quarta-feira, 3 de abril de 2013

275- O Mau Uso e o Abuso de Medicamentos Para o TDAH – Uma Revisão Atualizada


O Mau Uso e o Abuso de Medicamentos Para o TDAH – Uma Revisão Atualizada. Por David Rabiner, Ph.D.
O mau uso e o abuso de medicamentos receitados é uma preocupação crescente. Lembro-me de falar com colegas médicos há 15 ou 20 anos atrás, quando os relatos sobre o uso não médico de medicamentos estimulantes utilizados no tratamento do TDAH estavam começando a aparecer na mídia (o uso não médico é definido como o uso por indivíduos sem a receita médica). Naquele tempo, pensava-se que eram incidentes isolados que estavam sendo superdramatizados pela imprensa.

Entretanto, tornou-se claro que esse não é o caso atualmente e que o uso não médico de medicamentos para o TDAH, assim como o mau uso pelos indivíduos aos quais o medicamento foi receitado, é um problema importante. A seguir, uma breve revisão e resumo da pesquisa sobre estes assuntos.
O quanto é comum o uso não médico de medicamentos estimulantes?
Entre 2000 e 2011, a prevalência anual do uso não médico de anfetaminas – que inclui drogas usadas para tratar TDAH, mas não se limita aos medicamentos para o TDAH – declinou de 6,5% para 3,5% entre os alunos do oitavo grau, de 11,7% para 6,6% para os do décimo grau, e de 10,5% para 8,2% para os do décimo segundo grau. Entre os estudantes de faculdade, entretanto, a taxa cresceu de 6,6% para 9,3%. Para os adultos fora da faculdade, com idades de 19 a 28 anos, a taxa também cresceu – de 5,4% para 7,2%. Esses dados são do Monitoring the Future Study, uma avaliação anual do uso de drogas e de álcool, conduzida com uma amostra nacionalmente representativa. Você pode achar os resultados da avaliação de 2011 online em www.monitoringthefuture.org/pubs/monographs/mtfoverview2001.pdf
Esses dados podem subestimar o uso não médico de estimulantes para o TDAH porque a avaliação do MTF não perguntou sobre todos os medicamentos amplamente receitados e os indivíduos que usavam medicamentos não mencionados podem inadvertidamente deixar de mencionar o uso não médico.
Com que frequência os indivíduos fazem o uso não médico?
A pesquisa publicada sobre a frequência do uso não médico focalizou os estudantes de faculdade. Os resultados obtidos das bases de dados representativas nacionais de estudantes de faculdade indicam que 32% de usuários não médicos usaram somente uma vez no ano anterior, 45% usaram de 2 a 10 vezes, e 19% usaram mais de 11 a 15 vezes. Em um estudo na população em geral, 30% dos usuários não médicos disseram ter usado somente de 1 a 2 vezes por ano, enquanto 70% disseram ter usado 3 ou mais vezes.
Embora a maioria dos indivíduos que fizeram uso não médico usou somente a via oral de administração, relatos de amassamento e aspiração não são incomuns. De fato, isso foi relatado por aproximadamente 20% dos usuários não médicos em um estudo recentemente publicado sobre estudantes universitários.
Onde conseguem medicamentos os que não têm receita?
A grande maioria dos usuários não médicos entre os estudantes de faculdade obtém medicação de um amigo com receita. Os resultados de vários estudos indicam que os estudantes com receitas são geralmente abordados por colegas solicitando seus medicamentos. Pesquisa com estudantes da escola média e do colegial torna claro que os estudantes mais jovens são também abordados por causa dos seus medicamentos, embora no que pareça ser uma taxa menor do que para os estudantes de faculdade.
Fingir TDAH para obter medicação é também uma preocupação crescente. Estudos com estudantes universitários sugerem que muitos que se encaminham para uma avaliação sobre TDAH exageram seus sintomas, talvez para obter a medicação estimulante. Em um estudo com adultos não universitários, 20% dos que fizeram uso não médico relataram que fingiram TDAH para obter uma receito do médico.
Quais são as características dos usuários não médicos de medicamentos para o TDAH?
Reportagens na imprensa popular algumas vezes implicam que tomar medicação para o TDAH sem uma receita médica tornou-se um comportamento quase normal entre os estudantes universitários, parte de um estilo de vida “trabalhe duro, divirta-se a valer”. Entretanto, a pesquisa não confirma essa visão.
Múltiplos estudos conduzidos com populações de universitários indicam que comparados a seus colegas, os usuários não médicos:
têm taxas mais altas de uso de drogas e de álcool.
têm desempenho acadêmico inferior.
• relatam significativamente mais problemas com atenção.
Taxas mais altas de uso de substâncias também foram encontradas entre os usuários não médicos de medicamentos para o TDAH na população adulta em geral.
Assim, mesmo não sendo o comportamento normal, parece que muitos indivíduos que aderem ao uso não médico também fazem mau uso de outras substâncias e, ou, sentem que os problemas de atenção estão prejudicando sua capacidade para ter sucesso.
Quais são as principais motivações para o uso não médico dos medicamentos para o TDAH?
A maioria das pesquisas sobre os motivos para o uso não médico foi conduzida com estudantes universitários. Entre os estudantes, a principal motivação para os usuários não médicos é o aumento do desempenho acadêmico, especialmente a capacidade de prestar atenção e focar enquanto está estudando. Entretanto, outros motivos também são relatados por uma minoria significativa de indivíduos, incluindo o “para ficar ligadão”.
Quais são as consequências do uso não médico da medicação para o TDAH?
A vasta maioria dos estudantes universitários que se envolveram com o uso não médico para aumentar seu desempenho acadêmico acredita que isso seja útil. Em um estudo, 70%  classificou o impacto geral do uso não médico como sendo “positivo” ou “muito positivo”  e somente 5% classificou o impacto geral como “negativo” ou “muito negativo”.
Isso é surpreendente porque não há nenhum dado que indique que o uso não médico realmente melhore o desempenho acadêmico. Uma revisão recente concluiu que “... os efeitos cognitivos de estimulantes em adultos sadios não podem ainda ser caracterizados definitivamente...”.
Além disso, a maioria dos trabalhos sobre esse assunto é conduzida em situação de laboratório e examina o impacto da medicação estimulante em pesquisa de medidas do desempenho cognitivo. Não se sabe se tomar estimulantes para varar a noite estudando melhora o desempenho no exame no dia seguinte. De fato, uma hipótese plausível é que os estudantes, que atrasam os estudos porque acham que os estimulantes os ajudarão a aprender na noite anterior, terão desempenho pior do que se tivessem se preparado usando uma estratégia mais razoável.
Consequências adversas
Efeitos colaterais – Embora muitos estudantes no estudo mencionado acima relataram efeitos gerais positivos do uso não médico, os efeitos adversos também foram frequentemente relatados. Esses incluíam dificuldades de sono  (relatadas por 72%), irritabilidade (62%), tonturas e sensação de cabeça oca (35%), cefaleias (33%), dor no estômago (33%) e tristeza (25%).
Além disso, cerca de 5% acreditam que o uso não médico tenha contribuído para seu uso de outras medicações e de drogas ilícitas. Aproximadamente 10% relataram preocupações ocasionais sobre a obtenção da medicação estimulante e sobre tornar-se dependente dela. Acima de 10% acreditavam que precisavam de estimulantes para melhorar seu desempenho acadêmico. Essa não parece ser uma boa opinião para se ter.
Abuso e dependência – O abuso potencial de estimulantes quando feito por indivíduos sem TDAH foi documentado em vários estudos, embora isso seja reduzido com as formulações de longa-ação. Embora seja limitada a informação de quão frequentemente o uso não médico de estimulantes para o TDAH preencha os critérios para abuso de estimulantes ou para a dependência, dados do 2002 National Survey on Drug Use and Health mostrou que aproximadamente 5% dos indivíduos que relataram uso de medicação para TDAH no ano anterior atingiam os critérios de triagem para essas desordens.
