sábado, 15 de janeiro de 2011

52- Você ouve os outros? Como brilhar em situações sociais com o TDAH

Conselhos do especialista para apurar suas habilidades de interação social

Michele Novotni, Ph.D.

As pessoas geralmente confundem o ouvir como uma atividade passiva, mas ouvir é um processo ativo. Você tem de fazer um esforço consciente para escutar o que alguém está dizendo, e assim fazendo, você faz com que a pessoa se sinta compreendida.

Bons ouvintes mostram aos outros que eles são importantes, assim, naturalmente, quando suas habilidades de ouvir melhoram, também melhoram os seus relacionamentos.

Embora o ouvir com propriedade seja uma habilidade de alto valor social, ela não surge facilmente nas pessoas com TDAH, que têm dificuldade em se concentrar. Felizmente, é uma habilidade que você pode aprender. Para se tornar um bom ouvinte, você precisa identificar como você escuta. Os seguintes estilos de ouvir (ou de não ouvir) são comuns em muitos adultos com TDAH. Se você se reconhece em alguns desses cenários, pratique as estratégias anexas. Com algum esforço, você poderá mudar seus hábitos de escutar os outros.

Falar sem parar

Se você fala com a velocidade da luz, sente-se obrigado a verbalizar cada pensamento que passa por sua mente hiperativa, e não dá chance do outro falar alguma coisa, não há tempo para ouvir. Este tipo, encontrado em adultos inquietos com TDAH forma hiperativa, pode produzir um grave prejuízo em seus relacionamentos.

DESAFIO: Tomar um fôlego.

ESTRATÉGIAS:

• Ir devagar. Uma respirada entre as frases ajudará a controlar a torrente de palavras que brota de sua boca e dará aos outros a chance de entender o que você tem a dizer.

• Esperar sua vez. Os falantes com TDAH têm dificuldade de controlar o impulso de falar e interromper. Além de ser desagradável para os outros, o comportamento torna difícil prestar atenção no que o outro está dizendo. Quando alguém está falando, concentre-se em esperar até que ele termine sua frase, antes de você interromper. Se você tem uma pergunta a fazer, peça permissão antes de fazê-la. “Me desculpe, posso fazer uma pergunta?”

• Falar sobre o que escuta. Quando alguém está falando com você, concentre-se em achar um ponto importante para comentar, em vez de falar a esmo. Isto faz com que o outro saiba que você está ouvindo, ajuda a você seguir acompanhando e abre as portas para a aceitação social.

• Veja o que escuta. Para pensar sobre o que o outro está falando a você, visualize a história na sua mente. Pense que você será interrogado e que terá de resumir a conversa. Você pode fazer isso?

Sem palavras

Quando alguém está falando, você não dá um pio. Enquanto falar demais torna difícil escutar eficazmente, não dizer o suficiente – comum entre as pessoas com o TDAH forma desatenta – pode ser igualmente problemático. Sua mente pode fugir do que está sendo dito. Não participar da conversação, implica em que você não está escutando, que não está entendendo, ou pior, que não se importa.

DESAFIO: Conversar.

ESTRATÉGIAS:

• Fazer teatro. Use dicas não verbais, como movimentos de cabeça e sorrisos, para assinalar que você está ligado na conversa.

• Emitir alguns sons. Diga palavras breves ou alguns sons, como “prossiga”, ou “hã-hã”, para encorajar o outro a continuar.

• Descobrir as oportunidades de comentar polidamente. (Interromper não é educado.) Se você precisa de um tempo para processor seus pensamentos, peça à pessoa com quem está falando para esperar um instante, enquanto você decide o que dizer.

Falar de si

Conversas funcionam melhor como diálogos, não monólogos, e se você sempre fala do seu trabalho, de sua vida e dos seus relacionamentos, provavelmente estará falando muito e não ouvindo nada. Quando você estiver engajado numa conversa, imagine uma gangorra na sua mente, e lembre que a graça da coisa é o vai e vem.

DESAFIO: Deixar os outros participarem da conversa.

ESTRATÉGIAS:

• Pergunte sobre o outro. Procure sempre ver como os outros estão passando antes de começar a falar dos seus interesses e das suas preocupações. Do modo como você começa uma carta (Querida mamãe, como você está?) é a maneira educada de agir. Assim, você não terá de lembrar-se de perguntar depois.

