quinta-feira, 14 de abril de 2011

69- Déficits das Funções Executivas em Crianças

Melhorar as habilidades das funções executivas pode ajudar seu filho com TDAH a superar os frustrantes obstáculos acadêmicos e a ser bem sucedido na escola. by Marcia Eckerd , Stephen Rudin

"Está chovendo crianças no meu consultório,” diz Roy Boorady, Ph.D., professor assistente de psiquiatria infantil e adulta na New York University’s School of Medicine and Child Study Center. Toda primavera, os psicólogos que fazem testes neuropsicológicos são procurados por muitos estudantes do ensino médio e da faculdade que estão tropeçando nos estudos. A razão de suas visitas é sempre a mesma. Eles têm dificuldade de acompanhar as mudanças de rumo do seu meio ambiente educacional.

Tais alunos são geralmente diagnosticados como tendo dificuldades de aprendizagem ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e são feitas as intervenções. Muitos melhoram, alguns até dramaticamente. Mas outros, apesar dos serviços educacionais e da ajuda médica, continuam a ter problemas. Alguns ficam para trás, outros sofrem burnout e desistem de continuar tentando. A questão irritante é “Por quê?”.

Sinais de Déficit das Funções Executivas

Além dos problemas de dificuldade de aprendizagem ou de déficit de atenção, que tais crianças exibem, muitas também revelam déficits das funções executivas. Elas não têm a capacidade de controlar a frustração, de iniciar e terminar as tarefas, de lembrar e seguir os vários passos das instruções, de permanecer no assunto, de planejar, organizar e se auto monitorizar. Os terapeutas de TDAH e outros profissionais que podem avaliar e diagnosticar o TDAH tipicamente apontam para os problemas de função executiva, mas muitas famílias não ligam para eles, por acharem que são menos importantes do que os outros desafios de aprendizagem. Entretanto, está bem claro que o bom funcionamento das funções executivas é um fator chave para o tratamento das dificuldades acadêmicas.

As funções executivas são as habilidades que um indivíduo de qualquer idade precisa dominar para lidar com os problemas diários. A automonitorização é particularmente importante para os estudantes porque ela governa sua habilidade de avaliar seu trabalho e comportamento em tempo real. Ela separa os estudantes bem sucedidos dos fracassados.

“As funções executivas incluem aprender a equilibrar os esportes, música e outras atividades sociais com as necessidades acadêmicas,” diz Susan Micari, M.S. Ed., ex-presidente da ”the New York Chapter of the Association of Educational Therapists. “Geralmente é necessário que o estudante reconheça que necessita de apoio extra dos professores, para ser capaz de o solicitar.” Micari afirma que os déficits das funções executivas desempenham um papel significativo na gravidade do TDAH e da dislexia.

Quando começam os problemas com as funções executivas

As transições do sexto para o nono ano são críticas para os alunos. No intervalo de um curto verão, acontecem duas coisas. Para os do sexto ano, a estrutura da escolar elementar desaparece. Para os do nono ano, o nível das expectativas acadêmicas aumenta dramaticamente. Estudantes com fortes habilidades verbais, dos quais se espera um desempenho excelente, tropeçam se tiverem problemas com as funções executivas.

É crucial para os pais, educadores e terapeutas resolver os problemas de funções executivas, assim como os de aprendizagem, para ajudar os estudantes em dificuldade. Geralmente, no entanto, as dificuldades de aprendizagem são ignoradas. Esta abordagem é semelhante a consertar a transmissão de um automóvel e ignorar a direção defeituosa.

Os pais geralmente entendem o diagnóstico de TDAH ou de dificuldade de aprendizagem. Eles já ouviram falar desses transtornos e sobre o leque de tratamentos que existe, começando pelas medicações. Infelizmente, a informação sobre as funções executivas geralmente some.

“Os pais não entendem por que seus filhos não são capazes de trabalhar de modo independente nas tarefas de casa ou em sala de aula, ou por que não são mais bem organizados,” diz Marianne Findler, Ph.D., professora assistente de psicologia em psiquiatria no Weill Cornell Medical Center. “Eles acham que suas crianças pegam as habilidades de funções executivas quando mostram a elas o que deve ser feito. Sua tentativa de resolver o problema é comprar uma nova pasta organizadora ou um organizador eletrônico.”

Onde obter ajuda para lidar com as funções executivas e o TDAH

Quem pode ajudar com as funções executivas? Muitos pais não têm o conhecimento ou as habilidades para corrigir os déficits de funções executivas. Além disso, os pré-adolescentes e os adolescentes não gostam de ser importunados por seus pais, os quais, por sua vez, não querem fazer o trabalho de “fiscal do trabalho de casa.” As escolas geralmente não têm professores especializados ou preparados para lidar com os desafios das funções executivas. Os estudantes precisam de treinamento fornecido por profissionais especializados nos problemas das funções executivas e em como ensinar as habilidades para melhorá-las. Conversar com seu médico, psicólogo ou psiquiatra é geralmente a melhor maneira de começar.

Boas habilidades de função executiva não são a garantia do sucesso acadêmico, mas a sua ausência é um sinal da dificuldade em algum ponto, e da perda da autoestima que segue. Precisamos ajudar precocemente as nossas crianças, de modo que elas possar ser bem sucedidas na escolar e na vida.
This article appeared in the Spring 2011 issue of ADDitude.

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