Reações adversas – Entre 2005 e 2010 o número de visitas ao departamento de emergência resultante de uso não médico de drogas estimulantes aproximadamente triplicou, de 5.212 para 15.585. O número de visitas ao departamento de emergência relacionado a reações adversas a estimulantes para TDAH receitados praticamente dobrou, de 5.085 visitas para 9.181 visitas.
Trinta e sete por cento de todas as visitas ao departamento de emergência relacionadas a medicação estimulante envolviam medicamentos exclusivamente estimulantes; o restante envolvia o uso de combinações com outras drogas – frequentemente outros medicamentos farmacêuticos – e álcool.
E sobre o mau uso e uso recreativo de medicação receitada?
O mau uso de medicação estimulante pelos que têm uma receita também é uma preocupação.
Embora a maior parte dos indivíduos use seus medicamentos estimulantes de maneira correta, o uso de modo que se desvia do previsto pelo médico que deu a receita não é incomum. Isso geralmente assume a forma de tomar o medicamento em doses mais altas ou mais frequentemente do que o receitado, o que tem sido relatado por entre 27% e 36% dos estudantes universitários em vários estudos. Entretanto, até 25% dos estudantes universitários relatam o uso de medicamentos para o TDAH para se sentirem mais “ligados” e até 30% têm relatado o uso em conjunto com álcool e/ou outras drogas.
Semelhante ao que foi encontrado para os usuários não médicos, o melhor desempenho acadêmico foi o motivo mais frequentemente citado e a maioria dos estudantes universitários que o fazem por esse propósito sentem que foi útil. Razões não acadêmicas para o mal uso, isto é, para se sentir melhor ou para emagrecer, foram relatadas como frequentes para o mal uso por relativamente pouso estudantes. Dados sobre os motivos para o mal uso de medicamentos receitados fora das amostras universitárias são limitados.
Como foi notado acima, o uso recreativo de medicação estimulante receitada é um problema significativo. Em estudos de estudantes universitários, doar ou vender medicamentos para os colegas foi relatado por 26% nos primeiros seis meses, 35% nos primeiros doze meses, e por 62% durante todo o curso. O desvio da medicação estimulante receitada – geralmente para amigos e parentes – também foi relatado por uma minoria significativa de adultos não universitários.
Conclusões
Preocupações  a respeito do uso não médico de drogas estimulantes para tratar o TDAH são confirmadas, com aproximadamente 10% dos estudantes universitários relatando isso em uma recente pesquisa de âmbito nacional; em alguns estudos, as taxas são ainda mais elevadas.
Embora o uso relativamente infrequente seja o mais comum, talvez 20% dos usuários “não médicos” o façam regularmente e se envolvem com o uso por via intranasal de administração. Grosseiramente, 5% dos usuários podem preencher os requisitos para abuso de estimulantes ou dependência de estimulantes, e visitas ao departamento de emergência associadas ao uso não médico estão aumentando.
Além do uso não médico, muitos indivíduos com receitas de medicamentos para o TDAH ocasionalmente fazem mau uso de sua medicação, tomando-a em doses mais altas ou com maior frequência do que a receitada; alguns fazem uso intranasal para ficarem “ligados” e em conjunto com outras drogas ou bebidas alcoólicas. Do mesmo modo que com o uso não médico, isso está associado a taxas mais altas de uso de outras substâncias. Medicação desviada para amigos e membros da família não é fato incomum e muitos são abordados para isso, colocando-os em risco repetido de se engajar em comportamento ilegal.
Para solucionar esses problemas, os médicos devem instruir seus pacientes sobre o abuso potencial de seus medicamentos, a necessidade de guardá-los em local seguro, e obter um compromisso de não doá-los a ninguém. As crianças e adolescentes podem precisar de tutoramento sobre como responder se abordadas por colegas pedindo sua medicação.
As faculdades devem considerar a revisão de suas polícias de conduta para controlar o mau uso e o desvio de medicação para o TDAH, propiciar aos estudantes locais seguros de guarda dos remédios e educar os alunos sobre os perigos em potencial associados ao uso não médico, especialmente quando usados com álcool e outras substâncias.
Referências – As informações fornecidas foram retiradas das seguintes fontes, entre outras:
Arria AM, Garnier-Dykstra, KM, Caldeira, KM, et al.: Persistent nonmedical use of prescription stimulants among college students: Possible association with ADHD symptoms. J Atten Disord 2011, 15:347-356.
Dupont RL, Coleman JJ, Bucher RH, Wilford BB. (2008). Characteristics and motives of college students who engage in nonmedical use of methylphenidate. The American Journal on Addictions 2008, 17:167-171.
 Garnier-Dykstra LM, Caldeira, KM, Vincent, KB, et al.: Nonmedical use of prescription stimulants during college: Four year trends in exposure opportunity, use, motives, and sources. J Am College Health 2012, 60:226-234. One of the few longitudinal studies of nonmedical use of stimulants.
 Johnston LD, O-Malley PM, Bachman, JG, et al.: Monitoring the Future national survey results on drug use, 1975-2011: Volume II, College students and adults ages 19-50. Ann Arbor: Institute for Social Research, The University of Michigan. Includes recent national data on nonmedical use of stimulant medications.
 McCabe SE, Teter, CJ. Drug use related problems among nonmedical users of prescription stimulants: a web-based survey of college students from a Midwestern university. Drug Alcohol Depen 2007, 91:69-76.
 Novak SP, Kroutil LA, Williams RL, Van Brunt DL. The nonmedical use of prescription ADHD medications: Results from a national Internet panel. Substance Abuse Treatment, Prevention, and Policy 2007, 2:32.
 Peterkin, AL, Crone CC, Sheridan MJ, Wise, TN (2010). Cognitive performance enhancement: Misuse or self-treatment? J Atten Disord 2010, 15:263-268.
 Rabiner, DL, Anastopoulus AD, Costello EJ et al.: Motives and Perceived Consequences of Nonmedical ADHD Medication Use by College Students: Are students treating themselves for attention problems? J Atten Disord 2009a, 13:259-270. Careful examination of motives for nonmedical use and association of nonmedical use with attention problems.
 Rabiner DL, Anastopoulus AD, Costello, EJ et al.: The misuse and diversion of prescribed ADHD medications by college students. J Atten Disord 2009, 13:144-153.
 Sepulveda DR, Thomas LM, McCabe, SE, et al.: Misuse of prescribed stimulant medication for ADHD and associated patterns of substance use: Preliminary analysis among college students. Journal of Pharmacy Practice 2011, 24:551-560.
 Sullivan, BK, May K, Galbally L. Symptom exaggeration by college adults in attention-deficit hyperactivity disorder and learning disorder assessments. Appl Neuropsychol 2007, 14:189-207.
 Upadhyaya HP, Rose K, Wang W, Brady KT. Attention-deficit/hyperactivity disorder, medication treatment, and substance use patterns among adolescents and young adults. J Child Adolesc Psychopharmacol 2005, 15:799-809.
Thanks again for your ongoing interest in the newsletter. I hope you enjoyed the above article and found it to be useful to you.
Sincerely, David Rabiner, Ph.D. Research Professor - Dept. of Psychology & Neuroscience - Duke University Durham, NC 27708

sábado, 23 de março de 2013

274- Sinais do TDAH: Sintomas nas mulheres



Uma lista prática de checagem de sintomas comuns do TDAH nas mulheres – consulte esta lista antes de procurar um diagnóstico de TDAH para si mesma ou para sua filha. Por Eunice Sigler.

Você tem sinais de transtorno de déficit de atenção (TDA/TDAH)? Sua filha tem? Somente um profissional de saúde mental pode lhe dizer com certeza, mas responder a esta lista de perguntas lhe dará uma ideia se você tem ou não o TDAH do adulto.

Quanto mais questões você responder de modo afirmativo, mais provável que tenha o TDAH. Leve a lista respondida ao seu médico.

