Por Kevin
Mixon
“Muito
obrigado, Marquis”, o colega dele sussurrou com raiva. “Agora nós vamos perder
10 minutos do intervalo porque você fez besteira. Você é burro. Nós te
odiamos!”
Parece familiar?
Embora muitos especialistas se oponham aos sistemas de punição e recompensa,
eles ainda são usados em quase todas as salas de aula. Os professores
frequentemente são solicitados a adotar um sistema de manejo da classe para
toda a escola, ou eles podem estabelecer o seu próprio sistema diante de uma
necessidade de estrutura. Mas, devido a essas realidades, você ainda pode
incorporar os indicadores de manejo de sala que são diretamente ligados às
metas de aprendizagem e que reforçam as expectativas, em vez de simplesmente
punir o assim chamado “mau” comportamento. Fazendo assim, você pode incentivar
a inclusão em vez da competição destrutiva em sala de aula.
O primeiro
passo para fazer isso é oferecer recompensas para as quais os estudantes terão
de se esforçar e que são diretamente ligadas a metas de aprendizagem. Por
exemplo, você pode recompensar os estudantes por esforço sustentado e
construtivo, deixando que eles façam um jogo de revisão, não competitivo, com
toda a classe (como o beisebol da matemática ou o “Jeopardy”(sorte)), por meio
do qual você pode avaliar o conhecimento deles ao final de uma lição. Fred
Jones, em “Tools for Teaching” (ferramentas para ensinar), recomenda que
denominemos esses jogos de “Preferred Activity Time”(P.A.T.)(Tempo de Atividade
Preferida). Tente escolher atividades de movimentação que estimulem o cérebro e
propiciem alívio bem recebido ao se sentarem.
Além disso,
tenha certeza de que você estruturou meios para que os alunos possam ganhar o
P.A.T. para promover a inclusão e o espírito de corpo. Eis aqui um exemplo de
como não fazer isto: Costumava começar minhas aulas com quatro bolinhas. Uma
bolinha seria retirada para cada situação de mau comportamento geral por três
ou mais alunos da classe (eu tinha um sistema diferente para o mau
comportamento individual). Se a classe perdesse todas as bolinhas, eles perdiam
a sua atividade preferida, e os estudantes mal comportados eram punidos por ter
prejudicado todos os outros.
Mas eu
aprendi coisa melhor. Agora, meus alunos precisam ganhar, em vez de perder, um
número determinado de bolinhas. Além disso, o modo como eles ganham as bolinhas
é individualizado. Por exemplo, um aluno difícil pode ganhar uma bolinha para o
grupo por não ter crises de mal comportamento por vários minutos, enquanto
outro aluno pode ganhar uma bolinha por auxiliar um aluno de língua inglesa ou
um aluno com deficiência, sem ser mandado. Ambas as ações são vistas igualmente
pelos colegas, porque eles ganharam a mesma coisa na direção da atividade desejada.
Estudantes difíceis geralmente recebem aplauso por ganhar uma bolinha, em vez
de insultos por ter fracassado.
Comente em
vez de elogiar
Um segundo
princípio para criar um sistema de gerenciamento que aumente a coesão é o de
evitar o elogio pessoal. “Gosto do jeito como a Dayshaum fica sentada
quietinha”. “Bom trabalho, Maria, adoro seu jeito de cantar”. Quão
frequentemente incluímos em nosso retorno o jeito que nos sentimos em relação
ao trabalho ou comportamento do aluno?
Caminhe pelas salas de qualquer escola e ouvirá isso o dia todo, até
mesmo de professores excepcionais. Fiz isso por tantos anos; era – e ainda é –
um dos hábitos mais difíceis de eliminar durante as aulas.
O problema é
que qualificadores como “gosto do jeito... “, “gosto de... “ e “bom trabalho...
