Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore
A porta se abriu de repente e Jill entrou, sem fôlego,
depois de subir dois lances de escada até o meu consultório no segundo andar.
Ela estava nervosa e contrariada,
“Me desculpe, estou atrasada”! Disse Jill, ao se jogar na
cadeira em frente à minha mesa. “Você não vai acreditar no dia que eu tive”.
Jill foi diagnosticada com TDAH e é uma das minhas
pacientes. Ela tem mais de 30 anos e é uma pesquisadora de ponta em Boston.
Está vivendo temporariamente com sua amiga, enquanto sua casa própria está
sendo reformada.
“Na última noite, quando cheguei”, ela diz, “botei minha
chaves em algum lugar, e, hoje cedo, não tinha a menor ideia de onde elas
podiam estar. Procurei por todo canto – os lugares usuais, que, naturalmente,
para mim, não são os lugares usuais, porque este não é o meu apartamento. Se
você acha que eu sou desorganizada, você devia ver a casa dela”.
“Então, você as encontrou?” Perguntei.
Ela fez que sim, encabulada. “Por acaso”.
“Onde estavam?”
“Bem em cima da mesa da cozinha da minha amiga”! “Elas estavam
lá o tempo todo”... “Bem na minha frente. Inacreditável!” “Parece frustrante, mas muito verdadeiro, porque estas
chaves já sumiram antes.”
“Meu dia foi um desastre depois disso”.
Jill chegou atrasada para uma reunião no trabalho e voltou à sua mesa e deu de cara com uma pilha de e-mails de recados, que a incomodaram mais e a deixaram oprimida. Ela mandou uma resposta ríspida para a pessoa errada. Esta gafe do e-mail fez com que perdesse um projeto que se realizaria ao meio-dia. Ela perdeu a hora, voltou duas horas mais tarde, e recebeu uma recepção fria do seu supervisor.
Jill chegou atrasada para uma reunião no trabalho e voltou à sua mesa e deu de cara com uma pilha de e-mails de recados, que a incomodaram mais e a deixaram oprimida. Ela mandou uma resposta ríspida para a pessoa errada. Esta gafe do e-mail fez com que perdesse um projeto que se realizaria ao meio-dia. Ela perdeu a hora, voltou duas horas mais tarde, e recebeu uma recepção fria do seu supervisor.
“Isto acontece o tempo todo”, diz Jill, com os olhos
marejados, brava e envergonhada do seu fraco desempenho no trabalho. “Desse
jeito, vou perder meu emprego... só porque não consigo encontrar coisas bobas
como as chaves”.
Iniciando uma nova estratégia
Depois de um tempo, propus uma solução para Jill. “Pensei num jeito de você iniciar o seu dia, amanhã. Você precisa de uma base para as
suas chaves. Um lugar onde você sempre as colocará, e pode ser também sua
identidade e os seus óculos. Desse jeito, você saberá que esse é o lugar em que
eles sempre estarão... e a cada manhã, será o lugar onde você começará o seu
dia, pronta para levantar voo”.
Isto combinou com Jill. Foi uma solução orientada pela ação,
algo que ela podia fazer direito e sem grande dificuldade. Mas mais importante,
a base servia como uma imagem, um lembrete de como um dia pode começar, não em
confusão e distração, mas com precisão e previsibilidade.
Com Jill adotou duas bases – uma em casa e uma no trabalho,
para o material de projetos e lembretes – ela não tem mais se atrasado para os
encontros comigo ou deixou de cumprir alguma tarefa crítica no trabalho. Este
pequeno sucesso ajudou Jill a se tornar mais confiante. Ela começa sua manhã de
um modo mais positivo, saindo de casa no horário e pronta para um dia de
trabalho bem sucedido, em vez de ficar desmoralizada, frustrada e abatida por
causa de um momento de desatenção.
Minha experiência com Jill ilustra alguns pontos importantes
sobre organização. Para começo de conversa, como muitos adultos com TDAH já aprenderam,
momentos de esquecimento e de desorganização podem ter graves consequências. (segue)
Nenhum comentário:
Postar um comentário