quarta-feira, 19 de outubro de 2022

 Menopausa, Hormônios e TDAH: o que sabemos; que pesquisa é necessária (parte 2)

Por Jeanette Wasserstein, PH.D.

Intervenções Farmacológicas

Os seguintes tratamentos e intervenções têm como alvo neurotransmissores que são afetados pela perda de estrogênio e, portanto, podem ajudar mulheres com TDAH durante a menopausa. Ginecologistas (com expertise em manejo hormonal da menopausa) em conjunto com psiquiatras podem formar a equipe de atendimento desses pacientes.

  • A reposição de estrogênio, uma forma de hormonioterapia (TRH), é um tratamento comum para ajudar a aliviar ou diminuir os sintomas da menopausa. Os pacientes devem consultar seus médicos sobre essa intervenção. Pesquisas recentes mostram que a forma combinada de estrogênio-progesterona de TRH pode aumentar o risco de câncer de mama, mas o risco é bastante baixo. Estudos sobre TRH somente de estrogênio são inconclusivos, com alguns indicando nenhum ou mesmo risco reduzido para câncer de mama, enquanto outros indicam algum (baixo) risco de câncer de mama. No geral, pesquisas recentes sugerem que o risco de uso de qualquer tipo de TRH é menor do que o relatado anteriormente na literatura. Quanto a outros benefícios, estudos mostram que o TRH, se iniciado dentro de 10 anos da menopausa, reduz a mortalidade por todas as causas e os riscos de doença coronariana, osteoporose e demência.

  • Estimulantes, que aumentam a disponibilidade de dopamina, são conhecidos por melhorar os sintomas do TDAH e o funcionamento executivo.

  • A adição de uma dose baixa de estrogênio pode ajudar a aumentar os efeitos estimulantes. Formas transdérmicas de estrogênio podem ser melhores para minimizar efeitos colaterais sistêmicos. (As doses estimulantes podem ser ajustadas com a adição de estrogênio.)

  • Inibidores seletivos de recaptação de serotonina (SSRIs) podem ajudar a regular o humor/depressão e reduzir os sintomas de ansiedade.

  • S-adenosylmethionine (SAMe) tem mostrado ter propriedades antidepressivos e pode ser uma alternativa promissora ao SSRI para aqueles que os acham difíceis de tolerar.

  • Os inibidores de acetilcolinesterase, como o Aricept, são aprovados para tratar déficits cognitivos associados ao Alzheimer. Fora da bula, eles têm sido usados para tratar TDAH com resultados variados. Esta classe de drogas pode ser usada em conjunto com estimulantes e/ou estrogênio para ajudar mulheres na menopausa com TDAH.

Intervenções não farmacológicas

  • Psicoterapia: A terapia cognitiva comportamental (TCC) pode ajudar a construir e apoiar a função executiva e outras habilidades cognitivas (gerenciamento do tempo, planejamento, etc.) afetadas pela menopausa. A terapia de comportamento dialética (DBT) pode ajudar na regulação emocional e na labilidade de humor.

  • Psico educação: Compreender a transição da menopausa e seus sintomas pode melhorar a resposta do paciente.

  • Práticas baseadas em mindfulness podem aliviar os sintomas da menopausa.

  • Mudanças no estilo de vida e hábitos saudáveis (exercício, sono, redução do estresse, etc.) também podem contrariar os sintomas da menopausa.

Embora haja interesse na eficácia de fitoestrogênios, ervas e outros suplementos, a pesquisa não estabeleceu claramente se essas abordagens naturais tratam efetivamente os sintomas da menopausa. Os pacientes que preferirem essa rota devem consultar médicos naturopáticos.

Menopausa e TDAH: Conclusões

A perda de estrogênio durante os três estágios da menopausa afeta vários neurotransmissores importantes que regulam a função cognitiva e a emoção, fazendo com que algumas mulheres experimentem alterações físicas e cognitivas que variam de leve a grave. Não sabemos como prever quem vai experimentar essas deficiências ou por quê. Além disso, os sintomas da menopausa imitam inequivocamente os sintomas do TDAH, podendo até ser um mecanismo para o "TDAH de início adulto".

A pesquisa ainda não determinou se mulheres com são mais afetadas, ou afetadas de forma diferente, pela menopausa. Mas dado o que sabemos sobre os desafios associados ao TDAH, e o impacto da perda de estrogênio no funcionamento executivo em mulheres não-TDAH, podemos assumir com segurança que mulheres com TDAH são mais vulneráveis a desafios durante a menopausa. Os tratamentos para mulheres na menopausa com TDAH devem levar em conta as várias considerações que discutimos aqui. Não tente automedicação. Procure sempre a orientação de um médico.


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