sábado, 2 de abril de 2011

65- Bullying: colégio terá que indenizar família de aluna

Pais de aluna, que haviam alertado colégio sobre humilhações, obtêm indenização na Justiça do Rio - Clarissa Thomé, O Estado de S.Paulo.

O Tribunal de Justiça condenou o Colégio Nossa Senhora da Piedade, na zona norte do Rio, a pagar R$ 35 mil de indenização à família de uma aluna que sofreu agressões físicas e psicológicas na escola.

Os desembargadores da 13.ª Câmara Cível negaram por unanimidade o recurso da instituição, dirigida por freiras. A menina, hoje com 15 anos, vai receber R$ 15 mil e seus pais, R$ 20 mil.

A estudante J. tinha 7 anos quando ela e outros colegas começaram a sofrer bullying, promovido por dois meninos da turma. Num dos episódios, um lápis foi espetado em sua cabeça e ela arrastada, causando arranhões.

Em outro, a menina foi amarrada. "Quando eu fui me queixar, disseram que eles estavam brincando de Power Rangers", contou a mãe, a comerciante Ellen Bianconi Alvarenga, de 50 anos. J. também foi agredida com socos, chutes, gritos no ouvido, palavrões e xingamentos.

Ellen contou que durante todo o ano de 2003 tentou resolver o problema com a direção da escola. "Numa tarde, eu tive uma longa reunião para discutir o assunto e, quando saí da sala da diretora, soube que minha filha havia sido atendida na enfermaria. Estava toda arranhada", lembra.

Na época, Ellen procurou a Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), que se ofereceu para fazer palestras na escola sobre o bullying. "O colégio não aceitou. O problema não é ocorrer bullying, mas como a escola lida com a questão. No caso, diziam para a minha filha fingir que o agressor não existia."

J. passou a ter medo de ir para a escola, sofreu de terror noturno, voltou a urinar na cama e desenvolveu fobias. Teve de ser acompanhada por neuropediatra e psicólogo.

"É muito difícil brigar contra uma escola religiosa. Muitas vezes eu fui tachada de "mãe encrenqueira". Mas nada paga o sofrimento que minha filha e minha família enfrentaram", disse Ellen. "Espero que esse caso sirva de exemplo para outros pais, que fiquem atentos, e para que outras escolas não se omitam."

Publicado no Blog do Noblat em 02-04-2011  
(Vejam a postagem no. 20- Quando o seu filho é o culpado pelo bullying)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

64- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos: programas de treinamento de pais que auxiliam a mudar o comportamento

Tentando lidar com TOD, TDAH e/ou comportamento desafiador? Estes programas de treinamento podem ajudar a mudar e controlar as explosões de raiva e o comportamento obstinado. Por Laura Flynn McCarthy

Chame-o de voluntarioso ou corajoso. De qualquer modo, o comportamento briguento e explosivo é comum nas crianças com TDAH, e pode tornar exaustos os pais mais pacientes e carinhosos. Se o comportamento desafiador do seu filho está limitado a um punhado de itens – fazer a tarefa de casa ou arrumar o quarto – ou se ele preenche os critérios do transtorno de oposição e desafio (TOD), há estratégias que podem contornar o comportamento difícil.

“Quase 65% das crianças desenvolverão o TOD até dois anos após o diagnóstico de TDAH”, diz Russell Barkley, Ph. D., professor de clínica psiquiátrica na Medical University of South Carolina, e autor de Your Defiant Child (Guilford Press). “As crianças com TDAH têm 11 vezes mais chances de ter TOD do que quaisquer outras na população. As duas condições caminham juntas.”

Crianças com TDAH têm dificuldade de controlar sua emoção. “Crianças desafiadoras estão reagindo por causa dos centros emocionais dos seus cérebros, e não estão pensando ´Se eu fizer isso, vou me meter em apuros´”, diz a psicoterapeuta Joyce Divinyi, autora de Discipline That Works: 5 Simple Steps (Wellness Connection). “O comportamento desafiador é um impulso emocional, não uma ação pensada.”

Quanto mais graves forem os sintomas do TDAH de uma criança, maior é a chance de que ela se comporte de maneira desafiadora. Manter os sintomas sob controle com medicação, terapia cognitivo-comportamental, ou ambos, pode diminuir o comportamento desafiador. O estilo dos pais também tem grande importância na gravidade do desafio de uma criança.