“ transformam um incentivo instrutivo em um elogio pessoal. Alphie Kohn e
outros citam muitas pesquisas convincentes que sugerem que o elogio do
professor realmente elimina a motivação dos alunos. Eles acabam estudando pela
recompensa (motivação extrínseca) em vez da satisfação pessoal de fazer um
trabalho bem feito (motivação intrínseca). E, quando você retira a recompensa,
você remove a motivação para fazer o trabalho.
O elogio
também pode dar a impressão de que o professor tem favoritos, e assim troca a
harmonia e a inclusão de toda a classe por competição e ressentimento. Além
disso, o elogio individual não é bem visto em algumas culturas nativas
americanas e em outras culturas, nas quais o bem estar de todo o grupo é a
preocupação principal. E particularmente nas populações menos favorecidas de
estudantes do ensino médio, e os mais velhos, os que são elogiados podem ser
levados a bajular o professor.
A pesquisa é
consistente e convincente, entretanto, no que diz respeito aos efeitos positivos
do feedback (retorno) do professor sobre o aprendizado do aluno. Este feedback somente precisa ser específico para a tarefa,
de modo que informa o aluno em particular e os outros alunos na classe, sem
incluir como o professor se sente a respeito.
Assim, adote
os exemplos acima e elimine o “Eu gosto... “ e diga simplesmente que “Dayshaun
está sentada quieta”. E podemos dizer para
Maria que sua “entonação durante a segunda passagem do canto foi mais
correta do que a primeira”. Desse modo, Maria recebeu o feedback sobre sua
acurácia quanto à tonalidade – assim como os demais na sala – sem a necessidade
de elogio pessoal.
Lee Canter,
em Classroom Management for Academic Success, descreve a técnica chamada de
“narração comportamental” para fornecer aos estudantes os lembretes e o
feedback sem o elogio do professor durante as rotinas e os procedimentos de
sala. Em primeiro lugar, descreva claramente o procedimento, de preferência
postado na forma escrita ou de desenhos se houver mais de uma ou duas etapas.
(O educador Michael Grinder recomenda abusar do visual com as instruções sempre
que possível; acrescentar figuras e ícones às instruções escritas ajuda os
jovens, os alunos com necessidades especiais e os aprendizes de língua
inglesa.)
Conforme os
alunos passam fisicamente de uma etapa à outra (por exemplo, entram em silêncio
na sala, sentam-se às mesas etc.), identifique os alunos que estão obedecendo
às instruções sem fazer elogios. Por exemplo, “Carlos e Alyssa estão entrando em silêncio na sala” ou “Leslie está
sentada em sua carteira esperando as instruções”. Tente comentar com cada aluno
todos os dias, para estabelecer a inclusão e evitar a percepção de proteger
favoritos.
Comentários
sobre comportamento, identificando o comportamento esperado, ajudam a lembrar
aos alunos cada passo do procedimento e a maneira correta de realiza-lo. Esses
lembretes auxiliam todos os estudantes, mas são particularmente úteis para os
que têm problemas de comportamento, tais como o TDAH, porque propiciam
lembretes concretos sem críticas quando esses estudantes têm dificuldade de
lembrar-se das rotinas ou dos procedimentos.
Amamos os
nossos alunos e queremos comemorar quando eles ficam felizes com suas
conquistas. Felizmente, há amplas oportunidades para essas interações, e elas
fazem muito para construir a empatia necessária para o aprendizado. Entretanto,
não destruamos comportamentos desejados com a nossa bondade.
Então, fique
a procura de jogos com conteúdo para o aprendizado e outras atividades que os
alunos gostem e que desejam praticar. Enquanto ensina, propicie o feedback
instrutivo e construtivo que orienta e motiva os alunos a aprender, em vez de
procurar obter vantagens extrínsecas do professor. Essas abordagens o ajudarão
a criar harmonia em vez de hostilidade na sua classe.
Kevin Mixon, um professor com o certificado “National Board”, de Syracuse,
N.Y., é coordenador de artes em Syracuse City Schools, autor de “Reaching and
Teaching All Instrumental Music Stundents”, e coautor de “Teaching Music in The
Urban Classroom”.
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