quinta-feira, 5 de agosto de 2010

4- Listas de checagem do TDAH - Sandra Rief


1- O que quer dizer TDA/TDAH?

TDA significa Transtorno de Déficit de Atenção. É o nome que tem sido usado há alguns anos, e que muitas pessoas têm ouvido e associado a crianças e adolescentes que têm problemas importantes nas áreas de atenção, hiperatividade e impulsividade.

TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. TDAH é o nome oficial que é usado para descrever esta doença. Nos livros e artigos atuais você pode vê-lo escrito como TDAH(ADHD em inglês) ou como TA/TH (AD/HD em inglês). Isso ainda significa “Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade” e inclui todos os subtipos da doença: O Tipo Predominantemente Desatento do TDAH, o Tipo Predominantemente Hiperativo e Impulsivo, e o Tipo Combinado.

Para muitos, o termo TDA não explicava todo o quadro. A principal dificuldade da criança não era a falta de atenção, mas os comportamentos associados à hiperatividade e impulsividade. Atualmente, o termo TDAH é equivocado e confuso para alguns. Há crianças com TDA que não são hiperativas ou impulsivas. Compreenda que o novo termo TDAH (que facilmente poderá mudar novamente em poucos anos) inclui o tipo não hiperativo/não impulsivo em sua abrangência.

Uma criança ou adolescente com o tipo predominantemente desatento de TDAH (ou TDA sem hiperatividade/impulsividade) não chama facilmente a nossa atenção.

Os comportamentos não são desagregadores, de modo que elas podem não ser descobertas ou ser mal interpretadas e mal diagnosticadas. Assim, ter esse transtorno, pode ser muito problemático para a criança, resultando em significantes problemas acadêmicos e insucessos. 
Para simplicidade, e na minha tentativa de usar o rótulo de diagnóstico mais atual, eu (Sandra Rief) geralmente usarei o termo TDAH ( não TDA/TDAH). O termo TDAH tem significado inclusivo, referindo-se a todos os tipos do transtorno.

A criança com o tipo predominantemente hiperativo e impulsivo do TDAH tem uma chance muito maior de ser identificada mais cedo e de receber um diagnóstico e uma intervenção, porque os comportamentos são frequentemente muito desagregadores e notáveis. Essas crianças chamam a nossa atenção! Tem havido muito mais pesquisa sobre esse tipo de TDAH no decorrer dos anos; consequentemente, nós sabemos mais sobre os tratamentos mais eficientes para as crianças e adolescentes hiperativos/impulsivos. (Veja a Lista de Checagem 4 sobre as Características do Tipo de TDAH Predominantemente Hiperativo/Impulsivo.)

2. DEFINIÇÕES E DESCRIÇÕES DO TDAH

O que vem a seguir são algumas descrições do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) conforme definidas por algumas das autoridades e pesquisadores de renome no assunto. Como o TDAH continua a ser estudado intensivamente, com mais e mais informação aprendida a cada ano, estas descrições terão de ser refeitas no futuro.
O TDAH é uma doença do desenvolvimento caracterizada por graus impróprios de desatenção, hiperatividade e impulsividade. O TDAH é uma ineficiência da área do cérebro que controla impulsos, que ajuda na seleção dos estímulos sensoriais aferentes e que focaliza a atenção.
O TDAH é uma doença neurológica caracterizada por problemas em sustentar a atenção e o esforço mental, problemas de excessivo nível de atividade e problemas de inibir os impulsos.
O TDAH é uma doença da execução – um problema de ser capaz de produzir ou agir sobre o que se conhece.
O TDAH é uma doença da produção. Não é um problema de aprendizado per se. Uma pessoa com o TDAH pode saber bem a informação ou a matéria; mas é um problema de ser capaz de executar ou produzir aquela informação (especialmente a produção escrita), e de fazer isso com alguma consistência. Essas crianças são frequentemente descritas como “consistentemente inconsistentes” – porque, em um dia, podem fazer bem uma tarefa e em outro, não. O TDAH é uma doença fisiológica que causa dificuldades com a inibição do comportamento e dos impulsos, com o autocontrole e com o comportamento dirigido a um objetivo.
O TDAH é uma doença neurobiológica que causa um alto grau de variabilidade e inconsistência na execução e na produção.
O TDAH é uma doença do desenvolvimento que resulta de uma atividade diminuída do centro cerebral inibidor e da atenção – cujas características aparecem no início da infância e são de natureza relativamente crônica.
Com o TDAH, o centro cerebral da atenção não está trabalhando bem, o que leva a problemas na execução e na produção.
O TDAH é uma doença que causa um nível excessivo de atividade, excessiva distractibilidade, e excessivas responsividade e reações emocionais.