• Cuidado com as palavras eu, mim, meu, minha. Se você diz constantemente eu, mim, meu, minha, tente dizer você e seu mais frequentemente. (Evite o cliché: “Basta de mim. Agora, o que você pensa de mim?”).

• Faça perguntas. Inicie com algumas perguntas que se aplicam a quase todos com quem você conversa: “Qual foi a melhor coisa que você fez hoje?” “Como vai a sua família?” “Você teve um bom dia no trabalho?” Além de permitir o diálogo, isto o ajuda a prestar atenção a alguém que está ao seu lado.

Liga e desliga

Uma característica do TDAH desatento e hiperativo é que a capacidade de prestar atenção muda de uma coisa para outra sem aviso. Este problema faz com que as pessoas se liguem e se desliguem durante as conversas, e percam informações importantes. Isto é especialmente prejudicial no trabalho, quando as pessoas falam com os seus chefes.

DESAFIO: Obter informação de uma conversa.

ESTRATÉGIAS:

• Repetir. Antes de começar uma tarefa no seu trabalho, repita o que ouviu para ter certeza de que entendeu corretamente e tem toda a informação.

• Tomar notas. Se você estiver em uma reunião ou em uma conversa no trabalho, escreva a informação que você ouvir. O ato de escrever o ajudará a ouvir.

• Grave as conversas, se for possível .

• Conversas em eco. Peça àqueles com quem você conversa regularmente a fazê-lo repetir o que eles lhe disseram.

Este artigo saiu no número de agosto/setembro de 2004 de ADDitude.

domingo, 2 de janeiro de 2011

51- Modificação das tarefas acadêmicas no TDAH

Algumas recomendações para alteração de tarefas acadêmicas são as seguintes:

1- Como para todas as crianças, as tarefas acadêmicas devem ser adequadas às habilidades de cada criança com TDAH. No caso das crianças com TDAH, aumentar o nível de novidade e de interesse das tarefas por meio do aumento da estimulação (por exemplo: cor, forma, textura) parece reduzir a hiperatividade, aumentar a atenção e melhorar a performance global (Zentall, 1993).

2- Variar o formato da apresentação e dos materiais da tarefa (por exemplo, por meio do uso de modalidades diferentes) também parece ajudar a manter o interesse e a motivação. Quando são dadas tarefas passivas ou de baixo interesse, elas deveriam ser intercaladas a tarefas ativas e de alto interesse para otimizar o desempenho. Tarefas que requeiram uma resposta ativa (por exemplo, motora) em oposição a uma resposta passiva, também podem permitir às crianças com TDAH um melhor canal para os seus comportamentos destrutivos se tornarem respostas construtivas (Zentall, 1993).

3- Trabalhos acadêmicos devem ser breves (isto é, de acordo com a capacidade de atenção da criança) e apresentados um de cada vez, em vez de todos de uma vez num pacote ou grupo (Abramowitz, Reid, O´Toole, 1994). Limites de tempo curtos para a tarefa também devem ser especificados e devem ser reforçados com o uso de ajudas externas tais como cronômetros. Por exemplo, um cronometro pode ser ajustado para alguns minutos, durante os quais o estudante deve fazer a tarefa. A meta do estudante é completar a tarefa antes do tempo marcado. A recompensa pela boa feitura da tarefa deve ser imediata (isto é, assim que ela for terminada).

4- A atenção das crianças durante as atividades em grupo pode ser aumentada pela apresentação da tarefa em estilo entusiástico, ainda que focalizado na tarefa, sendo breve e permitindo a participação frequente e ativa da criança. Leituras gravadas também podem ser de utilidade.

5- Intercalar leitura de classe ou períodos de estudo com breves momentos de exercício físico pode também ser de utilidade para diminuir o cansaço e a monotonia de longos períodos de trabalho acadêmico. Exemplos incluem fazer as crianças pular linhas entre as carteiras, fazer uma rápida saída da sala de aula, para caminhar por dois minutos, ou formar uma fila e caminhar em volta da sala de modo parecido a dançar a conga.

