1- O que quer dizer TDA/TDAH?
TDA significa Transtorno de Déficit de Atenção. É o nome que
tem sido usado há alguns anos, e que muitas pessoas têm ouvido e associado a
crianças e adolescentes que têm problemas importantes nas áreas de atenção,
hiperatividade e impulsividade.
TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade. TDAH é o nome oficial que é usado para descrever esta doença.
Nos livros e artigos atuais você pode vê-lo escrito como TDAH(ADHD em inglês)
ou como TA/TH (AD/HD em inglês). Isso ainda significa “Transtorno de Déficit de
Atenção com Hiperatividade” e inclui todos os subtipos da doença: O Tipo
Predominantemente Desatento do TDAH, o Tipo Predominantemente Hiperativo e
Impulsivo, e o Tipo Combinado.
Para muitos, o termo TDA não explicava todo o quadro. A
principal dificuldade da criança não era a falta de atenção, mas os
comportamentos associados à hiperatividade e impulsividade. Atualmente, o termo
TDAH é equivocado e confuso para alguns. Há crianças com TDA que não são
hiperativas ou impulsivas. Compreenda que o novo termo TDAH (que facilmente
poderá mudar novamente em poucos anos) inclui o tipo não hiperativo/não
impulsivo em sua abrangência.
Uma criança ou adolescente com o tipo predominantemente
desatento de TDAH (ou TDA sem hiperatividade/impulsividade) não chama
facilmente a nossa atenção.
Os comportamentos não são desagregadores, de modo que elas
podem não ser descobertas ou ser mal interpretadas e mal diagnosticadas. Assim,
ter esse transtorno, pode ser muito problemático para a criança, resultando em
significantes problemas acadêmicos e insucessos.
Para simplicidade, e na minha tentativa de usar o rótulo de
diagnóstico mais atual, eu (Sandra Rief) geralmente usarei o termo TDAH ( não
TDA/TDAH). O termo TDAH tem significado inclusivo, referindo-se a todos os
tipos do transtorno.
A criança com o tipo predominantemente hiperativo e
impulsivo do TDAH tem uma chance muito maior de ser identificada mais cedo e de
receber um diagnóstico e uma intervenção, porque os comportamentos são frequentemente
muito desagregadores e notáveis. Essas crianças chamam a nossa atenção! Tem
havido muito mais pesquisa sobre esse tipo de TDAH no decorrer dos anos; consequentemente,
nós sabemos mais sobre os tratamentos mais eficientes para as crianças e
adolescentes hiperativos/impulsivos. (Veja a Lista de Checagem 4 sobre as
Características do Tipo de TDAH Predominantemente Hiperativo/Impulsivo.)
2. DEFINIÇÕES E DESCRIÇÕES DO TDAH
O que vem a seguir são algumas descrições do Transtorno de
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) conforme definidas por algumas das
autoridades e pesquisadores de renome no assunto. Como o TDAH continua a ser
estudado intensivamente, com mais e mais informação aprendida a cada ano, estas
descrições terão de ser refeitas no futuro.
O TDAH é uma doença do desenvolvimento caracterizada por
graus impróprios de desatenção, hiperatividade e impulsividade. O TDAH é uma ineficiência
da área do cérebro que controla impulsos, que ajuda na seleção dos estímulos
sensoriais aferentes e que focaliza a atenção.
O TDAH é uma doença neurológica caracterizada por problemas
em sustentar a atenção e o esforço mental, problemas de excessivo nível de
atividade e problemas de inibir os impulsos.
O TDAH é uma doença da execução – um problema de ser capaz
de produzir ou agir sobre o que se conhece.
O TDAH é uma doença da produção. Não é um problema de
aprendizado per se. Uma pessoa com o TDAH pode saber bem a informação ou a
matéria; mas é um problema de ser capaz de executar ou produzir aquela informação
(especialmente a produção escrita), e de fazer isso com alguma consistência.
Essas crianças são frequentemente descritas como “consistentemente
inconsistentes” – porque, em um dia, podem fazer bem uma tarefa e em outro,
não. O TDAH é uma doença fisiológica que causa dificuldades com a inibição do
comportamento e dos impulsos, com o autocontrole e com o comportamento dirigido
a um objetivo.
O TDAH é uma doença neurobiológica que causa um alto grau de
variabilidade e inconsistência na execução e na produção.