3. O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS SOBRE O TDAH

Nós sabemos o seguinte:

Nos Estados Unidos, aproximadamente 2 milhões de crianças têm o TDAH. Calcula-se que de 3 a 5% da população estudantil têm TDAH. Muitas crianças com esse transtorno escapam ao diagnóstico. Elas não foram identificadas ou não recebem os tratamentos eficazes.
O TDAH é diagnosticado 3 a 9 vezes mais frequentemente em meninos que em meninas. Acredita-se que muito mais meninas têm realmente o TDAH e não são diagnosticadas porque exibem poucos dos comportamentos desordeiros associados à hiperatividade e impulsividade. Muitas meninas têm o tipo predominantemente desatento do transtorno e igualmente não são identificadas e diagnosticadas.
Os comportamentos desafiadores que são exibidos pelas crianças com o TDAH são derivados de seu transtorno fisiológico e neurobiológico.
Os comportamentos não apropriados que elas podem exibir geralmente não são desejados ou planejados. Tipicamente seus comportamentos e como eles impactam os outros não são percebidos por elas.
As crianças com TDAH têm maior chance do que as outras de serem suspensas ou expulsas da escola, de repetir de ano ou de sair da escola, têm problemas de fundo emocional e social e sofrem rejeição, ridicularização e punição.
Apesar das dificuldades, as crianças e adolescentes com TDAH podem também ter muitas aptidões e alto potencial. Frequentemente são criativas, inteligentes e dotadas em certas áreas (por exemplo, artisticamente, musicalmente, atleticamente, verbalmente).
O TDAH é um problema para toda a vida. Geralmente continua na adolescência, e até 70% continuam a exibir sintomas na idade adulta. Entretanto, os sintomas mudam conforme a pessoa amadurece. Os comportamentos hiperativos das crianças menores (correr dentro da classe, saltar das cadeiras) são vistos como movimentos de esfregar as mãos, caminhar e comportamentos menos intensos como adolescentes e adultos. A impulsividade vista em crianças mais novas parece diferente nos adolescentes e adultos (isto é, mudar de planos e de carreira frequentemente, tendência a comportamento de alto risco). Muitos dos adolescentes e adultos são capazes de compensar ou de contornar as dificuldades que tiveram quando crianças porque têm profissão e estilo de vida que lhes permite fazer assim. Eles utilizam suas áreas de poder e de interesse, e se apoiam em mais alguém em suas vidas (por exemplo, secretária, esposa/o, assistente) para ajuda nas tarefas que ainda são difíceis, tais como as habilidades de organização.
As crianças com TDAH se dão muito melhor quando lhes dão atividades que são interessantes, novas e motivadoras.
As crianças com TDAH se dão muito melhor quando são capazes de trabalhar para obter recompensas que são mais imediatas. Elas são tipicamente incapazes de manter o esforço quando trabalham para atingir objetivos e recompensas a longo prazo. Esta é uma característica da impulsividade.
Nós sabemos que o TDAH não é um mito, não é o resultado de falta de atenção dos pais e não é uma falta de cuidados, esforço e disciplina.
Nós sabemos que não é preguiça, comportamento proposital ou falha de caráter.
Uma grande porcentagem de crianças, adolescentes, adultos com TDAH tem transtornos adicionais coexistentes (comorbidade). O TDAH é um dos transtornos mais comuns da infância.
Há graus de TDAH, variando desde leve até grave.