Você se sente oprimido em lojas, no escritório ou em festas? Para você é impossível não se importar com sons e distrações que não incomodam os outros?

Tempo, dinheiro, papéis e coisas estão dominando sua vida e prejudicando a capacidade de atingir suas metas?

Você gasta a maior parte do seu tempo lidando com, procurando, corrigindo ou encobrido coisas e fatos? Você evita as pessoas por isso?

Você parou de convidar as pessoas para irem à sua casa por ter vergonha da bagunça?

Você tem dificuldade de controlar seu talão de cheques?

Você sente frequentemente que sua vida está fora de controle, que é impossível  satisfazer as exigências?

Você acha que tem ideias melhores do que as outras pessoas mas é incapaz de organizá-las ou de realizá-las?

Você começa cada dia determinado a ser organizado?

Você vê outras pessoas de inteligência e educação semelhantes às suas suplantá-lo?

Você se desespera por nunca realizar seu potencial ou atingir suas metas?

Você já se sentiu egoísta porque não escreve cartas de agradecimento ou envia cartões de feliz aniversário?

Você não tem noção de como os outros fazem para levar vidas consistentes e normais?

Você é chamado de “mal-educado” ou de “desligado”? Você está “se passando por normal”? Você se sente como um impostor?

Listas de sintomas estão disponíveis em addvance.com/help/women/girl_checklist.html  e addresources.org/article_adhd_checklist_amen.php assim como em sarisolden.com/checklist.html  (o site de onde as perguntas acima foram adaptadas)

quinta-feira, 21 de março de 2013

273- Depressão e violência doméstica aumentam o risco de TDAH em crianças.



Crianças em idade pré-escolar cujos pais sofrem de depressão e em cujos lares existe violência doméstica têm mais probabilidade de desenvolver transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) até os 6 anos de idade, segundo sugere nova investigação publicada na revista JAMA Pediatrics.

O estudo prospectivo de coortes se baseou em 2.422 crianças de 3 anos de idade. Os pais preencheram questionários sobre seus antecedentes de depressão e violência doméstica. Cinquenta e oito cuidadores (2,4%) afirmaram que, antes que a criança tivesse 3 anos, houve episódios de violência doméstica e depressão. Além disso, 69 (2,8%) comunicaram somente a existência de violência doméstica e 704 (29,1%) manifestaram sintomas de depressão durante esse período. Os 65,7% restantes dos pais afirmaram que não houve depressão nem violência doméstica. As crianças que viveram em ambiente de violência doméstica ou depressão de algum dos pais tinham quatro vezes mais probabilidades de receber um diagnóstico de TDAH aos 6 anos de idade (odds ratio = 4,0; IC 95% = 1,5-10,9), inclusive depois de ajustar por sexo da criança, raça/etnia e outros fatores.

As crianças cujos pais haviam comunicado sintomas de depressão também tinham mais probabilidades de terem receitas de fármacos psicotrópicos (odds ratio = 1,9; IC 95% = 1,0-3,4).

[JAMA Pediatr 2013] Bauer NS, Gilbert AL, Carrol AE, Downs SM

sexta-feira, 15 de março de 2013

272- Auxílio com as tarefas de casa para as crianças com TDAH


Resolver os problemas das tarefas de casa é muito importante, porque isso é a maior causa de fracasso escolar para as crianças com TDAH. Quase todo pai e mãe de criança com TDAH já esteve na linha de frente dessa batalha da lição de casa. Tenha em mente que a lição de casa não precisa ser exaustiva para ser eficiente.

A Associação Nacional de Educação e a Associação de Pais e Professores dos Estados Unidos recomendam 10 minutos de lição de casa por assunto, por dia. Em outras palavras, um aluno da sexta série deveria gastar ar redor de 60 minutos por noite na lição de casa. [Nota do tradutor: Lá nos “states”, as escolas funcionam em período integral]. Se os professores começarem a sobrecarregar, tenha uma conversa com eles.
As estratégias a seguir podem encurtar o tempo gasto e reduzir o estresse em casa.

Soluções na Sala de Aula:

1. Escreva as tarefas no quadro. Escreva as tarefas de casa no mesmo local do quadro, todos os dias.

2. Reserve um tempo todos os dias para que os alunos copiem as tarefas de casa em seus cadernos. Se os déficits de atenção ou de linguagem tornam a cópia difícil para um aluno, peça a um segundo aluno para escrever as tarefas e, discretamente, entregá-las para o primeiro. Postar as tarefas no “sítio” da escola também poderá ser útil.

3. Nomeie chefes de fileiras. No início da aula, os nomeados devem recolher as tarefas de casa. Ao final da aula, eles devem verificar se as tarefas foram copiadas por cada um dos estudantes de sua fileira.

4. Desenvolva um plano que garanta que o trabalho feito chegue à escola. Fale com os pais dos estudantes que reiteradamente se esquecem de trazer sua lição de casa para a escola, e ajude-os a elaborar um plano para resolver esse problema. Faça a sugestão de que eles comprem pastas-arquivo de capas coloridas para todas as lições completadas. Eles podem conferir para ter certeza de que o trabalho foi feito, colocado na pasta correta, e esta, colocada na mochila para o dia seguinte.

5. Estabeleça a quantidade certa de lição de casa. Alguns alunos com TDAH trabalham lentamente e facilmente ficam frustrados. Dando somente alguns problemas de matemática pode fazer com que a criança demonstre o que aprendeu sem forçá-la muito. Passando problemas que não sejam muito difíceis nem muito demorados, os professores aumentam as chances de que a tarefa será feita.

6. Envie aos pais uma lista de sugestões para sessões produtivas de lição de casa. Os pais querem ajudar seus filhos, mas, às vezes, não sabem como. Você pode propor duas estratégias: 1) estabelecer, com ajuda do aluno, um horário de tarefas de casa; 2) encontrar um local silencioso, com boa iluminação e com espaço livre de trabalho, com acesso a papel, lápis e computador.

Soluções em casa:

7. Faça um plano para acompanhar o trabalho de casa. Encoraje seu filho a escrever cada uma das lições de casa no caderno de tarefas diárias. Como um backup, veja se os trabalhos também foram postados no site da escola. Tenha o telefone de um colega de classe para que possa saber quais as tarefas. Um veterano do colegial escrevia suas tarefas em cartões 7x5, com os nomes dos cursos, que ele guardava no bolso da calça jeans.

8. Estabeleça um tempo para a tarefa. Algumas crianças precisam de um intervalo depois das aulas. Outras trabalham melhor enquanto ainda com a cabeça quente. Se as atividades depois das aulas tornam impossível um esquema regular, arrume um calendário semanal que liste os horários de início e de término das lições de casa.

9. Pergunte ao professor sobre as rotinas de tarefas. O professor de matemática pode dizer “Eu passo tarefas de álgebra quatro noites por semana, e dou uma prova ao final de cada capítulo, geralmente a cada duas semanas”. Isso lhe diz que alguma coisa está errada se o seu filho disser que não tem nenhum exercício de matemática por duas noites seguidas.

10. Programe uma pausa de cinco minutos a cada 20 minutos de
trabalho. Pausas breves, frequentes, ajudam as crianças com TDAH a “recarregar suas baterias.”

11. Respeite o ponto de saturação do seu filho. Se ele ficar muito cansado ou frustrado para acabar seu dever de casa, deixe que ele pare. Escreva uma carta ao professor explicando que ele fez o que conseguiu. Se ele tiver dificuldade de prestar atenção, escreve lentamente ou precisa de um tempo extra para entender conceitos, as tarefas vão demorar consistentemente mais tempo do que deveriam.

12. Fale com o professor. Se as sessões de dever de casa forem frequentemente exaustivas do ponto de vista emocional, trabalhe com o professor para determinar se as tarefas estão muito longas ou muito difíceis para seu filho.