O TDAH é uma doença do desenvolvimento que resulta de uma
atividade diminuída do centro cerebral inibidor e da atenção – cujas características
aparecem no início da infância e são de natureza relativamente crônica.
Com o TDAH, o centro cerebral da atenção não está
trabalhando bem, o que leva a problemas na execução e na produção.
O TDAH é uma doença que causa um nível excessivo de
atividade, excessiva distractibilidade, e excessivas responsividade e reações
emocionais.
3. O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS SOBRE O TDAH
Nós sabemos o seguinte:
Nos Estados Unidos, aproximadamente 2 milhões de crianças
têm o TDAH. Calcula-se que de 3 a 5% da população estudantil têm TDAH. Muitas
crianças com esse transtorno escapam ao diagnóstico. Elas não foram
identificadas ou não recebem os tratamentos eficazes.
O TDAH é diagnosticado 3 a 9 vezes mais frequentemente em
meninos que em meninas. Acredita-se que muito mais meninas têm realmente o TDAH
e não são diagnosticadas porque exibem poucos dos comportamentos desordeiros
associados à hiperatividade e impulsividade. Muitas meninas têm o tipo
predominantemente desatento do transtorno e igualmente não são identificadas e
diagnosticadas.
Os comportamentos desafiadores que são exibidos pelas
crianças com o TDAH são derivados de seu transtorno fisiológico e
neurobiológico.
Os comportamentos não apropriados que elas podem exibir
geralmente não são desejados ou planejados. Tipicamente seus comportamentos e
como eles impactam os outros não são percebidos por elas.
As crianças com TDAH têm maior chance do que as outras de
serem suspensas ou expulsas da escola, de repetir de ano ou de sair da escola,
têm problemas de fundo emocional e social e sofrem rejeição, ridicularização e
punição.
Apesar das dificuldades, as crianças e adolescentes com TDAH
podem também ter muitas aptidões e alto potencial. Frequentemente são
criativas, inteligentes e dotadas em certas áreas (por exemplo, artisticamente,
musicalmente, atleticamente, verbalmente).
O TDAH é um problema para toda a vida. Geralmente continua
na adolescência, e até 70% continuam a exibir sintomas na idade adulta.
Entretanto, os sintomas mudam conforme a pessoa amadurece. Os comportamentos
hiperativos das crianças menores (correr dentro da classe, saltar das cadeiras)
são vistos como movimentos de esfregar as mãos, caminhar e comportamentos menos
intensos como adolescentes e adultos. A impulsividade vista em crianças mais
novas parece diferente nos adolescentes e adultos (isto é, mudar de planos e de
carreira frequentemente, tendência a comportamento de alto risco). Muitos dos adolescentes
e adultos são capazes de compensar ou de contornar as dificuldades que tiveram
quando crianças porque têm profissão e estilo de vida que lhes permite fazer
assim. Eles utilizam suas áreas de poder e de interesse, e se apoiam em mais
alguém em suas vidas (por exemplo, secretária, esposa/o, assistente) para ajuda
nas tarefas que ainda são difíceis, tais como as habilidades de organização.
As crianças com TDAH se dão muito melhor quando lhes dão
atividades que são interessantes, novas e motivadoras.
As crianças com TDAH se dão muito melhor quando são capazes
de trabalhar para obter recompensas que são mais imediatas. Elas são
tipicamente incapazes de manter o esforço quando trabalham para atingir
objetivos e recompensas a longo prazo. Esta é uma característica da
impulsividade.
Nós sabemos que o TDAH não é um mito, não é o resultado de
falta de atenção dos pais e não é uma falta de cuidados, esforço e disciplina.
Nós sabemos que não é preguiça, comportamento proposital ou
falha de caráter.
Uma grande porcentagem de crianças, adolescentes, adultos
com TDAH tem transtornos adicionais coexistentes (comorbidade). O TDAH é um dos
transtornos mais comuns da infância.
Há graus de TDAH, variando desde leve até grave.
O TDAH não é novo. Ele sempre esteve presente, reconhecido
pela ciência clínica e documentado na literatura desde o início do século 20,
renomeado várias vezes (por exemplo, disfunção cerebral mínima, doença
hipercinética da infância).
