Três estudos
recentemente publicados fornecem evidências convincentes de que a idade de uma
criança em relação à de seus colegas de classe é um fator importante se ela for
diagnosticada com TDAH. Os resultados desses estudos estão resumidos a seguir.
Estudo 1
O primeiro estudo
sobre este assunto [Evans, et al. (2010). Avaliação do diagnóstico e tratamento
médico errado em dados de revisão: A situação do TDAH entre crianças de idade
escolar, Journal of Health Economics, 29, 657-693] utilizou dados do National
Health Interview Survey (NHIS), uma avaliação anual de lares nos Estados Unidos
que colhe dados a respeito de transtornos, doenças e incapacidades na população
civil. A informação recolhida inclui dados sobre o diagnóstico de TDAH na
população e sobre o uso de medicação estimulante que tenha sido receitada.
Os autores
usaram os dados recolhidos de 1997 a 2006 e somente incluíram crianças de
estados com margem ampla de corte para a idade de início escolar quando a
criança tivesse cinco anos. Com base neste limite, que variou de estado para
estado, eles examinaram as taxas de diagnóstico e de tratamento do TDAH de
37.000 jovens de 7 a 17 anos que nasceram até 120 dias antes (isto é,
relativamente jovens para a escola) ou até 120 dias depois (isto é,
relativamente velhos para a escola) da data de corte do estado.
Os
resultados indicam que 9,7% de crianças jovens para a escola foram
diagnosticadas com TDAH comparadas a 7,6% daquelas relativamente velhas para a
escola, uma diferença de aproximadamente 27%. As taxas de uso de estimulantes
também foram significativamente diferentes, 4,5% contra 4%,
Estudo 2
Um segundo
estudo [Elder (2010). A importância dos padrões relativos para o diagnóstico do
TDAH:Evidência baseada em datas de nascimento exatas. Journal of Health
Economics, 29, 641-656] usou dados de outra grande avaliação nacional – o The
Early Childhood Longitudinal Study – para examinar este assunto. Os dados
inicialmente incluíram 18.600 estudantes de jardim de infância, de 1.000
programas de jardins de infância dos Estados Unidos, no outono de 1998; as crianças foram seguidas periodicamente até
2007, quando a maioria estava no oitavo ano. A informação disponível incluiu as
notas dos pais e dos professores sobre os sintomas de TDAH das crianças, os
diagnósticos e os tratamentos com medicação estimulante; os resultados finais
foram baseados em 11.750 crianças.
As taxas de
diagnóstico e de tratamento do TDAH foram calculadas para crianças nascidas um
mês antes (jovens para a escola) e um mês depois (velhas para a escola) da data
de corte do estado, que foi 01 de setembro para alguns estados e 01 de dezembro
para outros estados. Para estados com data de corte de 01 de setembro, 10% das
crianças nascidas em agosto foram diagnosticadas com TDAH, comparadas com 4,5%
das nascidas em setembro. Taxas de uso de medicação estimulante foram de 8,3%
contra 2,5%, respectivamente. Para estados com a data de corte em 01 de
dezembro, a taxa de diagnóstico para crianças nascidas em novembro foi de 6,8%,
mais do que o triplo da taxa de 1,9% para as crianças nascidas em dezembro; as
taxas de uso de estimulantes foram de 5,0% e 1,5% respectivamente.
O autor
examinou o impacto da idade relativa em que a criança foi diagnosticada com
problemas de aprendizagem diferentes do TDAH, incluindo atrasos do
desenvolvimento, autismo, dislexia, transtorno sócio emocional do
comportamento, e outras dificuldades de aprendizagem. Para esses outros
problemas de aprendizagem nenhum efeito relacionado com a idade foi encontrado.
O autor
também demonstrou que a idade de entrar na escola tinha efeito muito mais forte
na percepção do professor a respeito dos sintomas de TDAH das crianças do que
na percepção dos pais. Ele sugeriu que isto poderia ser porque os professores
avaliam o comportamento das crianças em relação a outras crianças da classe e
as crianças relativamente mais jovens são menos capazes de controlar sua
atenção e seu comportamento. Os pais, em contraste, podem usar padrões mais
absolutos desde que estão menos capazes de observar seu filho em relação a uma
classe cheia de colegas.
Estudo 3
O último
estudo [Morrow et al., (2012). Influence of relative age on
diagnosis and treatment of Attention-deficit/hyperactivity Disorder in
children. Canadian
Medical Association Journal, DOI:10.1503/cmaj.11619] examinou a associação entre
idade de início e diagnóstico de TDAH em um estudo sobre 935.000 jovens da
British Columbia, que tinha entre 6 e 12 anos de idade em qualquer época entre
dezembro de 1997 e novembro de 2008. Assim, o valor deste estudo é que a
amostra vem de um país diferente e de um sistema de saúde inteiramente
diferente do sistema dos Estados Unidos.
O corte de
entrada na escola na British Columbia durante este tempo foi 31 de dezembro.
Semelhante aos resultados revistos acima, meninos nascidos em dezembro eram 30%
mais propensos a ser diagnosticados com TDAH do que meninos nascidos em
janeiro; meninas nascidas em dezembro eram 70% mais propensas a serem
diagnosticadas com TDAH do que meninas nascidas em janeiro. Meninos eram 41%
mais propensos e meninas eram 77% mais propensas a serem tratados com medicação
se tivessem nascido em dezembro, comparados com os que tivessem nascido em janeiro.
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