6- Tentar programar tantos trabalhos acadêmicos quanto possível nas horas da manhã, deixando os trabalhos mais ativos, não acadêmicos, para o período da tarde. Isso é feito tendo em vista a piora progressiva do nível de atividade e da desatenção das crianças com TDAH ao longo do dia.

7- Acomodações para o trabalho escrito podem ser incluídas por meio da redução do tamanho do trabalho escrito (particularmente quando for repetitivo), usando processador de texto para escrever o trabalho, e permitindo tempo extra para completar a tarefa. Dar um tempo extra para as tarefas e os testes escritos é uma acomodação frequente para os estudantes com TDAH, e alguns (especialmente os que têm problemas de processamento da informação) podem se beneficiar do tempo extra por causa da sua velocidade baixa de processamento cognitivo. Entretanto, assim como para outras acomodações, a utilidade dessa intervenção deve ser avaliada em base individual e usada somente se o estudante for capaz de se beneficiar por um tempo a mais.

8- Estudos têm demonstrado que dar escolhas de tarefas aos estudantes com TDAH pode aumentar o comportamento de aderência à tarefa e a produtividade do trabalho (por exemplo, Dunlap et al., 1994). A escolha é tipicamente estimulada pela apresentação ao aluno de um cardápio de tarefas possíveis para um assunto acadêmico determinado. Por exemplo, se o aluno tem dificuldade de terminar uma tarefa específica de matemática, ele pode ter a possibilidade de escolher uma de várias tarefas de matemática que lhe são apresentadas. Deve ser esperado que a criança escolha e termine uma das tarefas listadas no cardápio no tempo permitido. Assim, enquanto o professor tem o controle sobre a natureza geral do trabalho escolhido, o estudante recebe algum controle sobre a tarefa específica.

ADDitude.com

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

50- Cecília Meireles - Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

49- A instabilidade na carreira mostra o pior do meu TDAH

Tentando combater minha própria instabilidade provocada pelo TDAH, como posso encontrar um modo de ser útil para o meu excêntrico patrão ?
by Jane D.

Nos últimos dez dias estive viajando pela Ásia. Estou aqui em parte pelo destino e em parte porque eu sou uma louca. Sou, apesar de tudo, o tipo de pessoa que ainda acredita nas cartomantes e nos biscoitos da sorte. Também estou começando a ficar resignada com o fato de que sou destinada a ter uma vida cheia de aventuras. Uma mulher que eu conheci há alguns anos atrás tem um programa de jornalismo na Ásia e leu uma atualização de e-mail minha: Tenho 34 anos de idade, mais uma vez sem emprego, e eu adoro trabalhar. Ela respondeu com um convite de uma linha: Por que você não vem até aqui para conversarmos? Então, aqui estou, num café em Hong Kong. Tenho uma passagem de volta como plano B. Espero ficar aqui um par de meses e esquecer o drama que foi o ano passado. Vou ganhar mais experiência na Ásia e, talvez, a dor do passado vá embora lentamente.

Na véspera de fazer 35 anos, sinto-me um pouco deslocada por ser essa nômade. Vivo ao lado de uma mala, não tenho número de telefone permanente. Estou sempre deixando meus pertences para trás, fazendo mudanças e jogando coisas fora, dizendo adeus e sempre partindo. Minha forma de estabilidade é a mudança. A estrada é minha casa. O TDAH me segue até a Ásia e se manifesta imediatamente no meu novo emprego. Meu novo chefe é uma mulher baixinha, que tem pouco menos de 1 metro e 65 de altura. Ela tem o dobro da minha idade e fala e anda duas vezes mais rápido que eu, fazendo minha cabeça girar. Ela tem muita experiência acumulada, mas até agora, tem me deixado maluca com suas idéias e projetos mirabolantes, todos eles com muitas promessas e possibilidades, mas com falta de planos de execução sólidos. Aqui, como sua convidada, não tenho nem mesmo um trabalho determinado, conforme eu a sigo, tentando encontrar meu lugar.