“Os pais deveriam entender que este é um comportamento difícil de resolver”, diz Barkley. “Seu filho está gritando, berrando, empurrando e batendo, e pode chegar ao comportamento destrutivo e, às vezes, à violência. Você pode estar cansado. Pode ter tido um dia difícil no trabalho. Pode ter outro filho que esteja exigindo a sua atenção. Pode ser que você esteja deprimido. Ou também pode ser que você tenha TDAH, e tenha dificuldade de controlar suas próprias emoções.”

Os pais de crianças com TDAH enfrentam essas situações muitas vezes mais do que outros pais, ele acrescenta, e têm mais chance de ceder em algum tempo. É por isso que o treinamento dos pais é tão importante. Ele lhe dá as habilidades, o suporte e a ajuda que você necessita para ser consistente.

Como funcionam os programas de treinamento dos pais

A American Academy of Child and Adolescent Psychiatry reconhece dois tratamentos para o comportamento desafiador – treinamento dos pais e Collaborative Problem Solving (CPS). Como as crianças não desenvolvem as habilidades necessárias para o CPS até os 10 anos ou mais, o treinamento dos pais é provavelmente a melhor opção para crianças mais novas.

A premissa: O comportamento desafiador aparece quando a criança descobre que pode obter o que quiser por meio do mau comportamento. Você diz ao seu filho, “Desligue o vídeo game e vá fazer sua lição de casa,” e ele se recusa a obedecer e discute com você. Se você não mantiver sua postura, você criará a condição para o comportamento desafiador. “Você não precisa punir todas as vezes para fazer valer a pena para ele lutar; só tem de punir algumas vezes,” diz Barkley. Os especialistas chamam este padrão de interação de “o circulo coercitivo”.

Como funciona: A meta do treinamento de pais é quebrar o circulo e ajudar os pais a disciplinar os seus filhos de modo mais eficaz. “Crianças desafiadoras causam estresse na família,” diz Rex Forehand, Ph. D., professor de psicologia na University of Vermont, e coautor de Parenting the Strong-Willed Child (McGraw-Hill). “ Para contornar o comportamento – e eu sei que todo mundo já ouviu isto antes – os pais precisam ser consistentes, estabelecer limites, criar estrutura e ser positivos.

O treinamento de pais ensina a você essas habilidades em duas partes:

1- Você mostra ao seu filho o que você quer dele, dá a ele os incentivos para que se comporte de acordo e reforça o comportamento positivo dando aprovação, elogios, reconhecimento, pontos, presentes e ou recompensas.

2- Você aprende estratégias para corrigir os comportamentos negativos e desafiadores – ignorando os pequenos comportamentos maus e estabelecendo consequências consistentes, como castigos.

O que você aprende: Como dar ordens com autoridade, a usar o castigo eficazmente, a ensinar seu filho a pensar sobre as consequências de suas ações, a elogiar e a criar e usar sistema de recompensas.

(continua)

