Resumo e
considerações
Os
resultados de três estudos independentes, que empregaram amostras grandes e
representativas, indicam que as crianças que são mais jovens para o ano escolar
são significativamente mais propensas do que suss colegas a serem
diagnosticadas com TDAH e a serem tratadas com medicação estimulante. Com base
em análise adicional conduzida em um desses estudos, o efeito relativo à idade
é primariamente relacionado à percepção dos professores e não se estende a
outras dificuldades de aprendizagem. Entretanto, esses dois últimos tópicos
foram examinados em somente um dos três estudos, e, por isso, precisam ser
replicados.
Por que ser
mais jovem para o ano escolar aumenta as chances de uma criança ser
diagnosticada com TDAH? Uma explicação plausível é que focalizar a atenção e
controlar o comportamento são habilidades que se desenvolvem com o tempo. Na
entrada para a escola, ser até 12 meses mais jovem que os colegas representa
uma porção substancial da idade total de uma criança, e essas capacidades
tiveram menos tempo para se desenvolver. Como resultado, crianças relativamente
mais jovens serão em geral menos capazes do que suas colegas de classe para
regular sua atenção e seu comportamento, e mais provavelmente serão
identificadas pelos professores como portadoras de dificuldades nesses itens.
Então, elas serão encaminhadas para avaliação e diagnóstico de TDAH em taxas
mais elevadas.
É importante
notar que nenhum dos pesquisadores sugeriu que seus dados originassem questões
sobre a validade do TDAH como um transtorno “real”, com fundamentos
neurobiológicos. Em minha opinião, usar esses achados para questionar a
validade da condição seria altamente problemático.
Em vez
disso, esses achados sugerem que muitas crianças que são jovens para o ano são
diagnosticadas não porque têm o transtorno mas porque são do ponto de vista do
desenvolvimento menos avançadas do que a maioria das suas colegas. Pelo mesmo
motivo, crianças que são relativamente mais velhas para o ano escolar podem ser
menos diagnosticadas porque sua desatenção e hiperatividade não parecem
excessivas em relação às suas colegas mais jovens. Ambos os resultados são
potencialmente perigosos e falam sobre as complexidades envolvidas em
diagnosticar o TDAH, mas não sobre a validade do TDAH como um transtorno
legítimo.
Os
resultados desses estudos acentuam a importância das avaliações diagnósticas
cuidadosas e acuradas. Esses estudos trazem uma contribuição importante para o
campo por meio do aumento da consciência do risco de receber um diagnóstico de
TDAH. Embora não haja nenhuma maneira fácil de corrigir este fator complicador,
há vários passos a serem adotados que podem ser úteis.
Em primeiro
lugar, os clínicos que avaliam crianças pequenas deveriam ser extremamente
cuidadosos quando estas crianças também forem relativamente jovens para o ano
escolar. Para crianças nascidas perto da data de corte para entrada na escola,
consideração especial deve ser dada para a idade relativa, que pode ser um
importante fator no comportamento escolar da criança.
Em segundo
lugar, deve ser bom estreitar as faixas de idade usadas em muitas escalas de
comportamento amplamente utilizadas. Os resultados desses estudos sugerem que
há diferenças normativas significantes nos sintomas de desatenção e de
hiperatividade entre as crianças nascidas durante meses diferentes do mesmo
ano, para não citar de anos diferentes. O que é “normal” para uma criança de 6
anos e 1 mês difere do que é típico para uma criança de 6 anos e 11 meses de
idade.
Entretanto,
as escalas de comportamento geralmente têm categorias de idade que abarcam
vários anos. Assim, em vez de comparar se os comportamentos de desatenção que um
professor encontra em uma criança de 6 anos são excessivos em relação a outra
criança de 6 anos, a nota da criança será determinada em relação ao “grupo
normativo”, que inclui crianças que são vários anos mais velhas. Como resultado,
crianças na ponta inferior da faixa de idade podem ser mais propensas a
receberem notas altas na escala de sintomas do TDAH do que crianças na ponta
superior da faixa de idade. Isto é muito diferente de como o QI padronizado e
os testes de desempenho são construídos, nos quais as notas são calculadas em
relação a grupos de idade que abrangem somente alguns meses.
Em terceiro
lugar, esses achados evidenciam o valor dos esforços correntes para desenvolver
medidas objetivas confiáveis do TDAH, que não sejam afetadas pelos efeitos
relacionados à idade. Com foi discutido em um número anterior de Attention
Research Update, o Quantitative EEG
(qEEG), pode ser muito útil nesse sentido – veja www.helpforadd.com/2008/november.htm
Finalmente, a
associação entre idade relativa e risco de diagnóstico evidencia a importância
de se reavaliar sistematicamente as crianças a cada ano. Conforme as crianças se
desenvolvem, a importância da idade relativa sobre a capacidade de regular a
atenção e o comportamento provavelmente diminui. Por exemplo, é de se esperar
menor diferença na capacidade de manter a atenção entre adolescentes de 15 anos
mais jovens e os de 15 anos mais velhos, quando comparados a crianças de 6 anos
mais jovens e de 6 anos mais velhas. Assim, se uma criança foi diagnosticada
incorretamente com TDAH porque ela era relativamente mais jovem no ano de
entrada na escola, e portanto menos capaz do que seus colegas de controlar a
atenção e o comportamento, as reavaliações anuais identificarão isto conforme a
criança passar para os anos seguintes.
Eu (Dr.
David Rabiner) o convido a aprender mais sobre este novo modo de abordagem, que
tem obtido crescente suporte na pesquisa, ao visitar www.helpforadd.com/cogmed.htm e solicitar o pacote de informações para
profissionais. Creio que você encontrará a informação do seu interesse.
David Rabiner, Ph.D. – Associate Research Professor –
Dept. of Psychology & Neuroscience – Duke University – Durham, NC 27708 -
USA
Nenhum comentário:
Postar um comentário