O TDAH tem sido objeto de uma tremenda quantidade de
estudos. Há literalmente milhares de estudos e artigos científicos publicados
(nacional e internacionalmente) sobre o TDAH.
O TDAH é de natureza neurobiológica.
Há diferentes tipos de TDAH, com uma variedade de
características. Ninguém tem todos os sintomas ou exibe a doença exatamente da
mesma maneira.
O prognóstico do TDAH é alarmante quando não tratado. Sem
intervenções, ele pode resultar em graves problemas sociais, emocionais,
comportamentais e acadêmicos.
Quando tratado, o prognóstico para o TDAH é muito positivo e
esperançoso. Com intervenção, muitas crianças diagnosticadas e recebendo a
ajuda de que elas necessitam, serão capazes de administrar com sucesso a
doença.
Não há um conserto rápido para o TDAH.
Não há cura para o TDAH.
Há muitos problemas ou doenças (por exemplo, de aprendizado,
médicos, de saúde, sociais, emocionais) que podem causar sintomas que se
parecem com TDAH, mas que não são TDAH.
O TDAH causa problemas com o desempenho e a produção no
trabalho.
Vários fatores podem intensificar os problemas de alguém com
TDAH ou levar a uma significativa melhora (tais como a estrutura do ambiente,
os sistemas de suporte disponíveis, o nível de estresse)
Medicamentos estimulantes, que afetam os neurotransmissores
no sistema nervoso central são reconhecidos como redutores dos sintomas do
TDAH.
Há um número incontável de indivíduos bem sucedidos com TDAH
em cada profissão ou ramo de vida.
Crianças com TDAH geralmente podem ser alunas de classes normais
de ensino (com ensino adequado, gerenciamento, apoios e estratégias de
assistência).
O TDAH pode ser mais bem administrado por um tratamento
multimodal e por uma abordagem em equipe.
Nós sabemos que é necessário um esforço em conjunto dos
pais, do pessoal escolar e dos profissionais de saúde e de saúde mental para se
ter mais eficiência na ajuda às crianças com o TDAH.
Nenhuma intervenção isolada será eficiente no tratamento e
controle do TDAH.
Vigilância , tratamento continuado e planos de intervenção,
revisão de planos e voltar à “prancheta de desenho” frequentemente são itens necessários.
Nós sabemos muito sobre quais técnicas de controle de
comportamento e quais estratégias são eficazes no lar e na escola para as
crianças com TDAH.
Nós sabemos bastante sobre quais intervenções em sala de
aula, acomodações e estratégias de ensino são mais eficientes para estudantes
com TDAH.
As técnicas de ensino e as estratégias que são necessárias
para o sucesso da criança com TDAH são boas práticas de ensino e úteis para
todos os estudantes na classe.
Nós sabemos quais as técnicas dos pais que são mais
eficientes com crianças que têm o TDAH ( por exemplo, controle positivo do
comportamento, estruturação do ambiente).
Nós sabemos muito sobre as intervenções médicas que são
eficientes para ajudar as crianças e os adolescentes com TDAH. (Veja a lista de
checagem 16 sobre os Medicamentos Mais Comumente Prescritos Para o Tratamento
do TDAH.)
Nós sabemos de muitas outras intervenções que tratam das habilidades
sociais, do controle da raiva, das estratégias de relaxamento, do gerenciamento
da organização e do tempo, dos modelos de aprendizagem, da autoestima e outras
que são úteis para os indivíduos com TDAH.
Há muitos recursos disponíveis para ajudar as crianças, os
adolescentes e os adultos com TDAH, assim como os que vivem com eles e os que
trabalham com os indivíduos com TDAH.
Nós estamos aprendendo mais e mais a cada dia devido aos
esforços de muitos pesquisadores e profissionais (educadores, profissionais de
saúde mental, médicos) comprometidos com a melhora da vida dos portadores de
TDAH.
O que não sabemos sobre o TDAH:
Ainda há muita coisa que não sabemos sobre o TDAH, incluindo
entre elas:
- Outras causas possíveis
- Como prevenir ou “curar” os sintomas do TDAH
- Um diagnóstico fácil e conclusivo sobre o TDAH
- O que provem ser os melhores tratamentos e
estratégias para
ajudar os indivíduos com TDAH.
Felizmente, com toda a pesquisa e estudos sobre o TDAH, nós
aprenderemos mais, em breve.
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