quinta-feira, 31 de março de 2011

63- Lista dos artigos já publicados no blog

1- Saudações
2- O TDAH e os professores
3- Dicas para a sala de aula
4- Listas de checagem do TDAH – Sandra Rief
5- Cartilha do Educador
6- Preocupado? Leia isto:
7- Novas Diretrizes para o Tratamento do Déficit de Atenção/Hiperatividade
8- Quais são as características ideais de um professor para crianças e adolescentes com TDAH
9- O que os professores devem esperar do desempenho acadêmico dos alunos com TDAH?
10- Acomodações em classe e auxílios para os alunos com TDAH
11- O que acontece com quem herda a predisposição para o TDAH?
12- O comportamento dos pais em relação aos filhos pode agravar o TDAH?
13- O TDAH não pode pura e simplesmente ser secundário ao modo como as crianças são educadas pelos pais?
14- Focalizando a atenção das crianças desatentas com TDAH
15- Crianças com Transtorno de Oposição e Desafio
16- Crianças com Transtorno de Oposição e Desafio – Dados para as famílias
17- Os sintomas do TDAH
18- TDAH – Sintomas em adultos
19- Dicas para ajudar os pais com TDAH a se manterem organizados
20- Quando o seu filho é o culpado pelo bullying
21- O que os pais podem fazer para ajudar no tratamento?
22- Dicas para os pais
23- Vinte e cinco (25) coisas boas do TDAH
24- Doze dicas para ajudar crianças com TDAH a ler, escrever e em matemática.
25- Pai de criança com TDAH? Cinco segredos para uma disciplina melhor
26- Minimize as brigas sobre trabalhos de casa e estudo criando rotinas para seu filho com TDAH
27- Estratégias amigáveis, aprovadas pelos pais, para ajudar crianças com TDAH a fazerem seu trabalho de casa.
28- Acabe com a distração: Melhorando o foco do TDAH em casa e na escola
29- Vinte e sete (27) acomodações que funcionam para o TDAH
30- Risco de depressão e suicídio no TDAH adolescente
31- Dicas de comportamento escolar: Controle do impulso para crianças com TDAH
32- Para os pais de crianças com TDAH
33- TDAH – Sugestões para intervenções do professor
34- Como falar com uma criança ou adolescente sobre o TDAH?
35- Falta conhecimento sobre o TDAH. Isso é grave!
36- Quando mudar de médico
37- Álcool e medicamentos para o TDAH: O que é seguro?
38- Evite a destruição das festas de Natal: Auxílio para crianças com TDAH
39- Medicamentos ou tratamento alternativo para o TDAH?
40- TDAH é uma doença inventada?
41- Melhorando o comportamento em classe: Ajude as crianças com TDAH a parar a inquietação
42- Dez ou mais ferramentas de relacionamento do TDAH para o amor duradouro
43- Sete soluções para problemas de sono
44- Reduza a ansiedade naturalmente
45- Memória de trabalho e memória de curto prazo
46- Estatísticas relacionadas ao TDAH em crianças e adolescentes sem tratamento
47- Simplifique sua vida com o TDAH aprendendo a dizer “não”
48- Seis maneiras para o adulto com TDAH interromper a procrastinação
49- A instabilidade na carreira mostra o pior do meu TDAH
50- Cecília Meireles – Motivo
51- Modificação das tarefas acadêmicas no TDAH
52- Você ouve os outros? Como brilhar em situações sociais com o TDAH
53- 10 maneiras de arruinar um bom relacionamento
54- Como ajudar estudantes com TDAH no ensino médio a se preparar para a faculdade
55- Seis truques para a memória de estudantes com TDAH
56- Lição de casa
57- A perspectiva das crianças que vivem com TDAH
58- TDAH em adultos
59- Disciplina (Prof. João Marcello Almeida)
60- Repensar o TDAH a partir de uma perspectiva cognitiva
61- TDAH e dificuldades com matemática: semelhanças cognitivas e intervenções
62- Quando os professores culpam os pais pelo TDAH e pelas dificuldades de aprendizagem do aluno

terça-feira, 29 de março de 2011

62- Quando os Professores Culpam os Pais pelo TDAH e pelas Dificuldades de Aprendizagem do Aluno

O TDAH e a disgrafia do meu filho fizeram com que ele ficasse atrasado na classe tradicional e sua professora culpou-me por aceitar sua dificuldade de aprendizagem. Como encontramos uma escola acolhedora que acomodou suas diferenças. Por Deborah Thorpe

Faço parte de um grande grupo de apoio a crianças com dificuldades de aprendizagem e TDAH, e o mesmo assunto aparece toda semana: “A escola diz que eu estou incentivando meu filho a ser como ele é”, diz uma mãe. “A professora diz que se eu o disciplinasse mais, ele se sairia melhor”, diz outra mãe. Pais de crianças com dificuldades invisíveis são frequentemente culpados pelas dificuldades delas na escola. Somos alvos fáceis.

É devastador ouvir essas acusações. Muitos de nós gastamos horas pesquisando as dificuldades dos nossos filhos e procurando o médico certo para fazer o diagnóstico e o tratamento dos sintomas. Tentamos explicar esses sintomas para a escola, esperando encontrar as acomodações e o apoio que nossos filhos precisam para serem bem sucedidos. Quando surge uma crise na classe, entretanto, os pais geralmente estão na mira dos professores. Recebi recentemente uma carta, escrita em vermelho, com palavras raivosas, da professora do meu filho, que dizia: “Se ele apenas fizesse o trabalho, não haveria nenhum problema”. Ela se referia ao fato de eu estar permitindo que meu filho ditasse as respostas do seu trabalho de casa para mim.

Entendi a frustração dela. Eu também estava frustrada. Meu filho não queria escrever nada – trabalhos de classe ou tarefa de casa. Ele tem disgrafia, a incapacidade de escrever a mão de modo legível. Para ele, a escrita a mão era uma batalha: Ele demorava uma eternidade para escrever uma simples sentença, e o resultado final parecia uma coisa de bebê. Ele sabia que não poderia se equiparar aos seus colegas de classe.

A psicóloga dele disse que seria melhor para ele não escrever nada do que parecer bobo. Eu concordei, mas não consegui fazer com que a professora compreendesse. Não éramos uma equipe. Logo no início do ano, ela havia me chamado para o que disse ser “uma conversa de mulher para mulher”, e me acusou de prejudicar meu filho. Disse que era minha culpa ele ter problemas para escrever.

