O Impacto do TDAH no casamento.
Escrito por ABDA
O Impacto do TDAH no Casamento
Quem convive diariamente com pessoas que têm TDAH, sabe como essas relações podem se tornar difíceis e desgastantes. Estudos têm focado nas dificuldades que surgem em casamentos onde um ou ambos os cônjuges tem TDAH. Essas relações, usualmente, vivem sucessivas crises que em muitos casos, podem levar ao divórcio.
Alguns autores defendem a existência de um perfil consistente e previsível de casamentos prejudicados pelo TDAH e, que ao identificar esses aspectos é possível traçar uma estratégia de tratamento que permita que o casal se relacione melhor com as dificuldades impostas pela convivência com uma pessoa com TDAH.
Igual a todos os casamentos, os casamentos afetados pelo TDAH podem variar entre exemplos de grande sucesso ou de completo desastre, no entanto, os casamentos afetados negativamente pelo TDAH são especificamente mais problemáticos e com maiores chances de terminarem em divórcios e mais desgaste emocional.
Existem muitas formas de se vivenciar os prejuízos do TDAH em um casamento. A primeira é que quando se está casado com uma pessoa com TDAH, muitas vezes, o cônjuge que não é TDAH se sente ignorado e solitário no relacionamento. Por ourto lado, o cônjuge que tem TDAH tem sempre a sensação de nunca conseguir corresponder às expectativas do seu parceiro(a). O cônjuge que convive com uma pessoa com TDAH frequentemente experimenta o sentimento de estar lidando “com mais uma criança em casa”, de que está sempre se queixando e cobrando que o outro cumpra com as suas obrigações, o que gera insatisfação e frustrações intermináveis. A médio prazo, o efeito deste ciclo na relação é extremamente negativo uma vez que pode suscitar no cônjuge que tem TDAH a sensação de estar sendo controlado justamente pela pessoa (seu marido/esposa) que deveria ocupar um lugar de parceria.
Não importa o quanto o indivíduo com TDAH tente, ele nunca consegue satisfazer minimamente as expectativas do cônjuge, sempre responde com um desempenho inferior ao esperado, se sente constantemente cobrado, mas nunca satisfaz as demandas do outro. A sensação que ele experimenta é de estar vivendo continuamente um interminável ciclo de cobranças.
Se alguma dessas descrições parecerem familiares, é porque provavelmente o casamento está sofrendo com o efeito nocivo dos sintomas do TDAH. Vidas emocionais estão em risco. Os estudos científicos mostram como as pessoas que tem TDAH são duas vezes mais suscetíveis a divórcios do que as pessoas que não tem TDAH (Bierderman et al. in 1993). Esses dados não significam que os que tem TDAH são incapazes de estabelecer bons relacionamentos afetivos. Nesses casamentos, na maioria das vezes o fracasso se deve ao fato de ambos os cônjuges serem vítimas de uma combinação de sintomas de TDAH não compreendidos e, portanto, interpretados como comportamento voluntário do outro.
O desencadeamento de uma série de respostas negativas previsíveis em ambos os cônjuges cria uma espiral descendente no casamento. As características destrutivas em um relacionamento não são exclusividade dos sintomas do TDAH, mas as consequências de um padrão de relacionamento que incluem os sintomas do TDAH e as respostas equivocadas a estes sintomas, geram crises conjugais, muitas vezes insolúveis. Esse padrão é conhecido como ciclo sintoma-resposta, que é a base da má comunicação que se instala no casamento com indivíduos com TDAH.
Em casamentos que se encontram em situações extremas, onde a esperança parece ter desaparecido e onde um não reconhece mais no outro aquela pessoa por quem se apaixonou, existem estratégias que podem ser adotadas pelo casal para que juntos conseguam construir uma relação que possa coexistir com a presença do TDAH.
Para reconstruir com sucesso um casamento prejudicado pela presença do TDAH é necessário, primeiramente, que ambos os cônjuges estejam dispostos a buscar tratamento especializado e dispostos a fazer mudanças. A responsabilidade pelo casamento não pode recair somente sobre aquele que tem TDAH. Se o casamento se encontra em crise, é possível que seja consequência do comportamento do casal. Somente mudando a forma com que ambos interagem emocionalmente é que pode ser feita uma mudança na qualidade do relacionamento.
Para reconstruir com sucesso um casamento prejudicado pela presença do TDAH é necessário, primeiramente, que ambos os cônjuges estejam dispostos a buscar tratamento especializado e dispostos a fazer mudanças. A responsabilidade pelo casamento não pode recair somente sobre aquele que tem TDAH. Se o casamento se encontra em crise, é possível que seja consequência do comportamento do casal. Somente mudando a forma com que ambos interagem emocionalmente é que pode ser feita uma mudança na qualidade do relacionamento.
