Esclarecimento sobre o TDAH - Prof. Dr. Paulo Matos
As dúvidas movem a
ciência e permitem o progresso, porque impulsionam os cientistas a tentar
esclarecê-las. Dúvidas, portanto, representam algo inestimável e imprescindível
para todas as áreas da ciência; para a medicina não é diferente. Existe
atualmente um grande número de questões não esclarecidas sobre diferentes
aspectos de muitas doenças; são estas dúvidas que estão ocupando os cientistas
do mundo inteiro neste exato momento e vão ocupá-los por toda sua vida
profissional.
E o que fazem os cientistas? Eles fazem pesquisas
com critérios rigorosos para testar suas hipóteses. Para isto, devem submeter
seu projeto a um comitê de ética e ter cada etapa de seu trabalho avaliada e
aprovada antes mesmo de começar. Quando a pesquisa termina, os cientistas
publicam os resultados em revistas especializadas, para que os conhecimentos
não apenas sejam conhecidos por todos os demais cientistas, como também para
que outros possam verificar os resultados e tentar reproduzi-los para
confirmá-los ou rejeitá-los. A isto chama-se de método científico e é a única
maneira de se controlar os conhecimentos gerados por pesquisas.
Um cientista mal intencionado publicou resultados
fraudulentos? A única forma será verificar os resultados de sua pesquisa (eles
são obrigatoriamente armazenados durante muitos anos). Outro tirou conclusões
erradas a partir dos resultados de sua pesquisa? Basta verificar a metodologia,
conferir os resultados e ver se há outras conclusões possíveis. Alguém recebeu
verba de um patrocinador que potencialmente influenciou a análise dos
resultados? Informações sobre verbas são obrigatórias e caso haja uma infração,
nenhuma revista científica publicará mais artigos deste pesquisador. Existiu alguma
fraude com os dados? É possível saber verificando os materiais originais da
pesquisa e os relatórios publicados; várias revistas publicam imediatamente
editoriais quando descobrem algum tipo de erro ou fraude.
Portanto, somente o método científico nos dá a
segurança de que uma determinada informação é segura, porque deste modo ela
pode ser analisada, verificada, confirmada ou abandonada. Para isso existem as
revistas científicas especializadas que só publicam pesquisas que respeitaram o
método científico e que foram previamente avaliadas por um grupo de
pesquisadores imparciais e com experiência. Quando ocorrem erros, de qualquer
natureza, este é o único modo de eles serem descobertos e corrigidos: através
de publicações científicas padronizadas.
Agora, imagine que alguém lhe diga que “determinada
doença é causada por isto ou por aquilo” ou ainda que “determinado medicamento
causa este ou aquele problema”. Você aceitaria, de bom grado? Sem pedir nenhuma
comprovação científica? Sem pedir para ver os artigos científicos publicados em
revistas especializadas?
Como você pode saber se algo que um profissional de
saúde está dizendo é verdade? Qualquer ideia pode fazer algum sentido e mesmo
assim ser falsa; nem toda lógica é verdadeira, obviamente. Muitas vezes, um
discurso inflamado, aparentemente bem intencionado, é cheio de conclusões que
não tem qualquer fundamento científico e não se baseia em nenhum achado de
pesquisa. No Brasil, frequentemente pessoas fazem discursos e até mesmo iniciam
campanhas sobre saúde baseadas em suas opiniões pessoais ou suas crenças
políticas; ou seja, no que elas “acham”- é o famoso “achismo”.
E quanto ao TDAH? Existem dúvidas sobre inúmeros aspectos
específicos do TDAH, assim como existem com relação ao câncer, ao diabetes,
ao infarto do miocárdio, ao Parkinson, etc. Mas não existe nenhuma dúvida, no
meio científico, quanto a sua existência: o TDAH é um dos transtornos
mais bem estudados em toda a medicina e é descrito por médicos há mais de 2
séculos.
Mas por que algumas pessoas insistem em dizer que
“TDAH não existe”?
Em primeiro lugar, vamos esclarecer quem reconhece
o TDAH como uma doença: a Organização Mundial da Saúde. Além disso, no Brasil,
temos a Associação Médica Brasileira, a Associação Brasileira de Psiquiatria, a
Academia Brasileira de Neurologia e a Academia Brasileira de Pediatria. Você
não acha estranho que alguém conheça “uma verdade” que é ignorada por todas as
organizações médicas?
