Cinco estratégias de especialistas para lutar com o
derrotismo e o pensamento negativo ligados ao TDAH. Por Michele Novotni, Ph.D.
A depressão é comum entre as pessoas com TDAH. De fato, as
pessoas com TDAH são três vezes mais propensas a terem depressão do que as que
não têm o transtorno.
É fácil de entender o porquê; você dificilmente se sentirá
bem consigo mesmo se o esquecimento e a desorganização o fizerem sentir-se
incompetente no trabalho ou em casa.
Mas, por que a pouca autoestima continua a atingir adultos
com TDAH mesmo durante o seu tratamento? Para responder esta questão, voltemos
aos anos sessentas, quando o psicólogo Martin Seligman, da Universidade de Pensilvânia,
conduziu uma pesquisa pioneira sobre a condição psicológica atualmente
conhecida como “desamparo aprendido”.
Seligman treinou um grupo de cães para associar um som
particular a um choque iminente. Inicialmente, os cães ficavam presos, então,
mesmo que soubessem que um choque estava a caminho, não tinham como evitá-lo.
(Graças a Deus que essa crueldade atualmente está fora de voga!)[Nota do
tradutor: Nem tanto, nem tanto... ]. Depois de um tempo, mesmo que suas amarras
tivessem sido removidas, os cães não faziam nada para evitar o choque. Eles
tinham sido convencidos de que ele era inevitável. Em outras palavras, eles
tinham aprendido a serem desamparados.
Adultos com TDAH não são cães, obviamente. Mas muitos
portadores de TDAH, particularmente os que foram diagnosticados mais tarde na
vida, exibem desamparo aprendido. Eles passaram tantos anos fracassando em
atingir todo seu potencial no trabalho, em casa e em seus relacionamentos
pessoais, que acreditam que sempre vão fracassar.
Isto era certamente verdadeiro para meu cliente Mike, que
trabalhava com vendas. Durante anos ele tinha ouvido que não atingia seu
potencial. Não importava quanto se esforçasse, não conseguia estabelecer
prioridades ou ficar em dia com seus documentos, e ainda se esquecia de
compromissos. Tinha medo de que pudesse perder o emprego. Mesmo após ter
iniciado o tratamento do TDAH, tinha certeza de que continuaria fracassando.
Mike estava sofrendo de desamparo aprendido. Então, eu pedi
para que ele consultasse um médico e perguntasse sobre o uso de medicação
antidepressiva (geralmente uma boa opção para pessoas gravemente deprimidas) e
que ele indicasse algumas estratégias para ajudá-lo a se livrar do pessimismo
crônico. Aqui estão elas:
• Pare de pensar negativamente. Crenças
erradas sobre si mesmo são os principais contribuintes para a depressão. Pare
de se magoar com pensamentos como “Sou um fracasso” ou “As coisas nunca vão
mudar”. Como fazer isso? Cada vez que você pensar mal de si mesmo, tente trocar
o pensamento negativo por pensamentos mais positivos. Sente-se por alguns
minutos e faça um inventário dos seus pontos fortes. Você é muito criativo?
Você é um bom contador de histórias? Você consegue fazer uma torta de mação
deliciosa? Escreva todas as coisas que puder pensar em um cartão e carregue-o
consigo em sua carteira ou bolsa.
• Escolha os amigos com cuidado. Passe mais
tempo com pessoas que sejam apoiadoras e encorajadoras. Faça o possível para
evitar as pessoas “tóxicas”.
• Faça mais exercícios. A atividade física
combate a depressão pelo aumento dos níveis do neurotransmissor dopamina.
Exercite-se por ao menos 15 minutos, três vezes por semana (o ideal seriam 30
minutos, cinco dias por semana).
• Procure expor-se ao sol. Quinze minutos de
luz solar direta (nos horários adequados) podem ter um impacto enorme em seu
humor.
• Não espere para comemorar. Dê a si mesmo
um incentivo por qualquer progresso na direção de suas metas. Convide um amigo
para jantar. Contrate um massagista. Compre um novo DVD.
Mike já não está mais deprimido. Seu escritório está
organizado e ele está em dia com seus compromissos. Ele não mais se preocupa em
ser demitido; recentemente foi reconhecido publicamente por suas relevantes
conquistas no trabalho. Tudo isso surgiu porque ele teve a coragem de acreditar
que o sucesso era possível.
Você está deprimido? Seja como o Mike!
Michele Novotni
Este artigo foi publicado no número de abril/maio de 2007 de
ADDitude
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