13. Veja se é o caso de dar medicação no horário das tarefas. Fale com seu médico a respeito dos medicamentos de curta-ação, como a Ritalina, que dura de três a quatro horas. Tomar a medicação entre as 15 e 17 horas não deve interferir com o sono. Muitos medicamentos, dados mais cedo no dia, perdem o efeito ao final da tarde. Quando a medicação está funcionando, os alunos se mentem focalizados, terminam as tarefas mais rapidamente e têm mais probabilidade de se lembrar do assunto que estudaram.

14. Monitore o progresso do seu filho com um relatório diário ou semanal. Esses relatórios feitos pelos professores alertam os pais quando seus filhos estiverem em risco de fracasso e com necessidade de mais tempo de supervisão em casa. Os relatórios o ajudam e ao seu filho a identificarem as tarefas de casa que estão faltando, de modo que você possa encontrá-las e levá-las aos professores. Crianças mais novas precisam de apoio mais frequente, assim, um relatório diário pode ser melhor para elas. Em alguns casos, relatórios semanais podem ser suficientes para estudantes do colegial.

15. Peça outro livro de texto para uso em casa. Alunos com TDAH geralmente deixam seus livros na escola. Ter acesso a um livro de texto a cada noite é essencial. Uma vez que o aluno com TDAH fracasse, será difícil recuperar o tempo perdido. Como muitas escolas têm somente um conjunto de livros para cada estudante, você poderá ter de comprar cópias extras.
Soluções: Diminua o nível do estresse
Depois de um longo dia na escola, lição de casa pode ser duro para crianças com TDAH ou dificuldades de aprendizagem, tal como a dislexia. Para os seus pais, também. Eis aqui algumas estratégias para lidar com as tarefas.

16. Inicie um grupo de tarefas em casa.
Convide um ou dois alunos da classe do seu filho para fazerem um pouco da tarefa juntos. Essa maneira pode ser boa para descobrir outras estratégias de estudo das crianças e, uma chance para brincar um pouco enquanto a tarefa estiver sendo feita, será um forte incentivo para fazer a tarefa de modo mais eficiente.

17. Respeite os ritmos diários do seu filho.
Muitas crianças se dão melhor se fizerem sua lição de casa logo ao final do dia – não, talvez, imediatamente após chegarem da escola, mas certamente antes do jantar. Todo mundo merece uma pausa, e nossos filhos, em particular, podem precisar de uma chance para alguma atividade física antes de serem obrigados a ficar sentados novamente. Algumas crianças agitadas são notórias madrugadoras, e esse pode ser um ótimo horário para fazer a lição de casa.

18. Tenha um plano de ataque.
Sente-se e faça a estratégia para a tarefa do dia com o seu filho: Quanto precisa ser feito? O que parece ser fácil? O que parece ser difícil?

19. Tenha um local específico para a tarefa.
Como você pode diminuir os fatores de distração? Quão disponível você ou outro adulto supervisor precisam estar? Você pode querer estabelecer um local dedicado à tarefa escolar. Se o quarto do seu filho for o local mais cheio de fatores de distração, o melhor lugar pode ser algum local enfadonho de adulto: uma pequena mesa na sala de estar ou algum espaço na mesa da cozinha.

20. Premie as conquistas.
Nós acreditamos em pequenas premiações para pequenas conquistas. Termine sua lista de trabalhos e ganhará um biscoito. Termine toda sua tarefa de casa e iremos ao parque de diversões por 15 minutos antes do jantar. Para as tarefas que seu filho odeia, não há nada de errado em oferecer uma uva ou uma estrela dourada para cada simples sentença completada com sucesso ou cada problema de matemática da lista de tarefas.

21. Não sobrecarregue.
Se você preenche todas as tardes com esportes, sessões de terapia ou outras atividades, o trabalho de casa terá de esperar até mais tarde, e isso poderá ser ruim. Que tal deixar algumas dessas atividades para o final de semana? Que tal o seu filho levar suas tarefas para o consultório da terapeuta, se geralmente ele vai ter de esperar pelo atendimento? Algumas escolas mandam para as casas um pacote de tarefas na sexta-feira, ou na segunda-feira. Isso permite maior flexibilidade de planejamento e o produto final provavelmente será mais limpo e bem realizado.

22. Planeje a supervisão.
Pense na supervisão do trabalho de casa conforme providencie melhorias nos cuidados com seu filho. Se você tiver uma babá lhe ajudando nessas horas da tarde, dê a ela instruções claras para ajudar na lição de casa e certifique-se de que ela entendeu que, se possível, a lição precisa estar feita na hora do jantar. Se o seu filho gasta um tempo em programas depois das aulas, há previsão para a lição de casa? Muitos desses programas oferecem uma sala com supervisão para a tarefa de casa, onde as crianças podem trabalhar em paz e obter a ajuda de que necessitem.

23. Organize.
Para muitas crianças com TDAH, manter os papéis juntos já é uma grande tarefa. Quando a lição for entregue na escola, seu filho deverá saber exatamente onde ele colocou o papel, então ele terá certeza de trazê-lo para casa. Depois que a lição foi feita, ele deverá guardá-la numa pasta-arquivo especial que voltará para a escola no dia
seguinte. O progenitor que deixar e pegar o filho na escola pode precisar checar duas vezes se as tarefas foram postas na mochila. Independente de quanto você tiver se esforçado e planejado, uma vez ou outra, ficará maluco e terá de atravessar a cidade pela manhã para ir buscar o que foi esquecido em casa. Você só não quer fazer isso todos os dias.

24. Confira com o professor.
Se os trabalhos não estão sempre claramente indicados, ou se o seu filho tem dificuldade de explicar exatamente o que foi pedido, você deve conferir com o professor de modo regular ou estabelecer uma ligação com outro pai que pareça relativamente adaptado, de modo que, em dúvida, uma chamada para conselho e instruções pode ser feita. Alguns professores estão disponíveis por meio do e-mail, e alguns outros chegam a postar as tarefas de casa num website.

25. Altere as regras.
De longe, nossa atividade preferida para nossas crianças menores é a leitura – ler juntos, deixando a criança ler para os pais e, naturalmente, deixando um pai ler para a criança. Se a sua criança fica esgotada à noite, assuma mais a leitura e deixe que ela aproveite o prazeroso contato um-a-um. Queremos expressar nossa esperança que os programas de leitura em casa reconheçam os prazeres e confortos da leitura em voz alta e que permitam às crianças a escolha dos livros dos quais elas gostem. Se você se encontrar frente a um programa de leitura em casa que esteja tirando a alegria da leitura, você precisa fazer algumas alterações discretas em casa – com ou sem a notificação da escola.

26. Use ferramentas de planejamento.
Ajude as crianças mais velhas a planejar seu tempo – não por apenas uma noite de trabalho, mas para trabalhos maiores e mais demorados. Algumas crianças caprichosas são incapazes de entender como dividir essas tarefas em partes mais gerenciáveis, assim, um quadro, uma lista de conferência ou um calendário, com as datas de entrega de cada tarefa indicadas, podem ser realmente úteis.

27. Lembre-se do poder do elogio.
Tente fazer do trabalho de casa um período que esteja associado com certa quantidade de elogios, com algum conforto físico, e mesmo com a eventual discussão. Isso não vai fazer seu filho adorar as listas de tarefas, mas pode fazer com que ele perceba esse período como um momento familiar, relativamente prazeroso do dia, ou, ao menos, como uma obrigação factível. 