O TDAH não é novo. Ele sempre esteve presente, reconhecido pela ciência clínica e documentado na literatura desde o início do século 20, renomeado várias vezes (por exemplo, disfunção cerebral mínima, doença hipercinética da infância).
O TDAH tem sido objeto de uma tremenda quantidade de estudos. Há literalmente milhares de estudos e artigos científicos publicados (nacional e internacionalmente) sobre o TDAH.
O TDAH é de natureza neurobiológica.
Há diferentes tipos de TDAH, com uma variedade de características. Ninguém tem todos os sintomas ou exibe a doença exatamente da mesma maneira.
O prognóstico do TDAH é alarmante quando não tratado. Sem intervenções, ele pode resultar em graves problemas sociais, emocionais, comportamentais e acadêmicos.
Quando tratado, o prognóstico para o TDAH é muito positivo e esperançoso. Com intervenção, muitas crianças diagnosticadas e recebendo a ajuda de que elas necessitam, serão capazes de administrar com sucesso a doença.
Não há um conserto rápido para o TDAH.
Não há cura para o TDAH.
Há muitos problemas ou doenças (por exemplo, de aprendizado, médicos, de saúde, sociais, emocionais) que podem causar sintomas que se parecem com TDAH, mas que não são TDAH.
O TDAH causa problemas com o desempenho e a produção no trabalho.
Vários fatores podem intensificar os problemas de alguém com TDAH ou levar a uma significativa melhora (tais como a estrutura do ambiente, os sistemas de suporte disponíveis, o nível de estresse)
Medicamentos estimulantes, que afetam os neurotransmissores no sistema nervoso central são reconhecidos como redutores dos sintomas do TDAH.
Há um número incontável de indivíduos bem sucedidos com TDAH em cada profissão ou ramo de vida.
Crianças com TDAH geralmente podem ser alunas de classes normais de ensino (com ensino adequado, gerenciamento, apoios e estratégias de assistência).
O TDAH pode ser mais bem administrado por um tratamento multimodal e por uma abordagem em equipe.
Nós sabemos que é necessário um esforço em conjunto dos pais, do pessoal escolar e dos profissionais de saúde e de saúde mental para se ter mais eficiência na ajuda às crianças com o TDAH.
Nenhuma intervenção isolada será eficiente no tratamento e controle do TDAH.

Vigilância , tratamento continuado e planos de intervenção, revisão de planos e voltar à “prancheta de desenho” frequentemente são itens necessários.
Nós sabemos muito sobre quais técnicas de controle de comportamento e quais estratégias são eficazes no lar e na escola para as crianças com TDAH.
Nós sabemos bastante sobre quais intervenções em sala de aula, acomodações e estratégias de ensino são mais eficientes para estudantes com TDAH.
As técnicas de ensino e as estratégias que são necessárias para o sucesso da criança com TDAH são boas práticas de ensino e úteis para todos os estudantes na classe.
Nós sabemos quais as técnicas dos pais que são mais eficientes com crianças que têm o TDAH ( por exemplo, controle positivo do comportamento, estruturação do ambiente).
Nós sabemos muito sobre as intervenções médicas que são eficientes para ajudar as crianças e os adolescentes com TDAH. (Veja a lista de checagem 16 sobre os Medicamentos Mais Comumente Prescritos Para o Tratamento do TDAH.)
Nós sabemos de muitas outras intervenções que tratam das habilidades sociais, do controle da raiva, das estratégias de relaxamento, do gerenciamento da organização e do tempo, dos modelos de aprendizagem, da autoestima e outras que são úteis para os indivíduos com TDAH.
Há muitos recursos disponíveis para ajudar as crianças, os adolescentes e os adultos com TDAH, assim como os que vivem com eles e os que trabalham com os indivíduos com TDAH.
Nós estamos aprendendo mais e mais a cada dia devido aos esforços de muitos pesquisadores e profissionais (educadores, profissionais de saúde mental, médicos) comprometidos com a melhora da vida dos portadores de TDAH.

O que não sabemos sobre o TDAH:

Ainda há muita coisa que não sabemos sobre o TDAH, incluindo entre elas:
- Outras causas possíveis
- Como prevenir ou “curar” os sintomas do TDAH
- Um diagnóstico fácil e conclusivo sobre o TDAH
- O que provem ser os melhores tratamentos e
  estratégias para ajudar os indivíduos com TDAH.
Felizmente, com toda a pesquisa e estudos sobre o TDAH, nós aprenderemos mais, em breve.

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