Todas as possibilidades de resultados. Algumas crianças com TDAH conseguem ter bom desempenho acadêmico ( e profissional, no futuro), mas muitas delas apresentam desempenho abaixo do esperado em relação aos seus pares e ao seu potencial, não sendo raras as repetições. O TDAH ocorre em toda a faixa de inteligência, qualquer QI pode ser encontrado em quem tem o transtorno, desde alunos com inteligência limítrofe até os superdotados.
A inteligência do portador de TDAH é provavelmente o maior determinante de quanto ele vai conseguir vencer na vida apesar do transtorno.
Além da inteligência, outros fatores podem modificar o prognóstico de quem tem TDAH:
1- A presença de outros problemas associados ao TDAH, algo comum, em geral leva a um pior desempenho acadêmico ou a uma pior adaptação na escola. muitos alunos diagnosticados com TDAH apresentam outros problemas (como já foi dito anteriormente) e são justamente estes últimos que causam a maior parte das dificuldades. São estes os casos que vão parar nos consultórios e nos centros especializados de diagnóstico e tratamento. Inúmeros médicos têm uma idéia equivocada do que seja TDAH justamente por isso: acabam vendo apenas os casos complicados pela existência de problemas associados (Transtorno Desafiante de Oposição e Transtorno de Conduta, por exemplo). Muitos casos de TDAH passam “despercebidos” porque os alunos têm boas notas e bom comportamento, e neste caso as crianças são consideradas normais;
2- Problemas familiares significativos, famílias caóticas ou com muitos problemas de relacionamento interpessoal podem comprometer o desempenho da criança ou do adolescente;
3- Presença de quadros de depressão ou ansiedade significativos em co-morbidade com o TDAH se associam a pior desempenho acadêmico;
4- Abuso de álcool e/ou drogas que, por si só, já traz muitos problemas.
Quanto àqueles alunos que apresentam dificuldades e elas são exclusivamente secundárias aos sintomas do TDAH, observamos que são crianças e adolescentes que:
• Vivem no mundo da lua. Dessa forma, “perdem” boa parte da explicação do professor na sala de aula ou daquilo que estão lendo no livro;
• Fazem erros por “bobagem”, isto é, por mera distração. Acabam tendo notas inferiores ao que realmente poderiam ter;
• Parecem estar prestando atenção a outra coisa (em geral, um ou vários outros pensamentos, isto é, “distratores internos”) quando se fala com elas. Isso causa um freqüente mal-estar no interlocutor, que passa a ver o aluno “com outros olhos”;
• Esquecem de algo que haviam estudado previamente. Isso ocorre porque a atenção era superficial enquanto estudavam e, assim, o material não é levado corretamente para os armazéns da memória. A atenção é o portal da memória;
• Respondem antes de ler ou de ouvir a pergunta até o final. Com freqüência, acabam fornecendo respostas inadequadas ou incorretas;
• Evitam tarefas muito longas, monótonas ou que exijam concentração. Acabam dando a impressão de serem alunos indolentes ou preguiçosos.
As dificuldades para completar tarefas individuais (em grupo é mais fácil), em prestar atenção nas instruções das tarefas e nas explicações do professor e a dificuldade para estudar em casa podem resultar em notas baixas. Apesar disso, com as necessárias adaptações, é possível melhorar o desempenho nas provas.
É importante diferenciar “dificuldades em se adaptar ao sistema educacional” de “impossibilidade de aprendizagem”. Muitas crianças com TDAH são muito inteligentes e se lhes dermos uma chance elas poderão ser bem-sucedidas.
Extraído de No Mundo da Lua, pg. 96
Blog destinado à divulgação dos diversos aspectos do TDAH e do que mais eu quiser. As opiniões são de responsabilidade dos autores e podem não ser compartilhadas por mim (Dr. Menegucci).. Todo mundo é gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir numa árvore, ele vai passar a vida toda pensando que é burro..
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