ADDitude

sexta-feira, 8 de março de 2013

271- TDAH - Para Falar a Verdade



Algumas crianças com TDAH mentem. Entenda por que elas fazem isso – e como você poderá ajudá-las mais, ficando calmo na medida em que as orienta para a honestidade. Por Kirk Martin

Você se pergunta por que algumas crianças com TDAH mentem, mesmo quando elas sabem que você sabe que elas estão mentindo? É pela mesma razão pela qual elas trapaceiam em um jogo, cometem erros e se recusam a assumir a responsabilidade. Elas sentem que não têm controle do seu comportamento ou das situações que enfrentam, então fazem escolhas erradas. Depois, descobrem o que fizeram, se sentem envergonhadas, e descobrem um jeito de encobrir o erro. O que você pode fazer para diminuir as mentiras? Tente essas dicas:

1) Mantenha-se calmo. É difícil ficar calmo quando seu filho parece mentir sem dificuldade, mas você precisa. Seu filho pensa, “Não quero estragar tudo o tempo todo. Agora me sinto exposto, e meus pais pensam que eu sou um menino mau. Não posso suportar a vergonha, então, para a autopreservação vou mentir”. Se você fizer um sermão ou se perder-se emocionalmente, seu filho nunca se sentirá seguro para lhe contar a verdade.

2) Vá à raiz do problema. Mentir não é o problema verdadeiro; ele mente para esconder sua impulsividade. Os pais precisam melhorar o controle de impulso do seu filho. Vá com ele até uma loja de videogames, passeie pela loja e saia sem comprar nada, apesar dos apelos dele. Faça com que ele deixe no prato alguma batatas fritas quando for comer no McDonald´s.

3) Fale a seu filho como adulto. Diga, “José, sei que você mentiu porque cometeu um erro e não quer ser pego. Você se sentiu como se estivesse fora de controle, então inventou uma história. Não estou bravo com você – quero ajudá-lo. Sua mentira não vai fazer com que eu não o ame nem que deixe de gostar de você, mas ela significa que você perdeu um pouco da minha confiança. Gostaria de dar a você uma oportunidade de recuperar a minha confiança”.

4) Interprete. Arrumar uma consequência para a mentira não vai mudar nada; você só estará deixando seu filho saber que ele fez algo  errado (e ele já sabe disso).

Em vez disso, crie uma rotina em sua família quando alguém precisar ser honesto sobre alguma coisa desagradável. “José, em nossa família, nós dizemos a palavra “pipoca” quando for necessário em uma conversa difícil. Quando você disser essa palavra, eu vou me sentar e escutá-lo – prometo que não vou ficar bravo ou passar um sermão. Então, vamos praticar isso na próxima vez que você quiser mentir”.

Seu filho sempre deverá ver o lar como um lugar seguro onde todos podem ser imperfeitos e crescer por meio dos seus esforços.

Este artigo foi publicado no número de inverno de 2012 de ADDitude.

domingo, 3 de março de 2013

270- O TDAH se associa ao abuso de drogas?


 
Postado por mommabear5  em ADHD Adults em Feb 07,2013 às 4:45 pm / 11 comentários

