sábado, 5 de outubro de 2013

299- Entendendo o Déficit de Atenção: O Novo TDAH


O que há de novo sobre o TDAH? Muita coisa, de acordo com Thomas Brown, professor em Yale, Estados Unidos. Você vai pensar de modo diferente depois que souber de todos os fatos.

Por Thomas Brown, Ph.D.

TDAH 2.0

Descobertas das neurociências, as imagens do cérebro e a pesquisa clínica mudaram dramaticamente o velho entendimento sobre o TDAH como um transtorno essencialmente do comportamento. Agora, os especialistas veem o TDAH como um transtorno de desenvolvimento do sistema de autocontrole do cérebro, suas funções executivas. Há muitos outros mitos sobre o TDAH, como você verá. Assim, atualize seu pensamento sobre o transtorno com os fatos.

Novo Modelo versus Velho Modelo

O novo modelo do TDAH difere por várias maneiras do modelo anterior desse transtorno como um conjunto de problemas de comportamento das crianças pequenas. O novo modelo é um paradigma de mudança para o entendimento do TDAH. Ele se aplica às crianças, adolescentes e adultos. Ele focaliza uma ampla faixa de funções de autocontrole ligadas a complexas operações do cérebro, e essas não estão limitadas aos comportamentos facilmente observáveis. Mas, há uma sobreposição substancial entre os modelos novo e velho do TDAH.

O Foco que Liga e Desliga

Os dados clínicos indicam que os problemas de função executiva são variáveis de acordo com a situação; cada pessoa com TDAH tende a ter algumas atividades ou situações específicas nas quais ela não tem nenhuma dificuldade em usar as funções executivas que estão significativamente prejudicadas para ela na maioria das outras situações. De modo típico, essas atividades são as em que o portador de TDAH tem um forte interesse pessoal ou as em que ele acha que algo de muito desagradável acontecerá se ele não fizer a tarefa já.

Sinais na Infância

As pesquisas recentes mostraram que muitos com TDAH funcionam bem durante a infância e não manifestam sintomas significativos até a adolescência, ou mais tarde, quando grandes mudanças são encontradas nas funções executivas. Na década passada, as pesquisas mostraram que os sintomas prejudiciais do TDAH geralmente persistem até a idade adulta. Entretanto, os estudos também mostraram que alguns indivíduos com TDAH durante a infância experimentam redução significativa de seus prejuízos conforme envelhecem.

QI Alto e TDAH

A inteligência, medida pelos testes de QI, não tem virtualmente nenhuma relação sistemática com os prejuízos das funções executivas descritos no modelo novo do TDAH. Os estudos mostraram que até mesmo crianças e adultos com inteligência extremamente alta podem sofrer os prejuízos do TDAH. Isso causa problemas para eles usarem suas fortes habilidades cognitivas de maneira consistente e eficaz em muitas situações da vida.

Conexão Emocional

Pesquisa recente mostrou o papel importante das emoções no TDAH. Algumas pesquisas focalizaram somente os problemas de regulação das emoções sem a inibição necessária. A pesquisa também mostrou que um déficit crônico das emoções, que compromete a motivação, é um prejuízo para a maioria dos indivíduos. Isso torna difícil para eles despertar e sustentar a motivação para atividades que não dão reforço imediato e contínuo.

Mapeando os Déficits

As funções executivas são complexas e envolvem não somente o córtex pré-frontal, mas também muitos outros componentes do cérebro. Indivíduos com TDAH diferem, conforme foi achado, na taxa de maturação de áreas específicas do córtex, na espessura do tecido cortical, nas características das regiões parietais e cerebelares, assim como nos gânglios da base e nos tratos substância branca que ligam e fornecem comunicação criticamente importante entre várias regiões do cérebro.

Desequilíbrio Químico

Os prejuízos do TDAH não são devidos ao excesso global ou à falta de uma substância química específica dentro ou ao redor do cérebro. O problema primário é relacionado às substâncias químicas fabricadas, liberadas e recaptadas ao nível das sinapses, as junções entre certos circuitos neuronais que controlam o sistema de gerenciamento do cérebro. Pessoas com TDAH tendem a não liberar o suficiente dessas substâncias químicas essenciais, ou a liberar e recaptá-las muito rapidamente. A medicação para o TDAH ajuda a melhorar esse processo.

