sexta-feira, 19 de agosto de 2011

130- Cinco questões que vão melhorar o seu jeito de ensinar

Por Larry Ferlazzo
Não é difícil achar listas de checagem que são supostamente feitas para facilitar o progresso das escolas e das aulas em classe. O que é difícil é achar listas de checagem que você possa lembrar e que sejam realmente úteis, como eu já escrevi anteriormente.
Minha própria lista – enquanto não necessariamente fácil de ser usada – é fácil de lembrar. E tem servido bem a mim e aos meus alunos. Pode ser que seja porque minha lista é focada mais em perguntas do que em dicas.
1. “O que eu estou a ponto de fazer ou de dizer vai me aproximar da pessoa com quem eu estou me comunicando – ou vai me deixar mais afastado ainda?”
Eu tomei essa pergunta emprestada de Marvin Marshall, um conhecido escritor sobre técnicas de gerenciamento positivo para sala de aula.
Esta questão tem sido de valor quando eu me sinto frustrado ou desgostoso com o comportamento dos alunos. É igual a uma regra que bons organizadores de comunidades seguem (Eu fui um deles por 19 anos antes de minha carreira de professor): “Se você vai polarizar, você também tem de despolarizar”. Quando organizar para mudança social positiva, você não pode somente demonizar seus oponentes – você também tem de respeitá-los, não importa o quanto você discorde, ou isso voltará a incomodá-lo. Estudantes obviamente não são nossos “oponentes”, mas o princípio é semelhante. Eu posso ficar bravo com um aluno e falar duramente com ele ou mandá-lo para a diretora, mas tento me lembrar da questão acima. Encontro meios de “despolarizar” com o estudante mais tarde, no intervalo das aulas, ou mais tarde, no mesmo dia, ou na próxima vez que eu o encontrar. Mais e mais, sou capaz de lidar com o mau comportamento sem polarizar a situação. O que me leva à segunda questão...
2. “O que eu estou fazendo (ou a ponto de fazer) vai ao encontro do interesse do aluno?”

Construir relacionamentos é ponto chave para responder a esta questão positivamente. Se eu faço um esforço para aprender sobre os objetivos do aluno, suas expectativas e interesses – quer ele queira se tornar um Ultimate Fighter, um médico, um membro do time de futebol do colégio, ou um estudante universitário – ele terá menos chance de se sentir como se eu o visse como bonequinho descartável em minha sala de aulas. Além disso, estou mais bem equipado para ajudar o aluno a refletir sobre se o seu comportamento vai ajuda-lo a conseguir o que pretende. Este tipo de motivação intrínseca – baseado no interesse do próprio aluno – é muito mais eficaz do que a modificação do comportamento de curto prazo baseada no controle e poder do professor.
Ademais, é importante ajudar os alunos a aprender o que as pesquisas descobriram sobre a importância do autocontrole, perseverança, aceitação da responsabilidade pessoal, e muitas outras qualidades para o sucesso pessoal e profissional de longo prazo. (Compartilhei algumas breves lições sobre isto no meu blog e em meu mais recente livro). Por exemplo, após examinarmos o teste marshmallow de Walter Mischel sobre autocontrole, não tenho de mandar, “Pare de atirar bolinhas de papel no John”. Em vez disso, eu posso dizer, “Lembra-se do que aprendemos sobre autocontrole” ou “Não coma o marsmallow”.

3. “Quem está fazendo o trabalho?”
Esta é outra questão emprestada, desta vez de Kelly Young, uma consultora em estratégias de instrução.
É às vezes dito que escolas são aonde os jovens vão para ver pessoas mais velhas trabalhando. Muito frequentemente, caímos nesta armadilha de ver nossos estudantes como vasos que precisam ser cheios. Em vez disso, devemos nos lembrar desta declaração atribuída a Confúcio: “Ouço e esqueço. Vejo e me lembro. Faço e entendo”.
Há muitos modos de aumentar as chances de que os estudantes façam seus trabalhos e estejam “entendendo”, tal como o ensino indutivo (fazendo os alunos descobrir os conceitos e as regras por meio de exemplos dos quais eles possam identificar um padrão) e o aprendizado cooperativo.

4. “O que estou fazendo está ligado ao pensamento de ordem mais elevada?”
Habilidades de pensamento de alto nível (Higher-order thinking skills – HOTS) envolvem a aplicação de conhecimentos e conceitos para resolver problemas e para o pensamento crítico. Habilidades de pensamento de nível inferior (Lower-order thinking skills – LOTS), por outro lado, envolvem relembrar e reproduzir o conhecimento existente. Empregamos LOTS quando usamos nossa chave para ligar o carro. Usamos HOTS quando temos que descobrir o que fazer quando o carro não pega ou quebra quando estamos dirigindo.
Podemos ligar nosso ensino ao pensamento de alto nível por meio do preparo de nossas aulas com a Bloom´s Taxonomy em mente e por modelagem do nosso próprio processo de pensar para os estudantes. Também podemos desenvolver o que o Project Zero em Harvard chama de uma simples “rotina de pensamento” que envolve perguntar as mesmas questões regularmente, tais como, “O que está acontecendo aqui?” e “O que você vê que o faz dizer isso?”
5. “Estou usando as estratégias de ´processamento de classe inteira´?”

Certas técnicas de instrução podem aumentar ao máximo as chances de que todos os estudantes estejam pensando e aprendendo todo o tempo. O diretor da minha escola (Ted Appel) e o vice-diretor (Jim Peterson) cunharam um termo para isso: “processamento de classe inteira”.
Estas técnicas incluem “falar friamente” com os alunos em vez de pedir a eles que ergam as mãos, fazer cada estudante responder a questões em lousas individuais, usar atividades de pensar/comparar/compartilhar para fazer os estudantes perguntarem uns aos outros – a lista não tem fim.

Trabalho para ser transparente com meus alunos sobre estas cinco questões e para dividir com eles a pesquisa que existe atrás delas (embora eu faça as questões de modo um pouco diferente do que fiz aqui). Deste modo, os estudantes podem me ajudar a me lembrar das questões e a avaliar se eu as estou aplicando bem.
Leonardo da Vinci supostamente disse que “a simplicidade é a maior sofisticação”. Naturalmente, é fácil pensar sobre essas questões “simples”  quando estamos fora da sala de aula. É menos fácil ser guiado por elas quando mais precisamos delas. Mas, com tempo, prática e reflexão, penso que você poderá achar (como eu) que essas questões podem ajudar a levar seu ensino – e o aprendizado dos seus alunos – a um patamar mais sofisticado.

Larry Ferlazzo ensina Inglês e estudos sociais na Luther Burbank High School, em Sacramento. Ele publicou três livros e escreve um blog popular de compartilhamento de recursos para professores. Seu livro mais recente é intitulado Helping Students Motivate Themselves. Larry é membro do Teacher Leaders Network.

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