Eu me pergunto se viver com o TDAH me levou à vulnerabilidade da dependência de drogas ou se foi a dependência de drogas que me levou ao TDAH. A gente nasce com isso ou é com o tempo que ele aparece? O que acontece agora? Quais são as alternativas de tratamento do TDAH?
RESPOSTAS:
1
Você nasceu com o TDAH. Se você não o tinha quando nasceu, não o terá agora e não poderá desenvolvê-lo. [Nota do tradutor: Discordo. Até 20% dos casos de TDAH são provocados por fatores não genéticos]. Por outro lado, ter TDAH o expõe à vulnerabilidade da dependência de drogas. Somos mais impulsivos. Estamos sempre procurando mais estimulação. Sofremos mais frequentemente de dor emocional, e procuramos alívio. Vim a me dar conta que tinha TDAH, e isso foi oficialmente diagnosticado com a idade de 63 anos. Tenho uma longa lista de alcoólicos na minha família. De alguma maneira escapei disso, mas sempre tive meu conjunto de problemas que não conseguia identificar. Na infância, fui levado a correr e me tornei um “astro da estrada” e corredor de maratona. Também fui levado à Meditação Transcendental aos 20 anos de idade, principalmente porque me sentia bem e porque, acho, fazia a dor sumir. Essas duas coisas atualmente são recomendadas como modalidades de tratamento: exercício vigoroso e alguma forma de meditação. Elas, sem dúvidas, me salvaram. Boa sorte. [Postado por Ton K em Feb 07,2013 às 5:10 pm]
2
Falando de modo amplo: O TDAH é algo com que você nasceu. Geralmente é genético. Viver com o TDAH, assumindo que você nunca foi diagnosticado ou tratado profissionalmente, realmente o torna mais vulnerável à dependência de álcool e de drogas.
Danos causados ao Sistema Nervoso Central pela dependência de substâncias ilegais ou abuso de medicamentos receitados ou que não precisem de receita o deixarão com sintomas semelhantes. Eu nunca fui dependente de drogas, mas tive minha cota de bebidas por cinco anos, e parei. A depressão e os pensamentos de suicídio me levaram a pedir ajuda psicológica. Isso e o que eu aprendi com muita leitura me ajudaram tremendamente.
Como tratamento alternativo para o TDAH, acho que você quis dizer tratamento sem medicamentos. Há tratamento alternativo, mas eu lhe sugiro ajuda profissional.
Não sou médico. Minhas respostas e sugestões são baseadas em experiência pessoal como pai de uma criança com TDAH tipo desatento, com várias comorbidades, e eu, pessoalmente, diagnosticado com TDA. Além disso, trabalhei no campo da justiça criminal por 38 anos. Fiz uma boa quantidade de leituras ao longo dos anos e fiz muitas perguntas. [Postado por queen4jgro em Feb 07, 2013 às 5:59 pm]
3
A postagem de Tom K é ótima. Eu também sugiro que você leia sobre Transtornos da Integração Sensorial, porque os sintomas são semelhantes. [Postado por queen4jgro em Feb 07, 2013 às 6:00 pm]
4
Obrigado. [Postado por mommabear5 em Feb 07, 2013 às 6:11 pm]
5
Dependência também pode se desenvolver por automedicação, conforme você tenta controlar seu TDAH. [Postado por LCC em Feb 07, 2013 às 6:36 pm]
6
Concordo que essa condição médica é genética. Estatisticamente eles dizem que é 70%, embora eu ache que seja mais. Os sintomas do TDAH podem também se desenvolver depois de uma lesão cerebral. Muitas pessoas, eu acho, concordam que nasceram com ele. No que me diz respeito, tive uma longa vida de dependência de açúcar refinado, até meu diagnóstico com a idade de 49 anos. Com o uso de Ritalina, minha dependência do açúcar diminuiu. Depois de 3 meses de uso de Ritalina, comecei um regime de alto conteúdo de proteínas, carboidratos complexos, exercício, doses terapêuticas de vitaminas, minerais, óleo de peixe, aminoácidos, oligominerais e grandes quantidades de frutas, vegetais e água. Minha dependência do açúcar cessou. Foi como se o meu paladar mudasse. Eu não queria nada muito doce. Ainda gosto de alguns pedaços de chocolate escuro de alta qualidade diariamente, mas exceto isso, praticamente não uso mais açúcar refinado. Não tenho mais vontade. Isso já faz dois meses. Há pouco perdi meu gosto por vinho. Bebi Pinot Grigio por 14 anos. Absolutamente amava meu vinho, mas agora já faz duas semanas que não bebo, e não quero mais beber. De verdade, sumiu da minha mente. Nunca pensei que parasse. Mas descobri agora que meu cérebro e corpo estão quimicamente equilibrados e não quero acrescentar nada que me derrube. Vivi desequilibrado por 49 anos e não vou voltar a isso. Viver todos os dias sem nenhuma dependência é a verdadeira liberdade. Creio que seja por causa da minha dieta. Outra modalidade a ser considerada, além da medicação, é a neuroterapia. Tive 7 sessões e fiquei satisfeito com a melhora da minha capacidade de focar e manter a atenção. Mitzi. [Postado por Mitzi Maine em Feb 07, 2013 às 8:27 pm]
7
Sugiro a leitura desse livro: Scattered Minds, do Dr. Gabor Mate. (http://drgabormate.com/writings/books/scatered-minds/)
Ele tem uma perspectiva nova do TDAH. Ele próprio tem TDAH e fez muita pesquisa sobre o assunto. Eu li o livro e ele me deu muito conhecimento sobre mim mesmo, mas também para o resto de minha família, todos com TDAH, também. (Você pode imaginar o circo que é nossa casa!). Ele fala sobre o TDAH ser parcialmente hereditário e parcialmente ambiental. Ele discute como os estressores da vida e uma família instável podem ativar o TDAH. Fala sobre como pessoas com TDAH são (e elas definitivamente são) mais propensas a desenvolver algum tipo de dependência. Seja abuso de substância, compulsão pelo trabalho (ele é um autoproclamado “workaholic”), ou qualquer outro tipo de dependência. Fala sobre como nossa sociedade hiperveloz também faz pessoas não TDAH se comportarem como se tivessem TDAH, o que pode levar a erro de diagnóstico, mas, também, em minha opinião, a visão de que o TDAH não é tão grave como de fato é (porque todo mundo é assim, certo?). Também há grandes secções do livro que discutem como ajudar seus filhos a superar o TDAH e como os adultos podem se ajudar a si mesmos a superá-lo, também. Ele é muito inteligente e o livro não é difícil de ler. Não importa quanto você demore, eu recomendo a todos com TDAH que o incluam na sua pesquisa e no seu tratamento.
Falando de dependência, eu acho que fiquei dependente de coisas que eu gosto. Como o álcool. Não sou um alcoólico, mas quando bebo, sinto que não consigo controlar quanto vou beber naquela noite. O que eu quero dizer e que eu quero o efeito, mas o quero imediatamente. Então, bebo rapidamente. Isso me faz ficar logo alterado (porque não bebo muito frequentemente) e acabo ficando bêbado quando o que eu realmente queria era só ter um sentimento um pouquinho mais elevado (você sabe o quanto, um pouco antes de “alto”). Também sou assim, algumas vezes, com comida. Se descubro uma nova comida de que eu gosto, ou se tenho uma compulsão por alguma coisa doce, minha tendência é de ficar comendo isso por um tempo, e não posso parar. Embora queira. Depois, fico cansado disso ou tomo a decisão de não comprar mais nada daquilo. Mas sempre fica um sentimento de ainda querer aquela coisa por um tempo depois que decidi parar de tê-la. Parece uma série de compulsões de curta duração... seria isso uma farra duradoura? Não sei, mas definitivamente me sinto indefeso enquanto estou assim. [Postado por m ah lee em Feb 08, 2013 às 6:10 pm]
8
O Dr. Mate superou seu TDAH? O que ele recomendou? Estou curiosa. Obrigado! [Postado por Mitzi Maine em Feb 08, 2013 ás 6:10 pm]
9
Eu sugeriria a leitura de algum trabalho do Dr. Daniel Amen sobre TDAH/TDA e dependência. Ele fez SPEC scans de cérebros de pacientes que foram inicialmente encaminhados a ele por dependência a vários estimulantes e descobriu que eles estavam se automedicando para TDA/TDAH. Quando foram postos sob estimulantes terapêuticos (como Concerta ou Ritalina) e fazendo trabalho de recuperação, os dois problemas de saúde foram resolvidos. É importante lembrar que muitas vezes há um problema de saúde mental subjacente que resulta no comportamento compulsivo. Quando o problema mental é resolvido a dependência também é resolvida. [Postado por TM em Feb 09, 2013 às 5:41 pm]
10
Da observação pessoal, notei que as pessoas com TDA e  TDAH tendem a ser especialmente dirigidas para as anfetaminas, porque elas podem (temporariamente e com alto custo) propiciar um nível de foco geralmente inatingível por nós. Isso também explica porque tantos com TDA tendem a ser fumantes, grandes bebedores de café e a ter compulsão por açúcar. Isso não necessariamente significa que você será incapaz de se safar sem a reabilitação, mas significa que os que têm TDA devem ser especialmente cuidadosos sobre o uso dessas substâncias em primeiro lugar. [Postado por statichaos em Feb 09, 2013 às 8:29 pm]
11
O TDA é uma condição comórbida, significando que normalmente tem um ou mais componentes. Um componente comum é o abuso de substâncias. Temos a tendência da automedicação para ajudar-nos com os sintomas, mesmo que conscientemente não saibamos o que estamos fazendo. Das dezenas de amigos que tive com TDA, a maioria de adultos que descobriram mais tarde na vida que tinham TDA, tinha sofrido com abuso de álcool ou drogas. É como atividades de alto risco, não temos consciência de que estamos a procura do estado alterado, não necessariamente da atividade.
Somente após ter começado a ler estudos comecei a ver o padrão destrutivo. Somente então senti que a informação de que eu precisava para fazer as mudanças na minha vida que poderiam me trazer até onde estou hoje. Embora eu seja ainda um grande bebedor de café, sei por que e como parar pelo tempo que preciso. Para mim, não é a cafeína, mas uma muleta mental.
Cada um de nós tem nossos demônios. Embora eu tenha bebido muito por 15 anos, não foi difícil parar de beber. Fumar? Isso é outra história, também. Demorei 5 anos para me livrar dos cigarros, e precisou de um choque médico para conseguir o feito.
O segredo de parar qualquer coisa para as pessoas com TDA é fazer pior voltar atrás do que seguir em frente. Tive de contar a todo mundo que conhecia que eu estava parando de fumar e que se alguém me visse fumando, ganharia 100 dólares por me avisar. Paguei uma vez, para um antigo rival, e nunca mais, depois dessa. A dor do triunfo desse sujeito foi simplesmente muito grande para que eu continuasse com os cigarros.
Este é um bom lugar para obter conselhos em assuntos como tal. Você provavelmente está protegido de ser levado ao limite, como muitos de nós já fomos antes. Cada um de nós é único em nossa jornada e o que funciona para um de nós provavelmente não funcionará para outros, mas já será um começo.
Aprenda isso: as coisas importantes em sua vida que o fazem sentir a vida miserável são as mesmas coisas que, usadas corretamente, o farão invejado por seus amigos e familiares. Você encontrará seu lugar, e quando o fizer, será invencível. Como diz minha mulher, “quando ele põe na cabeça que vai fazer alguma coisa que você acha ser impossível, saia da frente ou será atropelado”. Nosso otimismo é infeccioso e pode fazer o impossível uma realidade quando todos do seu time acreditam de verdade. [Postado por Wingkeel em Feb 12, 2013 às 6:05 pm]

sábado, 2 de março de 2013

269- As 5 regras para os TDAH viverem bem



O especialista em TDAH do adulto, Russel A. Barkley, Ph.D., compartilha cinco segredos para se dar bem em casa, no emprego e na vida, quando sofrer de TDAH.

Você sente que vive como se estivesse numa esteira rolante?

Gerenciar os detalhes diários da vida com TDAH adulto é difícil. Datas limite no trabalho vão e vem, sem serem cumpridas. Comentários impulsivos afastam os amigos e possivelmente causam a perda do emprego. Você está exausto ao final do dia e sente que todos os seus esforços o levaram a lugar algum.

A medicação para o TDAH pode ajustar o campo de trabalho, mas você pode fazer mais. Assim como a dieta e o exercício ajudam a insulina a controlar melhor o diabetes, essas cinco regras irão ajudar os medicamentos para o TDAH a controlar melhor os sintomas.

Regra 1: Pare a ação!

Seu chefe propõe dobrar suas metas de venda para o ano seguinte e antes que você possa morder a língua, você ri e diz, “Você está louco?”.
Seu vizinho compra um novo enfeite para o jardim e pergunta se você gostou. Você diz que o enfeite fez a casa dele ficar parecendo um motel barato. Agora ele não fala mais com você – novamente.
Você vê um par de sapatos maravilhosos na vitrine da loja e corre para compra-los, mesmo que cada centavo do seu dinheiro já esteja comprometido com outras coisas.
Você não dá a si mesmo um tempo para pensar e medir suas palavras e ações. Pensar significa usar a experiência passada e a capacidade de prever o que virá para enfrentar uma situação e determinar o que você deveria dizer ou fazer.