O Gene do TDAH

Não foi identificado nenhum gene como a causa dos prejuízos conhecidos como TDAH. A pesquisa recente identificou dois grupamentos diferentes que juntos estão associados com o TDAH, embora não definitivamente causadores. Nesse ponto, a complexidade do transtorno é provavelmente associada a muitos genes, cada um dos quais, por si mesmo, tem somente um pequeno efeito sobre o aparecimento do TDAH.

TDAH e TOD

A incidência do transtorno de oposição e desafio (TOD) em crianças com TDAH varia de 40 a 70%. As taxas mais altas são geralmente para as pessoas com o tipo combinado de TDAH.  O TOD é caracterizado pelos problemas crônicos de comportamento negativista, desobediente, desafiador e/ou hostil contra as figuras de autoridade. Tipicamente, o TOD é aparente ao redor dos 12 anos de idade e persiste por cerca de seis anos, para gradualmente desaparecer. Mais de 70% das crianças diagnosticadas com o TOD nunca desenvolvem Transtorno de Conduta.

TDAH e Autismo

A pesquisa demonstrou que muitos indivíduos com TDAH têm traços significantes relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), e que muitas pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista também preenchem os critérios para o TDAH. Os estudos também mostraram que os medicamentos para o TDAH podem ser úteis para aliviar sintomas de TDAH em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Os medicamentos para TDAH também podem ajudar os que têm TEA com TDAH a melhorar alguns dos seus problemas.

Medicamentos e Mudanças Cerebrais

Os estudos e os testes clínicos mostraram que as medicações para o TDAH dão os seguintes benefícios para algumas crianças e adultos:

melhora da memória de trabalho, do comportamento em sala de aula, da motivação para fazer as tarefas e para prosseguir na tentativa de resolver problemas.

diminuição do aborrecimento e da distração quando faz as tarefas, e diminuição das crises emocionais.

aumento do desempenho nas provas, nas notas e outras conquistas que podem ter efeitos duradouros.

normalização das anormalidades estruturais de regiões específicas do cérebro.

Medicamentos para Idades Diferentes

O ajuste fino da dose e dos horários dos estimulantes é importante porque a dose mais eficiente depende de quão sensível é o organismo do paciente àquela medicação específica. Geralmente os médicos começam com uma dose muito baixa e aumentam gradualmente até que uma dose eficaz seja encontrada, que um efeito colateral importante ocorra, ou que seja atingido o máximo recomendado. Alguns adolescentes e adultos precisam de doses menores do que as tomadas por crianças; algumas crianças pequenas precisam de doses maiores do que as dos seus colegas.

Pré-escolares e Medicamentos

As pesquisas mostraram que a maioria das crianças de 3 a 5 e meio anos de idade, com TDAH de moderado a grave, tem melhora significativa dos sintomas quando tratada com estimulantes. Os efeitos colaterais são ligeiramente mais comuns do que usualmente vistos nas crianças maiores, mas ainda mínimos. Em 2012, a Associação Pediátrica Americana recomendou que as crianças de 4 a 5 anos de idade, com TDAH que cause problemas significativos, devem ser tratadas com terapia comportamental. Se não for eficaz depois de nove meses, a medicação estimulante é recomendada.

Impulsivo para Sempre?

Muitos  com  TDAH nunca manifestam níveis excessivos de hiperatividade ou de impulsividade na infância ou depois. Entre os que são mais hiper e impulsivos na infância, uma porcentagem substancial supera os sintomas na metade da infância ou no início da adolescência. Mas os prejuízos em focalizar e em manter a atenção, em organizar as tarefas, controlar as emoções e em usar a memória de trabalho podem persistir e se tornar problemáticos, conforme a pessoa entra na adolescência e na idade adulta.

TDAH é Diferente

O TDAH difere de muitas outras doenças no que ele cruza com outras doenças. O prejuízo das funções executivas que constitui o TDAH também é presente em outras doenças. Muitas dificuldades de aprendizado e doenças psiquiátricas poderiam ser comparadas a problemas com um programa de computador que, quando não está funcionando bem, interfere com algumas funções. O TDAH deve ser comparado a um problema com o sistema operacional do computador que vai interferir com o funcionamento de muitos programas diferentes.

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