Este é o tipo de oportunidade maluca que só eu para aceitar. Tenho vivido ao lado da minha maleta Samsonite vermelha e adquiri três telefones celulares usados com três números diferentes. A umidade e as multidões estão começando a me afetar. Depois de viajar por três diferentes cidades chinesas, fiquei esgotada e liguei para o meu pai e minha madrasta em lágrimas. "Por que eu sempre termino trabalhando para gente estranha que também tem TDAH?" Queixei-me. "Todas essas pessoas são criativas e bem sucedidas, mas o que elas não têm é a habilidade de controlar-se a si mesmas e ao seu tempo”.

Meu pai disse que 80 por cento da população têm os pés no chão e o que eu disse é sobre abelhas operárias. “Essas pessoas são chatas”, eu lamentei, mas comparando a confiabilidade delas com meu senso de aventura, posso ver que eu tenho sorte de estar aqui. Uma chefa como a minha não precisa de mais gente excêntrica e indisciplinada à sua volta. Mas, comigo, foi justamente o que ela ganhou.

“Não tenho certeza se posso ser útil aqui,” Disse antes de terminar a chamada internacional.

“Não focalize nas coisas pequenas,” disse o meu pai, me encorajando. “Se você focar em moedinhas, é isso que vai ter no final do dia.”

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48- Seis maneiras para o adulto com TDAH interromper a procrastinação

Veja como iniciar aquele temido projeto que você tem adiado no trabalho ou em casa. por Sandy Maynard

Imagine isto. É manhã de sábado e você se senta em frente ao computador para fazer um relatório sobre o seu trabalho.

Com uma pilha de papéis e uma xícara de café ao lado, você começa a datilografar seus pensamentos sobre o sucesso em potencial do lançamento de um novo produto. Não é o que você queria fazer num sábado, mas você continua a fazer e termina em uma hora.

OK, agora você pode acordar. Adultos com TDAH gostariam de ser tão ligados a tarefas difíceis que não despertam seu interesse. Minha dificuldade é escrever.

Quando digo que vou entregar um trabalho para um editor na sexta-feira, ele sabe que isso significa segunda-feira. Não é que eu não tenha tempo de entregá-lo na sexta-feira, é que eu tenho muita dificuldade em iniciá-lo. Ligo meu computador, escrevo o título, salvo o documento num arquivo, e fico sentado olhando a página em branco. Estou entediado.

Então ligo para um amigo escritor e pergunto como vai indo o seu artigo, ou apanho um monte de roupa para lavar ou vou dar uma volta. Faço meu imposto de renda numa tarde em que tinha de estar trabalhando num outro projeto.

Se você tem vontade de fugir para uma ilha remota quando pensa que precisa começar um novo projeto, a seguinte lista de estratégias, muitas das quais fizeram meus clientes destravarem, poderá ajudar a terminar com a sua procrastinação.

1. Esteja preparado

É muito mais fácil parar na academia depois do trabalho se sua sacola de esportes estiver arrumada e no porta-malas do seu carro. Quando eu tenho dificuldade de voltar à rotina de corridas, vou para a cama vestindo meu uniforme de exercício. É uma forma de me lembrar, logo ao acordar, que a corrida é o primeiro item de minha agenda.

Se você pensa em iniciar um projeto pela manhã, junte toda a informação de que vai precisar – artigos, gráficos, ordens do chefe – e coloque tudo numa caixa ou numa pasta que você pode deixar na sua cadeira na noite anterior.

2. Comece do começo

Você já ouviu isso antes: Divida cada projeto em tarefas pequenas e defina o primeiro passo que precisa ser feito. Então, fique ligado até que a primeira tarefa seja terminada. Geralmente, isso é tudo que é preciso para ficar motivado para o resto do projeto.

Para mim, dar um título a um documento em branco não é o suficiente para o primeiro passo, mas escrever um parágrafo já é. Descubra qual é o seu primeiro passo, e complete o restante.

3. Relaxe

Meu cliente Stephen, um advogado, faz uma deliciosa xícara de chá de maçã vermelha e põe um CD de música havaiana antes de arquivar seus documentos ou de escrever suas cartas. Outros clientes fazem exercícios respiratórios ou curtos períodos de meditação antes de começar um projeto opressivo.

