O TOC é difícil de entender e de
manejar, mas é possível ser controlado! Veja, a seguir, o que você precisa
saber sobre o transtorno obsessivo-compulsivo. Por Roberto Olivardia, Ph.D.
O transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC) é uma doença mental incômoda, que atinge aproximadamente 1 em 100
pessoas, ou 3 milhões de adultos, e 1 em 200 crianças e adolescentes, ou 500
mil jovens, nos Estados Unidos. As pessoas com TOC, e que também foram
diagnosticadas com TDAH, têm muito trabalho para lidar com os dois problemas.
O ABC do TOC
O TOC é caracterizado por
obsessões e/ou compulsões. Obsessões são pensamentos persistentes, ou imagens
que são inoportunas, intrusivas, e causam estresse e ansiedade. Preocupações
com os problemas da vida real não são a mesma coisa que obsessões. As pessoas
com TOC tentam ignorar as obsessões ou neutralizá-las com algum pensamento ou
ação. Mesmo que a lógica diga que as obsessões são irracionais, é difícil
ignorá-las.
Obsessões comuns incluem
contaminação (medo de contrair uma doença), dano (medo de ser responsável por
algo de mal que aconteça com uma pessoa amada), perfeccionismo (uma necessidade
de ter tudo simétrico, tudo correto, ou ideal), escrúpulos ou obsessões
religiosas (medo de ofender a Deus), e pensamentos intrusivos sexuais ou
violentos.
Compulsões são comportamentos
físicos repetitivos (tais como lavar as mãos ou rezar) ou atos mentais (tais
como dizer palavras silenciosamente, contar, criar imagens) que uma pessoa se sente
compelida a fazer para não fazer ou para controlar a obsessão. A compulsão pode
não ter nada a ver com a obsessão.
Compulsões comuns incluem
conferir (ligar para um membro da família para ter certeza de que seu
pensamento de eles terem sofrido algum mal, de fato não causou mal a eles),
lavar e limpar, rituais mentais (contar, rezar, rever cada momento do dia para
ter certeza de que não cometeu nenhum ato ofensivo), e evitação (recusa de ir à
escola dos filhos por medo de se expor aos germes).
Tal como o TDAH, o TOC tem um
forte componente genético e tende a ocorrer em famílias. Embora alguém com TOC
possa não ter um membro da família com TOC, ele provavelmente terá um membro da
família com um transtorno do espectro do TOC: anorexia nervosa, transtorno dismórfico
corporal, transtorno de ansiedade social, tricotilomania (arrancar compulsivo
dos cabelos), dermatotilomania (transtorno de escoriação), transtorno de
pânico, hipocondria, acumulação, transtorno de Tourette, ou transtornos do
espectro autista. O TOC tem uma forte base biológica. Os estudos descobriram
desequilíbrios químicos do neurotransmissor serotonina associados ao TOC. Uma
grande massa de pesquisa tem sugerido que os gânglios basais e os lobos
frontais do cérebro não funcionam corretamente nos pacientes com TOC, levando a
pensamentos rígidos, obsessivos e a movimentos repetitivos.
A idade de início do TOC
geralmente cai em duas faixas de idade. A primeira é entre as idades de 10 e 12
anos, a segunda é no final da adolescência e início da idade adulta.
Os sintomas do TOC interferem com
o funcionamento social, acadêmico, ocupacional e da vida diária. A batalha
exaustiva com o TOC resulta em baixa autoestima, depressão, problemas com abuso
de substâncias, problemas de relacionamento, fracasso escolar e problemas no
trabalho.
Como o TOC e o TDAH se relacionam um com o outro?
Não está claro quantas pessoas
com TDAH têm TOC, mas os estudos têm focado na prevalência de TDAH na população
com TOC e estimam que aproximadamente 30% dos pacientes com TOC também têm
TDAH.
À primeira vista, TDAH e TOC
podem ser vistos como condições clínicas opostas. Os portadores de TDAH são
caracterizados por serem espontâneos, impulsivos e orientados para o prazer e a
estimulação. Os portadores de TOC tipicamente são metódicos, compulsivos
(pensam muito antes de agir), e orientados a evitar tudo que possa gerar
ansiedade.
