Déficit de atenção e impaciência andam de mãos dadas.
Mantenha sua calma - e diminua seus arrependimentos - com essas dicas para
ficar mais paciente. Por Sandy Maynard
A paciência é uma virtude, correto? Para os TDAHs, pode ser
mais que isso. Para mim, parar, acalmar-me e ter paciência faz com que me torne
mais tolerante, composto, bem humorado e que aceite as circunstâncias que estão
fora do meu controle. Chamam a isso de serenidade, e algumas vezes é algo que
quero em maior dose. Sei que durmo melhor à noite quando não faço por impulso
escolhas que não posso mudar.
Por outro lado, a impaciência pode ser o adubo para o
comportamento impulsivo - comentários rudes que não podem ser consertados ou
conduta constrangedora da qual nos envergonhamos por meses. Para muitos de nós
com TDAH, ter paciência parece ser inatingível.
Mas não precisa ser. Podemos fazer exercícios que fortalecem
nossos "músculos da paciência". Ter paciência é desconfortável para
muitas pessoas com TDAH, porque não sabemos o que fazer para ter paciência ou
não exercitamos essa habilidade com frequência suficiente para que se torne um
hábito.
Acalmar-se, respirar fundo e deixar o tempo passar não é fácil e faz
sentir-se desconfortável de início, mas o desconforto de fazer algo diferente
desaparece à medida que o fazemos mais vezes. Muitas vezes não nos comportamos
de maneira relaxada porque não nos sentimos muito relaxados. Temos de fingir
para conseguir isso.
O primeiro passo é identificar as situações, atividades ou
indivíduos que desafiam nossa paciência. Algumas das minhas são: permanecer na
fila do correio, dirigir no tráfego congestionado, ficar sentado em reuniões
aborrecidas no trabalho, ficar esperando o micro-ondas estourar toda a pipoca,
ler e-mails excessivamente críticos, esperar na fila do caixa do supermercado,
e/ou estar envolvido em conversas intermináveis. O segundo passo é trabalhar e
desenvolver "os músculos da paciência" com exercícios.
Eis aqui algumas estratégias que funcionaram para os meus
clientes:
Acalmar-se quando envolvido pelo turbilhão
Thomas tinha uma história de amassar para-choques, e seus
prêmios de seguro refletiam isso. Começamos por construir seus "músculos
de paciência" fazendo com que ele dirigisse com menor velocidade. Ele se
comprometeu a dirigir até o trabalho nos horários fora do rush, a ficar na
faixa à direita (é a mais lenta), a dirigir dentro dos limites de velocidade, e
a não acelerar para se antecipar ao sinal vermelho. Foi frustrante para ele
fazer tudo isso, mas ele conseguiu com a ajuda de exercícios de respiração
profunda quando se sentia tenso. Ele disse que quando finalmente chegava ao
trabalho, encontrar um local livre no estacionamento apinhado parecia menos
incomodativo do que anteriormente porque ele tinha posto na mente o pensamento
"time takes time" (demora para pegar o ritmo). Ele chega no trabalho
com bom humor. Ter mais compostura permite que Thomas pense mais claramente
sobre o planejamento do seu dia, e ele fica menos propenso a agredir a primeira
pessoa que lhe fizer uma cobrança inesperada.
Resistir ao Pequeno Vestido Vermelho
Diane caminha por uma de suas lojas de roupas preferidas a
caminho de casa, vindo do trabalho, e frequentemente começa a ver as vitrines,
sem a intenção de comprar algo. A impulsividade geralmente vence quando alguma
roupa a atrai. Decidimos que ela deveria ir à loja e fazer uma lista de quanto
custaria se ela comprasse tudo que tivesse vontade. Nosso plano incluiu me
ligar antes de entrar na loja, mandar um torpedo enquanto estivesse na loja e
ligar depois de sair da loja.
Recebi um texto, depois da primeira chamada, dizendo que
havia um vestido vermelho sem o qual ela
não podia viver. Sugeri que ela saísse da loja, sabendo que o vestido estaria
lá no dia seguinte, e provavelmente no outro dia. Se não, o vendedor poderia
trazer o vestido de outra loja ou encomendar mais um. Passaram-se dois dias e
Diana me mandou um texto, dizendo que a vontade de comprar o vestido tinha
passado e que ter resistido economizou seu dinheiro.
Perca o Peso Uma Garfada Por Vez
Um dos objetivos de Jerry era perder peso e, embora tivesse
uma dieta saudável, ele comia depressa demais e exagerava nas calorias. Fizemos
um exercício de paciência para auxiliar Jerry a comer menos. Após uma garfada,
pedi que ele pusesse o garfo de lado, cruzasse as mãos no colo e esperasse
poucos segundos depois de engolir antes de segurar o garfo novamente.
Ele disse que foi difícil e esquisito, porque estava
acostumado a devorar a comida, mas afirmou que estava se esforçando, exceto
quando estava muito faminto e não conseguia comer devagar. Para essa situação,
sugeri que usasse "hashi" (pauzinhos). As duas estratégias ajudaram
Jerry a degustar mais seu alimento enquanto comia menos.
Pratique a Paciência
No mundo apressado de hoje, os TDAHs têm muitas
oportunidades de aumentar os "músculos da paciência". Você liga para
o suporte técnico para seu computador e é posto em espera. Não ponha o telefone
no viva voz e vá fazer outro trabalho. Apenas espere, prestando atenção em sua
respiração e permitindo que seus músculos tensos relaxem.
A maior parte do tempo ficamos impacientes porque nosso TDAH
nos faz ficarmos atrasados, e nos tornamos mais impacientes quando nos
encontramos presos no tráfego ou esperando um ônibus que está atrasado. Aceite
o fato de que não há nada que possa ser feito para chegarmos mais depressa, e
aproveite a pressão de estar atrasado para praticar sua calma. Você chegará
calmo e atrasado, em vez de estressado, rabugento e atrasado.
Sandy Maynard é uma pioneira em "coaching" para
TDAH e trabalha em Washington, D.C. há duas décadas.
ADDitude/2013
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