Fui tomada pela surpresa e chorei. Comecei a repensar minhas ações. Na semana seguinte, não conseguia pensar em outra coisa. Teria eu realmente causado os problemas do meu filho?

Eu estaria prejudicando e não ajudando?

Foi um alívio falar com a psicóloga do meu filho. Seria eu uma má influência? Perguntei. “Não”, ela disse. Eu não tinha impedido que meu filho superasse as dificuldades que ele enfrenta. Um pai se torna desesperado e amedrontado quando sua criança não vai bem nos estudos, ela explicou, mas a ajuda que eu dei a ele foi uma acomodação legítima para uma criança com disgrafia. A escola insistiu, entretanto, que ele fizesse tudo por si mesmo, não importando o tempo que levasse. Eles forçariam uma criança em cadeira de rodas a participar de uma aula de ginástica normal?

Um amigo, que recentemente conquistou seu PhD, estudou crianças com artrite reumatoide juvenil e descobriu que as que tinham a doença crônica precisavam de um “facilitador” – alguém que garantisse que a criança tivesse o que fosse necessário e que a protegesse quando fosse o caso. Sem essa pessoa vital, sua doença – e sua qualidade de vida – piorava.

Eu sou essa pessoa para o meu filho. Eu torno o seu campo de batalha justo para ele, de modo que ele queira lutar e não fique acovardado.

Mudando a vida dele

Aquele dia está chegando. Nos últimos dois anos ele frequentou uma escola privada que permitiu que ele não escrevesse no primeiro ano e que focalizasse em suas potencialidades. Ele atingiu as metas em escrita por meio de desenhos de histórias em quadrinhos, algo em que ele é bom e que gosta de fazer. Participou de uma competição de Lego, e seus trabalhos artísticos foram expostos num show de arte local. Ele interessou-se por fotografia. Também ensinamos a ele como escrever num teclado, algo que sua escola antiga deveria ter insistido que ele aprendesse.

Neste ano ele está fazendo mais trabalhos escritos, incluindo um sobre ciências. Ele já não se opõe mais a fazer seus trabalhos. De fato, recentemente ele até recusou um convite para ir até a casa de um amigo, porque tinha um trabalho escolar a ser feito.

Entendo por que as escolas querem que nossas crianças sejam pessoas responsáveis e produtivas, mas quando uma criança não acompanha, a “solução” é às vezes a repetição ou o fracasso escolar. Essa abordagem de “um tamanho serve para todos” é danosa para nossas crianças com dificuldades. No início, eu pensava ser a única vítima dessa culpa mal posta. Não era. Agora eu me importo por todos os outros pais que trabalham tão duro quanto eu para garantir a independência e o sucesso acadêmico de nossos filhos. Facilitar, no melhor sentido, pode ser uma coisa boa para nossas crianças.

Extraído de hoagiesgifted.com, por Deborah Thorpe
ADDitude, Spring 2011 issue.

terça-feira, 15 de março de 2011

61- TDAH e Dificuldades com Matemática: Semelhanças Cognitivas e Intervenções

Os estudos indicam que entre 4 e 7% da população em idade escolar apresentam algum tipo de dificuldade com matemática, e que 26% das crianças com TDAH têm uma dificuldade específica com matemática.
Em crianças com TDAH foram descobertas fraquezas da memória de trabalho que promovem as dificuldades com os problemas que envolvem a manipulação da informação verbal e não verbal..
Pesquisas recentes focalizaram a conexão entre fraqueza de memória de trabalho e dificuldade com matemática, especificamente aritmética, algoritmos do conhecimento e resolução de problemas.
Swanson e Beebe-Fraser descobriram que a fraqueza da memória de trabalho contribui para a dificuldade de solucionar problemas matemáticos de palavras mais do que o processamento fonológico isolado. Entretanto, a memória de trabalho não é o único fator cognitivo que foi correlacionado com as dificuldades em matemática e o TDAH. A atenção é um significativo fator de previsão de fracas habilidades de resolver problemas aritméticos, algorítmicos e matemáticos. Em particular, é significativa a incapacidade de bloquear os estímulos estranhos para a memória de trabalho.
A pesquisa focalizou uma variedade de intervenções na tentativa de encontrar um modo de instruir melhor as crianças com TDAH e dificuldades de matemática.
Acompanhamento, reforço no uso do computador, instrução focalizada e o uso de medicação estimulante são quatro métodos que podem ajudar as crianças a aumentar seu desempenho acadêmico.
Amy Platt.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...