Estratégia: Faça uma lista das situações nas quais você se comporta mais impulsivamente. Há momentos e lugares em que será tudo bem em ser espontâneo e falante, e outros momentos em que agir assim lhe custarão muito caro.
Quando você estiver a ponto de ficar em algumas dessas situações que você já identificou, reserve para si mesmo alguns segundos para fazer alguma dessas ações a seguir:

Antes de responder a alguém, respire fundo e lentamente, faça uma cara de que está pensando e diga a si mesmo, “Bem, deixe-me pensar sobre isso”.
Ponha um dedo sobre sua boca por alguns segundos, como se estivesse pensando o que vai dizer.
Parafraseie o que seu chefe ou membro da família lhe disse: “Oh, então você quer saber sobre...”  ou “Você está me pedindo para...”.
Imagine trancar sua boca com um cadeado para impedir a si mesmo de falar.

Outra estratégia: Escolha um modelo de falar lento e represente este modelo quando conversar. Pare de ser Robin Williams e comece a ser Ben Stein. Fale lentamente. Pratique o falar lento em frente a um espelho. Isso dará uma chance aos seus lobos frontais de funcionar melhor, de se engajar, em vez de ficar ao sabor dos seus impulsos.

Regra 2: Olhe o passado... e, então, siga em frente

Quando os problemas surgem, você fica confuso sobre o que vai acontecer ou sobre o que fazer? Você se recrimina por cometer os mesmos erros várias vezes seguidas?
Adultos com TDAH têm a memória não verbal de trabalho fraca, o que significa que eles não utilizam a experiência passada para guiar suas ações. Eles não são bons em reconhecer os aspectos sutis de um problema, e as várias ferramentas que podem resolvê-los. Muitos TDAHs abordam cada problema com um martelo, porque, para eles, todos os problemas parecem pregos.
TDAHs podem achar difícil merecer gratificação – o que você precisa fazer para economizar dinheiro ou para manter uma dieta, porque eles não conseguem formar a imagem mental do premio que está à frente. Você precisa de uma ferramenta para ter certeza de que o que você aprendeu no passado estará acessível quando você precisar dele no futuro.

Estratégia: Parar a ação – como descrito na regra 1 – lhe dará o tempo para ligar o olho da mente. Depois que você fez isso, imagine um aparelho visual – uma tela de TV, um monitor de computador ou uma minicâmara – e veja, na tela imaginária, o que aconteceu na última vez em que você esteve em situação como essa. Deixe o passado voltar em detalhes coloridos, como se você o estivesse filmando ou reprisando.
Quanto mais você fizer isso, mais automático se tornará. Além disso, você verá que mais “vídeos” surgirão em seu cérebro, saídos do seu banco de memória. Você pode pensar, “Uau, a última vez que eu interrompi uma reunião com uma piada, todo mundo riu de mim, de modo sarcástico”. Ou, “Me senti culpado quando comprei aqueles sapatos caros há alguns meses e descobri que meu filho precisava de livros para a escola. E eu não tinha mais o dinheiro para isso”.

Regra 3: Sinta o futuro

Muitos portadores de TDAH são cegos em relação ao tempo; eles se esquecem do propósito de suas tarefas, de modo que não se sentem inspirados para terminá-las. Se ninguém estiver com uma cenoura pendurada na sua frente, eles precisam de alguém que os convença a seguir em frente, rumo à sua meta. Por isso que a regra 2 é importante: ela ajuda você a aprender com suas memórias, a se tornar apto a manejar situações semelhantes no futuro.
Mas a regra 2 não é sempre suficiente. Algumas coisas precisam ser feitas porque são a coisa certa a se fazer. O TDAH às vezes torna difícil assumir o imperativo moral para terminar uma tarefa. Imaginar as consequências negativas de não fazer algo não é um motivador poderoso para muitos TDAHs. Imaginar como é bom atingir sua meta funciona melhor.

Estratégia: Pergunte-se, “Como me sentirei quando tiver esse projeto terminado?” Pode ser o orgulho, a satisfação pessoal, a felicidade que você antecipa por completar um projeto. Qualquer que seja a emoção, trabalhe duro para senti-la, aqui e ali, à medida que observa sua meta. Toda vez que se sentar para continuar trabalhando em um projeto, tente sentir o resultado futuro. Dê a essa técnica um empurrão cortando imagens de recompensas que você espera obter pelo que está fazendo. Ponha-as por perto enquanto esteja trabalhando. Elas aumentarão a potencia de sua própria imaginação e farão as emoções que você está antecipando até mesmo mais vívidas.

Regra 4: Divida a tarefa... e faça valer a pena

O TDAH faz o futuro parecer muito distante. Um objetivo que requeira um significante investimento de tempo incorpora períodos de espera, ou tem de ser feito em uma sequência de passos, pode ser tão vago que você se sente oprimido. Quando isso acontece, muitas pessoas com TDAH procuram um rota de fuga. Elas podem alegar doença no trabalho ou jogar a responsabilidade para um colega.
Imagine quais as situações que mais provavelmente o atinjam: Você entra em pânico quando alguém lhe dá um prazo que esteja meses à frente? Projetos complexos o desencorajam? Você tem dificuldade de trabalhar sem supervisão? Se for assim, você precisa de motivadores externos.

Estratégia: Divida tarefas longas em unidades menores. Se um prazo de final do dia parece longo, tente essa estratégia.

Divida sua tarefa em pedações de uma hora ou de meia hora de trabalho. Escreva o que você precisa fazer em cada período, e passe um marcador de texto sobre cada passo que tiver terminado, para manter sua atenção focalizada.
Dobre suas chances de sucesso fazendo-se confiável para as outras pessoas. Muitos de nós nos preocupamos com que os outros pensam de nós, e julgamentos sociais acrescentam combustível ao fogo para que as coisas sejam feitas. No trabalho, torne-se confiável para um colega apoiador, supervisor ou mentor. Em casa, trabalhe com um parceiro, cônjuge ou vizinho.
Faça quatro coisas após terminar cada pedaço do trabalho: Congratule-se; faça um breve intervalo; telefone ou passe um e-mail para um amigo ou parente para contar o que você conseguiu fazer; dê a si mesmo um prêmio ou algum privilégio que goste muito – mas que seja pequeno e breve.

Regra 5: Mantenha o senso de humor

O TDAH pode ser sério, mas você não precisa ser.

Estratégia: Aprenda a dizer, com um sorriso, “Bem, aí vai o meu TDAH falando ou agindo novamente. Desculpe. Falha minha. Tenho de tentar fazer algo a respeito disso da próxima vez”.
Quando você diz isso, você faz quatro coisas importantes:

Você assume o erro.
Você explica por que o erro aconteceu.
Você se desculpa e não comete o erro de acusar os outros.
Você promete tentar fazer melhor da próxima vez.

Faça essas coisas e manterá sua autoestima, assim como os seus amigos. Não assumir sua conduta TDAH, culpar os outros ou não tentar fazer melhor da próxima vez poderá lhe custar caro.
Se você faz do TDAH uma incapacidade que abarque tudo, seus amigos e a família também o tratarão assim. Aborde isso com um senso de humor, e eles também o farão.

Este artigo foi publicado no número de inverno de 2011 de ADDitude.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

268- Sobre o Transtorno de Processamento Sensorial (TPS)




Processamento sensorial (às vezes chamado de “integração sensorial”) é um termo que se refere ao modo como o sistema nervoso recebe mensagens dos sentidos e as transforma em respostas motoras e comportamentais adequadas. Se você estiver comendo um sanduíche  ou andando de bicicleta, ou lendo um livro, a realização bem sucedida dessas atividades necessita do processamento das sensações ou da “integração sensorial”.