Em segundo lugar, ao entender qual o papel que o TDAH desempenha na dinâmica da relação, é possível com ajuda de um profissional especializado melhorar a comunicação entre o casal e evitar que as mesmas respostas que levaram o casal ao conflito permanente continuem se repetindo. Nesses casos, o conhecimento sobre o TDAH e seus efeitos no casamento é uma ferramenta fundamental e permite que o casal resignifique comportamentos que antes eram vistos como sendo “má vontade” e “preguiça”, possam ser vistos como sintomas do TDAH.
Algumas estratégias benéficas que o casal pode tentar estabelecer tendo como objetivo a melhora na comunicação do casal.
1. Restabelecer e cultivar a empatia pelo cônjuge, tentar entender o porquê do outro apresentar comportamentos específicos sem antecipar a intenção do outro. Olhar para si mesmo e para as suas responsabilidades e refletir de que maneira as suas ações reverberam no outro e quais as consequências delas.
2. Evitar que as mesmas emoções acarretem nas mesmas respostas. Identifique onde o padrão se repete e trabalhe exaustivamente para ter uma reação diferente da comum, que você já sabe que não funciona.
3. Responder agressivamente à distração do(a) seu(sua) marido(esposa) é muito menos eficaz do que tentar apoiá-lo e motivá-lo a mudar o seu comportamento. Mesmo que pareça que seu cônjuge com TDAH mereça as suas reclamações, entenda que, na verdade, com esta atitude agressiva ele vai se sentir cada vez mais desmotivado e cada vez menos amado e compreendido.
4. A busca de tratamento especializado é fundamental para que as estratégias de convivência sejam eficazes a longo prazo; frequentemente ambos os cônjuges precisam de algum tipo de tratamento (psicoterapia). Os anos de convívio dentro de um casamento com uma pessoa com TDAH podem desenvolver ou agravar outras condições psicológicas do cônjuge, como: depressão, ansiedade, desesperança e outras questões subjetivas.
5. Finalmente, após todo um trabalho no sentido de melhorar a má comunicação que se instalou no casamento, o casal poderá resgatar uma posição positiva no relacionamento e empreender uma caminhada em direção à reconstrução de uma relação saudável.
Para maiores informações leia o livro:
ORLOV, M. The ADHD Effect on Marriage: Understand and Rebuild Your Relationship in Six Steps. Florida: Specialty Press, 2010.
Estou casada há 25 anos,faremos agora em outubro. Tenha TDAH, lutei a vida toda, de psicóloga em psicóloga, desde adolescente, até descobrir, aos 52 anos qual era o meu problema é tirar um peso se meus ombros. Meu marido é um grande homem, digo a ele que já tem um lugar garantido no céu, pelo tamanho da paciência e amor que tem me dispensado todos estes anos e até hoje, convivendo e por vezes sofrendo com minhas "atitudes TDAH" e com todo o cotidiano de um lar de "Mãe TDAH". Não é fácil! Mas a saída é, não tem outra: entender o que é TDAH, conhecer suas próprias características TDAH (porque cada um é um, há pontos em comum, mas podemos ter manifestações diferentes) e trabalhar a favor delas, reconfigurando sua rotina no que for possível, de forma a dar conta do recado respeitando a si próprio e fazendo-se respeitar pelos outros - ter seu ritmo e forma ideal de trabalho (agora compreendida) aceitas e respeitadas por você e pelos outros. Não é é simples nem fácil, mas é completamente possível e necessário! E libertador!
ResponderExcluirEstou nesta fase no meu emprego.
Digo às pessoas e aos meus alunos e orientando (sou Orientadora Educacional) que somos XMEN! Mas isto já é outro papo! ��
Estou casada há 25 anos,faremos agora em outubro. Tenha TDAH, lutei a vida toda, de psicóloga em psicóloga, desde adolescente, até descobrir, aos 52 anos qual era o meu problema é tirar um peso se meus ombros. Meu marido é um grande homem, digo a ele que já tem um lugar garantido no céu, pelo tamanho da paciência e amor que tem me dispensado todos estes anos e até hoje, convivendo e por vezes sofrendo com minhas "atitudes TDAH" e com todo o cotidiano de um lar de "Mãe TDAH". Não é fácil! Mas a saída é, não tem outra: entender o que é TDAH, conhecer suas próprias características TDAH (porque cada um é um, há pontos em comum, mas podemos ter manifestações diferentes) e trabalhar a favor delas, reconfigurando sua rotina no que for possível, de forma a dar conta do recado respeitando a si próprio e fazendo-se respeitar pelos outros - ter seu ritmo e forma ideal de trabalho (agora compreendida) aceitas e respeitadas por você e pelos outros. Não é é simples nem fácil, mas é completamente possível e necessário! E libertador!
ResponderExcluirEstou nesta fase no meu emprego.
Digo às pessoas e aos meus alunos e orientando (sou Orientadora Educacional) que somos XMEN! Mas isto já é outro papo! 😉
Obrigado por seu depoimento.
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