Bem, o modo mais simples e rápido de terminar uma
discussão sobre “a existência do TDAH” seria pedir que os indivíduos que negam
sua existência forneçam artigos científicos que sustentem sua opinião. Mas eles
jamais o farão, porque tais artigos.... não existem! O seu discurso sempre será
baseado no “achismo” e sempre dará a impressão de que estão lutando por uma
causa justa, para “defender” a população de algum mal terrível. Por outro lado,
artigos mostrando que existem bases neurobiológicas e genéticas no TDAH somam mais
de 10.000 atualmente (isto mesmo, dez mil, você leu corretamente).
Algumas pessoas, talvez, fiquem na dúvida sobre a
existência do TDAH porque “todo mundo tem um pouco”. O que ocorre é que todo
mundo tem alguns sintomas de TDAH; este diagnóstico é feito pela quantidade
de sintomas e não na base do “tudo ou nada”. Exatamente como no diabetes, na
hipertensão arterial, no glaucoma, na osteoporose, etc.: o que dá o diagnóstico
é a intensidade ou quantidade.
Existem também indivíduos que acreditam que todo e
qualquer problema de comportamento (TDAH nem sempre causa problemas de
comportamento, ressalte-se) é causado “pela sociedade”. Geralmente estas
pessoas estão fortemente envolvidas com grupos políticos que pregam
intervenções do governo na sociedade (também chamada de “engenharia social”,
muito comum nos regimes ditatoriais comunistas). Tais movimentos remontam à
ideia comprovadamente equivocada de que os homens nascem invariavelmente bons e
puros e é a sociedade que os corrompe. Estas ideias, que datam do século XVIII,
não sobreviveram aos achados da genética e das neurociências, que não existiam
naquela época.
Outros, ainda acreditam que todo e qualquer
problema psíquico é causado por fatores psicológicos, apesar da farta
literatura científica sobre as bases neurobiológicas e genéticas do TDAH.
Desnecessário dizer que geralmente tais indivíduos ganham a vida fazendo
tratamento psicológico para as doenças; raramente, entretanto, falam sobre o
seu próprio conflito de interesses.
Por fim, ainda há aqueles que tomam conhecimento de
diagnósticos errados de TDAH, de prescrições equivocadas de medicamentos, de
automedicação para fins recreativos ou para aumento do desempenho em provas e
passam então a dizer que “o diagnóstico é falho” ou “o tratamento é similar ao uso
de uma droga”. Não é difícil enxergar que a existência destes erros em nada
comprometem nem o diagnóstico nem o tratamento do TDAH. Pense nos antibióticos:
eles são muito prescritos de modo errado. Usam-se antibióticos, por exemplo,
para infecções de garganta com muita frequência, um uso sabidamente equivocado
(elas são causadas na maioria das vezes por vírus, que não são combatidos com
antibióticos). Nem por isso deve-se abolir os antibióticos, que curam e salvam
vidas quando usados corretamente. O mesmo exemplo ainda serve para aqueles
indivíduos que dizem que “os medicamentos para TDAH são inespecíficos e agem em
qualquer pessoa”: de fato, os antibióticos matam as bactérias em qualquer um,
mas só curam aqueles que estão com pneumonia.
TDAH não é um mito. Muito daquilo que se fala
contrariamente ao seu diagnóstico e tratamento são simplesmente “achismos”,
crenças sem fundamento objetivo ou científico; ou seja, são mitos. E mitos,
definitivamente, não são algo em que você deva confiar quando se trata de sua
saúde ou da saúde de seus filhos.
Paulo Matos
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mestre e Doutor em Psiquiatria e Saúde Mental
Pós-doutor em Bioquímica
Presidente do Conselho Científico da ABDA
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Mestre e Doutor em Psiquiatria e Saúde Mental
Pós-doutor em Bioquímica
Presidente do Conselho Científico da ABDA
José, não é mentira que existem muitas pessoas que enriquecem com vendendo medicamento. Esse é o caso por exemplo da industria dos comesticos antialergicos para Dermatite. Quando agente vai procurar ajuda é sempre a mesma coisa, ninguém se interessa em resolver o problema; Também existem doenças que tem cura mas não é divulgado.
ResponderExcluirOlha o caso da hemoterapia que dizem ser excelente mas a ANCISA não aprova, isso tudo tem interesses maiores.
No entando não vamos sair por ai desconfiando que tudo seja mentira, NÃO VI NÃO VALE, pior do que esses especuladores que falam isso sobre o TDAH, são os médicos incapazes que estão no mercado, principamente no serviço publico.
Fui em um neuro que se recusou a me ajudar só porque eu falei que tenho todos os sintomas do TDAH, sintomas esse que atrapalham demais minha vida. Tudo porque disse a ele que Faculdade, ele acha que se tivesse realmente não estaria na Faculdade.
