LIDAR COM A ANSIEDADE
Introdução
Você consultou o seu médico por apresentar os seguintes
sintomas:
- Sensação de bola no estômago
- Palpitações
- Dor de cabeça
- Dores dorsais
- Medo de ter câncer ou outra doença grave
Após ser cuidadosamente examinado pelo seu médico, ele
lhe diz que o que o seu exame físico é normal, mas que os sintomas que você apresenta
são com certeza de origem nervosa. Isto significa que você sofre de ansiedade e
que ela se manifesta sob a forma de vários sintomas físicos.
O que é a ansiedade?
A ansiedade é um problema psicológico que se traduz por um
sentimento de insegurança, ou medo sem fundamento real. Todos nós somos
ansiosos em determinado momento da vida, sem que isso seja patológico. Existem,
contudo, diferentes graus de ansiedade.
Em algumas pessoas, a ansiedade exprime-se por um sentimento
de medo, inquietação, sensação de perigo iminente, (medo de insucesso, morte
súbita, medo de perder o autocontrole, medo de ficar mentalmente desestabilizado).
Em alguns casos, a ansiedade é acompanhada por algumas
manifestações físicas, tais como: secura de boca, pulso acelerado,
transpiração, opressão torácica, e vertigens. Nesses casos, nós a chamamos de angústia.
Quais são as causas de ansiedade?
É necessário saber que a ansiedade é, no início, uma reação
normal, um sinal de alarme do organismo perante certos acontecimentos da vida
quotidiana. Se ela está controlada, a ansiedade atua, sobretudo, como
estimulante.
As dificuldades da vida são habitualmente o fator
desencadeante da ansiedade e, nos casos agudos, da angústia. Além disso, as
dificuldades pessoais de inserção na sociedade, os conflitos interiores no
domínio afetivo, emocional e sexual podem conduzir a uma sintomatologia
ansiosa. A dor e o abuso de certas substâncias (café, chá, tabaco, álcool e
drogas diversas) podem também desencadear episódios ansiosos.
Ansiedade e outros problemas psicológicos
Será o stress comparável à ansiedade?
O stress é uma reação de resposta às agressões da vida
quotidiana: emoções, choques, ruído, tensão, mudanças, etc. Se as agressões são
fortes, o stress pode manifestar-se por ansiedade ou sintomas físicos. As
situações de stress permanente podem conduzir a doenças psicossomáticas
Haverá alguma relação entre ansiedade, fobias e ataques de
pânico?
A fobia é o medo irracional de um objeto ou situação. Os
ataques de pânico são uma manifestação aguda de angústia sem causa aparente
declarada, que podem paralisar um indivíduo através de sensação de asfixia e
medo de morrer. Todo este conjunto de sintomas não é mais que expressões
diferentes de ansiedade
Haverá alguma relação entre ansiedade e depressão?
A ansiedade faz parte do quadro clínico da depressão e está
associada de forma variável às alterações de humor e aos estados depressivos.
Podemos, assim, dizer que todos os que têm depressão sofrem de ansiedade, mais ou
menos pronunciada.
Por outro lado podemos afirmar que a maioria das pessoas em
que a ansiedade se manifesta num grau elevado pode acabar num estado
depressivo, o que significa que sempre que haja uma ansiedade importante deve-se consultar o médico, visto ser o único que o poderá ajudar.
Que fazer quando se está ansioso?
Alteração de hábitos de vida
É necessário não esquecer que a ansiedade é um fenômeno
universal que faz parte da nossa existência. Frequentemente, simples medidas
de higiene de vida e a mudança de hábitos quotidianos, podem diminuir ou mesmo
eliminar as reações ansiosas. Reconsidere o seu modo de vida
• Espreguiçar
Em vez de contar com o café para acordar, dedique alguns
momentos a uma série de pequenos exercícios, que acabarão com a lassidão
matinal, permitindo um relaxamento muscular, o que contribui para um bom início
do dia.
Espreguice-se lentamente até se aperceber de uma agradável
sensação de relaxamento muscular. Pode distender os músculos até sentir um
ligeiro incômodo, mas nunca até à dor.
Mantenha a distensão 10 a 30 segundos, pare e recomece de novo, 2 a
3 vezes.
• Massagem
A automassagem estimula e contribui para dissipar a fadiga
do início do dia. Comece por estimular o couro cabeludo, agarrando num punhado
de cabelos em cada mão e puxando durante 5 segundos, até que todo o seu couro cabeludo
esteja estimulado. Feche a mão, mas não com força, e bata ligeiramente em todas
as partes acessíveis do seu corpo, à exceção da coluna vertebral.
