Ter um companheiro com TDA não é fácil, mas perdoar - e
planejar para prevenir os problemas - é um passo na direção certa. O
especialista Dr. Ned Hallowell oferece conselhos de relacionamento.
Se você está casado com alguém com o déficit de atenção
(TDA/TDAH), você provavelmente se terá perguntado quantas vezes terá de
perdoá-lo. TDA não é fácil - para os que o têm ou para os que vivem com quem
tem! Por isso que todos os casamentos TDAH podem se beneficiar de algum
aconselhamento sobre o relacionamento.
Nós, que temos TDA (eu, inclusive), geralmente não
aprendemos com nossos erros. Nós os repetimos seguidamente. Se a pergunta for
"Quantas vezes tenho de lhe dizer?", a resposta pode ser
"Centenas, no mínimo!" Isso significa que merecemos um salvo-conduto?
É claro que não. O TDAH não é uma desculpa para a irresponsabilidade. É uma
explicação para o comportamento, e um sinal de que a pessoa precisa aprender a
assumir responsabilidades de maneira mais efetiva.
Mesmo os tratamentos mais perfeitos para o TDAH não
produzem resultados perfeitos. Peça ao seu esposo TDAH para levar o lixo para
fora. Ele concorda e passa pelo cesto de lixo distraído com uma nova idéia que o
invadiu.
Você pede ao seu esposo que ele a elogie de vez em
quando, porque acha difícil lembrá-lo de que você necessita da atenção dele.
Sem jeito e envergonhado ele se desculpa e decide prestar mais e melhor atenção
em você. Você sabe que ele realmente sente o que diz. Mas, ele cumpre o
prometido? Não. Você pede ao seu esposo TDA para que pare de fazer compras por
impulso no cartão de crédito. Novamente, algo constrangido, ele concorda. Ele
não quer aumentar a dívida mais do que você. Mas, no dia seguinte, ele vê uma
coisa à qual não resiste e, bingo!, um novo item foi acrescentado à conta.
O que você pode fazer? Esquecer? Divorciar-se dele? Bater
na cabeça dele com um porrete?
Acabo de escrever um livro chamado "Dare to
Forgive" (Tenha coragem de perdoar). Uma das afirmações que faço no livro é
que o perdão não é licença para repetir o mesmo erro em seguida. Então, se você
perdoa seu esposo - e eu espero que sim - você também deve estabelecer um plano
para que o mesmo problema não apareça repetidamente. Se o plano não funcionar,
reveja-o e tente novamente. Revisar planos é tudo o que é a vida.
Entenda que esses problemas não indicam uma
desconsideração consciente de você ou da responsabilidade, mas realmente uma desconsideração involuntária,
intermitente, sobre todas as coisas. Essa é a natureza diabólica do TDAH. Tenha
isso em mente (e as boas qualidades dele) quando você tiver vontade de
estrangulá-lo. Enquanto ele quiser continuar a viver com você - e pode ser como
um profissional, também - pode ser feito algum progresso. Vitória total? Cura
completa? Não. Mas, progresso.
Conforme você notar que ele se esforça para ter um melhor
comportamento, tenha compaixão. Construa o pensamento positivo e o faça
crescer. Mantenha seu senso de humor. Fique em contato com outras pessoas que
podem ajudar. E lembre-se de que sob a casca do TDA bate um coração e há uma
mente cheia de calor, criatividade, jovialidade, e imprevisibilidade. Quase sempre
há algo de bom que supera o ruim.
Até mesmo o suficiente para tornar um casamento feliz e
uma vida agradável.
Este artigo foi publicado no número de abril/maio de 2004
de ADDitude
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