O Transtorno do Processamento Sensorial (antigamente denominado de “disfunção da integração sensorial”) é uma condição que existe quando os sinais sensoriais não são organizados em respostas adequadas. Pioneiro da terapia ocupacional e neurocientista, A. Jean Ayres, Ph.D., ligou o TPS a um congestionamento do tráfego neurológico que impede que certas partes do cérebro recebam a informação de que precisam para interpretar a informação corretamente. Uma pessoa com TPS tem dificuldade de processar e de agir com a informação recebida por meio dos sentidos, o que cria desafios na realização das inúmeras tarefas do dia-a-dia. Incoordenação motora, problemas de comportamento, ansiedade, depressão, fracasso escolar e outros impactos podem resultar desse transtorno, se não for tratado corretamente.

Um estudo (Ahn, Miller, Milberger, McIntosh, 2004) mostrou que ao menos uma em 20 crianças tem sua vida afetada pelo TPS. Outra pesquisa, feita pelo Sensory Processing Disorder Scientific work Group (Bem-Sasson, Carter, Briggs-Gowen, 2009) sugere que uma em cada seis crianças apresentam sintomas sensoriais que podem ser suficientes para afetar aspectos das funções de sua vida diária. Os sintomas do TPS, como os da maioria dos transtornos, ocorrem em um amplo espectro de gravidade. Enquanto muitos de nós temos dificuldades ocasionais em processar a informação sensorial, para as crianças e adultos com TPS, essas dificuldades são crônicas e perturbam sua vida diariamente.

Com o que se parece o TPS

O Transtorno de Processamento Sensorial pode atingir as pessoas em um único sentido – por exemplo, somente o tato ou o movimento – ou em múltiplos sentidos. Uma pessoa com TPS pode responder exageradamente às sensações e achar que as roupas, o contato físico, a luz, o som, os alimentos ou outros estímulos sensoriais sejam insuportáveis. Outra pode responder pouco e mostrar pequena ou nenhuma reação à estimulação, mesmo a dor ou calor e frio extremos. Em crianças cujos processamentos sensoriais das mensagens dos músculos e das articulações estejam prejudicados, a postura e as habilidades motoras podem ser afetadas. Essas são as “floppy babies” (bebês hipotônicos, “moles”), que assustam os pais e as crianças que no pátio da escola são chamadas de desajeitadas ou imbecis. Outras crianças, em contraste, exibem um grande e inesgotável apetite por sensações. Essas crianças geralmente são diagnosticadas erradamente – e medicadas indevidamente – como TDAH.

O TPS geralmente é mais diagnosticado em crianças, mas pessoas que chegam à idade adulta sem tratamento também apresentam sintomas e continuam a ter suas vidas atingidas por sua incapacidade de interpretar corretamente as mensagens sensoriais.
Esses adultos podem ter dificuldade em realizar as rotinas e as atividades necessárias para o trabalho, para os relacionamentos pessoais e para a recreação. Como os adultos com TPS já lutaram muito tempo em suas vidas com essas dificuldades, eles podem apresentar depressão, insucesso profissional, isolamento social e outros efeitos secundários.
Infelizmente, o diagnóstico errado é muito comum porque os profissionais da saúde não são treinados para reconhecer os problemas sensoriais.

As causas do TPS

As causas exatas do TPS – como as causas do TDAH e de tantos outros transtornos do neurodesenvolvimento – ainda não foram identificadas. Entretanto, os estudos e as pesquisas preliminares sugerem alguns principais elementos.
O que provoca o TPS é uma pergunta que pressiona cada pai de uma criança com o transtorno. Muitos se preocupam  se são de alguma forma culpados pelos problemas de seus filhos.

“Foi algo que eu fiz?”, eles querem saber.

As causas do TPS estão entre os assuntos que os pesquisadores da “Sensory Processing Disorder Foundation” e seus colaboradores em vários lugares estão estudando. A pesquisa preliminar sugere que o TPS geralmente é herdado. Se for assim, as causas do TPS são codificadas no material genético da criança. Complicações pré-natais e do parto também foram implicadas, e fatores ambientais podem estar envolvidos.

Naturalmente, como acontece com qualquer transtorno do desenvolvimento e do comportamento, as causas do TPS são provavelmente o resultado de fatores que tanto são genéticos quanto ambientais. Somente com mais pesquisa será possível identificar o papel de cada um deles.
Um resumo das pesquisas sobre a causa e a prevalência se encontra em “Sensational Kids: Hope and Help for Children With Sensory Processing Disorder” (New York: Perigee, 2006).

Impacto emocional e outros impactos do TPS

Crianças com TPS geralmente têm problemas com as habilidades motoras e com outras habilidades necessárias para o sucesso escolar e para os eventos da infância. Como resultado, elas geralmente se tornam socialmente isoladas e sofrem de baixa autoestima e de outros problemas sociais e emocionais.
Essas dificuldades colocam as crianças com TPS em alto risco de muitos problemas emocionais, sociais e educacionais, incluindo a capacidade de fazer amigos e de ser parte de um grupo, ter fraco autorrespeito,  de fracasso acadêmico, de ser rotuladas de desajeitadas, não cooperativas, beligerantes, briguentas e fora de controle. Ansiedade, depressão, agressão ou outros problemas de comportamento podem surgir. Os pais podem ser acusados pelo comportamento dos seus filhos pelas pessoas que não estão cientes das dificuldades “escondidas” das crianças.

O tratamento eficaz para o TPS está disponível, mas muitas crianças com sintomas sensoriais são mal diagnosticadas e não corretamente tratadas. O TPS não tratado que persiste até a vida adulta pode afetar a capacidade de o indivíduo ser bem sucedido no casamento, no trabalho e no ambiente social.

Como o TPS é tratado

Muitas crianças com TPS são tão inteligentes quanto os colegas. Muitas são intelectualmente bem dotadas. Seus cérebros são simplesmente organizados de modo diferente. Elas precisam  ser ensinadas de modo adaptado ao jeito com que elas processam a informação, e precisam de atividades de lazer que sejam adequadas às suas necessidades próprias de processamento sensorial.
Depois de devidamente diagnosticadas com TPS, elas se beneficiam de um programa de tratamento de terapia ocupacional (TO) com abordagem de integração sensorial (IS). 
Quando correta e aplicada por um clínico bem treinado, a terapia auditiva (como o Sistema Auditivo Integrado) ou outras terapias complementares podem ser combinadas eficazmente com a TO-IS.
A terapia ocupacional com a abordagem da integração sensorial tipicamente se torna um ambiente sensorialmente rico, algumas vezes chamado de “OT gym”. Durante as sessões de TO, o terapeuta guia a criança em meio a atividades divertidas que são sutilmente estruturadas de modo que a criança seja constantemente desafiada, mas sempre de modo bem sucedido.
O objetivo da TO é de criar respostas apropriadas à sensação de modo ativo, com significado e divertido, para que a criança seja capaz de se comportar de uma maneira mais funcional. Com o tempo, as respostas corretas se generalizam para o ambiente além da clínica, incluindo o lar, escola e toda a comunidade. A terapia ocupacional eficaz permite, assim, que crianças com TPS tomem parte nas atividades normais da infância, tais como brincar com os amigos, gostar da escola, comer, vestir-se e dormir.
Idealmente, a terapia ocupacional para o TPS é centrada na família. Os pais são envolvidos e trabalham com o terapeuta para aprender mais sobre os desafios sensoriais dos seus filhos e os métodos de engajamento nas atividades terapêuticas (algumas vezes chamadas de “dieta sensorial”) em casa e nos outros locais. O terapeuta da criança pode propor ideias aos professores e outras pessoas fora da família e que interajam regularmente com a criança. As famílias têm a oportunidade de comunicar suas próprias prioridades para o tratamento.
O tratamento do TPS ajuda os pais e outras pessoas que vivem e trabalham com as crianças atingidas a entenderem que o TPS é real, mesmo que fique “escondido”. Com essa confirmação, eles se tornam melhores advogados dos seus filhos na escola e na comunidade.
Fonte:
Veja também o link a seguir:

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