Entretanto, se os dois transtornos
forem considerados em termos de funções executivas, fica claro que os
portadores de TOC têm algum déficit de atenção e de funções executivas
semelhantes aos dos que têm TDAH.
> As pessoas com TOC têm um problema com a atenção seletiva.
Elas prestam muita atenção a algo que elas vêem como uma ameaça.
> Elas acham que é difícil
afastar-se de certos estímulos, e são incapazes de filtrar dados irrelevantes,
para que não se esqueçam de algo que possa trazer uma consequência negativa.
> Priorizar pode ser desafiador.
Um estudante com perfeccionismo freneticamente anota tudo que o professor fala
na sala de aula. Para o estudante, não anotar tudo pode significar que ele
perderá a lição. Entretanto, isso pode levar o aluno a perder a noção geral do
assunto.
> Os que têm TOC são incapazes
de filtrar os pensamentos obsessivos, que são uma distração das tarefas.
> Os que têm TOC apresentam
déficits cognitivos nas tarefas de memória visual, quando prestam atenção em um
pequeno detalhe e não podem lembrar-se do problema maior.
Os estudos têm demonstrado que
ter TOC e TDAH está associado a mais problemas de atenção, sociais, acadêmicos
e familiares do que ter cada um deles isoladamente. A idade de início do TOC é
mais cedo nos que também têm TDAH.
Tratamento do TOC
Duas intervenções se
demonstraram, por numerosos estudos, eficazes no tratamento do TOC. A primeira
é a TCC - Terapia Cognitivo Comportamental,
especificamente a Terapia de Prevenção de Resposta à Exposição (TPRE). A
segunda é a medicação. A parte cognitiva da TCC focaliza atingir os pensamentos
negativos, identificar as distorções e reprogramar os pensamentos com uma visão
correta.
O tratamento mais importante do
TOC é a TPRE. Implica a confrontação do pensamento, imagem, objeto ou situação
que faz a pessoa com TOC ficar ansiosa. A TPRE também implica confrontação de
um sintoma exagerado do TOC. Se alguém evita tocar uma maçaneta, por medo de
contaminação, um terapeuta de TPRE fará
a pessoa por suas mãos no assento da privada de um banheiro público por 15
minutos.
A prevenção de resposta se refere
a fazer uma escolha de não ter o comportamento compulsivo depois da exposição.
Não lavar as mãos ao menos por uma hora depois de ter tocado o assento da
privada. Nenhum ritual mental para desfazer o pensamento ofensivo. A TPRE
trabalha com a noção de que o que sobe, precisa descer. O propósito é aumentar
o nível de ansiedade, enfrentá-la, sem evitação, até que o corpo,
eventualmente, a tolere.
A medicação é muito eficaz para o
tratamento dos sintomas do TOC. A classe de medicamentos mais eficiente é a dos
antidepressivos conhecidos como Inibidores Seletivos da Recaptação de
Serotonina (ISRS). Entre eles estão fluvoxamina, sertralina, citalopram,
escitalopram, fluoxetina e paroxetina. Esses medicamentos aumentam a quantidade
de serotonina no cérebro.
Os medicamentos para o TOC não
pioram os sintomas do TDAH. Entretanto, a medicação estimulante para o TDAH
pode, às vezes, fazer piorar os sintomas do TOC. Pacientes com TDAH e TOC às
vezes acham que os estimulantes pioram sua capacidade de prestar atenção em
tudo, exceto em suas obsessões. Para outros, os estimulantes podem afetar
positivamente o TOC, ou podem não ter nenhum efeito sobre os sintomas do TOC. A
psicoterapia também é útil face às dificuldades relacionadas com o TOC, tais
como a vergonha e a baixa autoestima. A terapia de casais e a terapia de
família também são recomendadas.
O essencial é trabalhar com os
especialistas em TDAH e TOC. Nem todos os terapeutas são treinados em TCC ou em
TPRE. Se você tiver TOC, seu terapeuta deverá ter experiência em seu
tratamento. o tratamento correto pavimentará a via para uma vida livre de obsessões
e compulsões torturantes.
TDAH versus TOC: desembaralhando os sintomas
É importante diagnosticar
corretamente os sintomas quando alguém sofre com o TOC, TDAH, ou ambos.