• Saia a tempo
Contra o atraso dos transportes públicos ou o congestionamento
de trânsito, nada se pode fazer. No entanto, você pode decidir sair um quarto de hora
mais cedo, o que de certo diminuirá consideravelmente a ansiedade matinal no trajeto
casa-trabalho
• Organize o seu trabalho
A falta de organização e de planificação são as causas mais
frequentes da ansiedade no trabalho. Em cada dia estabeleça um programa de
tarefas a cumprir e prioridades. Assim não só evitará os “esquecimentos”, mas,
sobretudo, terá a impressão de controlar melhor as suas tarefas.
• Personalize o seu ambiente de trabalho
É no seu local de trabalho que você passa a maior parte do seu
tempo, por isso é essencial que o torne não só agradável, mas confortável e com
algo seu. Utilize pôsteres, fotografias, plantas verdes, luz, ou todos os
elementos de decoração que lhe agradem de modo a criar o “seu canto”.
• Comunique
Muita gente tem tendência a permanecer calado, guardando
para si os seus pensamentos e problemas. Fará melhor em conversar. Quer por si,
que falando, esclarece e desdramatiza a situação, quer pela sua família e
amigos, na medida em que, se ficar calado, pensarão serem culpados dos seus
problemas, ou que não deposita confiança neles. Em caso de conflito com alguém
não adie o momento de falar à pessoa em questão.
• Relaxamento
Consiste numa contração sistemática dos principais músculos
do corpo, seguida de uma distensão. O efeito calmante é muito rápido: 10 a 20
minutos
- Instale-se num lugar tranquilo, descalço e vestido
confortavelmente.
- Deite-se de costas, braços ao longo do corpo e com as
palmas das mãos viradas para cima.
- Inspire profundamente, retenha a respiração durante alguns
segundos e expire lentamente.
- Contraia com a maior força possível os músculos da face
durante 5 segundos.
- Faça o mesmo com os músculos dos ombros, dos braços, das
mãos, até aos dedos dos pés.
- Finalmente permaneça imóvel durante alguns minutos
imaginando algo de agradável.
• Sono
Alguns pequenos “truques” para melhor adormecer:
- Evite os excitantes á noite, coma um jantar leve e não
muito tarde.
- A leitura é frequentemente um bom meio para relaxar desde
que esteja confortavelmente instalado: sentado, com apoio nas costas, pescoço e
cabeça.
- Se acordar com dores nas costas, durma de costas com uma
almofada debaixo dos joelhos e com uma toalha enrolada apoiando o pescoço.
- Adote uma posição cômoda para dormir; deite-se de lado, coluna vertebral e pescoço nivelados, cotovelos joelhos e fletidos.
Por outro lado, concentrar o seu interesse sobre algo
preciso, pode ajudá-lo a eliminar um episódio ansioso.
Tranquilizantes
Porque é que o seu médico lhe receitou um tranquilizante?
Existem situações - quando a ansiedade é muito intensa e se
torna um entrave às suas atividades ou às suas relações diárias - em que o
diálogo é insuficiente para o ajudar a acalmar-se. Um tranquilizante pode
eventualmente ser-lhe receitado, se alguma situação penosa desencadear um estado
depressivo-ansioso acompanhado de insônias e pesadelos. Para permitir
ultrapassar esse período difícil o seu médico deve receitar-lhe um
tranquilizante.
Somente o seu médico está apto a saber se a sua ansiedade poderá ser ultrapassada,
modificando o seu modo de vida ou se deve ser tratada com medicamentos. De
toda a maneira, somente ele, pelos seus conhecimentos profissionais e
informação fornecida pela indústria farmacêutica, sabe exatamente quando e
porquê deverá receitar um tranquilizante. Assim, a sua utilização deve ocorrer
sob indicação do médico, durante um período limitado, e a dose e posologia
recomendadas pelo médico devem ser respeitadas.
Uma coisa é certa. A automedicação não é solução e a mudança
de medicamento sem o acordo do seu médico também não. Outro erro será você dar
tranquilizantes a crianças e jovens sem o seu médico saber, pois corre o risco
de eles passarem a recorrer ao medicamento ao mínimo problema e de se tornarem
incapazes de controlar as dificuldades nas situações de stress ou de ansiedade.
O seu médico receitou-lhe um tranquilizante – como é que ele
atua?
O tranquilizante que o seu médico lhe receitou é um
medicamento eficaz, que vai reduzir a sua ansiedade, provocando-lhe uma
sensação de calma interior e bem estar. Pode produzir igualmente algum
relaxamento muscular que será benéfico se estiver tenso, e, mais ainda,
permitir-lhe-á um melhor sono.
