terça-feira, 15 de julho de 2014

350 - TDAH - ADHD - O registro da memória de acontecimentos recentes


A memória de acontecimentos recentes pode ser mantida por um pequeno número de neurônios distribuídos em meio aos hipocampos do cérebro, é o que sugere um novo estudo. Entender como o cérebro armazena memórias fornecerá explicações sobre os problemas de memória que surgem com o envelhecimento normal e com a demência.

Os hipocampos têm um papel crítico na memória. As pesquisas antigas sobre a memória focalizavam a memória semântica - lembrar-se de fatos, tais como pessoas famosas e referências. A exposição a uma face em particular ou a um local se torna ligada a um pequeno número de neurônios nos hipocampos; esses neurônios então disparam quando a memória é recuperada. Mas como o cérebro forma memórias episódicas - as memórias dos acontecimentos ou eventos - ainda não é bem compreendido.

Os pesquisadores propuseram ao menos três modos diferentes pelos quais o cérebro pode codificar memórias episódicas. Em um esquema "localista", um neurônio sozinho poderia codificar uma memória, e cada memória seria ligada à atividade de um neurônio. Em um esquema completamente distribuído, cada memória seria codificada por um padrão de atividade entre muitos neurônios. Em um esquema de distribuição esparsa, cada memória seria codificada pela atividade de uma pequena quantidade de neurônios, e cada neurônio contribuiria para poucas memórias.

Um grupo de pesquisadores liderados pelo Dr. Peter N. Steinmetz do Barrow Neurological Institute em Fênix, Arizona, e pelos Drs. John T. Wixted e Larry R. Squire, da University of California, San Diego, investigou como as memórias episódicas são codificadas. Seu estudo foi financiado em parte pelo National Institute of Mental Health (NIMH) e pelo National Institute on Deafness and Other Communications Disorders (NIDCD). Foi  publicado online em 16 de junho de 2014, no Proceedings of the National Academy of Sciences.

Os cientistas foram capazes de explorar os mecanismos de memória em neurônio isolado, pelo estudo dos cérebros de 9 pacientes com grave epilepsia, que estavam sendo tratados no Barrow Neurological Institute. Os pacientes tinham eletrodos de profundidade implantados em várias estruturas cerebrais, incluindo os hipocampos. Esses finos eletrodos são usados para apontar com precisão regiões do cérebro que causam as convulsões, para possível remoção cirúrgica. Eles também podem ser usados para reunir informação a respeito de como as células individuais processam as memórias.

Os pacientes primeiramente eram solicitados a estudar 32 palavras alvo. Eles então faziam um teste de reconhecimento de palavras com os 32 alvos da lista de estudo e 32 palavras para despistar, que não estavam na lista. Eles deram notas para as palavras em escala de 8 pontos, de 1, quando eles tinham certeza de que eram novas, a 8, quando tinham certeza de que eram as velhas. Cada um dos 64 itens do teste foi apresentado somente uma vez para assegurar que os alvos, mas não as de despiste, estavam representadas por uma memória episódica. Se os itens tivessem sido apresentados várias vezes, os resultados poderiam simplesmente acender neurônios que respondem a memórias semânticas já estabelecidas a longo tempo, em vez das palavras recentemente estudadas.

Juntos, os pacientes completaram um total de 18 testes. Os cientistas descobriram que uma pequena porcentagem de neurônios registrados (menos de 2%) respondia a somente um alvo. Do mesmo modo, uma pequena porcentagem de alvos (cerca de 3%) evocou uma forte resposta em qualquer um dos neurônios. Esse padrão sugere que o hipocampo humano usa um código de distribuição esparsa para guardar memórias episódicas.


"Para realmente entender como o cérebro representa a memória, precisamos entender como a memória é representada pelas unidades computacionais fundamentais do cérebro - os neurônios isoladamente - e suas redes" diz Steinmetz. "Saber o mecanismo da guarda de memória e de sua recuperação é um passo crítico na compreensão de como fazer um tratamento melhor para as doenças que causam demência, que atingem a crescente população idosa. 

Por Harrison Wein, Ph.D

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