Quando as pessoas têm os dois, um
deles geralmente passa despercebido. A seguir, alguma maneiras comuns pelas
quais o TDAH ou o TOC podem não ser diagnosticados ou confundidos um com o
outro:
1- O TDAH é menos diagnosticado
na população adulta com TOC, por causa da falta de reconhecimento do TDAH em adultos
2- É senso comum que todos os que
têm TDAH fracassam academicamente, quando muitos com TDAH se desempenham
adequadamente nas atividades escolares. Os pacientes que têm ambos os
transtornos relatam que seu TDAH torna a escola difícil, mas os sintomas do TOC
mascaram seus esforços, criando grave ansiedade em relação ao fracasso.
3- O TDAH desatento é
sub-diagnosticado, assim, a falta de sintomas de hiperatividade pode resultar
no não aparecimento do TDAH no radar das pessoas que têm TOC e TDAH.
4- Às vezes, os sintomas do TDAH
e do TOC se misturam ou um imita o outro. Um paciente com os dois transtornos
tem de arrumar seu quarto meticulosamente antes de escrever um relato, dizendo
que ficaria muito distraído se houvesse qualquer desarrumação ou bagunça em seu
quarto. Embora o comportamento de limpeza possa ser visto como TOC, ele é mais
devido ao seu TDAH. Quando ele não tem de escrever um relato, ele não se
importa com um quarto bagunçado.
5- Outra confusão comum é a que
ocorre entre a especificidade relacionada ao TDAH e o perfeccionismo
relacionado ao TOC. Uma pessoa pode ter preferência por uma caneta específica
para escrever, ou usar um certo modelo de roupa para ir às aulas. Tudo isso é
para criar um ambiente ótimo para prestar atenção.
Além disso, certos TDAHs são
sensíveis a algumas texturas, roupas e sons. Isso pode ser incorretamente
diagnosticado como perfeccionismo do TOC, que é diferente. O perfeccionismo do TOC
é mais sobre um desejo de atingir uma "moral correta". Se alguém
fracassa em atingir a perfeição, a pessoa é imoral ou má e se sente
desvalorizada. às vezes é difícil dizer por que alguém precisa que as coisas
sejam perfeitas. As pessoas com TOC geralmente procuram o sentimento "bem
correto", o que é menos que uma experiência sensorial. Alguém pode lavar
as mãos 30 vezes e obter o sentimento "bem correto" na trigésima vez,
mesmo que a experiência sensorial tenha sido idêntica nas 30 vezes.
6- O hiperfoco visto nos TDAHs o
foco exagerado visto no TOC podem ser confundidos um com o outro. Hiperfoco é
um nível intenso de atenção quando os TDAHs se sentem produtivos e fluidos.
Isso é muito diferente de ter o foco exagerado, o que deixa alguém paralisado e
preso.
7- O TOC pode ser ignorado em
populações TDAH por causa dos falso conceito sobre o TOC. Uma ideia errada
comum é a de que todas as pessoas com TOC são limpas e altamente organizadas. Ser
bagunçado não exclui o diagnóstico de TOC, porque há muitas manifestações do
TOC.
Roberto Olivardia, Ph.D. -
ADDitude
tenho tdah e toc, o toc eu mesmo descobri aos 20 e poucos anos, mas o tdah, somente aos 38 e desenvolvi mais umas 4 outras co - morbidades (espectros do toc, etc)...comtacte - me! sou prof. ed. física, cpm 46 anos, mas há 9 anos afastado....enfim, estou limpo de uma droga terrível e álcool...9 anos entra e sai de clínicas...16 internações. meu email é honor_355@hotmail.com mas a vida pçerdeu totalmente o sentido p/ mim....
ResponderExcluirContinue com seu tratamento psiquiátrico.
ResponderExcluirobrigado
ExcluirA página é muito boa, mas a gente não consegue compartilhar as publicações no face
ResponderExcluirMeu filho de 8 anos tem TDAH toma ritalina e rispiridona a pediatra acha que ele também tem TOC anda muito chorão nervoso e todas as mulheres que vê na rua quer beijar e abraçar abençoando as e faz isso várias vezes ..muitas vezes tenho que entervir de tanto que beija e abraça e se não deixo ele entre numa crise de choro.
ResponderExcluirEstou muito preocupada pois outras manias que vi do TOC não tem somente o nervoso choro mania de cantar o que acha na rua.