Porque é que os tranquilizantes são objeto de numerosas
críticas?
Provém do fato de os tranquilizantes serem atualmente os
medicamentos mais receitados e utilizados em todo o mundo, em virtude de
aumentar a tendência a resolver os problemas de ansiedade por meios químicos. Estas
substâncias provocam um sentimento de bem estar, diminuindo as sensações desagradáveis
causadas pela vida quotidiana. Assim os tranquilizantes adquirem um poder
mágico e são considerados panaceias capazes de afastar o mal-estar sem que se
tenha de fazer esforços para o ultrapassar.
O tranquilizante que o seu médico receitou terá efeitos
secundários indesejáveis?
Em geral os tranquilizantes são bem tolerados e isentos de
toxicidade, e o que o seu médico escolheu está certamente adaptado ao seu
problema. Mas mesmo assim, como todos os medicamentos, eles podem ser
acompanhados de efeitos secundários. O seu médico com certeza teve em conta a
sua sensibilidade, e se um problema surgir deve informá-lo de forma que possa
rever ou adaptar a receita.
No início do tratamento os efeitos indesejáveis podem surgir
sob a forma de sonolência eventual, e sensação de fadiga. Se houver abuso ou
superdosagem do tranquilizante, podem surgir vertigens e problemas de
deslocação, em particular no idoso. É desaconselhado a ingestão de álcool visto
ocorrer o risco de diminuição de reflexos e sonolência, o que influenciará, por
exemplo, a condução automóvel. Em casos muito raros podem aparecer problemas de
memória ou risco de amnésia nas horas imediatas à toma do produto . No entanto, esta situação sucede mais com tranquilizantes usados como indutores do sono.
Em pessoas já habituadas a tomar estes medicamentos, estas reações
não são tão intensas.
Pode-se tomar um tranquilizante com outros medicamentos?
De modo geral é possível combinar um tranquilizante com
outros medicamentos, sem que surjam problemas. Somente deve saber-se que nas
associações com neurolépticos, hipnóticos ou antiepiléticos, o efeito sedativo
destes medicamentos pode ser reforçado. De qualquer maneira somente o seu
médico pode decidir usar tranquilizantes combinados com outros medicamentos
Que se entende por abuso de tranquilizantes?
O abuso de tranquilizantes é o ato de os tomar em grande
quantidade e regularmente, por um ou por outro motivo, mesmo que não seja
necessário. Existe igualmente abuso quando estas substâncias são tomadas sem
prescrição médica.
Que se entende por dependência de tranquilizantes?
O uso prolongado de tranquilizantes pode provocar
dependência. Em certos casos em que o controle da ansiedade é mais difícil, o
seu médico poderá receitar-lhe um tranquilizante por um período mais longo. É
por esta razão que a duração do tratamento que foi receitado deve ser respeitada.
Um tranquilizante bem receitado deve ser somente uma ajuda
passageira, e não o deve levar a perder a sua autonomia de reação, e a sua
capacidade de enfrentar a realidade da vida. A dependência de tranquilizantes
limita a sua liberdade e facilidade de resolver os seus problemas quotidianos e
pessoais.
Quando a dependência de tranquilizantes está instalada,
deixa-se de poder passar sem eles. A parada súbita de consumo exagerado de
tranquilizantes provoca inevitavelmente um estado de carência. As consequências
mais frequentes são: irritabilidade, nervosismo, insônia, e um sentimento geral
de mal-estar interior. Perante esta situação somente o seu médico lhe poderá
dizer se se trata de um estado de reaparecimento de ansiedade, visto os
sintomas serem por vezes idênticos. De qualquer modo o seu médico o informará
como ultrapassar esta situação
Como fazer para parar uma medicação com tranquilizantes à
qual se está habituado?
Uma vez passado o período crítico, o medicamento não será
mais necessário. Impõe-se então uma parada do tratamento, e se ela se tornar
difícil, a maneira mais adequada será a diminuição lenta e gradual das doses de
tranquilizantes.
É possível reduzir todos os 15 dias a medicação de 1/4 ou 1/8
das doses consoante os casos. Evitar-se-á assim as reações de privação. Além
disso, é importante que a redução e suspensão de um tranquilizante seja inserida
numa mudança de hábitos quotidianos visto que uma parada brusca pode induzir
ao reaparecimento da ansiedade. O seu médico poderá indicar-lhe quais os meios
a utilizar se a suspensão se tornar difícil.
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