas habilidades e dificuldades naturais. Nós temos um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado dessa crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que as crianças devem ser tratadas iguais. Temos o sonhoque um dia, por fim, consigamos romper todas nossas barreiras atitudinais, sim, ocorrem sem percebermos e machucam demais. Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que nos prepararemos para o nosso dia a dia inclusivo. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, defender nossos ideais de liberdade juntos, e quem sabe sermos um dia livres. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado: "Livre afinal, livre afinal”. Abraço a todos e não percam o novo vídeo da série “Changing the Brains” sobre desenvolvimento da atenção.
         Grande abraço.
         Marco Antônio Arruda
         Diretor do Instituto Glia
1. Changeoux J-P. Prefácio. In: Dehane S, ed. Scliar-Cabral L, trans. Os neurônios da leitura - como a Ciência explica a nossa capacidade de ler. 1a. ed. ed. Porto Alegre - RS: Penso; 2012.

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