quinta-feira, 3 de julho de 2014

347- São seguros os "feriados" de medicamento para o TDAH?


Você está pensando e dar uma parada na medicação para o TDAH nessas férias? Eis aqui o que você precisa saber sobre os prós e os contras de fazer "feriados" de medicação - e qual a melhor maneira de tentar parar ou fazer uma redução da dose. Por Carl Sherman e os editores de ADDitude.

Dar uma parada na medicação

Para muitos de nós, a medicação para o TDAH é um fato da vida. Assim é, também, parar de tomar a medicação - ou querer parar de tomar. Tomar comprimidos dia sim dia não pode ser uma dificuldade para adultos, pais e filhos - mas assim também é o reaparecimento dos sintomas que frequentemente acompanham uma diminuição ou a parada da medicação para o TDAH. Como você aborda a decisão de fazer feriados de remédio, entretanto, faz toda a diferença no tratamento do seu TDAH. Eis aqui o que você precisa saber.

Por que os pais interrompem a medicação para o TDAH?

Em recente pesquisa de ADDitude, 48% dos pais disseram que planejavam fazer uma pausa na medicação para o TDAH nas férias. As razões eram tão variadas quanto os 200 indivíduos pesquisados, entretanto motivações em comum incluíam:

* 64%: Diminuição do apetite ("Eu esperava que ele melhorasse")
* 60%: Avaliação dos sintomas ("Queria ver se tinha melhorado")
* 58%: Somente para o aprendizado ("Só dou nos dias de aula")
* 52%: Férias escolares ("Sempre paro nas férias")
* 38%: Efeitos colaterais (Meu filho não gosta do jeito que ele fica")

Os "feriados" de medicação para o TDAH funcionam?

Dos 59% de pais que disseram que pararam ou diminuíram os medicamentos para TDAH de seus filhos nas últimas férias, só a metade considerou o "feriado" um sucesso. 41% disseram que uma diminuição na medicação para o TDAH causou mais problemas que soluções; 59% acharam a parada positiva. Muitos pais relataram "problemas com o controle dos impulsos", "falta de foco", "estresse emocional" e um caos na organização do lar que os levaram a abandonar o "feriado de medicação" ou ficar ao menos com uma pequena dose.

Boas experiências com os "feriados de medicação"

Aproximadamente 10% das pessoas pesquisadas disseram que o "feriado de medicação" foi um sucesso tão grande que eles "nem mais se lembraram de medicação até a volta às aulas". Os benefícios citados da parada da medicação incluíam aumento de peso, menos mudanças de humor e menos desafio. Outros pais com crianças diagnosticadas com o tipo desatento do TDAH disseram que, sem o trabalho escolar de casa para ser feito, a medicação não tinha sido necessária nas férias escolares.

Um pequeno teste de descontinuação

Muitas pessoas escolheram parar a medicação porque elas "se sentiam bem". Elas pensavam: Eu me sentirei tão bem se parar a medicação? Não é uma má questão, diz Timothy Wilens, M.D. Mas, há um jeito certo e um jeito errado de parar a medicação. "Eu indico uma tentativa de descontinuação se a pessoa estiver livre de sintomas por vários meses", diz Wilens. "O que você quer saber é se a medicação foi a responsável por toda a melhora, ou se o transtorno melhorou por si".

Eu superei o TDAH

O TDAH é um transtorno neurológico crônico, mas às vezes ele parece que desaparece. Os estudos sugerem que muitas crianças com TDAH superam aspectos do transtorno antes de chegar à idade adulta. Por quê? Alguns pesquisadores teorizam que o processo de maturação do cérebro, que dura décadas, gradualmente repara os circuitos cerebrais errados associados ao TDAH. Outros atribuem a melhora à gradual aquisição de habilidades de adaptação. Se os sintomas são leves, e as habilidades de adaptação também foram aperfeiçoadas, diz Wilens, a medicação se torna desnecessária.

Até logo, efeitos colaterais

Mesmo em casos nos quais a medicação ainda atue, os efeitos colaterais podem ser insuportáveis. Essa é uma razão comum para que tanto crianças quanto adultos com TDAH façam uma parada da medicação quando eles conseguem. "Fiquei livre dos remédios por várias vezes", diz Robert Jergen, Ph.D., 36 anos, professor associado de educação especial na Universidade de Wisconsin, em Oshkosh. "Algumas drogas causavam dor intestinal. Outras faziam meu coração disparar. Uma foi eficaz em reduzir minha hiperatividade, mas eu não conseguia dormir. A última medicação que usei fez com que minha ereção ficasse difícil de surgir e de ser mantida, e provocou tiques vocais".

Como parar a medicação

Se você está pensando em abandonar a medicação, os especialistas alertam que deva fazer isso somente com a aprovação do seu médico. Ele pode lhe dar a luz verde, ou pode lhe sugerir outras opções, tais como associar psicoterapia ou TDAH "coaching" (treinamento) ao seu tratamento medicamentoso. Seu médico pode ser capaz de aliviar suas preocupações por meio do ajuste das doses da medicação ou pela troca por nova medicação. "Um monte de gente não sabe quantas medicações existem para o TDAH", diz Michele Novotni, Ph.D., psicóloga em Pennsylvania.

Dúvida sobre a segurança da medicação

Não pare a medicação do seu filho porque uma notícia de jornal ou no Facebook fala sobre a segurança da medicação. Fale com seu médico sobre as preocupações antes de fazer uma mudança. Dr. Adesman conta sobre o pai de um paciente que queria parar de dar a Ritalina para o seu filho. "O pai estava preocupado por causa de uma notícia que sugeria que as crianças que tomavam Ritalina eram mais propensas a ter câncer", diz Adesman. Esta acusação não foi provada. Depois que Adesman explicou isso, o pai abandonou sua decisão de tirar a medicação do filho, a qual estava sendo muito eficaz.

Adie o julgamento

Não seja muito apressado para declarar o sucesso ou o fracasso. Os estimulantes saem do corpo em horas, mas medicamentos como o Strattera podem continuar a controlar os sintomas por vários dias, talvez semanas, após a última dose. Quando você para a medicação, a hiperatividade volta rapidamente, mas a concentração dificultada e os problemas de organização podem levar até seis meses para se tornarem evidentes. Você pode decidir voltar à medicação. Se for assim, tenha em perspectiva a experiência. Você aprendeu algo valioso.


ADDitude.

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