4. Torne as coisas engraçadas

Ponha os fones de ouvido e dance enquanto passa o aspirador pela casa. Cante enquanto lava as janelas, ou pule quando for levar o lixo para fora de casa. Em vez de passar o pano molhado no piso da cozinha, um dos meus clientes molha suas meias com um detergente e desliza pelo piso da cozinha, fingindo que é um esquiador olímpico. Quando os detritos ficam empilhados num canto, ele os destrói com um canhão de raios laser interplanetário – um aspirador de pó.

5. Elimine as distrações.

Muitos estudantes de faculdade com TDAH acham mais fácil começar seu trabalho de casa se forem diretamente à biblioteca após as aulas, em vez de irem para seus dormitórios movimentados. Se o barulho for um problema – e se você não tiver um lugar tranquilo para estudar – tente usar protetores de ouvido. Eles realmente funcionam – em qualquer lugar.

Se os seus pensamentos estiverem provocando distração, escreva-os numa caderneta para tirá-los de sua mente e passá-los para o papel. No trabalho, deixe os colegas saberem que, quando a porta da sua sala estiver fechada, você está trabalhando em algo muito importante. Se você não tem um escritório, pegue um laptop e vá para uma sala de reuniões.

6. Cuidado com as multitarefas

Minha regra é ter em minha mesa somente as coisas em que estou trabalhando. Fora da visão, for a da mente, é uma boa abordagem – mas tenha certeza de colocar o trabalho não terminado na sua lista de coisas a fazer.

Estudos têm mostrado que os que têm TDAH se dão bem trabalhando em duas coisas que sejam familiares e simples, mas são menos eficientes quando enfrentam projetos que são complexos não conhecidos. Para aliviar a transição de um projeto para outro, pare o primeiro projeto num ponto que seja fácil de ser retomado.

No meu desespero para terminar este trabalho, eu pulei outra estratégia: peça a um amigo para chamá-lo numa hora em que ele tenha certeza de que você esteja fazendo o trabalho. Quando meu editor me perguntou mais uma vez quando eu lhe enviaria uma cópia, eu lhe dei uma data e entrei em pânico. Chamei um amigo, que também tem TDAH, e disse, “Você me chama em duas horas para ter certeza de que eu ainda estou fazendo este artigo?”.

Quando ele ligou, eu orgulhosamente disse-lhe que tinha escrito os primeiros dois parágrafos. Tudo bem em pedir ajuda, e será meu prazer retornar o favor algum dia. Não é para isso que existem os amigos? Para ajudar a tocar nossas vidas de vez em quando?

Este artigo apareceu no número de outono de 2008 de ADDitude.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

47- Simplifique sua vida com o TDAH aprendendo a dizer “não”

Independente do convite, adultos com TDAH têm dificuldade de recusá-los. Descubra, aqui, como os adultos com TDAH podem evitar a sobrecarga de compromissos e a exaustão, aprendendo a gentilmente dizer “não”.
by Sandy Maynard

Como um adulto com TDAH, você já se pegou dizendo, “O que eu estava pensando?” depois de ter aceitado fazer alguma coisa que você realmente não queria ou que não tivesse tempo para fazer? Há coisas sobre adultos com TDAH que tornam difícil para nós dizermos “não”. Em primeiro lugar, freqüentemente dizemos sim a algo que parece bom antes de pensarmos no assunto. Em segundo lugar, nosso interesse é tão variado que não podemos escolher – então dizemos sim a tudo.

E, então, há a impaciência. Não queremos esperar até que terminem as nossas oito semanas de aulas de salsa antes de nos inscrevermos em aulas de teatro. Entupimos nossa agenda com coisas importantes, interessantes e engraçadas a fazer, mas ficamos também exaustos para aproveitar qualquer uma delas.

Christina conhece bem esse sentimento. Ela tem TDAH e admite que adora o lado H do seu diagnóstico de TDAH. Ela tem uma reserva inesgotável de energia, e está sempre disposta desde o nascer até o por do sol. É a primeira pessoa que a família e os amigos pensam em chamar quando precisam de um favor. Ela tem dificuldade em dizer não e tem tendência a se comprometer em excesso.

