Ter um esposo com TDAH não é fácil, mas perdoar – e planejar
a prevenção de problemas – é um passo na direção certa. O especialista Ned
Hallowell dá conselhos sobre o relacionamento.
Por Edward Hallowell, M.D.
Se você estiver casado com alguém com TDAH, provavelmente já
se perguntou quantas vezes terá que perdoá-lo. TDAH não é fácil – para quem tem
ou para os que vivem com eles! Por isso que os casamentos TDAH podem se
beneficiar de alguns conselhos sobre o relacionamento.
Nós que temos o TDAH (eu mesmo, incluído) geralmente não
aprendemos com nossos erros. Nós os repetimos sempre. Se a questão for,
“Quantas vezes eu tenho de lhe dizer?”, a resposta pode ser “Centenas, no
mínimo!” Isso significa que precisamos de um salvo-conduto? Claro que não. O
TDAH não é uma desculpa para a irresponsabilidade. É uma explicação para o
comportamento e um sinal de que a pessoa precisa aprender a ter
responsabilidade de modo mais efetivo.
Mesmo os melhores tratamentos para o TDAH não produzem
resultados perfeitos. Peça ao seu par para retirar o lixo. Ele concorda e passa
ao lado da cesta enquanto novas ideias dominam sua mente.
Você pede ao seu par TDAH que ele lhe elogie de vez em
quando, porque você acha difícil lembrar a ele que precisa de atenção.
Embaraçado e envergonhado ele se desculpa e promete prestar mais atenção em
você. Você sabe que ele está sendo sincero. Mas ele cumpre o prometido? Não.
Você pede ao seu par TDAH para que pare de gastar muito no cartão de crédito
com compras por impulso. Novamente, envergonhado e constrangido, ele concorda.
Ele, tanto quanto você, não mais quer grandes dívidas. Mas no dia seguinte ele
vê um aparelho e não consegue resistir, e bingo! um novo item foi acrescentado
à conta.
O que você pode fazer? Esquecer? Divorciar-se? Bater na
cabeça dele com um pedaço de pau?
Acabei de escrever um livro chamado “Dare to Forgive” (Ouse
Perdoar). Um dos pontos que abordo é que o perdão não é uma licença para
repetir os mesmos erros. Então, se você perdoar seu par – e eu espero que o
faça – você deve também fazer um plano para que o mesmo problema não fique se
repetindo. Se o plano não funcionar, revise-o e tente novamente. Refazer planos
é o que a vida é.
Saiba que esses problemas não indicam um desrespeito
consciente dirigido a você ou falta de responsabilidade, mas uma negligência
intermitente e involuntária direcionada a tudo. Esta é a natureza diabólica do
TDAH. Tenha isso em mente (e as boas qualidades dele) quando tiver vontade de
estrangulá-lo. Enquanto ele desejar trabalhar com você, e possivelmente com um
profissional também, progressos poderão ser feitos. Vitória total? Cura
completa? Não. Mas progresso.
Conforme você o observa trabalhando com afinco para melhorar
o comportamento, tenha paciência. Construa uma atitude positiva e faça com que
ela cresça. Mantenha seu senso de humor. Fique em contato com outras pessoas
que possam ajudar. E lembre-se que debaixo da casca do TDAH bate um coração e
há uma alma cheia de calor, criatividade, jovialidade e imprevisibilidade.
Quase sempre há muitas coisas boas que superam o lado ruim.
O bastante, mesmo, para deixar o casamento e a vida cheios de alegria.
ADDitude abril/maio 2004
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