quinta-feira, 28 de julho de 2011

121- É Depressão ou TDAH?

A depressão é surpreendentemente comum entre os adultos com TDAH. Felizmente, não há necessidade de sofrer em silêncio. Por Carl Sherman, Ph.D.

Primeiro, as notícias ruins: A depressão é 2,7 vezes mais prevalente entre os adultos com TDAH do que entre a população adulta em geral.
Agora, as boas notícias: Remédios eficientes para a depressão estão disponíveis, e funcionam tão bem para adultos com TDAH como para os outros adultos. Se você acha que tem esse problema, não há necessidade de sofrer.
Depressão primária versus depressão secundária
Alguns adultos com TDAH tornam-se deprimidos sem nenhuma razão aparente – a doença surge mesmo na ausência de acontecimentos ou circunstâncias desagradáveis na vida (dificuldades no trabalho, na escola, perda de emprego, problemas de relacionamento, doença crônica etc.). O risco para esta forma de depressão, conhecida como depressão primária, parece ser altamente herdado.
Cuidando da depressão secundária
Em outros casos, a depressão surge como consequência direta da frustração crônica e do desapontamento de viver com o TDAH mal ou não tratado. Algumas estimativas apontam 25% dos adultos como portadores do transtorno sem tratamento apropriado. Tais casos de depressão são chamados de secundários ao TDAH.
“Frequentemente vejo depressão em adultos cujo TDAH não foi reconhecido e tratado na sua juventude”, diz Yvonne Pennington, Ph.D., psicóloga de Atlanta, que se especializou em TDAH do adulto. “Por terem sofrido tantos golpes em sua autoestima, eles aceitaram a ideia de que são preguiçosos e estúpidos – ou não bons o suficiente para terem sucesso profissional e social”.
Separando o TDAH da depressão
Para complicar as coisas, os médicos podem confundir o TDAH como depressão. Pode ser difícil diferenciar as condições porque amos os transtornos trazem problemas de humor, esquecimento, dificuldade de prestar atenção e falta de motivação. Entretanto, há distinções sutis entre os sintomas induzidos pelo TDAH e os causados pela depressão.
EMOÇÕES  - O TDAH pode causar humores sombrios, mas eles geralmente estão ligados a revezes específicos. Os sentimentos ruins tender a ser transitórios. Em contraste, os problemas de humor associados à depressão são geralmente invasivos e crônicos, frequentemente durando semanas ou meses.
Diferente dos maus sentimentos causados pelo TDAH (que frequentemente começam a surgir na infância), a depressão tipicamente não se desenvolve até a adolescência ou mais tarde.
MOTIVAÇÃO  - Com o TDAH, parece impossível terminar qualquer coisa, porque você está “num vácuo e não pode decidir o que fazer primeiro”, diz Roberta Tsukahara, Ph.D., psicóloga de Austin. “Com a depressão, é mais do que estar letárgico e não poder iniciar qualquer atividade”.
DIFICULDADES DE SONO – Com o TDAH, o problema geralmente acontece quando se inicia o sono; a mente se recusa a “desligar”, e mantém a adição de coisas à lista de coisas a fazer no dia seguinte. Em contraste, as pessoas deprimidas adormecem rapidamente, mas acordam repetidamente durante a noite (e logo de manhã cedo). A cada despertar, a mente está cheia de pensamentos negativos e ansiosos.
O que você deve tratar primeiro
“Eu não cuido do TDAH e da depressão primária ao mesmo tempo”, diz  Lenard Adler, M.D., diretor do programa para TDAH adulto do NYC Langone Medical Center, em Nova Iorque. “Trabalho primeiro na condição que estiver causando o maior prejuízo. Os problemas causados pelo TDAH são reais, mas a depressão pode ser um risco à vida”.
Antidepressivos que são destinados a aumentar o nível dos neurotransmissores serotonina e/ou norepinefrina são o tratamento de escolha para a depressão grave. Seu médico também pode prescrever um antidepressivo se persistir uma depressão de leve a moderada, apesar das mudanças de estilo de vida e do tratamento correto par o seu TDAH.
Muitos antidepressivos funcionam bem junto com a medicação estimulante para o TDAH, assim como o não estimulante Strattera (Atomoxetina), embora pequenos ajustes  precisem ser feitos. Wellbutrin (bupropiona) é um antidepressivo que também pode ser útil no TDAH.
Na maior parte das vezes, a depressão melhora substancialmente com o primeiro antidepressivo receitado. Se ele não funcionar, um segundo provavelmente funcionará. Cerca de metade dos que tomam antidepressivos atingem um alívio completo dos sintomas depressivos.
Obtenha o alívio você mesmo
Quando a depressão é secundária ao TDAH, pouca medicação e ajustes do estilo de vida podem ser tudo o que é necessário para sair do buraco. E se a depressão persistir apesar da aderência a um medicamento para o TDAH? Os médicos reconhecem que as mudanças de estilo de vida ajudam a melhorar. Exercícios aeróbicos “têm um efeito profundo no nível de humor das pessoas com TDAH”, diz William Dodson, M.D., um psiquiatra de Denver. “Se você não consegue motivar-se por si mesmo, o exercício pode normalizar seu humor”.
Muitos portadores de TDAH sentem que seu humor piora quando eles não têm nada para fazer. “O sistema nervoso dos TDAH se alimenta de curiosidade e desafio”, diz Dodson. Para se prevenir do ócio, ele recomenda a criação de uma “caixinha de curiosidades”: Sempre que você encontrar algo interessante – um bom livro, por exemplo, ou um projeto de trabalho – ponha-o na caixinha. Na próxima vez que você estiver procurando por algo para fazer, sempre haverá algo esperando por você.
Meditação e Psicoterapia
A meditação também tem o seu lugar no tratamento da depressão. Sente-se em silêncio, com os olhos fechados, e focalize-se na sua respiração. Cada vez que você expirar, repita silenciosamente uma palavra de uma sílaba – “um” ou “paz” ou “om”. Faça isto por um minuto ou mais, ou tente isto por 10 a 20 segundos sempre que tiver dificuldade de mudar de uma atividade para outra.
Junto com, ou em vez da meditação e medicação, uma forma de psicoterapia conhecida como terapia cognitiva comportamental (TCC) demonstrou ser altamente eficiente contra a depressão. A primeira meta da TCC é permitir que o paciente identifique e reduza os pensamentos negativos intensos e frequentes – “Isto é muito difícil de fazer”, por exemplo.
O próximo passo é substituir esses pensamentos e crenças destruidores da autoestima por pensamentos mais realistas e construtivos – “Sim, é difícil. Como eu poderia tornar isso mais factível?”  Você está reconhecendo a dificuldade, mas não afundando nela. Você está se dirigindo na direção de uma ação positiva.
O objetivo é reduzir a frequência e a intensidade dos sintomas. Não espere eliminá-los completamente. Mas, você poderá controlar os sintomas que já teve, no caminho para uma vida feliz.

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