Christina veio me procurar depois de que sua vida ficou fora de controle. Ela estava dormindo seis horas e, no auge de sua escala atarefada, estava ajudando sua mãe a se mudar para um asilo. Tudo parecia igualmente importante e urgente. A seguir, algumas sugestões que eu fiz para ajudar Christina a aprender a dizer não e a dominar novamente sua vida – para não mencionar oito horas de sono reparador.

Estabeleça prioridades e pratique o dizer “não”

1. Espere para tomar uma decisão. A impulsividade e a hiperatividade fazem dois segundos parecerem a eternidade. Inspire profundamente, espere, e responda: “Gostaria de pensar sobre a oferta e depois te ligar”. Se necessário, pense demoradamente no assunto.

2. Liste suas prioridades — em ordem de importância. Para muitos de nós, tudo parece ser importante, e estabelecer prioridades pode ser tão doloroso quanto tentar prestar atenção a uma aula chata. Entretanto, para Christina, era fácil. Ela adora sua mãe e valoriza seu relacionamento acima de tudo o mais. Colocar isto no alto de sua lista fez com que as coisas abaixo ficassem mais fáceis de serem rejeitadas.

3. Pratique o dizer não para as coisas fáceis. Um bom começo seria dizer, aos que lhe solicitam por telefone, que você não quer mais ser chamada. Trabalhe o seu modo de dizer não, civilizadamente, é claro, para o seu esposo ou o seu chefe.

Como dizer não

4. Seja breve. Uma ordem difícil para quem tem mentes que correm como fogo em uma floresta seca, mas pode ser feito se você diminuir todos aqueles pensamentos que dançam em seu cérebro. Em vez de explicar porque você não pode ir à festa, tarde da noite, para um colega que está se mudando, apenas diga: "Sinto muito, mas tenho de estar em casa cedo”. Quanto mais razão você der a alguém do porque não pode fazer alguma coisa, mais ainda a pessoa vai tentar convencê-la de que você pode.

5. Seja afirmativo quando disser não. Usar as palavras “talvez”, “mas”, e “se” não ajudará. Isso acontece quando pensamos alto. Melhor pensar, decidir e falar – nessa ordem.

E lembre-se

6. Não diga sim apenas para ser gentil. Alguns de nós sentem que temos de correr mais um quilometro para dar conta de fazer as coisas quando tudo sai de controle e ficamos como bobos. Você não deve. Quando lhe pedirem para vender rifas, diga, "Não, eu não gosto de fazer isso, mas vou comprar alguns bilhetes". Isso é dizer não sem ofender ninguém.

7. Você não é indispensável. O mundo não vai acabar se você não assumir algumas responsabilidades cada vez que for requisitado. Embora seja tentador assumir novas responsabilidades para manter as coisas excitantes, resista à pressa em fazer isso. Mesmo sabendo que você fará melhor, deixe alguém fazer as coisas ao menos uma vez.

8. Você pode mudar seu pensamento. E se você disse sim, e agora quer dizer não? Tudo bem em arrepender-se. Christina já tinha concordado em compartilhar a direção de um importante evento da comunidade quando responsabilidades inesperadas envolveram seus cuidados maternos. Quando ela conseguiu ter a coragem de dizer aos outros membros do comitê sobre abandonar a tarefa, eles entenderam sem problemas – e várias pessoas se apresentaram como voluntárias para assumir seu posto.

Serei o primeiro a concordar que não é fácil dizer não. Entretanto, eu aprendi uma coisa: é que a honestidade e a integridade são sempre respeitadas quando se aceita ou se recusa um convite. Quando você alinha suas decisões com esses valores, os resultados nunca são desapontadores – nem para você, nem para sua família ou seus amigos.

12 Modos inteligentes de recusar

1. Estou no meio de vários projetos
2. Não me sinto à vontade com isso
3. Não estou assumindo nenhuma nova responsabilidade
4. Não sou a pessoa mais qualificada para esse trabalho
5. Não gosto desse tipo de trabalho
6. Não tenho mais nenhuma data no meu calendário
7. Odeio dividir minha atenção entre vários projetos
8. Sei que você mesmo fará um trabalho maravilhoso
9. Tenho necessidade de um tempo livre para mim mesmo
10. Vou ajudá-lo m um próximo trabalho
11. Não tenho nenhuma experiência nisso
12. Tenho outro compromisso

ADDitude 12/2010

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...