Acho que era um Neuro de quinta que nem sabia que letargia é sintoma de TDAH.
Uma consulta com um psiquiatra, Deus,como é dificil no SUS. Me corrija se eu estiver errada.
Prezada anônima
ResponderExcluirVamos por partes:
1- Enriquecer vendendo remédios não tem nada de errado se o remédio for comprovadamente eficaz (método científico, fórmula aberta e explícita, pesquisa científica por vários autores independentes) e se puder ser fabricado por mais de uma empresa.
2- Sempre há alguém que se interesse por nossos problemas. A questão é de encontrar o profissional certo.
3- Diga-me quais as doenças que você sabe que têm cura mas que isso não é divulgado. Eu não sei de nenhuma. Parece que todas as que têm cura são de amplo conhecimento por parte da comunidade científica.
4- A hemoterapia, comprovadamente - por várias pesquisas, desde 1930 - NÃO E EXCELENTE, não. Você sabe me apontar um trabalho científico publicado que tenha afirmado que ela é excelente?
5- Médicos há de todos os tipos. Antes de procurar algum, é bom saber as referências.
Em todas as profissões há os bons, os preparados e os outros. Não desanime. Tente novamente.
6- Infelizmnte o SUS está muito mal gerenciado. Nisso, você não está errada, Nas outras coisas, não é questão de estar certa ou errada, é questão de opinião. Tento dar minhas opiniões sempre com base em dados científicos, nunca em crendices ou por ouvir dizer.
Espero que você encontre o tratamento adequado. Atenciosamente. Dr Menegucci
Vamos lá.
ResponderExcluirSobre a hemoterapia: Não tenho dados cientificos e nem artigos, o que tenho são milheres de opiniões de quem fez e sentiu o resultado. Não só aquelas opiniões que´são relatadas no site lá do Luiz Moura. Opiniões de pessoas que conheço, que gastavam horrores com remédios antialergicos que só duraravam 1 mês.Eu tenho uma dermatite seborreica que é um terror pra mim desde minha adolescÊncia. Já comprei remédios, shapoos que faziam efeito por um tempo curtissimo e depois nada. Desde adolescente quando vou aos Dermatologistas eles falam sempre o mesmo script:: NÃO TEM CURA. PROVENIENTE DO ESTRESS,USA ESSE SHAMPOO. Inclusive já estive em consultorio em que a Dermatologista estava exatamente recebendo o Promotor daquele dito remédio que ela me receitou.
Outra coisa, o PRP(plasma rico em plaquetas) pode, mas a Hemoterapia não pode. Tenho certeza, que o maior motivo por tras da implicancia da ANVISA com a hemoterapia é FINANCEIRA.
Porque ela libera tanta porcaria por ai sem comprovação cientifica que pode danificar nossa saude. Um exemplo disso é a industria do cabelo.
Em relação a ganhar dinheiro com medicamento, não foi esse o intuito do que eu disse. O que quero dizer, é que simplismente é melhor e mais rentável desenvolver "paleativos" do que desenvolver algo que vá curar uma doença e acabar com todo o lucro. O senhor acha que não tem gente que pensa assim?
Posso falar uma coisa que é minha opinião, que nunca conseguirei provar porque não tem acesso a tudo. Mas esse mundo está podre, casa vez mais corrompido e ganacioso. Principalmente no Brasil nada é confiável.
Sobre os profissionais da saúde, te falo tbm que a minoria presta. No Brasil está uma fábrica de diploma, as FAcul/UNI estão cuspindo profissionais. A falcatrua rola solta, tanto nas particulares quanto nas publicas. Falo isso de experiÊncia também. Obviamente existem excelentes UNI/Facul. Um exemplo fora do contexto, mas exemplo disso é a proa da OAB. Se tivesse essa prova para outras profissões, aposto que o indice era o mesmo.
Como eu sou pobre, não terei acesso a bons médicos, então prefiro pesquisar de várias fontes e depois tomar minha propria decisão.
Não sei se é aqui nesta cidade, ou é uma regra geral. Para tentar uma consulta com o psiquiatra, tive que convencer a recepcionista, para colocar meu nome na lista, para passar por um psicologo(aonde fica todo mundo numa sala expondo seus problemas), para ai sim ele decidir se devo ou não falar com um. Já fiz isso uma vez e elas decidiram que psquiatra não trata TDAH, só neuro rsrsrsrs.
Sobre a doença,esqueci o nome,depois euvolto aqui e falo.