Ainda está à procura de um trabalho que funcione para você? Deixe suas potencialidades e paixões abrirem o caminho para uma carreira de sucesso – como estes três adultos com TDAH fizeram. Por Blythe Grossberg, Psy. D.
No mundo do trabalho, o transtorno de déficit de atenção pode apresentar alguns obstáculos desencorajadores para uma carreira de sucesso. Não é fácil estabelecer e atingir as metas se há uma luta constante para manter a atenção, estabelecer prioridades e evitar as distrações que os outros facilmente dão conta. Como poder fazer as coisas se você não consegue dar conta da bagunça da sua própria mesa de trabalho? Como prosseguir em um trabalho e em projetos complicados se a sua mente automaticamente se volta para outra coisa?
Não é surpresa que os trabalhadores com TDAH geralmente ficam aquém das expectativas – das suas e das do chefe.
Mas a luta com os prazos finais ou com a organização é só a metade da história. Porque, além de criar obstáculos para o sucesso, o TDAH propicia traços e habilidades que os empregadores admiram – entusiasmo, extraordinária criatividade, um espírito empreendedor, e, naturalmente, a energia sem limite pela qual os portadores de TDAH são conhecidos. Trabalhadores que aprendem a capitalizar essas potencialidades se dão muito bem, de verdade.
Neste artigo, encontraremos três pessoas que – pelo trabalho sério, abertura a novas ideias, e com a ajuda de outros – superaram os obstáculos relacionados com o TDAH, para forjar carreiras produtivas e gratificantes. Seus nomes foram mudados, mas suas histórias marcantes brilham, servindo de inspiração para cada portador de TDAH, que sempre batalhou para fazer dele um estímulo no trabalho.
(Primeira Parte ): Katherine
De uma estudante com dificuldades a uma advogada de sucesso
Se você vir Katherine L. agora, você nunca adivinharia que esta advogada articulada, e 40 e poucos anos, quase desistiu de tentar a faculdade. Crescida numa área de classe média de Los Angeles, Katherine teve muitas dificuldades na escola. Suas habilidades de leitura e de memória eram fracas, e ela era terrivelmente inquieta. Os professores eram incapazes, ou não queriam ajudar. “Ninguém pensava que eu pudesse fazer qualquer coisa”, ela diz. “Eu ficava aborrecida se ficasse sentada mais do que 30 minutos”.
Depois de receber o diploma do colegial, Katherine começou a trabalhar como cabeleireira. Ela gastou vários anos pulando de um trabalho para outro, e então se matriculou numa faculdade de sua cidade, onde suas dificuldades acadêmicas reapareceram. Finalmente, com a cobrança de um dos seus professores, ela foi avaliada para problemas de aprendizagem e lhe disseram que sua dificuldade tinha um nome: dislexia.
Seguindo seu diagnóstico, Katherine começou a reservar mais tempo para a leitura e para escrever o que era requerido pelos seus cursos. Suas notas melhoraram. De fato, ela se deu tão bem que foi capaz de se transferir para uma faculdade de quatro anos. Ela venceu as provas de admissão e, com a ajuda de acomodações da escola, entrou numa faculdade de direito de prestígio. Logo depois, foi diagnosticada com TDAH adulto e começou a tomar uma medicação estimulante.
Apesar da medicação, Katherine temia que pudesse fracassar. Após as aulas, todos os dias, ela fazia um trabalho de abelhinha em casa, estudando horas seguidas. O tempo extra de estudo ajudou. Assim como a substituição dos livros por fitas gravadas dos livros de texto normais. Além disso, ela começou a fazer apresentações do PowerPoint que resumiam suas leituras. Isso ajudou a melhorar sua compreensão.
Depois de sua formatura na faculdade de Direito, em 1998, Katherine ganhou uma bolsa que lhe permitiu desenvolver um programa que fornecia serviços legais para crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem. Hoje, ela ajuda centenas de famílias de renda baixa a obter os serviços para suas crianças – o tipo de ajuda que a ela foi negada. Além do seu trabalho no centro, Katherine realiza workshops sobre os direitos legais das crianças com dificuldades.
Qual é o segredo do sucesso de Katherine? A medicação ajudou, é claro. Assim como também suas estratégias de estudo adaptadas para o TDAH. E Katherine foi sábia o bastante para reconhecer que ela se daria melhor num trabalho que era mais – em vez de menos – exigente. (Isto frequentemente é o caso com os TDAH). Ela inicialmente pensou em trabalho para legal, mas duvidou que seria capaz de dar conta de organizar toda a papelada. Sendo uma advogada, deu certo para ela, porque “é mais ver com amplitude, em vez de detalhes. As leis combinam com a maneira como eu penso, em cinco níveis ao mesmo tempo. Eu criei o programa e um trabalho para mim mesmo. Posso fazer 10 coisas de uma vez, e faço com prazer”.
Assim que um caso é passado para ela, Katherine divide a tarefa em passos distintos. Isto a mantém livre de opressão. “Há procedimentos que eu devo seguir para ter as coisas feitas”, ela explica. “Tenho de começar os projetos com tempo suficiente, e não posso tomar um atalho”. Ela ainda estuda até depois da meia-noite – mas somente porque é quando seu escritório está mais silencioso.
Katherine continua a brigar com a leitura e a escrita. Mas ela se controla com a ajuda de um aparelho Kurzweil 3000, que lê em voz alta os papéis legais – assim como com a ajuda dos colegas, que conferem seus trabalhos escritos.
Katherine é apaixonada pelo seu trabalho, e obtém grande recompensa por ajudar crianças. “É inspirador para uma criança que tem problemas descobrir que eu me formei em uma faculdade de direito depois de quase ser reprovada no colegial”, ela diz.
(a seguir, a segunda parte – Daniel)
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